Geopolítica do Brasil | Golbery do Couto e Silva

Sobrevivência da nação como grupo superiormente integrado, em prosperidade e crescente bem-estar — autodeterminação ou soberania, integração social, prosperidade e prestígio — eis aí, pois, o núcleo fundamental em torno do qual o nacionalismo se condensa e cristaliza. É certo que outros pólos de atração contendem sempre pela supremacia, buscando desviar da nação a lealdade maior do indivíduo e captá-la em seu proveito. Nem menos verdade é que certos grupos mais densos e superiormente equipados em poderio e em cultura — minorias predadoras no âmbito nacional, quando não cosmopolitas — buscam, a cada dia, explorar cinicamente a lealdade sincera e muitas vezes desarmada do cidadão comum, em benefício de seus próprios interesses restritos e quase sempre inconfessáveis. O sugestivo esquema marxista da luta de classes, a despeito de sua rigidez e unilateralidade grosseira — ou justamente por isso — pôs em todo relevo e em toda crueza esse fato incontestável que não escapara, aliás, à observação percuciente dos antigos. Mas, de outras lutas, entre outros grupos diversos — facções, camarilhas, partidos em nada ainda representativos de classes, grupos de pressão de toda espécie — é palco também a sociedade nacional, o prêmio sempre almejado centrando-se no controle, parcial ou total, duradouro ou transitório ou simplesmente esporádico, do poder do Estado, instituição detentora do monopólio legal da coerção pela violência."
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