O Boi | Giosuè Carducci

"Amo-te, ó pio boi! Um sentimento
De vigor e de paz tu me ofereces
Quando, impassível como um monumento,
O olhar nos campos verdes adormeces...
Preso à canga, momento por momento,
Mais útil e paciente me pareces.
O homem te ordena e tu, no macilento
Volver dos olhos tristes, lhe obedeces.
Pela tua narina escura e fria,
Teu espírito passa e é um hino ardente
Teu mugido cortado de agonia.
E em teu olhar, que pelo azul se perde,
Se esconde, longa e dolorosamente,
Verde, a planura do silêncio verde."
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