História da Arquitetura Islâmica

História da Arquitetura Islâmica

História da Arquitetura IslâmicaA arquitetura islâmica, em virtude da forte religiosidade, encontra sua melhor expressão na mesquita, edifício destinado às orações comunitárias.   Sua origem é a casa de Maomé (na cidade de Medina), que constava de um pátio cercado por muros, com diversos aposentos ao redor. O projeto clássico da mesquita ficou estabelecido já nos primeiros tempos do islamismo, na dinastia omíada. Compõe-se de um minarete, torre muito alta com plataforma da qual o almuadem chama os fiéis para as cinco orações diárias; um pátio de arcadas que tem, ao centro, a fonte para as abluções; uma grande sala de orações, dividida em diferentes naves com colunas; e a qibla, muro ao fundo da sala onde se encontra o mihrab, ou santuário, um nicho que indica ser aquela a direção da cidade santa de Meca, voltada para a qual os fiéis devem rezar. Junto ao mihrab, está localizado o púlpito, ou minbar.

As restrições religiosas à representação de figuras humanas e de animais no Islã impediu a evolução de técnicas como a pintura e a escultura e acabou por transformar a arquitetura na modalidade artística mais desenvolvido na cultura islâmica.

Outro aspecto característico da arquitetura islâmica é a riqueza da decoração, com base em motivos epigráficos (inscrições com trechos do Alcorão em escritura cúfica ou nasji), vegetais (palmas, folhas de videira e de acanto) e geométricos (arabescos). A ornamentação inclui ainda, com frequência, estalactites em gesso, em forma de prisma e com a face curva. A arquitetura islâmica se caracteriza também pelo uso do tijolo, muitas vezes coberto de mosaicos, estuque ou gesso; pelo emprego de arcos em forma de ferradura e multilobulados; e pelo uso da cúpula, elemento de origem bizantina, quase sempre ornamentada.

Evolução histórica
Do século VII, de quando datam as primeiras construções, feitas pela dinastia omíada, até o século XVIII, início da decadência do império otomano, o Islã ergueu, em várias regiões compreendidas entre a Espanha e a Índia, grande número de monumentos. Na Síria e Palestina, os principais foram a mesquita de Omar, em Jerusalém, também conhecida como o Domo do Rochedo, de forma octogonal com exterior decorado em mosaicos bizantinos, concluída em 691; e a grande mesquita de Damasco (705-715), que possuía um grande pátio com arcadas em três de seus lados e uma sala de oração dividida em três naves, todas paralelas ao muro da qibla. Na arquitetura profana, destacaram-se os palácios de Mshatta e de Qasr Amrah, na Síria. Este último possuía luxuosas salas de banho e era ricamente decorado com pinturas.

Com a dinastia abássida, instaurada no ano 750, a arte islâmica sofreu a influência da Ásia. Surgiram então os mausoléus, e a decoração se estilizou. A capital foi transferida para Bagdá, no Iraque, onde se adotou um traçado urbano de forma circular, protegido por uma muralha dupla. Mais tarde, em 838, quando o império começava a ser desmembrado em principados autônomos, a corte se estabeleceu em Samarra. Na nova capital foi construída uma grande mesquita, com naves paralelas à qibla e um minarete semelhante ao zigurate, além de vários palácios.

Na Espanha, onde se refugiara Abd al-Rahman I, único sobrevivente da dinastia omíada, ocorreu, paralelamente, um período de grande atividade artística, cujo centro era a cidade de Córdoba. A mais importante das obras realizadas na época é a mesquita da cidade. Iniciada no século VIII, sofreu diversas ampliações ao longo dos dois séculos posteriores. A mesquita de Córdoba tem 19 naves perpendiculares à qibla e um sistema de construção original, no qual se combinam colunas e arcos em ferradura com arcos de meio ponto -- ao que tudo indica, uma influência da arte visigótica -- decorados com abóbadas alternadas em vermelho e branco. Seu mihrab é coberto de ricos azulejos bizantinos, com profusão de motivos epigráficos e vegetais. Outro grande exemplo da arte do califado de Córdoba foi a cidade palaciana de Medina Azahara, construída por Abd al-Rahman III. No Egito, que se tornou independente com os tulúnidas, foi construída no século IX a grande mesquita de Ibn Tulun, no Cairo; em Túnis, os aglábidas ergueram a grande mesquita de al-Qayrawan.

No período que vai do século XI ao XV, as principais concepções estéticas islâmicas tiveram origem em Isfahan, com os seldjúcidas, no norte da África -- Egito e Maghreb -- e na península ibérica, com os fatímidas, os almorávidas e os nazaritas. Os seldjúcidas, povos nômades das estepes convertidos ao islamismo que reunificaram por algum tempo o Oriente Médio, estabeleceram seus centros em Isfahan e Tabriz. Foram os responsáveis pela divulgação da madrasa (espécie de universidade na qual se ensinavam teologia e ciências), em geral edificada junto a uma mesquita e estruturada em torno de um pátio. O sistema das madrasas passou a ser empregado em mesquitas como a de Isfahan, concluída por volta de 1130, com um pátio central e quatro salas contíguas, ou eyvans, cobertas por abóbadas semicirculares. A sala localizada ao lado da qibla conduz a outra sala com cúpula.

Também surgiu nessa época um novo tipo de minarete, de forma cilíndrica, apoiado sobre uma base octogonal, como o da mesquita Pa-Minar de Zawara, cujo exterior era decorado com cerâmica esmaltada em motivos geométricos. A arquitetura funerária popularizou o mausoléu quadrado coberto com uma cúpula, como o de Sanyar, do século XII.

No Egito, a dinastia fatímida, que governou entre os séculos X e XII, construiu importantes mesquitas, tais como as de al-Azhar e al-Hakim, na cidade do Cairo. Em meados do século XIII, a dinastia dos mamelucos impôs a influência artística seldjúcida. Sua forma arquitetônica mais característica foi o mausoléu, cujo melhor exemplo é o monumento funerário ao sultão Hassan, de planta quadrada e cúpula dourada sobre uma base octogonal. No fim do século XI, após a desintegração do califado de Córdoba numa série de reinos de taifas, a intervenção dos almorávidas, originários do sul do Maghreb, permitiu um novo florescimento da arte na península ibérica e no noroeste da África.

Dois tipos de estruturas caracterizaram os períodos almorávida e almôada, do século XI ao XIII, no Marrocos e na Espanha. Um abrange as grandes mesquitas marroquinas, como as de Tinmel e Hasan, em Rabat, e a de Kutubiya, em Marrakech, todas com sólidos e grandes minaretes quadrados. O outro tipo de arquitetura criou-se para fins militares, como fortificações e pontes com arcos em forma de ferradura. Entre estas figuram a ponte Oudaia, em Rabat, e a ponte Rabat, em Marrakech.

No norte da África, a arte não mudou muito nos séculos XIV e XV. O mesmo estilo de mesquita continuou a ser construído, como a Grande Mesquita de Argel. A decoração arquitetônica em estuco ou pedra esculpida ficou limitada geralmente a padrões geométricos elaborados, temas epigráficos e alguns motivos vegetais.

O último período da arte islâmica na Espanha data do reino nazarita de Granada, fundado no século XIII. Seu monumento mais característico é a Alhambra, cidade palaciana que constitui talvez o mais grandioso monumento do gênio islâmico para integrar arquitetura e natureza. Constava do alcácer, salões para atos oficiais (mexuar, ou sala de justiça, quarto de Comares), área privada (pátio dos Leões, sala das Duas Irmãs), salas de banhos e maravilhosos jardins, como os do Generálife.

Desde meados do século XIII, quando os mongóis invadiram a Pérsia, registrou-se na região um significativo impulso cultural que se traduziu artisticamente na construção de mesquitas e madrasas de estilo seldjúcida e na utilização de cúpulas afiladas e azulejos decorados. A conjunção de elementos mongóis e turcomanos foi a característica do período timúrida, que transcorreu entre os séculos XIV e XVI. A capital do império foi a cidade mítica de Samarkand, grande centro político e cultural da Ásia central. Importantes monumentos foram edificados na época, tais como a mesquita-madrasa de Jargird, com pátio central e quatro eyvans, e a mesquita azul de Tabriz, Irã, famosa por sua decoração em azulejos de cerâmica azul. A arquitetura funerária desfrutou de grande prestígio entre os timúridas, que construíram na própria capital a avenida de Shaji-Zindá, ladeada por vários mausoléus da família imperial e de membros da nobreza, com suas cúpulas características e decoração em azulejos.

Depois dos mongóis e dos turcomanos, chegaram ao poder na Pérsia os sefévidas, que promoveram a arte popular. Proliferaram então as mesquitas e madrasas de quatro eyvans e, na arquitetura palaciana, destacou-se o palácio Ali Qapu, com um segundo andar repleto de colunas. Na mesma época em que ocorria o florescimento da arte entre os sefévidas, o império mongol da Índia construía, no século XII, grandes e luxuosas edificações inspiradas na arte persa, como o Taj Mahal, de Agra, mausoléu feito para a esposa do imperador, e o forte Vermelho, em Delhi.

A partir de meados do século XV, o império otomano consolidou-se e seu poder se estendeu pela Turquia, Síria, Egito, Iraque e os Balcãs, na Europa. No império, que só entraria em decadência no século XVIII, difundiram-se as cúpulas e foram construídas mesquitas tanto em forma retangular, com pórtico em cúpula, de influência bizantina, quanto com planta em forma de "T" invertido. O império atingiu o apogeu nos séculos XV e XVI, quando Istambul se tornou grande centro político e cultural. Tendo a basílica bizantina de Santa Sofia como modelo, proliferaram as construções monumentais, como as mesquitas de Suleiman II e de Ahmed I, na mesma cidade.

O desaparecimento do império mogol da Índia, que passou ao domínio britânico, e o gradativo desmembramento do império otomano fizeram com que a arte islâmica sofresse, ao longo do século XIX, um processo de estagnação durante o qual passou a experimentar uma crescente influência ocidental. Essa adaptação às tendências do Ocidente se intensificou em meados do século XX, quando novas escolas integraram técnicas ocidentais à arquitetura muçulmana. Esse movimento, iniciado na Turquia por Sedat Hakki Eldhem e no Egito por Hassan Fathy, se disseminou depois por todo o mundo muçulmano.

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