Brasiléia, História e Geografia de Brasiléia | Acre
População: 23.910
Área da unidade territorial (Km²): 3.916,507
Densidade demográfica (hab/Km²): 5,46
Gentílico: brasileense
História de Brasiléia
Habitavam primitivamente as terras do município de Brasiléia as tribos catianas e maintenecas. A primeira penetração de civilizados ocorreu por volta de 1879, com a chegada de imigrantes nordestinos, fugitivos das inclemências climáticas do Nordeste e ávidos de se entregarem ao mister da extração de borracha.
Os imigrantes iam tomando posse das terras até então inexploradas e, em pouco tempo, constituíram-se vários seringais: Carmem Nazaré, Belmonte, Quixadá, Canindé, Baturité, São João, São Francisco, Triunfo, Piauí, Bahia, etc., designações dadas pelos nordestinos às novas propriedades e que Ihes traziam recordações da terra natal.
Quando da eclosão da revolta acreana em 1902, o território do Município era ocupado, na sua quase totalidade, por brasileiros. Os seringais Carmem e Bahia foram palcos de encarniçados combates . No seringal Bahia perderam a vida inúmeros brasileiros, em defesa da causa acreana.
Formação Administrativa de Brasiléia
Com a celebração do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, as terras de Brasiléia, como todo o Acre, passaram a integrar o território brasileiro. Na primeira divisão territorial administrativa do Acre, fixada pelo Decreto Federal n.° 5188, de 7 de abril de 1904, Brasiléia figurava como zona integrante do Departamento do Alto Acre.
Em 1908 instala-se no seringal Belmonte o termo judiciário do Alto Acre e no ano seguinte outros termos judiciários são inaugurados. A instalação dos termos se fazia nas sedes dos seringais. quando os seus proprietários permitiam.
Sobre a fundação da cidade, conta-se que a idéia surgiu em consequência de um incidente ocorrido entre o juiz do 3.° termo judiciário da Comarca de Xapuri, sediado no seringal Nazaré, Fulgêncio de Paiva, e o arrendatário do mesmo seringal, João Pereira de Pinho.
O juiz protestou contra os alojamentos que lhe ofereceram, considerando-os indignos do judiciário. Desse desentendimento resultou a expulsão do juiz e do escrivão que não obtendo acolhimento em outros seringais dirigiram-se a Cobija, cidade fronteiriça boliviana, onde foram hospedados por patrícios ali residentes.
Conduzindo às costas todo o material e arquivo do juizado, os dois funcionários causaram hilaridade às pessoas que os viram atravessar as ruas da cidade boliviana. Dizia-se em satírico dito da região que a justiça do 3.° Termo andava num "jamaxi", de seringal em seringal, esmolando hospedagem.

Finalmente, apesar de não encontrarem boa vontade por parte dos proprietários dos seringais, escolheram uma faixa de terra do seringal Carmem, defronte de Cobija, à margem esquerda do rio Acre.
A ideia foi propalada entre os brasileiros que mourejavam às margens do rio, acima de Cobija e nesta residentes, apelando para o concurso pessoal e financeiro de cada um. Ultimados os preparativos no domingo de 3 de julho de 1910, às 7 horas, cerca de 100 pessoas, entre homens e mulheres, deram início à derrubada da mata sob ardoroso entusiasmo.
Após o trabalho de derrubada e limpeza do terreno, tendo a comissão arrecadado a importância de vinte e dois contos de réis, teve início a construção de um amplo prédio, que se chamaria "Palácio da Justiça". Neste local surgiria Brasília, popularmente Brasília e atual Brasiléia.
Decorridos seis meses, quando as obras já se encontravam em acabamento, aparece, inopinadamente, o gerente do seringal Carmem, João Gomes Teixeira, à frente da marinhagem do navio "Braga Sobrinho", e ataca a indefesa vila, destruindo totalmente o prédio. Em consequência, instalou-se rigoroso inquérito, ficando a firma insurgente obrigada a doar a área em questão.
Em 30 de maio de 1911, foi realizada a doação, por escritura pública, em Rio Branco. Nesse mesmo ano, por determinação do Prefeito do Departamento do Alto Acre, Deocleciano Coelho de Souza, verificou-se o levantamento da planta-projeto da novel vila e, no ano seguinte, foram nomeadas as primeiras autoridades.
Pela Resolução Departamental n.° 28, de 20 de setembro de 1911, Vila Brasília foi considerada termo judiciário.
Nas divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 21 de dezembro de 1937, figurava com a categoria de distrito, pertencente ao Município de Xapuri.
Pelo Decreto-lei federal n.° 968, de 21 de dezembro de 1938, foi criado o Município de Brasília compreendendo um só distrito, com sede na vila de igual nome e áreas desmembradas dos municípios de Xapuri e Sena Madureira.
Sua instalação verificou-se a 1.° de janeiro de 1939. Este mesmo Decreto concedeu à sede municipal foros de cidade.
A Comarca, instalada a 1.° de janeiro de 1939. foi extinta a 8 de junho de 1940 e restaurada a 28 de dezembro de 1950. Pelo Decreto-lei Federal n.° 6 163. de 31 de dezembro de 1943, que deu nova organização judiciária ao então Território do Acre, o topônimo Brasília foi alterado para Brasiléia.
Pela Constituição do Estado de 1° de março de 1963, o Município perdeu parte de seu território desanexado para constituir os novos municípios de Assis Brasil e Epitaciolândia. O Município é constituído de um só distrito.