Homossexualismo, Comportamento e Abordagem Social

Homossexualismo, Comportamento e Abordagem Social

Homossexualismo, Comportamento e Abordagem Social

Homossexualismo é o comportamento que se caracteriza pelo interesse sexual exclusivo ou dominante por pessoa de mesmo sexo. Recebe essa denominação em contraposição a heterossexualismo, ou interesse sexual por pessoa de sexo oposto. Nas últimas décadas do século XX, tornou-se popular o termo gay para designar homens e mulheres homossexuais. O homossexualismo feminino costuma denominar-se lesbianismo, palavra derivada de Lesbos, ilha grega onde a poetisa Safo liderava um grupo de mulheres.

A atração erótica entre pessoas de mesmo sexo é aprovada, tolerada ou punida segundo a comunidade e a época em que se verifique. A moderna sociedade ocidental, em que as ideias sobre a sexualidade em geral estão em permanente evolução, tende a reduzir as restrições morais a pessoas que preferem relacionar-se sexualmente com outras de mesmo sexo e mesmo a amparar legalmente as uniões homossexuais.

Na Grécia Antiga, o homossexualismo era aceito e até mesmo considerado uma forma de relacionamento amoroso superior ao heterossexualismo. Na cultura judaico-cristã, foi de maneira geral interpretado como comportamento pecaminoso e assim, em todo o Ocidente, passou a ser visto como socialmente inaceitável e mesmo sujeito a punições.

O primeiro grande estudo estatístico sobre a homossexualidade foi realizado pelo zoólogo e sexólogo americano Alfred Kinsey em 1948-1953 e estabeleceu um marco no estudo do fenômeno. O método empregado por Kinsey descarta como premissa a exclusividade da preferência homossexual ou heterossexual e toma a orientação exclusiva para uma ou outra tendência como comportamento situado num dos extremos de uma "escala" gradativa de possibilidades. Esse estudo revelou que trinta por cento dos homens americanos adultos haviam tido alguma experiência homossexual e dez por cento apresentavam padrões de comportamento homossexual. O número de mulheres predominantemente homossexuais era a metade em relação ao de homens. Verificou-se também que a atividade homossexual aumenta em ambientes em que não há condições para o extravasamento do desejo heterossexual. Identificou-se, além disso, grande número de bissexuais, que reagem sexualmente a pessoas de ambos os sexos.

Pesquisas mais recentes confirmaram as conclusões de Kinsey e indicaram que as estatísticas têm permanecido constantes desde a década de 1950. Aparentemente, portanto, apesar dos movimentos de liberação sexual das últimas décadas do século XX terem trazido mais liberdade e reduzido a culpa e a vergonha associadas às práticas sexuais em geral e ao homossexualismo em particular, não se registrou aumento significativo no número de pessoas que têm experiências homossexuais. O que cresceu, na verdade, foi a franqueza com que a preferência sexual passou a ser discutida e exposta. Na medida em que se ampliou a tolerância da sociedade ao comportamento homossexual, cresceu também o número de pessoas que se reconhecem como bissexuais.

Abordagem psíquica do homossexualismo. No início do século XX, Sigmund Freud definiu homossexualidade como resultado dos conflitos do desenvolvimento psicossexual e explicou o homossexualismo masculino a partir de uma longa e intensa ligação edipiana com a mãe. Na puberdade, incapaz de renunciar a ela como objeto sexual, o jovem identifica-se com a mãe, "transforma-se" nela e começa a procurar objetos que possa amar e de que possa cuidar da mesma forma como foi amado e cuidado. No caso do lesbianismo, a mulher, depois da fase fálica, seria obrigada a trocar o clitóris pela vagina como órgão sexual e a mudar também o objeto de seu amor, ou seja, trocar a mãe pelo pai. Nessa dupla passagem, que requer um enorme esforço psíquico, a jovem pode identificar-se com o pai ou com a mãe virilizada e regredir a uma virilidade que não se confunde com a fase fálica infantil.

A teoria freudiana contribuiu de maneira decisiva para o esclarecimento de vários aspectos do comportamento humano, sobretudo ao retirar do terreno moral o debate em torno da homossexualidade. Até o fim do século XX, no entanto, a psicanálise encarava o homossexualismo como patologia, embora esse ponto de vista seja cada vez mais contestado. A maior parte dos profissionais de psicologia, psiquiatria e psicanálise viam o homossexual como alguém que ainda não amadureceu completamente e, por esse motivo, é incapaz de relacionar-se plenamente com o sexo oposto. A ideia de que o homossexual é um doente passível de cura, no entanto, cedeu lugar, principalmente em áreas onde a população homossexual é grande, a maior ou menor grau de tolerância ou aceitação.

Os especialistas que reconhecem no homossexualismo um padrão de comportamento anormal classificaram-no em pelo menos dois subgrupos: homossexuais "assumidos", razoavelmente satisfeitos com sua identidade sexual e capazes de desenvolver relações estáveis e maduras com outros homossexuais; e homossexuais "heterófobos", cuja sexualidade encontra expressão no homossexualismo por incapacidade de relacionamento íntimo com pessoas do sexo oposto. Tais categorias, no entanto, não são mais aceitas de forma universal. A discussão sobre os fatores que determinam a homossexualidade continuava em aberto ao finalizar o século XX, pois não se demonstrou sua hipotética origem genética nem a determinação cultural do fenômeno.

Homossexualismo como fenômeno social. Em resultado da crescente evidência da atividade homossexual e de sua aceitação cada vez maior como variante comum da sexualidade humana, ideias tradicionais sobre a homossexualidade começaram a perder credibilidade e, para a maioria das pessoas, foram descartados os conceitos, disseminados no Ocidente entre as décadas de 1950 e 1960, de que todos os homossexuais masculinos são efeminados ou de que todas as lésbicas são masculinizadas e agressivas. Apesar das dificuldades que muitos homossexuais enfrentam, pressionados pelos padrões de normalidade sexual que os obrigam a dissimular, outros atingem uma situação de estabilidade sexual favorecida por meios tolerantes e podem assumir claramente suas relações.

A homossexualidade tornou-se uma questão política em alguns países durante as últimas décadas do século XX, como desdobramento tardio dos vários movimentos a favor dos direitos civis da década de 1960. Muitos homossexuais passaram a identificar-se como tais no meio familiar e social e outros assumiram publicamente essa condição. A comunidade homossexual tornou-se abertamente conhecida e seus integrantes passaram a reivindicar o direito à igualdade de tratamento no emprego e na vida social, bem como a modificação de normas legais que restringem seus direitos. Em muitas jurisdições, leis para condenar a discriminação contra homossexuais tornaram-se objeto de acirrados debates e mesmo de atos de violência e repulsa.

Nos Estados Unidos, por exemplo, até o início da década de 1970, o homossexualismo era considerado pelas autoridades da área psiquiátrica como um distúrbio mental, mas a crescente atividade política e os esforços dos homossexuais para serem encarados como indivíduos que exercitam uma preferência sexual diferente e não como personalidades aberrantes acabou por derrubar essa classificação. Durante a década de 1990, a discussão sobre os direitos dos homossexuais ganhou espaço nos meios de comunicação, quando diversos países criaram leis para regular o assunto. Nos Estados Unidos, o governo enfrentou forte oposição quando derrubou o veto a homossexuais nas forças armadas. No Reino Unido, onde a atividade sexual é legalmente permitida a partir dos 18 anos de idade, foi liberado o homossexualismo a partir dos 21. Nos Países Baixos, foi autorizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, no Brasil, o direito de herança do parceiro homossexual foi reconhecido na prática.

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