Memórias, Sonhos e Reflexões | Carl Gustav Jung

Para apreender as fantasias que me agitavam de maneira subterrânea, era necessário descer a elas. Mas quanto a isto, eu tinha não só uma série de resistências como também sentia, expressamente, angústia. Temia perder o autocontrole, tornando-me presa do inconsciente e, como psiquiatra, sabia claramente o que isto significava. No entanto, era necessário ousar e tentar apoderar-me dessas imagens. Se não o fizesse corria o risco de ser tomado por elas. Um motivo importante na apreciação desses riscos era minha convicção de que não poderia esperar de meus doentes que tentassem aquilo que eu mesmo não ousara fazer. O pretexto de que os doentes tinham um guia ao seu lado não lograva convencer-me. Eu sabia que o suposto guia, isto é, eu mesmo, não conhecia ainda essa matéria em função de uma experiência pessoal, possuindo a seu respeito, no máximo, alguns preconceitos teóricos de valor duvidoso. A ideia de que eu ousava aventurar-me numa empresa arriscada, na qual me obstinava, não somente para mim, mas também para meus doentes, socorreu-me poderosamente em muitas fases críticas."
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