Fortuna Crítica


Fortuna Crítica

Fortuna Crítica
José Guilherme Merquior
Em sua crítica José Guilherme Merquior diz que o estilo narrativo de Dom Casmurro não Discrepa dos dois romances precedentes que é sempre a técnica dos capítulos curtos , e , dentro deles , a inflexão humorística das apóstrofes ao leitor. Fala ainda que como nas “Memórias Póstumas” e , depois em “Esaú e Jacó” , os próprios títulos dos mini capítulos possuem freqüentemente um sentido irônico. O humor feito das expressões sentenciosas , citações literárias , alusões mitológicas e linguagem figurada está agora no ponto: do ângulo da homogeneidade de tom , Dom Casmurro é a obra-prima da arte de Machado , ressalta José Guilherme. Ele nos diz que basta pensar na imagem recorrente dos “olhos de ressaca”, na vinculação simbólica entre Capitu e o mar , para convencer-se de que o recurso ao tropo ( emprego da palavra em sentido figurado ) é inerente à poética machadiana.José Guilherme Comenta que “Machado não apresenta os personagens – denuncia-os , como bem viu Barreto Filho. Em Dom Casmurro ( ... ) a sua arte da sugestão chega ao máximo”. A corrupção do amor de Bentinho e Capitu é uma fatalidade de valor simbólico – fala José Guilherme – e talvez por isso o próprio Bentinho chega a ter fantasias de trair Escobar com a mulher Sancha. Conclui o crítico e ensaísta José Guilherme Merquior que Dom Casmurro é uma contribuição brasileiríssima ao motivo básico da arte impressionista : a percepção elegíaca do tempo , metáfora da nostalgia de uma civilização.

Barreto Filho
Diz Barreto Filho que a personalidade de Machado de Assis nos fascina , pois vai em busca do trágico e em razão disso sua visão não se detém nas aparências das coisas. Fala ainda que seu grande recurso sempre foi o trabalho artístico , porque esse lhe fazia transcender e que o espírito trágico exige a perfeição da obra. Conclui dizendo que para machado de Assis o ideal da arte é encontrado no ajustamento da experiência interna com o da expressão ( sentimento + razão ) e que esse foi também o ideal de Machado.

“Se a Capitu da praia da glória já estava dentro da de mata-cavalos” , se o engano e a amargura já medravam , secretos , no paraíso dos amores pueris , é antes de tudo porque a vida é traição ; e Capitu é a imagem da vida”

Antônio Cândido
Nosso modo de ser é ainda muito romântico e nos leva a atribuir aos grandes escritores uma quota de sofrimento muito maior do que na verdade eles têm – afirma Antônio Cândido. Diz que críticos que estudaram Machado nunca deixaram de inventariar sobre as causas do seu tormento social e pessoal ; realçaram nestes estudos a cor escura , a origem humilde , seus problemas de saúde ...Analisando , no entanto , o aspecto da vida intelectual – ressalta Cândido – percebemos que machado de Assis sempre foi apoiado e aos 50 anos já era considerado o maior escritor do país. A partir daí surgiram muitas outras interpretações a respeito do escritor. Finaliza Cândido dizendo que de tudo que foi dito , resulta algo positivo para crítica: a noção de que não era preciso ler com os olhos convencionais , mas com o senso do desproporcionado e mesmo do anormal. Entre vários críticos que dimensionam com clareza a posição do romance ( Dom Casmurro ) na ficção machadiana como Brito Broca , Alfredo Bosi , Abel Barros Baptista , Lúcia Miguel Pereira , Augusto Meyer , Mário Matos e outros , destacamos nesse trabalho José Guilherme Merquior , Barreto Filho e Antônio Cândido.

Postagem Anterior Próxima Postagem