Evolução, Mecanismo da Evolução e Origem das Raças

Evolução, Mecanismo da Evolução e Origem das Raças

Evolução, Mecanismo da Evolução e Origem das Raças

Evolução, Mecanismo da evolução, Isolamento geográfico e Origem das raças - A teoria da evolução, também chamada evolucionismo, afirma que as espécies animais e vegetais existentes na Terra não são imutáveis, mas sofrem ao longo das gerações uma modificação gradual, que inclui a formação de raças e espécies novas.

A teoria da evolução constituiu, desde os primeiros momentos de sua gênese, uma candente fonte de controvérsia, não somente no campo científico, como também na área ideológica e religiosa.

História Até o século XVIII, o mundo ocidental aceitava a doutrina do criacionismo, segundo a qual cada espécie, animal ou vegetal, tinha sido criada independentemente, por ato divino.

O pesquisador francês Jean-Baptiste Lamarck foi dos primeiros a negar esse postulado e a propor um mecanismo pelo qual a evolução se teria verificado. A partir da observação de que fatores ambientais podem modificar certas características dos indivíduos, Lamarck imaginou que tais modificações se transmitissem à prole: os filhos das pessoas que normalmente tomam muito sol já nasceriam mais morenos do que os filhos dos que não tomam sol. Chegava, mesmo, a admitir que era a necessidade de adaptar-se ao ambiente que fazia surgir nova característica, a qual, uma vez adquirida pelo indivíduo, se transmitiria a sua prole. Em contraposição, a inutilidade de um órgão faria com que ele terminasse por desaparecer.

A necessidade de respirar na atmosfera teria feito aparecer pulmões nos peixes que começaram a passar pequenos períodos fora d'água, o que teria permitido a seus descendentes viver em terra mais tempo, fortalecendo os pulmões pelo exercício; as brânquias, cada vez menos utilizadas pelos peixes pulmonados, terminaram por desaparecer.

Assim, o mecanismo de formação de uma nova espécie seria, em linhas gerais, o seguinte: alguns indivíduos de uma espécie ancestral passavam a viver num ambiente diferente; o novo ambiente criava necessidades que antes não existiam, as quais o organismo satisfazia desenvolvendo novas características hereditárias; os portadores dessas características passavam a formar uma nova espécie, diferente da primeira.

A doutrina de Lamarck foi publicada em Philosophie zoologique (1809; Filosofia zoológica), e teve, como principal mérito, suscitar debates e pesquisas num campo que, até então, era domínio exclusivo da filosofia e da religião. Estudos posteriores demonstraram que apenas o primeiro postulado do lamarckismo estava correto; de fato, o ambiente provoca no indivíduo modificações adaptativas; mas os caracteres assim adquiridos não se transmitem à prole.

Em 1859, Charles Darwin publicou The Origin of Species (A origem das espécies), livro de grande impacto no meio científico que pôs em evidência o papel da seleção natural no mecanismo da evolução. Darwin partiu da observação segundo a qual, dentro de uma espécie, os indivíduos diferem uns dos outros. Há, portanto, na luta pela existência, uma competição entre indivíduos de capacidades diversas. Os mais bem adaptados são os que deixam maior número de descendentes.

Se a prole herda os caracteres vantajosos, os indivíduos bem dotados vão predominando nas gerações sucessivas, enquanto os tipos inferiores se vão extinguindo. Assim, por efeito da seleção natural, a espécie aperfeiçoa-se gradualmente. Entretanto, o sentido em que age a seleção natural é determinado pelo ambiente, pois um caráter que é vantajoso num ambiente pode ser inconveniente em outro.

Os indivíduos que têm o corpo recoberto por uma espessa camada de pêlos levam vantagem num clima frio, mas estão menos adaptados a um clima quente. Se uma espécie tem indivíduos dos dois tipos (peludos e desprovidos de pêlos), a seleção natural fará com que venham a predominar os primeiros nas regiões frias e os outros nas regiões quentes. Isso será o início da diferenciação de duas raças que, tornando-se cada vez mais diferentes, acabarão por constituir espécies distintas.

O darwinismo estava fundamentalmente correto, mas teve de ser complementado e, em alguns aspectos, corrigido pelos evolucionistas do século XX para que se transformasse na sólida doutrina evolucionista de hoje. As ideias de Darwin e seus contemporâneos sobre a origem das diferenças individuais eram confusas ou erradas. Predominava o conceito lamarckista de que o ambiente faz surgir nos indivíduos novos caracteres adaptativos, que se tornam hereditários.

Um dos primeiros a abordar experimentalmente a questão foi o biólogo alemão August Weismann, ainda no século XIX. Tendo cortado, por várias gerações, os rabos de camundongos que usava como reprodutores, mostrou que nem por isso os descendentes passavam a nascer com rabos menores. Weismann estabeleceu também a distinção fundamental entre células germinais e células somáticas.
Nas espécies de reprodução sexuada, todas as células de um indivíduo provêm da célula inicial única que lhe deu origem. No entanto, durante o desenvolvimento diferenciam-se no corpo duas partes, com destinos biológicos diversos. As células reprodutivas (gametas) transmitem aos descendentes as características dos ancestrais. As células somáticas, que constituem o resto do corpo (soma), não passam à prole: morrem com o indivíduo, o que explica por que as modificações produzidas no soma pelo ambiente não passam à prole.

Complementando as ideias de Weismann, em 1909 o geneticista dinamarquês Wilhelm Ludvig Johannsen demonstrou que a variabilidade dos indivíduos dentro de uma espécie é, em parte, produzida por diferenças nos genes que os indivíduos possuem e, em parte, por influência do meio. O fenótipo, ou aspecto do indivíduo, resulta da ação do genótipo, modificada por fatores ambientais. Só o genótipo, ou conjunto de genes, passa para a prole. Se o ambiente varia, o indivíduo passa a ter um fenótipo diferente, sem que o genótipo se altere. O caráter adquirido em resultado da adaptação individual não passa, portanto, à prole.

As variações hereditárias têm origem diferente. Baseando-se em estudos feitos com a planta denominada Oenothera lamarckiana, o botânico holandês Hugo de Vries elaborou em 1901 a teoria das mutações. De vez em quando, os genes sofrem modificações espontâneas, não relacionadas com a influência do ambiente, e passam a determinar novos caracteres hereditários. Essas mutações quase nunca são adaptativas; entretanto, pode acontecer, por acaso, que uma delas venha a ser útil a seu portador, num determinado ambiente. Nesse caso, tal indivíduo leva vantagem na competição com os demais e tem maior probabilidade de deixar prole numerosa, a qual herdará o gene mutado. O novo caráter vai, aos poucos, predominando, podendo mesmo vir a substituir o antigo numa população, dando início a uma variedade que pode, por um mecanismo semelhante, transformar-se numa espécie nova.

Os citologistas do fim do século XIX tinham descrito o comportamento dos cromossomos durante a mitose e a meiose. Esses conhecimentos, combinados com as leis de Mendel, mostravam claramente que os fatores hereditários antagônicos não se fundem no híbrido, de modo que os caracteres surgidos por mutação, ainda que muito raros, não se diluem por efeito dos cruzamentos que se processam ao longo das gerações subseqüentes, como pensava Darwin.

Se o gene que sofreu mutação determina um caráter inconveniente, será eliminado por seleção natural; mas se, por acaso, a mutação é benéfica, a freqüência do gene correspondente aumentará nas gerações sucessivas, e o gene não perderá suas características por coexistir com seus alelos nos indivíduos híbridos.

Outra fonte de variação hereditária, ao lado das mutações, é a recombinação entre os genes. O estudo da meiose e da segregação mendeliana mostrou que, ao passar de uma geração para a seguinte, os genes são, por três vezes, reagrupados ao acaso.

Na prófase da meiose, os cromossomos trocam pedaços e ficam, assim, com certos alelos diferentes dos que possuíam. Na metáfase, os cromossomos homólogos se separam e vão formar, nos gametas, conjuntos haplóides em que figuram cromossomos maternos e paternos em qualquer proporção. Finalmente, na fecundação, os cromossomos assim reorganizados vão-se juntar com os provenientes de um outro indivíduo. O número de genótipos diferentes que podem surgir em conseqüência da recombinação de genes é extraordinariamente grande.

Mecanismo da evoluçãoPreliminares. Caracteres novos e hereditários podem surgir por mutação de um único gene, ou por mutações cromossômicas, que resultam de vários acidentes que os cromossomos sofrem, como perda ou duplicação de um pequeno fragmento, inversão na posição de um pedaço, ou translocação de um fragmento de um cromossomo para outro. Qualquer dessas anomalias pode provocar uma alteração nos caracteres aparentes dos organismos.

Mecanismo da evoluçãoCada tipo de mutação ocorre com uma determinada frequência. Calcula-se, por exemplo, que a mutação que produz a hemofilia ocorre com a frequência de dois ou três genes em cem mil. A freqüência das mutações espontâneas foi medida para muitos genes na mosca-do-vinagre (Drosophila melanogaster), no milho e em outras espécies.

Em 1926, o geneticista americano Hermann Joseph Muller conseguiu, pela primeira vez, aumentar experimentalmente a freqüência das mutações na mosca-do-vinagre, submetendo-a aos raios X, trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1946. Muller demonstrou que a freqüência de todas as mutações aumentava proporcionalmente com a dose de raios X empregada. Outras radiações penetrantes produzem o mesmo efeito que os raios X, quando aplicadas em dosagens equivalentes.

O gás de mostarda, um dos componentes dos gases asfixiantes usados na primeira guerra mundial, mostrou-se tão ativo como os raios X, na produção de mutações na mosca-do-vinagre. Outras substâncias químicas também provocam mutações, embora em menor escala. A colquicina, alcalóide extraído da planta Colchicum autumnale, tem a propriedade de inibir a formação do fuso, durante a mitose: como resultado, os cromossomos duplicam-se normalmente, mas não se separam, de modo que a célula fica com o número de cromossomos dobrado. O calor também é um agente mutagênico: a freqüência das mutações em drosófilas dobra ou triplica para cada 10o C de elevação da temperatura ambiente.

Quase todas as mutações são inconvenientes para seus portadores, pois as espécies atualmente existentes resultam de um longo processo de evolução, pelo qual as combinações gênicas mais convenientes para os indivíduos, no ambiente em que vivem, foram fixadas como características normais da espécie. A alteração de um gene, ao acaso, tem grande probabilidade de ter conseqüência indesejável. Por exemplo, um novo gene que surja por mutação pode interferir no metabolismo de forma a tornar impossível a formação de um organismo viável; uma mutação desse tipo, que mata precocemente o organismo, é chamada letal.

Às vezes, a mutação não tem consequência tão drástica e produz um efeito que prejudica o indivíduo sem, entretanto, eliminá-lo. É o caso das mutações que produzem anomalias ou doenças hereditárias, como o albinismo e a hemofilia. Ainda outras mutações provocam apenas alterações ligeiras, que não chegam a ter valor adaptativo, isto é, não prejudicam nem favorecem seus portadores. São desse tipo as mutações que alteram, por exemplo, a forma de borda da orelha.

As mutações que produzem modificações extremamente pequenas, muito difíceis de serem percebidas, são, porém, as mais importantes para a evolução das espécies, pois têm maior probabilidade de dotarem seus portadores com alguma vantagem. Como as espécies já estão, em geral, muito bem adaptadas ao meio em que vivem, qualquer modificação radical será quase fatalmente prejudicial.

Exemplo clássico da ação da seleção natural é o ocorrido com populações de mariposas europeias que habitam zonas industriais. Quase todos os indivíduos de cerca de setenta espécies diferentes de mariposas da Inglaterra perderam suas cores variegadas e ficaram uniformemente negros nas zonas fabris e suas vizinhanças. A mariposa inglesa Biston betularia, por exemplo, tem o corpo coberto por uma mescla de pintas brancas e pretas, o que faz com que ela se confunda com os liquens dos troncos das árvores em que pousa. Graças à proteção conferida por esse mimetismo, ela escapa da perseguição de seus predadores.

Em 1850, encontrou-se, perto de Manchester, um exemplar todo negro (melânico) dessa espécie, o primeiro a ser conhecido. Desde então, a variedade negra vem sobrepujando a forma pintada, que se tornou muito rara na região de Manchester. Para explicar uma transformação tão rápida e radical na composição de uma população, formulou-se a hipótese de que, nas regiões fabris, onde as árvores ficam cobertas de fuligem, a variedade pintada torna-se mais visível que a melânica, e é mais rapidamente exterminada pelas aves. Essa hipótese veio a ser confirmada experimentalmente: soltou-se igual número de indivíduos pintados e negros na floresta limpa e verificou-se que os melânicos eram devorados pelos pássaros em muito maior número do que os pintados. Quando a mesma experiência foi realizada numa floresta coberta de fuligem, perto de uma área industrial, o resultado foi inverso: os pintados é que foram dizimados.

É evidente que, mesmo antes do surto industrial na Inglaterra, as mariposas negras já surgiam por mutação; mas eram rapidamente destruídas, por serem muito visíveis sobre os liquens, e tinham, assim, pouca probabilidade de deixar descendentes. O tipo pintado, ao contrário, escondia-se melhor e produzia prole numerosa. Com a modificação do ambiente, a situação inverteu-se: a forma negra é que ficou sendo mimética, enquanto a forma pintada, mais visível em contraste com a fuligem, passou a ser eliminada.

Um bom reforço dessa explicação ocorreu quando novamente se passou a observar um aumento significativo na frequência da forma pintada: é que, como resultado de medidas tomadas pelo governo para combater a poluição, os troncos das árvores tinham ficado mais claros, livres de fuligem.

A seleção natural age continuamente sobre todas as espécies. Um exemplo na espécie humana é o da anemia falciforme, doença hereditária comum em certas regiões da África. A anomalia é causada por um gene recessivo que determina a síntese de uma hemoglobina anômala nos glóbulos vermelhos do sangue. Os homozigotos quanto a esse gene morrem ainda na infância, mas os heterozigotos não manifestam a doença, embora possam ser reconhecidos por um tipo especial de exame de sangue.

Genes letais como esse são constantemente eliminados pela morte dos homozigotos, de modo que, em geral, suas freqüências se mantêm muito baixas nas populações. Surpreendentemente, verificou-se, porém, que certas populações africanas apresentavam frequências altíssimas do gene da anemia falciforme.

Essa situação intrigou os geneticistas, até ser descoberta sua explicação: as populações africanas com alta incidência de anemia falciforme eram as que viviam em regiões de malária; as populações não expostas à malária apresentavam apenas raros casos da doença. Levado por esse indício, levantou-se a hipótese, depois demonstrada experimentalmente, de que os glóbulos vermelhos dos indivíduos heterozigotos quanto à anemia falciforme resistem melhor ao ataque do plasmódio da malária.

Ficou claro, então, que, nas zonas malarígenas, ter o gene da anemia falciforme, em dose simples, constitui grande vantagem, pois isso defende seu portador contra a malária. Assim, a seleção natural favorece o gene, em heterozigose, embora o elimine em homozigose. Como, em qualquer população, os heterozigotos são muito mais numerosos que os homozigotos, a frequência do gene mantém-se elevada.

Uma alteração do ambiente faz com que certos tipos dentro de uma espécie passem a ser mais eficientes do que outros e acabem por predominar. Se todos os indivíduos de uma espécie fossem geneticamente idênticos, a seleção natural não poderia agir; mas as mutações estão sempre produzindo novas variações dentro das populações e, assim, promovem a variabilidade necessária para que a seleção natural possa influir na composição das populações, de acordo com as modificações do ambiente.

Entretanto, nem todos os genes nocivos vêm a ser eliminados pela seleção natural: os genes recessivos são mantidos, em certa freqüência, nos heterozigotos, que são fenotipicamente normais e podem transmitir o gene à metade de seus descendentes. Como os genes recessivos inconvenientes são muitos, embora cada qual exista na população em baixa freqüência, em média, cada pessoa é heterozigota para alguns genes recessivos prejudiciais.

Se o ambiente em que vive uma espécie fosse constante ao longo das gerações, tal espécie iria adaptando-se cada vez melhor a seu ambiente, pela substituição das combinações gênicas menos favoráveis por outras mais adequadas. Assim, a espécie evoluiria como um todo, sem se fragmentar em raças e espécies novas. O mais comum, entretanto, é que a espécie viva em diferentes micro-habitats, criados por alteração das condições do meio em partes da zona ocupada, ou que a espécie se difunda por regiões novas. Em ambos os casos, a seleção natural passa a atuar em sentidos divergentes nos diferentes habitats, de modo que as populações que neles vivem tendem a diversificar-se em raças distintas.

Outro fator importante na modificação genética das raças é a migração. Os índios americanos, por exemplo, são descendentes dos povos mongolóides asiáticos, mas deles diferem em vários aspectos, em razão da evolução divergente determinada pela separação dos dois grupos em continentes diversos.

Modificações na configuração geográfica podem dar oportunidade a importantes movimentos migratórios de plantas e animais. Um exemplo é a restauração da ligação entre a América do Norte e a do Sul, que tinham estado separadas pelo oceano desde o paleoceno até o fim do plioceno (o que representa cerca de 65 milhões de anos). Durante esse tempo, a evolução dos mamíferos tinha seguido rumos diferentes nos dois hemisférios, com a formação de espécies locais. Os fósseis do mioceno médio revelam que havia, por essa época, 27 famílias de mamíferos na América do Norte e 23 na América do Sul, sem que nenhuma delas existisse concomitantemente nas duas regiões.

Com a restauração do istmo do Panamá, as espécies da América do Norte invadiram a América do Sul e vice-versa. Essa troca de faunas redundou numa modificação radical no ambiente vivo dos dois continentes, o que provocou a extinção de muitas espécies sul-americanas, na competição com espécies mais eficientes provenientes do norte. No pleistoceno, entre as 32 famílias de mamíferos da América do Norte e as 36 da América do Sul, 21 eram comuns aos dois continentes.

Após a descoberta da América, muitas plantas e animais foram trazidos da Europa, da África e da Ásia, e nela se estabeleceram. Os ameríndios foram, em grande parte, aniquilados, deixando, entretanto, seus genes incorporados, embora em pequena proporção, ao patrimônio hereditário do grupo dominador, por meio de intercruzamentos.

Quando a densidade da população numa área atinge um nível alto, a sobrevivência fica difícil, os indivíduos são impelidos para fora da zona e a distribuição geográfica da espécie é ampliada. As regiões contíguas são ocupadas, a menos que existam barreiras intransponíveis. O novo ambiente conquistado pode ser diferente, de modo que a seleção natural segue nele novos rumos e, se a comunicação com a população inicial for difícil, a espécie pode dividir-se em duas.

Isolamento geográfico
A tartaruga-das-galápagos-de-pinta foi uma subespécie de tartaruga terrestre endêmica da ilha de Pinta, nas ilhas Galápagos. O último indivíduo conhecido foi um macho denominado "Lonesome George" que morreu no dia 24 de junho de 2012.
Isolamento geográfico Quando Darwin visitou as ilhas Galápagos, impressionou-o encontrar ali inúmeras espécies que não existiam em nenhum outro lugar. Certos pássaros da subfamília dos geospigíneos, por exemplo, diferenciaram-se, em Galápagos, em 14 espécies, pertencentes a quatro gêneros, não representadas em nenhum outro lugar. A principal diferença entre as espécies está no bico, que vai desde um tipo curvo e robusto, como o dos periquitos, até um tipo fino e delgado, que corresponde, em cada espécie, ao tipo de alimento usado (frutos, grãos, insetos) e tem, portanto, evidente função adaptativa.

É provável que o arquipélago tenha sido ocupado por aves vindas do continente, que ocuparam as diferentes ilhas e constituíram populações relativamente isoladas, que puderam evoluir independentemente, até virem a formar espécies distintas. Numa ilha onde abundavam insetos pequenos as mutações que tornavam o bico delicado foram fixadas pela seleção natural, enquanto em outra ilha, rica em sementes duras, o bico forte tinha maior valor adaptativo e por isso se diferenciou.
Isolamento reprodutivo. A distribuição da espécie Rana pipiens por toda a área dos Estados Unidos determinou um isolamento geográfico entre as populações mais distintas. Assim, exemplares do extremo norte podem cruzar-se, no laboratório, com exemplares do extremo sul, mas os embriões morrem antes da eclosão, o que demonstra que, mesmo que as duas raças vivessem lado a lado, não poderiam trocar genes, pois os híbridos são inviáveis.

Entretanto, cada população da Rana pipiens dá prole fértil, ao cruzar-se com outra população contígua, e isso desde o norte até o sul dos Estados Unidos. Assim, um gene surgido por mutação no extremo norte teria a possibilidade de ser introduzido na população da Flórida, migrando por meio das outras. Todavia, se as populações intermediárias desaparecessem, em conseqüência de modificações geológicas, e as duas populações extremas passassem a conviver no mesmo ambiente, a troca de genes entre elas seria impossível: elas constituíram duas espécies distintas.

Provavelmente, a distribuição da espécie pela enorme área que ocupa determinou um isolamento geográfico entre as populações mais distantes; ao mesmo tempo, tais populações encontraram ambientes diferentes, que fizeram com que seu patrimônio hereditário evoluísse em direções diversas, sob a influência das mutações e da seleção natural. Nas populações mais extremas, essa diferenciação atingiu um ponto tal que a produção de híbridos viáveis tornou-se impossível. Surgiu, então, em conseqüência do isolamento geográfico, um isolamento reprodutivo total entre elas.

Origem das raças Origem das raçasAs mutações, as recombinações gênicas, a seleção natural, as diferenças de ambiente, os movimentos migratórios e o isolamento, tanto geográfico como reprodutivo, concorrem para alterar a freqüência dos genes nas populações e são, assim, os principais fatores da evolução.

Suponha-se que uma espécie estava estabelecida, em tempos remotos, numa região restrita e uniforme. Cada indivíduo era geneticamente diferente dos demais: as recombinações gênicas, promovidas pela reprodução sexuada, e as mutações mantinham essa diversidade.

Admita-se, ainda, que a espécie não estivesse subdividida em raças: era uma espécie monotípica. Suponha-se, agora, que, vencendo certas barreiras naturais, como rios ou montanhas, um grupo de indivíduos tenha conseguido colonizar uma área limítrofe, cujas condições ambientais conseguiram tolerar com dificuldade. A seleção natural entra em ação, eliminando grande parte dos colonizadores e de seus descendentes, mas a variabilidade genética preexistente garante que grande parte dos indivíduos prolifere, por terem algumas peculiaridades hereditárias.

Alguns genes, ou combinações gênicas, que no ambiente anterior eram nocivos, podem revelar-se úteis. Novas mutações e combinações, sob a ação da seleção natural, vão tornando a população cada vez mais adaptada ao novo ambiente. Forma-se, assim, uma nova raça geográfica, cujas características diferem das do estoque original.

Duas raças geograficamente isoladas evoluem independentemente e se diversificam cada vez mais, até que as diferenças nos órgãos reprodutores, ou nos instintos sexuais, ou no número de cromossomos, sejam grandes a ponto de tornar o cruzamento entre elas impossível ou, quando possível, produtor de prole estéril. Com isso, as duas raças transformam-se em espécies distintas, isto é, populações incapazes de trocar genes. Daí por diante, mesmo que as barreiras venham a desaparecer e as espécies passem a compartilhar o mesmo território, não haverá entre elas cruzamentos viáveis. As duas espécies formarão, para sempre, unidades biológicas estanques, de destinos evolutivos diferentes.

Se, entretanto, o isolamento geográfico entre duas raças é precário e desaparece depois de algum tempo, o cruzamento entre elas tende a obliterar a diferenciação racial e elas se fundem numa mesma espécie, monotípica, porém muito variável. É o que está acontecendo com a espécie humana, cujas raças se diferenciaram enquanto as barreiras naturais eram muito difíceis de vencer e quase chegaram ao ponto de formar espécies distintas; mas os meios de transporte, introduzidos pela civilização, aperfeiçoaram-se antes que se estabelecessem mecanismos de isolamento reprodutivo que tornassem o processo irreversível. Os cruzamentos inter-raciais tornaram-se freqüentes e a humanidade está-se amalgamando numa espécie cada vez mais homogênea, mas com grandes variações.

Populações que se intercruzam amplamente apresentam pequenas diferenças genéticas, mas as populações isoladas por longo tempo desenvolvem diferenças consideráveis. Em teoria, raças são populações de uma mesma espécie que diferem quanto à freqüência de genes, mesmo que essas diferenças sejam pequenas. A divisão da humanidade em determinado número de raças é arbitrária; o importante é reconhecer que a espécie humana, como as demais, está dividida em alguns grupos raciais maiores que, por sua vez, se subdividem em raças menos distintas, e a subdivisão continua até se chegar a populações que quase não apresentam diferenças.

As subespécies representam o último estádio evolutivo na diferenciação das raças, antes do estabelecimento dos mecanismos de isolamento reprodutivo. São, portanto, distinguíveis por apresentarem certas características em freqüência bem diferentes. Não se cruzam, por estarem separadas, mas são capazes de produzir híbridos férteis, se colocadas juntas.

Por esse critério, que é o aceito pela biologia moderna, os nativos da África e da selva amazônica, por exemplo, são raças que atingiram plenamente o nível de subespécies. O mesmo pode-se dizer dos italianos e os esquimós etc., mas não há grupos humanos que se tenham diferenciado em espécies distintas, pois espécies são grupos biológicos que não se intercruzam habitualmente na natureza, mesmo quando os indivíduos habitam o mesmo território.

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