O Mundo Grego | Período Homérico e o Período Arcaico

O Mundo Grego | Período Homérico e o Período Arcaico

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Os Gregos antes de Homero

A partir do segundo milênio a.C., povos arianos, vindos do norte, invadiram a península Balcânica. Primeiro foram os aqueus, depois  os jônios e os eóleos e, finalmente, os dórios. Esses quatro povos formaram o povo grego.

A quarta e última grande invasão ariana, a dos dórios, superiores militarmente, causou enorme destruição. Muitos aqueus e jônios fugiram da península, refugiaram-se nas numerosas ilhas do mar Egeu ou fundaram colônias no litoral da Ásia Menor. Era a primeira “diáspora” (dispersão). O contato dos gregos com as culturas asiáticas, tecnológica e culturalmente mais desenvolvidas, contribuiu para fazer da Grécia asiática uma região muito dinâmica.

A história grega antiga pode ser dividida didaticamente em períodos: homérico (antes do século VIII a.C.), Arcaico (séculos VII e VI a.C.), Clássico (século V a.C.) e Helenístico (séculos IV e III a.C.).

Período Homérico
Conhecido pelas obras de Homero e pelos estudos arqueológicos, abrange as conseqüências da invasão dos dórios e, especialmente, a existência da comunidade gentílica (ou genos), formada por pessoas ligadas por laços familiares a um chefe comum, o “páter-famílias”. Ele conduzia as orações aos deuses e era respeitado como elo de ligação entre as divindades e a população. Dotado de grande poder, aplicava a justiça, exercia o poder político e distribuía as tarefas econômicas. Nessa pequena comunidade, de economia natural e trabalho coletivo, havia a igualdade social, pois a terra era propriedade comum e a produção era igualmente dividida. Porém, esse sistema viria a se autodestruir.

Período Arcaico
Com o aumento da população, a área plantada não mais atendia às necessidades. Os parentes mais afastados do “páter” passaram a se dedicar a outras atividades econômicas (comércio) ou à ocupação de outras regiões. Entre os que permaneciam na comunidade não era possível evitar a insatisfação, pois os que trabalhavam ganhavam tanto quanto os que não trabalhavam. A discórdia forçou a substituição do coletivismo pelo individualismo, e nessa passagem os interesses pessoais se sobrepuseram aos do conjunto. O sistema comunitário se desintegrou: a divisão foi feita pelo “paterfamílias”, certamente beneficiando os parentes mais próximos, enquanto muitos nada receberam. Nasciam assim as classes sociais na Grécia arcaica.

A fim de proteger suas propriedades, os aristocratas uniram- se formando uma fratria, e a junção de várias fratrias gerava uma tribo.

Com o crescimento populacional, as pequenas vilas evoluíram para cidades-Estados, que necessitavam ser protegidas dos inimigos. Por isso, cada cidade-Estado se localizava e crescia, geralmente, em torno de uma elevação, dotada de uma muralha, facilitando sua defesa. Era a Acrópole.

A formação do Estado atendia aos interesses da aristocracia, chamados eupátridas em Atenas, chefiados por um rei (basileu) e um conselho, o Areópago. O povo não participava do governo. O antigo poder coletivo da comunidade passara para o Estado, dominado pela aristocracia, que decidia sobre o destino de todos.

O comércio se desenvolveu, com importação de trigo e matérias-primas das colônias e exportação de vinho, azeitonas, armas, cerâmicas e outros produtos artesanais. Os comerciantes enriqueciam, enquanto a aristocracia eupátrida concentrava a posse das terras. A situação difícil causada pela importação levou os pequenos lavradores a hipotecarem suas terras para pagar suas dívidas. Incapazes de resgatá-las, muitos pequenos proprietários eram escravizados, outros emigravam e houve aqueles que se transformaram em pequenos artesãos. Para facilitar as relações comerciais, as cidades-Estados cunhavam suas próprias moedas.

No século VI a.C., Atenas conheceu grandes transformações. A economia, a política e a sociedade ateniense mudaram em função do crescimento do comércio, do artesanato e da exportação. As antigas estruturas políticas não se ajustavam à nova realidade e seguiu-se um período de agitações sociais e políticas. As classes baixas tomavam consciência da sua marginalização política e passaram a pressionar por reformas. Os eupátridas resistiram. Um dos meios: substituíram o rei (basileu) por nove Arcontes, magistrados encarregados de exercer o poder executivo.

Diante da pressão das classes sociais insatisfeitas, era preciso mudar a legislação. O legislador Dracon, em 621 a.C., codificou a lei costumeira, o que provocou a revolta das classes populares.

Pesquise sobre a legislação codificada por Dracon, que manteve o “status quo” em Atenas. Descubra o significado dessa expressão latina e saiba por que, exceto a elite, todas as demais classes sociais ficaram insatisfeitas. Lembre-se de que temos em nossa língua a expressão “draconiano”. Descubra também qual foi a importância da codificação.

Anos depois, o político e legislador Sólon (594 a.C.) foi incumbido de
achar uma solução para os conflitos. Decidiu pela divisão da sociedade não mais segundo o nascimento, mas a partir da riqueza. Foram criadas quatro classes sociais, da mais rica para a mais pobre: pentacosiomedimnos, zeugitas, hipe Períodois e tetas. Além disso:

  a) Estimulou a expansão do comércio e do artesanato,permitindo inclusive que estrangeiros (metecos) vivessem em Atenas.

    b)  Ampliou a emissão de moedas com a exploração de minas de prata na região do Láurion, perto de Atenas. Padronizou pesos e medidas.

    c)  Proibiu a escravidão por dívidas.

    d)  Redistribuiu as terras aos seus antigos proprietários.
 
A participação dos cidadãos na política e nas magistraturas correspondia à sua riqueza, ou seja, os mais ricos participavam da Assembléia (Eclésia), dos Tribunais (Heliae), do Conselho (Bulé) e das magistraturas (Arcontado). Os mais pobres (thetas), somente da Assembléia.

Porém, a obra reformadora de Sólon criou insatisfações por não atender os interesses de todas as classes. Veio a luta civil, que durou cerca de trinta anos e que propiciou o aparecimento de demagogos e tiranos. No conceito grego, tirano era aquele que chegava ao poder por meios ilegais. Em 560 a.C., Psístrato se transformava no primeiro tirano ateniense, promovendo a pacificação política por meio da construção de obras públicas. Assim, equilibrava-se entre as classes sociais, agradando os pobres, criando mais empregos e incentivando o comércio, que beneficiava os mercadores. Após a sua morte, seus filhos assumiram o poder, mas Hiparco foi assassinado e Hípias, afastado.
 
Anos mais tarde (508 a.C.), o político Clístenes assumiu o poder e fez as reformas que implantaram a democracia em Atenas. É conhecido, por isso, como o “pai da democracia”.
 
Dividiu todos os cidadãos de Atenas em dez tribos. Cada tribo era formada por três demos (um da planície, outro da montanha, outro do litoral), anulando os antagonismos. Todas as tribos tinham representantes nos diversos órgãos públicos. A Eclésia, ou assembléia de todos os cidadãos, era o órgão político máximo e indicava os dez estrátegos, um por tribo, para exercer o poder executivo. O Arcontado e o Areópago foram mantidos por tradição, zelando apenas pela constitucionalidade das leis.
 
Para defender a democracia foi instituído o ostracismo, que permitia exilar, mediante votação pela Assembléia, os que ameaçavam o Estado.
 
Contudo, não se deve confundir a antiga democracia grega com a idéia de democracia elaborada pelos iluministas franceses do século XVIII, nem com a atual.
 
Afinal, quem era cidadão em Atenas? O escravo, o homem liberto, o estrangeiro, as mulheres e mesmo o grego nascido na cidade, cujo pai tivesse vindo de outra cidade-Estado, todos eram excluídos. O sistema democrático comportava só os cidadãos, e estes eram apenas 10% de toda a população. A condição de cidadão se iniciava pela exigência de ter pai e mãe atenienses. Daí o número tão pequeno de cidadãos.
 
Por outro lado, a democracia grega era direta, e não representativa. Os cidadãos compareciam à assembléia pessoalmente.
 
A cidade-Estado de Esparta era a grande rival de Atenas na luta pela hegemonia sobre a Grécia.
 
O isolamento geográfico de Esparta e suas terras férteis para a prática da agricultura propiciaram a sobrevivência da comunidade. As instituições se mantiveram intactas durante séculos. Porém, por causa do crescimento demográfico, Esparta poderia conhecer as mesmas transformações das demais cidades-Estado gregas. Optou pela conquista da vizinha região da Messênia, alargando assim a posse de terras e escravizando boa parte da população local. Os espartanos passaram a depender do trabalho dos hilotas (escravos).
 
Como a existência de numerosos escravos ameaçava o domínio dos espartanos, estes passaram a se preparar militarmente a maior parte de sua vida. Os escravos, pertencentes ao Estado, eram repartidos e distribuídos à razão de seis por lote de terra, também pertencente ao Estado, mas de usufruto do cidadão espartano.
 
O sistema político estabelecia que somente os espartanos podiam ter cidadania (“os iguais”), mas o poder efetivo ficava nas mãos dos idosos (Gerontocracia). A legislação, atribuída a Licurgo, um personagem lendário, instituiu o sistema governamental oligárquico. Havia a diarquia, ou seja, dois reis que cuidavam dos negócios internos e externos; a Assembléia dos Cidadãos (Ápela), que aprovava ou não as leis elaboradas pelo Conselho de Anciãos (Gerúsia) e o Eforado, composto por cinco magistrados, os Éforos, que fiscalizavam e exerciam o poder, mas submetidos aos gerontes.
 
Havia em Esparta três classes sociais:

        a)  Espartíatas ou espartanos, detentores do poder, dedicando- se ao adestramento militar. Formavam a aristocracia espartana, embora fossem iguais entre si.

     b)  Periecos,descendentes dos aqueus, antigos senhores da região que não se opuseram à conquista dos dórios. Livres, faziam o cultivo de suas próprias terras na periferia ou faziam o comércio, mas não tinham participação nem direitos políticos.

        c)  Hilotas,submetidos pela guerra, trabalhavam como escravos nas terras do Estado e nos lotes dos espartanos. Seu número era controlado, pois um aumento excessivo colocaria em risco o domínio dório. Quando havia aumento populacional, os espartanos eliminavam o excedente.
 
A educação em Esparta era muito rígida, com ênfase nas práticas físicas e militares, exigindo-se do jovem total obediência aos mais velhos e ao Estado. Ao nascer, a criança espartana era examinada pelo éforos. Se apresentasse algum defeito, era sacrificada em nome da eugenia (pureza racial). Aos sete anos, era colocada sob os cuidados do Estado; a partir dos doze anos, educada no campo, onde aprendia a suportar os rigores de uma vida simples, desprovida de conforto. Assim, os fracos eram eli- minados. Até os 60 anos os espartanos estavam obrigados ao treinamento militar.

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