Pragmatismo | O que é Pragmatismo?

Pragmatismo | O que é Pragmatismo?

#Pragmatismo O pragmatismo é antes de tudo um método, do qual decorre uma teoria da verdade. Apesar de constituir um movimento aberto e antidogmático, e ainda que seus teóricos não tenham elaborado um sistema completo, há traços gerais comuns entre seus defensores. Para os pragmatistas, a vontade antecipa-se ao pensamento. O conhecimento é concebido como essencialmente modificador da realidade, portanto, a construção da verdade deve corresponder à construção da própria realidade. Conhecimento e ação se convertem em termos equivalentes. O eixo central da teoria pragmatista é a ênfase na utilidade "prática" da filosofia.

"O que é a verdade e como se diferencia do erro?" Essa é a pergunta fundamental formulada pelo pragmatismo, que se propunha a elaborar uma atitude filosófica adaptada às sucessivas descobertas científicas surgidas ao longo do século XIX e às mudanças de uma sociedade em rápida transformação.

Centrado na análise do significado da experiência, o pragmatismo foi entendido como uma perspectiva em torno do conceito de verdade que, em seu processo de expansão, atingiu os setores representados pela ética e a religião. A teoria pragmática da verdade sustenta que o critério de verdade está nos efeitos e consequências de uma ideia, em sua eficácia, em seu êxito, no que depende, portanto, da concretização dos resultados que espera obter. Verdadeiro e falso são, portanto, sinônimos de bom e mau, valores lógicos que têm caráter prático e só na prática encontram significado.

O movimento pragmatista propriamente dito teve origem nos Estados Unidos, no final do século XIX, em torno de quatro figuras fundamentais: Charles Sanders Peirce, William James, Ferdinand Canning Scott Schiller e John Dewey. A orientação pragmatista, contudo, está presente em outras correntes filosóficas. Aparece como tendência no pensamento de Friedrich Nietzsche -- em sua teoria sobre a "utilidade e o prejuízo da história para a vida" e na concepção da verdade como "equivalente ao que é útil para a espécie e para sua conservação" -- e nos movimentos antiintelectualistas de Henri Bergson, Maurice Édouard Blondel e Oswald Spengler, já no século XX. A rigor, o pragmatismo americano começou a tomar forma nas reuniões do Clube Metafísico de Boston, que existiu entre 1872 e 1874 e ao qual pertenciam, entre outros, Peirce, James, F. E. Abbot e Chauncey Wright.

A primeira teoria pragmatista foi publicada por Charles Sanders Peirce no artigo "How to Make Our Ideas Clear" ("Como tornar claras nossas ideias"), no número de janeiro de 1878, da revista Popular Science Monthly. Seu objetivo era elaborar uma lógica da ciência que, mediante um estudo das relações entre os signos e seus objetos, possibilitasse a definição do significado preciso de um conceito, ou seja, suas consequências verificáveis na experiência. A partir da ideia segundo a qual  "a função do pensamento é produzir hábitos de ação" e "o que dá sentido a uma determinada coisa é apenas o conjunto dos hábitos que a envolvem", Peirce desenvolveu a máxima pragmatista: "Para averiguar o significado de um conceito intelectual, é preciso considerar que consequências práticas podem ser inferidas como resultantes, necessariamente, da verdade desse conceito. A soma dessas consequências constituiria o significado do conceito."

Em outras palavras, postula que, para ter significado, um conceito ou ideia deve apresentar, em primeiro lugar, um correlato prático suscetível de comprovação experimental; segundo, que suas "consequências" se diferenciem claramente das de outro conceito. Dessa forma, a verdade de um conceito seria seu processo de verificação.

De acordo com essa tese, as ideias são concebidas como instrumentos e planos de ação, previsões acerca das prováveis consequências de determinada ação, hipóteses que, dependendo de sua eficácia, valor ou utilidade, permitem uma melhor organização da conduta do homem no mundo. No terreno metodológico, portanto, não rejeita a elaboração de hipóteses ou teorias, mas exige que estas partam dos dados da experiência e apresentem resultados práticos e verificáveis. Em suma, o critério adotado para a construção das teorias deve ser o da maior utilidade possível para as necessidades e interesses humanos. Mais tarde, Pierce proporia o nome "pragmaticismo" para sua teoria, no intuito de diferenciá-la das correntes surgidas posteriormente.

A partir da publicação de The Will to Believe (1897; A vontade de crer) e Pragmatism (1907; Pragmatismo), William James procurou transpor para o campo da ética e da religião o que havia sido pensado com sentido científico e metodológico. Assim, estabeleceu três condições básicas para uma afirmação ser considerada verdadeira: (1) estar de acordo com a realidade e com os objetos da experiência; (2) estar de acordo com aquelas relações de índole puramente mental, que são verdades absolutas e incondicionais e que se conhecem como definição e princípios; (3) finalmente, estar de acordo com o conjunto de outras verdades já verificadas.

Portanto, é verdade absoluta que um mais um somem dois, que dois mais dois somem quatro e que o branco se distinga do preto, pois a verdade dessas relações é óbvia e não necessita de verificação empírica, o que a torna eterna. Para James, quando uma verdade resiste a essas três condições, sua verificação está cumprida -- e ela passa do estado de pretensão ao de certeza.

No que se refere à religião, embora não acatasse a validade das provas convencionais da existência de Deus, admitiu a validade das experiências de conversão místico-religiosa, já que resultavam numa vantagem indiscutível para o indivíduo em termos de expansão vital e enriquecimento espiritual. Na mesma linha, Schiller postulava que, "se a hipótese da existência de Deus funciona de modo satisfatório, no sentido mais geral do termo, então é verdade". Para Schiller, a lógica e a verdade são meros instrumentos variáveis, a serviço do homem. É verdadeira aquela afirmação que tem êxito, cujo resultado prático é bom. E seu significado é definido pelo uso ou emprego que dela se faz.

O último grande teórico do pragmatismo foi o americano John Dewey, cujo instrumentalismo pretendia integrar a lógica de Peirce ao humanismo de Schiller. Para ele, a pesquisa científica seria, antes de tudo, um processo de avaliação e ordenação dos dados da experiência para, a partir deles, formular hipóteses submetidas ao critério de verificabilidade. No campo da ética, a pesquisa teria como finalidade elaborar um novo sistema de valores, baseado na consideração metódica da utilidade moral e social das várias alternativas possíveis.

O pragmatismo firmou-se como a filosofia dos resultados, da experiência humana em contato com as coisas, da ação positiva. Seu declínio veio com o advento das escolas neopositivistas e logicistas, que impuseram maior rigor e operatividade às análises do significado e da verdade de um conceito. De qualquer forma, o pragmatismo influenciou a origem dessas escolas ao abandonar o conceito tradicional de filosofia como síntese universal do conhecimento, para considerá-la como instrumento a serviço do esclarecimento de problemas reais.

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