Música Chinesa

Música Chinesa

Música ChinesaA música chinesa exerceu importante papel nas concepções filosóficas e lendárias da velha China. Uma teoria musical muito desenvolvida, as peculiaridades da notação musical e os instrumentos de música criaram uma arte original, cuja tradição se conservou até meados do século XX.

Na China teocrática e patriarcal da antiguidade, a música chinesa era usada pelos governantes para influenciar os sentimentos populares. Desde o imperador Fu Xi (Fu Hsi) (c. 2205 a.C.), cada soberano possuía sua própria música, composta por ele ou sob sua direção. Algumas dessas composições eram executadas em cerimônias religiosas e civis. O rigor primitivo diminuiu aos poucos até dar lugar ao aparecimento de cantos rituais e populares.

Dificilmente se obterá uma definição da melodia chinesa capaz de abranger todos os estilos e períodos. A música chinesa em sentido estrito, o han-jen, utiliza predominantemente cinco notas, embora faça uso eventual da escala de sete notas. Os ritmos são, na maioria, binários ou quaternários e as melodias, de estrutura sequencial, são frequentemente não-simétricas, apesar da estrutura rítmica binária.

A ornamentação constitui uma arte de grande relevo na música chinesa. Um tocador de alaúde não apenas ornamenta, como também completa as notas prolongadas da melodia com um contorno de notas repetidas. Numa pequena orquestra, integrada por flauta, violino e alaúde, todos tocam a mesma melodia em uníssono ou em oitava, com ornatos e de uma maneira apropriada às características de cada instrumento, em contraposição à estrutura rítmica da percussão -- tambores, badalos, gongos e címbalos.

Uma característica dos conjuntos instrumentais de teatro consiste no emprego do órgão de boca, que duplica a melodia. Semelhante diafonia serve às exigências puramente melódicas da música e demonstra que a ideia generalizada de que a música chinesa é inteiramente linear não leva em conta a criação musical folclórica.

Instrumentos musicais - Feitos de metal, pedra, seda, bambu, pele ou madeira, os instrumentos chineses eram ordenados, na orquestra, em oito grupos, como o das campainhas de metal, o das flautas de bambu e o dos carrilhões de pedra.

O chin (2852 a.C.), espécie de cítara de sete cordas de seda, é o mais antigo e o mais musical dos instrumentos chineses. Considerado próprio das classes cultas, requer um complexo sistema de notação musical. O se (2695 a.C.) é semelhante ao chin, mas difere deste pelo número de cordas, que primitivamente eram cinquenta mas reduziram-se para a metade. Novas alterações deram origem a uma série de instrumentos, entre eles o zheng (tcheng), com 16 cordas, cujos sons lembram os do piano, da harpa e da guitarra.

O nan-hu, violino de duas cordas, compõe-se de um corpo cilíndrico oco, cuja parte superior é revestida de pele de serpente. O corpo do instrumento é atravessado por um longo braço, ao qual são afixadas duas cordas de seda. A partir de 1911, os tocadores de nan-hu adotaram a técnica do violino, sobretudo a do dedilhado, a fim de obter várias oitavas.

O pipa (pi-pa) é uma guitarra surgida antes da dinastia Tang (c. 600), em forma de meia pera, com quatro cordas e caixa de ressonância achatada. Uma grande palheta de marfim ou madeira faz vibrar as cordas. O hsiao é um clarinete de bambu, com 55cm de comprimento e cinco orifícios. Foi introduzido na música ritual durante a dinastia Yuan (1300). O sheng (cheng) é uma espécie de gaita ou "órgão de boca", com 17 tubos de bambu.

Os instrumentos de percussão são muito numerosos e feitos de bronze, jade ou madeira. Desempenham papel importante na história da música ritual e popular da China. O sino de bronze, ou po-chung, tocado com martelo de madeira, surgiu na dinastia Yin (1766-1122 a.C.), época em que era usado nas manifestações musicais da corte. Da dinastia seguinte, a dos Tcheu (1122-255 a.C.) são os pien-chung, série de 16 sinos (duas fileiras de oito) de sons diferentes, suspensos por um suporte de madeira e tocados com um martelo de feltro.

Gêneros musicais - Além da música folclórica, rica e variada, dois importantes gêneros merecem destaque: a música clássica e a ópera. O termo "clássico" refere-se às músicas para solo de alaúde ou flauta.   O termo "ópera" é geralmente aplicado aos dramas musicais, inteiramente cantados, salvo breves trechos recitados em linguagem altamente estilizada. Existem cinco tipos de ópera: (1) kun-chu, surgida no século XVI, cujo instrumento acompanhante básico é a flauta; (2) ching-hsi (século XIX), acompanhada basicamente pelo violino; (3) ópera moderna; (4) ópera provincial e (4) ópera folclórica ou popular.

Música chinesa moderna - A partir da revolução de 1912, surgiram várias escolas, sob influência ocidental. O ensino musical se institucionalizou com a fundação do conservatório de Xangai, em 1927.

Nas relações da música chinesa com a música ocidental, manifestaram-se duas tendências: alguns compositores, empenhados em manter a tradição,  dedicam-se exclusivamente à criação de obras para instrumentos nacionais. Outros músicos assimilaram a notação musical ocidental e preferem os instrumentos internacionais, sem deixar de conferir a suas obras  conotações essencialmente chinesas.

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