Guerra e Paz | Leon Tolstói

À frente da bateria, o general que comandava a retaguarda, acompanhado por um oficial de sua comitiva, examinava o terreno com uma luneta de alcance. Um pouco mais atrás, Nesvitzki, enviado para a retaguarda pelo comandante-chefe, estava sentado na culatra de um canhão. O cossaco que o acompanhava lhe entregou a bolsa e o cantil, e Nesvitzki ofereceu aos oficiais pastéis e um autêntico kümmel . Ajoelhados ou sentados na grama úmida, à moda turca, os oficiais cercavam-no alegremente.
— O príncipe austríaco que construiu seu castelo aqui não era nenhum bobo. É um belo lugar. Por que não se servem? — perguntou Nesvitzki.
— Muito obrigado, príncipe — respondeu um dos oficiais, encantado por ter ocasião de conversar com um membro tão importante do estado-maior. — É um lugar maravilhoso. Vimos dois cervos, quando passamos diante do parque. Que castelo magnífico!
— Olhe, príncipe — disse outro que tinha vontade de comer mais um pastel e não ousando, fingia admirar a paisagem. — Olhe onde já estão nossos soldados! Lá no campo, atrás da cidade, vejo três que parecem arrastar alguma coisa. Vão saquear o castelo — acrescentou com visível aprovação."
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