Irlanda | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da Irlanda

Irlanda | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da Irlanda


Geografia: Área: 70.285 km². Hora local: +3h. Clima: temperado oceânico. Capital: Dublin. Cidades: Dublin (500.000), Cork (126.000), Galway (67.000), Limerick (55.000), Waterford (45.000).

População: 4,1 milhões; nacionalidade: irlandesa; composição: irlandeses 93,7%, ingleses 4,6%, norte-americanos 0,4%, escoceses 0,4%, outros 0,9%. Idiomas: irlandês (gaélico falado na Irlanda), inglês (oficiais). Religião: cristianismo 97,2% (católicos 84,7%, outros 12,4%), sem religião e ateísmo 2,5%, outras 0,3%. Moeda: euro

Relações Exteriores: Organizações: Banco Mundial, FMI, OCDE, OMC, ONU, UE. Embaixada:Tel. (61) 248-8800, fax (61) 248-8816 – Brasília (DF); e-mail: irishembassybrasilia@eircom.net.

Governo: República com forma mista de governo. Div. administrativa: 26 condados. Partidos: Republicano (Fianna Fáil – FF), da Irlanda Unida (Fine Gael – FG), Trabalhista (LP), Sinn Féin. Legislativo: bicameral – Senado, com 60 membros; Casa dos Representantes, com 166 membros. Constituição: 1937.

A Irlanda ocupa cerca de 85% da ilha da Irlanda, no oeste da Europa – o restante forma a Irlanda do Norte (Ulster), que permanece sob domínio do Reino Unido. Também é chamada de Eire, na sua língua tradicional, o irlandês – que é o gaélico (grupo de falares celtas) praticado na Irlanda. A história independente do país, de forte tradição católica, está vinculada ao violento conflito que se desenrola no Ulster. Ali, a expressiva comunidade católica luta pela unificação da ilha, projeto que enfrenta forte oposição da maioria protestante, satisfeita com a autoridade britânica. Debilitada por uma crise econômica e pela grande onda de fome de 1845 a 1851, a Irlanda perde cerca de 35% da população de meados do século XIX até a segunda metade do século XX. A maioria emigra para os Estados Unidos (EUA). Nos últimos anos, recebe de volta muitos descendentes de irlandeses.

IRLANDA, ASPECTOS GEOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS DA IRLANDA

História da Irlanda

Bandeira da IrlandaA ilha da Irlanda é ocupada desde tempos pré-históricos. Sua história remonta ao século IV a.C., quando tribos celtas de origem gaulesa se fixam na ilha e fundam a civilização gaélica. O cristianismo é introduzido por São Patrício, no século V. Devastada pelos vikings, no século VIII, a Irlanda divide-se em principados rivais, o que facilita a ocupação anglo-normanda em 1166. O rei Henrique VIII consolida a dominação inglesa sobre a ilha em 1541 e introduz o protestantismo. No reinado de Elizabeth I, os católicos começam a ser excluídos da vida pública.

Emigração - Nos séculos XVI e XVII, os irlandeses são despojados de suas terras, que se tornam propriedade de colonos ingleses. Ainda no século XVII, imigrantes protestantes, vindos principalmente da Escócia, colonizam boa parte do norte da ilha, o chamado Ulster. Em 1801, a Irlanda é integrada ao Reino Unido. Na segunda metade do século XIX é assolada por terrível seca – conhecida como "fome da batata" –, que destrói as plantações e mata mais de 1 milhão de pessoas; cerca de 2 milhões emigram, sobretudo para os EUA.

Independência - No início do século XX, intensifica-se a luta pela independência com a criação do movimento político Sinn Féin. A organização lidera, em 1916, o Levante da Páscoa, violentamente sufocado pelos britânicos. Em 1919, após a criação de um Parlamento independente, presidido por Éamon de Valera, é fundado o Exército Republicano Irlandês (IRA), que desencadeia uma insurreição pela independência. Em 1922 se constitui o Estado Livre da Irlanda, aglutinando os condados do sul, de maioria católica. O norte da ilha, o Ulster, majoritariamente protestante, permanece ligado ao Reino Unido.

Dublin, Capital da Irlanda
Dublin, Capital da Irlanda
República - Como primeiro-ministro por 21 anos, nas décadas de 1930 a 1950, De Valera, líder do partido Fianna Fáil (FF), corta aos poucos os laços da Irlanda com a Inglaterra. O país permanece neutro na II Guerra Mundial e fica na Comunidade Britânica até 1949, quando é proclamada a República. Mas a unificação da ilha continua a ser causa nacional e consta da Constituição da Irlanda. De Valera é eleito presidente em 1959 e fica no cargo até 1973. Nesse ano, o país adere à Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia (UE), o que dá início a um período de modernização da economia. A necessidade de adaptar as leis do país às do bloco contribui para rápidas mudanças sociais, como maior participação feminina na vida pública e aceitação do planejamento familiar.

A questão do Ulster - O conflito no Ulster torna-se, a partir dos anos 1960, um dos principais focos de tensão na Europa Ocidental. As reivindicações da minoria católica por direitos civis reforçam o IRA, e começa uma guerra civil. O governo britânico intervém militarmente na região em 1972 e retira a autonomia do Ulster, assumindo as funções política e administrativa. Nesse ano, a Irlanda aprova em plebiscito a eliminação de leis que concedem à Igreja Católica status especial no país. A medida visa a diminuir os receios dos protestantes do Ulster quanto a uma futura unificação. Mas o aumento do terrorismo do IRA e a intransigência dos protestantes levam ao fracasso as iniciativas de paz. Atentados atingem a Irlanda, culminando com o assassinato, pelo IRA, do embaixador britânico, em Dublin, em 1976.

Crise econômica - A Irlanda ingressa no início dos anos 1980 em um período recessivo provocado por déficits orçamentários e pela elevada dívida externa. Como resultado, há instabilidade política. De 1980 a 1982, o país tem três eleições parlamentares, com o partido Fine Gael (FG), coligado com os trabalhistas, e o centro-direitista FF revezando-se no poder. Em 1983, a população rejeita em plebiscito a proposta de relaxar as leis de proibição do aborto. A lei que autoriza o divórcio só é aprovada em 1995, por pequena margem. Apesar da retomada do crescimento em meados da década, os ajustes na economia causam desemprego – 19% em 1987 – e provocam outra onda de emigração.

Negociações de paz Em 1993, Reino Unido e Irlanda admitem o direito do Ulster à autodeterminação e concordam que caberá à população local decidir em plebiscito se quer permanecer sob domínio britânico ou se juntar à Irlanda. Em agosto de 1994, o IRA anuncia cessar-fogo. No mês seguinte, o primeiro-ministro irlandês Albert Reynolds (FF) reúne-se com os líderes católicos norte-irlandeses do partido Sinn Féin, braço político do IRA. O histórico encontro abre uma era de negociações de paz. Em junho de 1997, Bertie Ahern (FF) é eleito primeiro-ministro. Em outubro, um fato inédito no país: quatro mulheres e um homem disputam a Presidência. A vencedora é norte-irlandesa: Mary McAleese (FF), professora numa universidade de Belfast, no Ulster. Após 30 anos de conflito e mais de 3,5 mil mortes, em abril de 1998 é assinado acordo de paz entre católicos e protestantes da Irlanda do Norte, com a participação do Reino Unido e da Irlanda. Tanto no Ulster como na Irlanda, ele é aceito pela maioria da população. O Reino Unido aprova a devolução de poderes para o Ulster e a Irlanda retira de sua Constituição a reivindicação de soberania sobre a região. Desde então, porém, as negociações permanecem em impasse.

Prosperidade - Após reformas na economia, a Irlanda vive nos anos 1990 uma fase de crescimento sem precedentes em sua história. O país ostenta um dos maiores crescimentos econômicos da UE – média anual de 7,3% entre 1990 e 2000.

O Tratado de Nice, que prevê a expansão da UE, é rejeitado em plebiscito por 54% dos eleitores irlandeses, em 2001, apesar da posição favorável do governo e dos principais partidos. O tratado só é válido se for ratificado pelos 15 integrantes da UE. O resultado é atribuído ao temor dos irlandeses de que o ingresso de países mais pobres no bloco reduza o acesso aos fundos europeus de desenvolvimento, essencial ao crescimento da Irlanda. Em 2002, o governo anuncia cortes no orçamento.

Aborto - Em 2002 é derrotada em plebiscito, por pequena margem, proposta do governo de restringir o direito ao aborto. A Irlanda, majoritariamente católica, já possui a legislação mais restritiva em relação ao assunto dentre os países da UE. Na votação, 50,4% dos eleitores rejeitam a mudança na lei. Nas eleições parlamentares, o Fianna Fáil mantém a maioria das cadeiras (41,5%) e Ahern permanece como primeiro-ministro. Em novo plebiscito, governo e oposição fazem ampla campanha em favor do Tratado de Nice, para o qual só faltava o aval da Irlanda, e ele é aprovado com 62,9% dos votos. Em 2003, manifestantes pacifistas protestam contra a permissão para o uso de um aeroporto irlandês por aviões norte-americanos em operações de guerra no Iraque. Em maio de 2004, os primeiros-ministros Ahern e Tony Blair, do Reino Unido, concordam em reduzir a força militar inglesa na Irlanda do Norte de 14 mil para 5 mil soldados. Em outubro de 2004, a presidente Mary McAleese recebe novo mandato de sete anos sem eleição, pois era a única candidata qualificada para a disputa.

Crise Financeira - A crise financeira de 2008 afeta gravemente a economia irlandesa, agravando os problemas econômicos internos relacionados com o colapso imobiliário irlandês. A Irlanda foi o primeiro país da União Europeia a entrar oficialmente em recessão declarada pelo Instituto Central de Estatísticas daquele país. A Irlanda foi despojada da sua classificação de crédito AAA e rebaixada para AA+ pela agência de avaliações Standard & Poor's, devido às fracas prespectivas financeiras e à pesada dívida do Governo.

William Butler Yeats

William Butler YeatsWilliam Butler Yeats (13 de Junho de 1865 – 28 de Janeiro de 1939), muitas vezes apenas designado por W.B. Yeats, foi um poeta irlandês, dramaturgo, místico e figura pública. Yeats teve um papel preponderante no Renascimento Literário Irlandês e foi co-fundador do Abbey Theatre.

As suas primeiras obras eram caracterizadas por uma tendência romântica exuberante e fantasiosa, que transparece no título da sua colectânea de 1893, The Celtic Twilight ("O Crepúsculo Celta"). Mais tarde, contudo, por volta dos seus 40 anos, e em resultado da sua relação com poetas modernistas, como Ezra Pound e também do seu envolvimento activo no nacionalismo irlandês, o seu estilo torna-se mais austero e moderno.

Foi também Senador irlandês, cargo que exerceu com dedicação e seriedade. Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura de 1923. O Comité de entrega do prémio justificou a sua decisão pela "sua poesia sempre inspirada, que através de uma forma de elevado nível artístico dá expressão ao espírito de toda uma nação." Em 1934 compartilhou o Prémio Gothenburg para poesia com Rudyard Kipling.

Juventude
Yeats nasceu em Sandymount, Dublin. O seu pai, John Butler Yeats descendia de Jervis Yeats, um comerciante de linho da época de Guilherme III de Inglaterra, que morrreu em 1712 e cujo avô, Benjamin, casou com Mary Butler, filha de uma família com propriedades no Condado de Kildare. Por altura do seu casamento, John Yeats estava a estudar direito, mas abandonou rapidamente os estudos para se dedicar a uma carreira como pintor de retratos. A sua mãe, Susan Mary Pollexfen, provinha de uma família anglo-irlandesa do Condado de Sligo. Pouco depois do seu nascimento, Yeats mudou-se para Sligo, para aí permanecer com a sua grande família. Yeats sempre considerou este o seu lar de infância por excelência. A família Butler Yeats era muito dedicada às artes. O irmão de William, Jack, tornar-se-ia um conhecido pintor e as suas irmãs, Elizabeth e Susan, fizeram ambas parte do movimento Arts and Crafts.

Finalmente, a família mudou-se para Londres para permitir a John prosseguir a sua carreira. De início, os filhos da família Yeats foram educados em casa. A sua mãe, com saudades de Sligo, entretinha os filhos com contos populares do seu condado de origem. Em 1877, William entrou para a escola Godolphin, onde estudou quatro anos. Pelo que parece, não gostou da experiência e não se distinguiu particularmente entre os seus colegas, academicamente. Por razões financeiras, a família voltou para Dublin cerca de 1880, vivendo primeiro no centro da cidade e, mais tarde, no subúrbio de Howth.

Em Outubro de 1881, Yeats retomou a sua formação académica na Erasmus Smith High School de Dublin. O estúdio do seu pai estava localizado ali perto e foi aí que Yeats começou a conviver com muitos artistas e escritores da cidade. Manteve-se na escola secundária até Dezembro de 1883. Começou a escrever poesia por esta altura.

Primeiras obras poéticas

Em 1885, os primeiros poemas de Yeats, bem como um ensaio designado por The Poetry of Sir Samuel Ferguson, são publicados na Dublin University Review. De 1884 a 1886, frequentou a Metropolitan School of Art (hoje designada como National College of Art and Design) em Kildare Street.

Ainda antes de escrever poesia que Yeats associava poesia a ideias e sentimentos religiosos. Descrevendo a sua infância, diria mais tarde que a sua única crença inabalável consistia em acreditar que se houvesse algo na filosofia que tivesse tomado a forma de poesia era a ideia de que se tinha sido "um espírito poderoso e benevolente a dar forma ao destino deste mundo, podemos descobrir melhor esse destino através das palavras que o coração acolheu no seu desejo do mundo".

As primeiras tendências poéticas de Yeats inspiram-se nos mitos e folclore irlandês, bem como na prosódia e coloratura dos versos pré-Rafaelitas. A sua maior influência nestes primeiros anos - e que se manteve, provavelmente, ao longo de toda a sua carreira poética foi Percy Bysshe Shelley. Num ensaio sobre Shelley, escrito mais tarde, escreveu "reli o Prometeu Libertado... E parece-me que que tem um lugar ainda mais seguro do que pensava entre os livros sagrados deste mundo."

O primeiro poema com alguma importãncia de Yeats foi The Isle of Statues (A Ilha das Estátuas), uma obra de cariz fantástico que foi buscar Edmund Spenser para modelo poético. Depois de ter saído com um número da Dublin University Review nunca mais foi republicado. O seu primeiro livro publicado foi o panfleto Mosada: A Dramatic Poem (1886), que já tinha aparecido na mesma revista - a nova impressão, em formato de livro teve uma edição de 100 cópias pagas pelo seu pai. Seguiu-se The Wanderings of Oisin and Other Poems (As peregrinações de Oisin e outros poemas) (1889). Este longo título da mais antiga obra de Yeats que não foi renegada na sua maturidade baseava-se em poemas do Ciclo Feniano da Mitologia irlandesa. Este poema, que levou dois anos a ser completado, é ainda marcado pelo estilo de Ferguson e dos pré-Rafaelitas, ao mesmo tempo que inaugurava um dos temas mais presentes na obra de Yeats: o apelo de uma vida de contemplação versus o apelo de uma vida de acção. Depois das Peregrinações de Oisin, Yeats não voltou a escrever poemas longos. Os seus outros poemas inaugurais são canções líricas que versam o amor, além de temas esotéricos e místicos.

A família de Yeats voltou para Londres em 1887, e em 1890, Yeats co-fundou o Rhymer's Club com Ernest Rhys. Este grupo de poetas, partilhando ideias e convicções, reunia-se regularmente e começou a publicar antologias em 1892 até 1894. Entre outras colectâneas iniciais podemos citar Poems (1895), The Secret Rose (1897) e The Wind Among the Reeds (O vento entre os juncos) (1899).

O Renascimento Literário Irlandês e o Teatro Abbey
Em 1889, Yeats conheceu Maud Gonne, uma jovem herdeira que começava, na altura, a dedicar-se ao movimento nacionalista irlandês. Gonne tinha lido o poema The Isle of Statues e procurou conhecer o seu autor. Yeats mostrou desde cedo uma paixão cega e obsessiva em relação a Gonne, que teria um efeito significativo na sua vida e poesia posterior. Dois anos depois de se conhecerem, Yeats pediu-a em casamento, mas foi rejeitado. Em 1899, 1900 e 1901, o poeta tentou por mais três vezes a sua sorte mas foi sempre rejeitado. Em 1903 perdeu as esperanças, com o casamento de Gonne com o nacionalista irlandês John MacBride. Neste mesmo ano, Yeats deixou o país para realizar uma digressão de conferências nos Estados Unidos da América. Teve, entretanto, um caso com Olivia Shakespeare, que conheceu em 1896, mas de quem se separou um ano depois.

Também em 1896, foi apresentado a Lady Gregory pelo seu amigo comum Edward Martyn. A Lady encorajou o nacionalismo de Yeats, convencendo-o a continuar a escrever peças dramáticas. Ainda que fosse influenciado pelo simbolismo francês, Yeats procurou sempre focar conteúdos e temas relacionados com a Irlanda. Esta sua inclinação foi reforçada pelo seu envolvimento na nova geração de jovens autores emergentes irlandeses. Em conjunto com Lady Gregory e Martyn, bem como de escritores como John M. Synge, Sean O'Casey, Padraic Colum e James Stephens, Yeats foi um dos responsáveis pelo estabelecimento do movimento literário que ficou conhecido como Renascimento Literário Irlandês (também designado de Renascimento Celta).

Além destes escritores, que constituíam a parte criativa do movimento, muito da energia desta corrente literária derivou das traduções levadas a cabo por muitos académicos que abriam novos horizontes ao trazerem a descoberto as antigas sagas e a poesia Ossiânica (de Ossian), bem como pela valorização das mais recentes canções folclóricas em gaélico. Um destes académicos mais brilhantes foi Douglas Hyde, que tornar-se-ia o primeiro Presidente da Irlanda, cujas Love Songs of Connacht (Canções amorosas de Connacht) são muito admiradas.

Uma das maiores e mais duradouras conquistas deste Renascimento foi a fundação do Teatro Abbey. Em 1899, Yeats, Lady Gregory, Martyn e George Moore fundaram o Teatro Literário Irlandês. Este não teve, contudo, grande sucesso e sobreviveu apenas por dois anos. Depois, ao trabalhar em conjunto com dois irmãos com experiência no meio teatral, William e Frank Fay, bem como a secretária voluntária de Yeats, Annie Elizabeth Fredericka Horniman (uma inglesa de posses que já estivera envolvida na apresentação de Arms and the Man (O Homem e as armas), de George Bernard Shaw, em Londres, em 1894), o grupo estabeleceu a Irish National Theatre Society (Sociedade do Teatro Nacional Irlandês). Pouco depois, estavam em condições de, em conjunto com John Millington Synge, adquirir um edifício em Dublin onde abriram o Abbey Theatre, a 27 de Dezembro de 1904. Duas das peças de Yeats inauguraram a casa. Yeats continuou ligado a este teatro para o resto da vida, tanto como membro da direcção como dramaturgo particularmente prolífico.

Em 1902, Yeats ajudou a fundar a Dun Emer Press onde seriam publicadas obras de escritores ligados ao Renascimento. A editora mudou de nome para Cuala Press em 1904. Daí em diante, até fechar as portas em 1946, a editora, mantida pelas irmãs do poeta, editou mais de 70 obras, sendo 48 do próprio Yeats. O poeta passou o verão de 1917 com Maud Gonne. Desta vez, pediu em casamento a filha desta, Iseult, mas recebeu a mesma resposta que já tivera da mãe. Em setembro, pedia a mão a George Hyde-Lees, com melhor sorte, casando-se a 20 de Outubro. Por esta altura, comprou o Castelo Ballylee Castle, perto de Coole Park, mudando-lhe o nome para Thoor Ballylee. Foi nesta fortificação que passou a maior parte das épocas estivais que se seguiram até à sua morte.

Misticismo
Yeats teve, ao longo de toda a sua vida, um interesse enorme pelo misticismo e pelo espiritualismo. Em 1885 formou com alguns amigos a Dublin Hermetic Order (Ordem Hermética de Dublin). Esta sociedade realizou a sua primeira reunião a 16 de Junho, com Yeats a presidi-la. No mesmo ano, a Loja Teosófica de Dublin arranca com o envolvimento de Brahmin Mohini Chatterjee. Yeats participou na sua primeira sessão de espiritismo no ano seguinte. Em 1900 torna-se dirigente da Hermetic Order of the Golden Dawn (Ordem Hermética do Alvorecer Dourado), de que fazia parte desde 1890. Depois do seu casamento mostrou também interesse por uma forma de escrita automática, que desenvolveu com a sua mulher.

As inclinações místicas de Yeats, influenciadas pela religião Hindu (Yeats traduziu Os dez principais Upanishads (1938) com Shri Purohit Swami), crenças teosóficas e pelo ocultismo, serviriam mais tarde de base para a sua poesia, o que levou alguns críticos a atacá-lo de falta de credibilidade intelectual. W. H. Auden criticou o seu último estádio poético como sendo um espectáculo deplorável de um homem maduro ocupado com o nonsense indiano. Contudo, é inegável que Yeats escreveu muita da sua mais duradoura poesia nesta altura. A metafísica das últimas obras de Yeats devem ser lidas relacionando-as com os princípios expostos em A Vision (1925), lido hoje em dia mais como um documento essencial para a compreensão deste último período poético do que pelo seu valor filosófico efectivo.

Modernismo
Em 1913, Yeats conheceu o jovem poeta norte-americano Ezra Pound. Pound tinha viajado até Londres, em parte com a intenção de conhecer Yeats, que considerava "o único poeta merecedor de um estudo sério". A partir dessa altura até 1916, os dois passaram os invernos numa casa de campo na Floresta de Ashdown, com Pound a exercer as funções de secretário de Yeats. Pound tinha preparado um publicação de versos de Yeats na revista Poetry, com as suas próprias alterações não autorizadas, reflectindo a aversão de Pound pela prosódia victoriana. Contudo, estas diferenças não impediram que se tivessem apercebido de tudo o que podiam aprender um com o outro. Um exemplo era o conhecimento que Yeats obtivera sobre as peças de teatro Japonês Noh que lhe foram apresentadas pela viúva de Ernest Fenollosa e que lhe serviriam de modelo para o tipo de drama aristocrático que pretendia escrever. A primeira das suas peças inspiradas no teatro Noh foi At the Hawk's Well cujo primeiro esboço foi ditado a Pound em Janeiro de 1916.

Yeats é, geralmente, considerado um dos poetas chave em língua inglesa do século XX. Ao contrário dos outros poetas modernistas, cultores do verso livre, Yeats era um mestre das formas poéticas tradicionais. O impacto do modernismo na obra de Yeats pode notar-se no abandono da dicção poética convencional dos primeiros anos da sua obra, para uma linguagem mais austera e uma abordagem mais directa dos temas característicos da sua poesia e teatro da fase intermédia, como acontece nas obras In the Seven Woods, Responsibilities, e The Green Helmet.

Política
Não foi só em termos literários que Yeats mudou de parecer, nesta altura. As suas preocupações políticas abandonaram por esta altura a esfera da política cultural em que se tinha envolvido nos primeiros anos do Renascimento Irlandês. Na sua obra dramática inicial, a sua postura essencialmente aristocrática levou-o a idealizar a classe camponesa irlandesa, revelando uma certa vontade de ignorar a pobreza e sofrimento real do quotidiano camponês. Contudo, a emergência de um movimento político importante nas fileiras da classe média católica obrigou-o a alterar a sua atitude.

As novas tendências políticas de Yeats são manifestas no seu poema September 1913 (Setembro de 1913), com o seu conhecido refrão "Romantic Ireland's dead and gone,/It's with O'Leary in the grave" ("A Irlanda Romântica está morta,/Jaz com O'Leary na sepultura"). Este poema é um ataque aos patrões de Dublin envolvidos na famosa greve de 1913, em defesa das tentativas de James Larkin em organizar o movimento trabalhista irlandês. Na Páscoa de 1916, com a seu igualmente famoso "All changed, changed utterly:/A terrible beauty is born" (Tudo mudou, mudou subitamente:/Uma terrível beleza nasceu"), Yeats defronta a sua falha em reconhecer os méritos dos líderes da Insurreição da Páscoa apenas devido às suas origens e vidas humildes.

Yeats foi nomeado para o Seanad Éireann em 1922 onde, entre outras coisas, presidiu o comité encarregado de seleccionar os desenhos para a primeira cunhagem de moeda da Irlanda Livre. Teve um papel de relevo no debate em relação à legislação anti-divórcio, em 1925, da qual era opositor. Descreveu-se a si mesmo, enquanto figura pública, apenas como "A sixty-year-old smiling public man" ("uma figura pública sorridente de sessenta anos de idade"), como se pode ler no seu poema de 1927, "Amongst School Children". Saiu do Senado em 1928 devido a problemas de saúde.

As atitudes essencialmente aristocráticas, bem como a convivência com Pound, levaram-no a expressar por diversas vezes a sua admiração por Mussolini. Escreveu também algumas canções de "marcha" para os camisas azuis do general Eoin O'Duffy, um movimento político com tendências fascistas (as canções nunca foram usadas pelo movimento). Contudo, quando Pablo Neruda o convidou a visitar Madrid em 1937, Yeats respondeu-lhe numa carta onde defendia a República e repudiava o Fascismo. As tendências políticas de Yeats eram, portanto, confusas e ambíguas: nunca se tendo mostrado simpatizante da esquerda (e da democracia), distanciou-se também do Nazismo e do Fascismo nos últimos anos da sua vida. Esteve também envolvido num movimento a favor da eugenia (apuramento da raça).

Obra tardia
Nos seus últimos poemas e peças teatrais, Yeats abandonou os temas políticos que caracterizavam o período intermédio da sua obra e começou a inspirar-se no seu universo pessoal, incluindo os filhos e a experiência do envelhecimento. O próprio Yeats, no poema "The Circus Animals' Desertion", publicado na sua última colectânea, descreve o seu processo criativo com os seguintes versos "Now that my ladder's gone,/I must lie down where all the ladders start/In the foul rag and bone shop of the heart" (proposta de tradução, não literal: "Agora que a minha ascensão terminou,/Devo repousar onde todas as ascensões começam/Nos trapos imundos e ossuário do coração").

Em 1929, habitou Thoor Ballylee pela última vez. Passou a maior parte dos seus últimos dias fora da Irlanda, ainda que tenha alugado uma casa em Rathfarnham, um subúrbio de Dublin, a partir de 1932. Foi muito produtivo nos últimos anos da sua vida, publicando poesia, peças e prosa. Em 1938, foi ao Teatro Abbey pela última vez, assistir à estreia da sua peça Purgatory. A sua autobiografia, Autobiographies of William Butler Yeats, foi publicada no mesmo ano.

Depois de sofrer de diversas mazelas, por alguns anos, Yeats morre no Hôtel Idéal Séjour, em Menton, França, a 28 de Janeiro de 1939, oito meses antes da Invasão alemã da Polónia. O seu último poema, The Black Tower refere-se ao mito do Rei Artur. Pouco depois, Yeats era sepultado provisoriamente em Roquebrune, até que, de acordo com o seu desejo, o seu corpo foi levado na corveta Irish Macha até Drumecliff, em Sligo, em Setembro de 1948. A sua sepultura é uma atracção turística importante em Sligo. O seu epitáfio, que repete o final de um dos seus poemas, Under Ben Bulben reza: "Cast a cold eye on life, on death; horseman, pass by!" ("Lança um olhar gélido à vida, à morte; cavaleiro, segue em frente!"). Sobre esta localidade, onde repousam os seus restos mortais, disse certa vez: "the place that has really influenced my life most is Sligo" ("Sligo foi, realmente, o local que mais influenciou a minha vida"). Sligo ostenta ainda uma estátua e um memorial em honra de Yeats.

Obras
1886 — Mosada
1888 — Fairy and Folk Tales of the Irish Peasantry
1889 — The Wanderings of Oisin and Other Poems (As peregrinações de Oisin)
1891 — Representative Irish Tales
1891 — John Sherman and Dhoya
1892 — Irish Faerie Tales
1892 — The Countess Kathleen and Various Legends and Lyrics
1893 — The Celtic Twilight
1894 — The Land of Heart's Desire
1895 — Poems
1897 — The Secret Rose
1899 — The Wind Among the Reeds (O vento entre os juncos)
1900 — The Shadowy Waters (As águas sombrias)
1902 — Cathleen ni Houlihan
1903 — Ideas of Good and Evil
1903 — In the Seven Woods
1907 — Discoveries (Descobertas)
1910 — The Green Helmet and Other Poems
1912 — The Cutting of an Agate
1913 — Poems Written in Discouragement
1914 — Responsibilities
1916 — Reveries Over Childhood and Youth
1917 — The Wild Swans at Coole
1918 — Per Amica Silentia Lunae
1921 — Michael Robartes and the Dancer
1921 — Four Plays for Dancers (Quatro peças para dançarinos)
1921 — Four Years
1924 — The Cat and the Moon
1925 — A Vision (Uma Visão)
1926 — Estrangement
1926 — Autobiographies
1927 — October Blast
1928 — The Tower (A Torre)
1929 — The Winding Stair
1933 — The Winding Stair and Other Poems(A escada em caracol)
1934 — Collected Plays
1935 — A Full Moon in March
1938 — New Poems (Novos poemas)
1939 — Last Poems and Two Plays (Últimos poemas e duas peças) (póstumo)
1939 — On the Boiler (póstumo)

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