O Absolutismo na França

Porém, quando parecia que a centralização monárquica seria alcançada no século XVI, a França se viu envolvida em graves conflitos internos, religiosos e dinásticos, que acabaram por adiar o processo. Foram confrontos envolvendo a nobreza fundiária católica e uma parte da burguesia, a que se tornaram “huguenote”, como era chamado o calvinista na França. Um dos episódios mais terríveis ocorreu na “Noite de São Bartolomeu” (24 de agosto de 1572), quando houve o assassinato de milhares de protestantes, por intolerância religiosa católica.
A crise política se manifestou agudamente quando o poder real foi disputado por Henrique III, Henrique de Guise, chefe católico, e Henrique de Navarra, protestante. Foi a “Guerra dos 3 Henriques”. Tendo os dois primeiros sido assassinados, o trono caberia a Henrique de Navarra, da família dos Bourbon. Hábil negociador, converteu-se ao catolicismo, fez valer seu direito, mas soube conservar o apoio dos huguenotes. Cinicamente, disse uma famosa frase: “Paris bem vale uma missa”. Reunindo o apoio das duas alas rivais, tornou-se rei com o título de Henrique IV, em 1589. Sua maior preocupação era a paz, interna e externa.
No plano interno, procurou evitar conflitos entre católicos e protestantes. Em 1598, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos huguenotes. Ironicamente, foi assassinado em 1610, por um fanático católico. A França perdia um de seus grandes monarcas. Seu sucessor foi Luís XIII e, com ele, o absolutismo francês se consolidou. A Assembleia dos Estados Gerais, que poderia limitar o poder real, foi convocada pela última vez em 1614. Só o seria novamente às vésperas da Revolução Francesa, em 1789.
Em 1624, o cardeal Richelieu se tornava primeiro-ministro. Personalidade marcante, hábil, culto, procurou governar como se fosse o próprio soberano. Controlava os assuntos do Estado e exercia o absolutismo em nome de Luís XIII. O cardeal liderou uma terrível luta contra a nobreza e os huguenotes que se opunham ao absolutismo. Defendia o princípio do direito divino do rei. Diminuiu a liberdade religiosa dos protestantes, permitindo que eles praticassem seu culto apenas em algumas cidades, como La Rochelle. Envolveu o país em guerras, como a “dos 30 Anos” (1618-1648). Curiosamente, aliou-se a países protestantes (Prússia) contra o imperador austríaco, católico. Era uma forma de diminuir o poderio ameaçador dos Habsburgos, que governavam a Áustria e a Espanha, e formavam um anel que cercava a Franca. Era a rivalidade entre as duas principais casas reais europeias: Habsburgo e Bourbon.
Com a morte de Luís XIII, em 1643, a regência passou para a viúva Ana d’Áustria, mãe do futuro Luís XIV, ainda menor. Richelieu indicou o cardeal Mazzarino para ocupar seu lugar de primeiro-ministro. Durante dezoito anos, Mazzarino governou a França, continuando a política de Richelieu (“política dos cardeais”), mas parte da nobreza e da burguesia se revoltou, aproveitando a menoridade de Luís XIV. Essas revoltas foram chamadas de “Frondas”, mas os rebeldes foram vencidos. A população desejava paz e a burguesia trocaria sua oposição política pela possibilidade de administrar seus negócios num clima de tranquilidade. O desejo de um governo forte facilitou o avanço do absolutismo monárquico.
Após a morte de Mazzarino, em 1664, Luís XIV decidiu assumir diretamente as atividades governamentais (“Serei ministro de mim mesmo”). A grande nobreza foi politicamente neutralizada. Atraída para a corte de Versalhes, palácio real, ocupava cargos decorativos e vivia às custas do Estado. Essa dependência econômica a submetia ao rei, tornava-a parasita e fraca, embora onerosa ao tesouro real.
Os altos postos governamentais eram geralmente ocupados por membros da alta burguesia, que adquiriam títulos, originando a “nobreza de toga”. Luís XIV ocupava efetivamente o topo da administração e interessava-se pessoalmente por todos os negócios do Estado.
Para alcançar o objetivo de existir a unidade nacional, com apenas “um rei, uma lei, uma fé”, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, em 1685. Esta revogação foi uma catástrofe econômica para a França, com a saída de 200 mil comerciantes e artesãos, e seus capitais.
Além disso, a França do “Rei Sol” se envolveu em custosas campanhas militares, contra os Países Baixos, contra a Áustria, na “Guerra da Sucessão Espanhola” etc. Somem-se a elas os gastos com a corte e as festas em Versalhes, o parasitismo da nobreza, o enorme número de funcionários. A consequência era um déficit governamental crônico. As soluções eram as de sempre: mais impostos sobre o povo e empréstimos junto à burguesia financeira, a juros altos. Assim, apenas se adiava a crise. Luís XIV teria dito, no final de sua vida: “Depois de mim, o dilúvio”.
Com a sua morte, em 1715, assumiu o trono seu bisneto Luís XV, que passou a maior parte de seu reinado (1715-1774) vivendo na corte, envolvendo-se com suas amantes, ocupando-se de frivolidades. A crise foi agravada pela derrota na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) contra a Inglaterra. Além dos gastos com o conflito, a França perdia suas possessões coloniais na Ásia e a província de Quebec, no Canadá.
As finanças públicas se desgastavam, pois o déficit orçamentário crescia. À burguesia não mais interessava em manter um rei e uma corte custosos. Nesse quadro caótico, Luís XVI assumiu o trono francês, em 1774. Com a situação se deteriorando, na medida em que novos problemas surgiam e a monarquia não conseguia resolvê-los, a grande revolução se aproximava.
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No plano interno, procurou evitar conflitos entre católicos e protestantes. Em 1598, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos huguenotes. Ironicamente, foi assassinado em 1610, por um fanático católico. A França perdia um de seus grandes monarcas. Seu sucessor foi Luís XIII e, com ele, o absolutismo francês se consolidou. A Assembleia dos Estados Gerais, que poderia limitar o poder real, foi convocada pela última vez em 1614. Só o seria novamente às vésperas da Revolução Francesa, em 1789.
Em 1624, o cardeal Richelieu se tornava primeiro-ministro. Personalidade marcante, hábil, culto, procurou governar como se fosse o próprio soberano. Controlava os assuntos do Estado e exercia o absolutismo em nome de Luís XIII. O cardeal liderou uma terrível luta contra a nobreza e os huguenotes que se opunham ao absolutismo. Defendia o princípio do direito divino do rei. Diminuiu a liberdade religiosa dos protestantes, permitindo que eles praticassem seu culto apenas em algumas cidades, como La Rochelle. Envolveu o país em guerras, como a “dos 30 Anos” (1618-1648). Curiosamente, aliou-se a países protestantes (Prússia) contra o imperador austríaco, católico. Era uma forma de diminuir o poderio ameaçador dos Habsburgos, que governavam a Áustria e a Espanha, e formavam um anel que cercava a Franca. Era a rivalidade entre as duas principais casas reais europeias: Habsburgo e Bourbon.
Com a morte de Luís XIII, em 1643, a regência passou para a viúva Ana d’Áustria, mãe do futuro Luís XIV, ainda menor. Richelieu indicou o cardeal Mazzarino para ocupar seu lugar de primeiro-ministro. Durante dezoito anos, Mazzarino governou a França, continuando a política de Richelieu (“política dos cardeais”), mas parte da nobreza e da burguesia se revoltou, aproveitando a menoridade de Luís XIV. Essas revoltas foram chamadas de “Frondas”, mas os rebeldes foram vencidos. A população desejava paz e a burguesia trocaria sua oposição política pela possibilidade de administrar seus negócios num clima de tranquilidade. O desejo de um governo forte facilitou o avanço do absolutismo monárquico.
Após a morte de Mazzarino, em 1664, Luís XIV decidiu assumir diretamente as atividades governamentais (“Serei ministro de mim mesmo”). A grande nobreza foi politicamente neutralizada. Atraída para a corte de Versalhes, palácio real, ocupava cargos decorativos e vivia às custas do Estado. Essa dependência econômica a submetia ao rei, tornava-a parasita e fraca, embora onerosa ao tesouro real.
Os altos postos governamentais eram geralmente ocupados por membros da alta burguesia, que adquiriam títulos, originando a “nobreza de toga”. Luís XIV ocupava efetivamente o topo da administração e interessava-se pessoalmente por todos os negócios do Estado.
Para alcançar o objetivo de existir a unidade nacional, com apenas “um rei, uma lei, uma fé”, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, em 1685. Esta revogação foi uma catástrofe econômica para a França, com a saída de 200 mil comerciantes e artesãos, e seus capitais.
Além disso, a França do “Rei Sol” se envolveu em custosas campanhas militares, contra os Países Baixos, contra a Áustria, na “Guerra da Sucessão Espanhola” etc. Somem-se a elas os gastos com a corte e as festas em Versalhes, o parasitismo da nobreza, o enorme número de funcionários. A consequência era um déficit governamental crônico. As soluções eram as de sempre: mais impostos sobre o povo e empréstimos junto à burguesia financeira, a juros altos. Assim, apenas se adiava a crise. Luís XIV teria dito, no final de sua vida: “Depois de mim, o dilúvio”.
Com a sua morte, em 1715, assumiu o trono seu bisneto Luís XV, que passou a maior parte de seu reinado (1715-1774) vivendo na corte, envolvendo-se com suas amantes, ocupando-se de frivolidades. A crise foi agravada pela derrota na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) contra a Inglaterra. Além dos gastos com o conflito, a França perdia suas possessões coloniais na Ásia e a província de Quebec, no Canadá.
As finanças públicas se desgastavam, pois o déficit orçamentário crescia. À burguesia não mais interessava em manter um rei e uma corte custosos. Nesse quadro caótico, Luís XVI assumiu o trono francês, em 1774. Com a situação se deteriorando, na medida em que novos problemas surgiam e a monarquia não conseguia resolvê-los, a grande revolução se aproximava.
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