O Livro do Amor | Marsilio Ficino

O Livro do Amor | Marsilio Ficino

O Livro do Amor | Marsilio Ficino"Na verdade, esta beleza divina em todas as coisas gerou o amor, isto é, o desejo de si mesmo. Porque se Deus atrai o mundo para si e o mundo é atraído, existe uma certa contínua atração, que começa em Deus, passa ao mundo, e, enfim, acaba em Deus, que, como num certo círculo de onde se originou, pela segunda vez volta ao mesmo. E assim, um círculo, o mesmo por Deus no mundo e pelo mundo em Deus, é chamado por três nomes. Enquanto em Deus começa e seduz, é beleza; conforme passa ao mundo e o atrai para si mesmo, é o amor; quando ao voltar para o autor une a sua obra a si mesmo, é desejo. Portanto, o amor começa na beleza e pára no desejo. Isto quis para si aquele hino notável de Hierioteo e Dioníso Areopagita, em que assim cantaram estes teólogos: O amor é um círculo bom, de bem em bem sempre precipitado. Necessariamente, então, o amor é bom, quando nascido do bem ao bem volta. 

Da mesma forma, portanto, é Deus, cuja beleza desejam todas as coisas, e em cuja posse todas as coisas repousam. Daí, então, o nosso desejo se inflama. Ali repousa a paixão dos amantes, e não se apaga, mas se completa. E, com razão, Dioníso compara Deus ao sol, porque assim como o sol ilumina e aquece o corpo, assim também Deus dá aos espíritos o brilho da verdade e o ardor da ternura. Em qualquer caso, direi que assim examinamos esta comparação no sexto livro Da República de Platão. Na verdade, gera corpos visíveis e olhos que vêem; introduz um espírito luminoso nos olhos para que vejam, em pinta os corpos de cores para que sejam vistos. 

E nem, entretanto, o próprio raio aos olhos e as próprias cores aos corpos são suficientes para conseguir a visão, a não ser que na própria luz, uma sobre muitas, pela qual muitas e próprias luzes são distribuídas aos olhos e aos corpos, não chegue, ilumine, excite e se fortifique. Do mesmo modo, aquele primeiro movimento de todos, que se diz que é Deus, fornece beleza e movimento a cada coisa quando a produz. Sem dúvida, aquele movimento, quando for concebido em alguma coisa criada e num paciente subordinado, é fraco e impotente para a execução da obra, mas uma perpétua e invisível luz do divino sol sempre a todos assiste, favorece, vivifica, estimula, preenche e fortifica. Disto divinamente falou Orfeu: Favorecendo todas as coisas e elevando-se a si mesmo sobretodas as coisas Como é movimento de tudo e fortifica, diz-se que é bem. Visto que vivifica, conforta, acaricia e estimula, é belo. Como nas coisas apresentadas, e que devem ser conhecidas, seduz aquelas três forças da alma conhecida – mente, visão e audição –, é beleza. Conforme se junta à coisa conhecida, na potência que conhece, é verdade. Enfim, visto que é bom, gera, rege e preenche. Visto que é belo, ilumina e introduz a graça."

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