Conselho é Bom E Ninguém Dá de Graça!

Conselho é Bom E Ninguém Dá de Graça!

Conselho é Bom E Ninguém Dá de Graça!

Os dilemas por trás do desejo de exercer poder e superioridade

Gostaria de entender por que todos acham saber o que os outros devem fazer. Todos têm a solução para os problemas alheios. Quantas vezes você já ouviu sentenças como estas: “você deveria ...”, “se estivesse em seu lugar, eu faria ...”?
Fornecer recomendações talvez faça-nos sentir mais conhecedores, inteligentes, poderosos - dizer ao outro o que fazer é uma forma de exercer poder. Aconselhar o outro sobre o que fazer em sua vida, ou o que fazer com seus problemas, pode ser uma grande massagem no ego. Pode significar que mobilizei todo meu conhecimento, todos os meus recursos intelectuais e cheguei a uma resposta a qual você ainda não havia sido capaz de chegar, podendo conferir até mesmo superioridade – opa! Será que encontramos uma das razões pelas quais não gostamos de seguir conselhos?

Outra razão pode residir na busca por resultados, por interesse. Por exemplo, se eu tenho interesse em um determinado resultado e para isso dependo da ação de outras pessoas, posso recomendar, sugerir ou até mesmo ordenar que se cumpram com ações. Essa recomendação, ordem ou sugestão será recebida segundo minha autoridade e, principalmente, merecimento – ou seja, se sou digno de credibilidade e notoriedade.

As duas razões apontadas para o desejo de dar conselhos mostram que o motivo tem origem nas vontades do conselheiro: no primeiro caso para sentir-se maior ou mais poderoso, e no segundo caso para alcançar algum objetivo.  Agora, tem outro motivo, muito especial, por sinal, que é quando temos interesse legítimo pela pessoa que está enfrentando o problema.

Nos relacionamentos mais íntimos, a motivação está no compartilhamento do sentimento, ou seja, na empatia – se minha parceira está com problemas, eu o sinto tanto quanto ela, desse modo, o problema dela passa a ser meu também - então começo a pensar em soluções que acredito serem as melhores, com o objetivo de resolver o problema para vê-la bem, para ficarmos bem.

Ao analisar essas três motivações, percebo que, na verdade, o motivo que origina um conselho não interfere na qualidade dele, apesar do primeiro caso (o de poder e superioridade) ter maior probabilidade de gerar um mau conselho. Assim como o papel que o conselheiro exerce – na sociedade, assim como na vida do aconselhado – também não exerce influência na qualidade do conselho. É difícil acontecer, mas um bom conselho pode vir de um inimigo, assim como um mau conselho pode vir de um pai.

Mas então onde reside o caráter qualitativo do conselho? Acredito que a qualidade dele está no uso que o aconselhado faz. Um conselho interpretado como “mau conselho”, por exemplo, pode servir de aviso sobre o que não fazer.
O conselheiro, por estar de fora da situação, pode trazer pontos de vistas diferentes de quem está envolvido, às vezes até emocionalmente, na situação problema. Outro ponto importante é que um conselho não deixa de ser um feedback, que pode nos mostrar algo em nós que ainda não enxergamos.  

Portanto, ao recebermos um conselho, devemos pensar: a) por que está pessoa está me aconselhando, quais seus interesses; b) o que eu já havia pensado e o que eu não havia pensado ainda;  c) como esta pessoa pensa sobre meu problema e como eu o penso.

Diante disso, concluo o seguinte: Conselho é bom e, na verdade, ninguém dá de graça!

Siga o meu conselho.

Fonte: Olhar Digital (João Xavier)

www.megatimes.com.br
www.klimanaturali.org

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem