Música Pop
Música pop é a expressão que, desde a década de 1960, designa um movimento musical de grande importância comercial patrocinado pela indústria fonográfica internacional. Referendado e apoiado pelos grandes meios de comunicação como o cinema, o rádio, a televisão e o vídeo, diferenciou-se das raízes folclóricas e utilizou formas, modismos e instrumentos característicos. A expressão - embora derivada do inglês pop music, abreviatura de popular music - refere-se a um modo específico de produção industrial e aos estilos, principalmente americanos, que assim se consagraram, como o rock, a disco-music, o rap e o funk. Não se aplica a todos os gêneros de música popular, mesmo àqueles que foram mais tarde incorporados pelas multinacionais do disco, como o jazz, o samba, o bolero e outros.
Uma auréola mística cercou, desde a década de 1960, os ídolos da música pop, fenômeno da arte comercial caracterizado por uma busca de originalidade que não exclui o apelo à extravagância. Jimi Hendrix, símbolo da música negra na década de 1970, quebrava sua guitarra após cada concerto e Michael Jackson empregou parte de sua imensa fortuna em técnicas cosméticas e cirúrgicas para suavizar os traços raciais e clarear a pele.
A música pop, que abrange diversas tendências estéticas, dirigiu-se sobretudo à juventude dos países industrializados, em especial os anglo-saxões, embora tenha sido divulgada por todo o mundo e utilizado temas da atualidade política e social e da realidade cotidiana. Entre suas principais características, destacam-se a simplicidade da estrutura composicional, a utilização de solistas ou pequenos conjuntos e a busca de novas sonoridades por meio de equipamentos elétricos e eletrônicos: instrumentos, sistemas de amplificação, experimentos acústicos na gravação de discos etc.
A importância da imagem do artista, amplamente divulgada por equipes de promoção especializadas, e do lançamento sobretudo de cantores - mais do que instrumentistas e compositores - adquiriu, inclusive fora do contexto musical, características genuínas de movimento social.
Música comercial - A história registra, desde a Idade Média, gêneros musicais que obtiveram grande divulgação e popularidade. É o caso das óperas napolitanas do período barroco, das óperas vienenses e parisienses do século XIX e das comédias musicais do século XX. A comercialização da música contava, entretanto, apenas com o recurso dos espetáculos ao vivo, o que restringia naturalmente seu alcance e rentabilidade.
O período de depressão econômica que teve início em 1929 e terminou com a segunda guerra mundial causou grande desaceleração no processo de produção artística. A geração do pós-guerra, ainda muito jovem, conquistou o espaço social e revolucionou a arte e a moda em todos os aspectos. O rock foi sua principal expressão musical. O crescimento econômico e os avanços tecnológicos do período favoreceram uma expansão inusitada dos meios de telecomunicações e da indústria do disco, que tomou o rock como primeiro grande produto. Os primeiros ídolos da juventude, tais como Jerry Lee Lewis, Elvis Presley e Little Richard, alcançaram popularidade nunca antes obtida por músicos e o fenômeno pop, avalizado pelos meios de comunicação, transformou-se num dos elementos básicos da cultura de massas do século XX.
Os grandes movimentos da juventude a partir da década de 1950 estiveram sempre ligados a algum gênero musical rapidamente transformado em produto comercial. Ao rock e seus derivados, de música rápida e dança às vezes acrobática, se contrapuseram gêneros mais suaves e românticos. Posteriormente, o movimento hippie enfatizou a canção folk americana, incorporou alguma influência da música oriental e caracterizou-se pela busca de figuras emblemáticas, o que também foi assimilado pela produção industrial.
A década de 1960 registrou a aparição de uma série de grupos britânicos que, a partir do modelo americano, dirigiram sua música para públicos de classe média. The Beatles, quarteto vocal e instrumental procedente de Liverpool, suavizou a sonoridade do rock e, a partir de 1964, quando se tornou famoso em todo o mundo, chegou a notável perfeição de construções melódicas e a extraordinária comunicação com o público. Na mesma época surgiram os Rolling Stones, outro grupo britânico, ainda ativo na década de 1990, que empregou formas e letras mais agressivas.
Nos Estados Unidos, a balada country foi revivida, com estilos pessoais, por Bob Dylan, Simon and Garfunkel, Joan Baez e outros grupos e cantores. Ray Charles, James Brown, Jimi Hendrix e inúmeros grupos vocais, como The Supremes, representaram a música negra. Certos instrumentistas e cantores, como John Mayall e Janis Joplin, combinaram o rock a formas tradicionais do blues. Essas tendências foram industrialmente exportadas com rapidez a diversos países, sobretudo na Europa e América, onde se integraram às tradições populares. Expostas a essa música de origem americana, outras culturas musicais ingressaram na indústria internacional com gêneros nativos adaptados a uma linguagem mais universal, como o reggae de Jimmy Cliff e Bob Marley, de origem jamaicana.
Nas décadas de 1970 e 1980, a estratégia comercial da indústria fonográfica seguiu novos rumos: ao invés de tomar como produto gêneros musicais surgidos espontaneamente, as empresas gravadoras passaram a interferir cada vez mais no processo criativo, a ponto de contratarem músicos para produzir sob encomenda discos cuja aceitação no mercado era considerada relativamente assegurada, com base em pesquisas de opinião e testes de produto. A polêmica avaliação quanto à qualidade artística da obra musical deu lugar ao controle estatístico de seu desempenho comercial enquanto artigo de consumo. As grandes redes de comunicação - jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão - colaboraram diretamente para o sucesso do novo sistema, por meio de matérias publicitárias de veiculação paga pelas gravadoras que "trabalhavam" o produto, influenciando a opinião pública e induzindo o consumo.
A música disco foi a primeira concretização do novo procedimento. Inteiramente construída em estúdio mediante sofisticada tecnologia, não necessitava sequer de intérpretes com domínio técnico ou talento especial. As novas máquinas eletrônicas permitiam a produção a baixo custo da música, por uma equipe reduzida, em tempo recorde. O resultado não podia ser repetido no palco com a mesma facilidade e essa produção teve como principal destinatário o público que afluía às salas de baile ou discotecas, para dançar ao som de música gravada.
Atualmente, a parafernália de efeitos eletrônicos está desenvolvida também para o espetáculo ao vivo, o que se verifica em mega-shows realizados ao ar livre ou em estádios, em que o imenso público mal consegue ver o artista mas recebe, em compensação, o impacto de uma amplificação sonora de alta potência, de efeitos pirotécnicos e imagens do palco ampliadas em telão. Nas décadas de 1980 e 1990, consolidou-se a tendência à predominância de cantores solistas, capazes de executar coreografias de efeito. Nesse período, destacaram-se dois nomes cuja produção de shows e divulgação internacional assumiram proporções gigantescas: a cantora Madonna, cuja temática propositalmente polêmica envolve sexo e religião, e Michael Jackson, que se tornou o maior fenômeno comercial da música pop desde o surgimento de The Beatles.
A expressão música pop terminou por assumir conotação estilística. As formas tradicionais da música em todo o mundo aproveitaram elementos da produção pop em combinações temáticas e estruturais de grande originalidade. Em certos casos, a relação do artista com a indústria fonográfica se baseia em maior liberdade criativa e o resultado musical é mais variado e imprevisível. Podem ser considerados música pop os trabalhos de artistas como Sade, Tom Waits, Laurie Anderson e, no Brasil, Rita Lee, o grupo Titãs e Jorge Benjor, que utilizam recursos típicos da música comercial, como instrumentos e efeitos eletrônicos, além dos próprios gêneros de composição.
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