No auge de sua revolta, os cabanos proclamaram a república, em agosto de 1835, e declararam o Pará separado do império do Brasil. Chamou-se cabanagem a rebelião que, marcada por enorme violência, irrompeu na província do Grão-Pará (Pará e Amazonas atuais) logo após a abdicação de D. Pedro I e mobilizou as camadas mais pobres da população contra o poder central e as elites, sobretudo os portugueses. O primeiro levante ocorreu em 2 de junho de 1831, liderado pelo cônego João Batista Gonçalves Campos, conhecido como Benze-Cacetes. Após um período de trégua, ressurgiu com maior violência, poucos anos depois. Na fazenda do Acará, de propriedade de Félix Antônio Clemente Malcher, organizou-se uma revolução para destituir o então presidente Bernardo de Souza Lobo. Malcher assumiu o governo em janeiro de 1835 e nomeou comandante de armas o tenente Francisco Pedro Vinagre, mandando executar o presidente, juntamente com o comandante de armas, coronel Joaquim José da Silva Santiago, e o capitão-de-fragata Guilherme James Inglis. Em breve, porém, deposto pelos "vinagristas" insatisfeitos, Malcher foi morto e arrastado pelas ruas de Belém. Meses depois, Vinagre foi também derrubado por outro chefe cabano, Manuel Jorge Rodrigues. Pondo-se à frente dos revoltosos, Eduardo Francisco Nogueira, o Angelim, de 23 anos, conseguiu tomar o poder das mãos de Rodrigues. Este refugiou-se na ilha de Tatuoca, onde foi encontrá-lo, em março de 1836, o brigadeiro Soares de Andréia, depois barão de Caçapava, nomeado comandante de armas e presidente da província pela Regência. Iniciou-se então o bloqueio de Belém. Em fins de abril o bispo D. Romualdo de Souza Coelho interveio e negociou o armistício, com a condição de ser dada a anistia, voltando Angelim a sua fazenda do Canagipó, com o que não concordou Andréia. Só a 10 de maio Angelim deixou Belém, confiando o dinheiro do tesouro público ao bispo. A 17 do mesmo mês, Andréia ocupou Belém, mas a luta prosseguiu no interior, onde os legalistas enfrentaram guerrilhas mesmo depois da prisão de Vinagre e Angelim em outubro. Na comarca do rio Negro, atual estado do Amazonas, foi heróica a resistência do cabano Ambrósio Alves Baraorá. O último chefe cabano, Gonçalves Jorge Magalhães, rendeu-se em 25 de março de 1840. www.megatimes.com.br www.klimanaturali.org www.geografiatotal.com.br