La Celestina, Primeira Obra-Prima da Prosa Espanhola

A primeira obra-prima da prosa espanhola, também tida como primeiro romance europeu, La Celestina, influenciou profundamente a prosa ficcional de toda a Europa a partir do Renascimento. Sua importância histórica é comparável à do D. Quixote.
La Celestina, como se tornou conhecido desde sua publicação, é um romance tragicômico em diálogos que anuncia o teatro renascentista. O tema é o amor apaixonado entre Calisto e Melibéia, apoiado pela feiticeira e alcoviteira Celestina. A ação transcorre em Toledo e tem desfecho trágico, de acordo com a ética medieval, que considera a morte como castigo justo de toda paixão ilegítima: Calisto morre acidentalmente e Melibéia comete suicídio.
A obra, de forte dramaticidade, combina elementos de ética e superstição
medievais com atitudes de liberdade próprias da mentalidade
renascentista. Seus conflitos caracterizam uma época de transição:
obsessão pela morte, medo do castigo, conflito entre o prazer e o dever.
Os diálogos licenciosos são intercalados de ditados morais e cenas
líricas alternam com outras realistas. A simplicidade do tema é
enriquecida pela notável caracterização dos personagens, tratados com
profundidade psicológica, na luta por sobreviver numa sociedade em que
começam a desaparecer as velhas concepções medievais para dar lugar aos
valores da burguesia emergente.
La Celestina reproduz a fala popular com extraordinário realismo e, ao mesmo tempo, apresenta personagens que variam o estilo de linguagem segundo o interlocutor a que se dirijam, o que representou uma importante inovação em relação à literatura da época. A atmosfera geral da obra é sombria e dela está ausente a religiosidade tradicional. Os símbolos que emprega são permanentes e universais: de um lado, o amor, divindade suprema e vingadora; de outro, a grandeza sobrenatural do mal. Teve grande número de edições em espanhol e em outras línguas como inglês, francês, italiano, alemão, hebraico e latim.
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