Ascensão do Fascismo e Nazismo

Ascensão do Fascismo e Nazismo

Ascensão do Fascismo e NazismoAs cláusulas do Tratado de Versalhes fizeram surgir as chamadas “nações injustiçadas”. Entre elas destacavam-se a Alemanha e a Itália. A primeira, derrotada e condenada pelo grande conflito, sofreu humilhações, perdas territoriais, econômicas e populacionais. Inglaterra e França pretendiam torná-la um país impotente e insignificante. A Itália, embora vencedora, não participou da distribuição da herança dos derrotados. Não recebeu áreas-colônias da Alemanha, nem territórios do antigo Império Áustro-Húngaro onde a população italiana era majoritária. A região da Dalmácia, ambicionada pela Itália, foi incorporada à recém-criada Iugoslávia.

Nessa conjuntura, grupos políticos de direita tiveram amplo cam- po para explorar as grandes frustrações nacionais. O nacionalismo e o militarismo eram as armas a ser utilizadas na solução dos problemas dos “países injustiçados”. A Alemanha e a Itália tentavam se recuperar e se consolidar como nações industrializadas, mas para tanto necessitavam de mercados mundiais. Só que estes já estavam divididos entre os países imperialistas.

O fascismo italiano
A situação econômica da Itália se agravou com a guerra mundial. Para sua reconstrução, o governo praticou uma política de emissão da moeda, desvalorizando a lira. Os objetivos eram es- timular os empresários a contrair empréstimos, investir e expandir a produção. Haveria assim a redução do desemprego, num país notoriamente às voltas com uma alta densidade demográfica. Mas os resultados foram decepcionantes. Carente de matéria- prima e fontes energéticas, com poucas colônias, a Itália não conseguiu ampliar sua participação no comércio mundial.

Desemprego, baixos salários e greves eram elementos que compunham o quadro social italiano no pós-guerra. Os anos críticos de 1919 e 1920 viram se alastrar a fome, um enorme número de greves, revoltas e pilhagens de lojas. Nas áreas industriais do Piemonte (Turim) e Lombardia (Milão), mais de 600 mil metalúrgicos se apossaram de fábricas. No campo, a revolta camponesa eclodia, forçando uma reforma agrária. A ameaça socialista assustava os empresários urbanos, a Igreja, as Forças Armadas, os latifundiários e a classe média. A salvação foi aderir ao movimento fascista, fundado por Benito Mussolini, em 1919. Contrários à democracia parlamentar, que consideravam um regime fraco, incapaz de manter a ordem, lutavam por um Estado forte. Anticomunista, o fascismo assumia a forma de uma ação contra-revolucionária, restauradora do orgulho nacional.

Como combater a ameaça bolchevique e alcançar o poder?
Por meio de grupos paramilitares, chamados “esquadristas”, membros do movimento fascista, os “camisas negras”. Armados e disciplinados, obedeciam fanaticamente seu líder, o Duce. Grande orador, agradava o povo italiano com frases sonoras, retumbantes, mas carentes de profundidade e lógica. O fascismo fazia largo uso de slogans como “Itália para sempre” ou “Itália, ame-a ou deixe-a”. Pura exploração emocional, mas de enorme efeito popular.

O movimento fascista foi engrossado com a adesão dos milhares de desempregados. Em 1921, já eram 300 mil filiados. No ano seguinte, no mês de outubro, Mussolini comandou a “Mar- cha sobre Roma”. Tomou o poder, contando com a simpatia do rei Vítor Emanuel III e das Forças Armadas, que nada fizeram para detê-lo. Um verdadeiro golpe branco.

Tornado primeiro-ministro, Mussolini impôs a “nova ordem fascista”. Controle da massa trabalhadora e dos sindicatos, censura aos meios de comunicação, a educação usada para exaltar o Estado, o regime e seu chefe. No setor econômico, o “corporativismo”: um Estado “imparcial harmonizando os interesses dos patrões e empregados, eliminando a luta de classes”, explorada pelos comunistas. As greves operárias, proibidas. Suas reivindicações, arbitradas pelo governo. As eleições, quando ainda havia, contro-ladas pelo governo, que coagia e limitava a ação da oposição. A vitória fascista era sempre inevitável. Enfim, um Estado totalitário: “Nada fora do Estado, nada contra o Estado, tudo pelo Estado”. Mas o Estado era Mussolini, ditador supremo da Itália.

Para ganhar apoio dos católicos e da Igreja, Mussolini assinou o Tratado de Latrão, com o papado. Pela concordata, a Igreja recebia indenização pelas propriedades perdidas e o Vaticano era reconhecido como Estado independente. O ensino da religião católica tornou-se obrigatório em todas as escolas italianas.

O desemprego foi enfrentado por meio de grandes obras públicas (rodovias, barragens, usinas hidrelétricas, canais de irrigação). A indústria se expandiu, especialmente a construção naval e a automobilística. A produção agrícola foi bastante incentivada, tornando a Itália auto-suficiente na produção de trigo. Os trens passaram a “cumprir corretamente os horários”. Quebrava-se uma tradição e a propaganda fascista explorava essas mudanças positivas. Mas os resultados foram inferiores ao esperado.

Em 1935, tropas italianas invadiram e ocuparam a Etiópia. Estava vingada a humilhação do século anterior, quando os italianos haviam vergonhosamente fracassado. Renascia o sonho do antigo Império Romano, tão acalentado por Mussolini. A Itália era um Império.

O nazismo alemão

O nazismo alemão

No fim da Primeira Grande Guerra, a Alemanha era um caos. O kaiser havia abdicado e fugido e a República Parlamentar fora implantada. Grupos de esquerda tentaram tomar o poder, de maneira semelhante ao que ocorrera na Rússia. Em dezembro de 1918, um mês após o pedido de armistício, os “espartaquistas”, liderados pelos marxistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, tomaram Berlim. O levante foi esmagado pelo novo governo, utilizando tropas oriundas das antigas frentes de batalha. Os líderes revolucionários foram assassinados e a repressão aos bolcheviques foi violenta em toda a Alemanha.

A insegurança em Berlim fez com a que a Assembléia Constituinte, eleita em janeiro de 1919, se reunisse em Weimar. Aprovada e promulgada a “Constituição de Weimar”, a Alemanha se transformava em um Estado federativo, parlamentar, democrático e liberal, governada por um parlamento bicameral, um presidente (chefe de Estado) eleito por sete anos e por um chanceler (chefe de governo), responsável pelo gabinete ministerial. Havia a pluralidade partidária, com uma multiplicidade de partidos de centro, de direita e de esquerda.

A instabilidade política era um reflexo do crítico quadro econômico-social, como conseqüência da derrota militar e das imposições do Tratado de Versalhes. Um dos mais graves problemas era a inflação. O marco alemão, cotado em 1914 em 4,2 por dólar, valia 186 no início de 1922. A ocupação francesa do vale do Ruhr, para forçar o pagamento das reparações de guerra e a greve decretada pelos trabalhadores alemães das minas, como forma de protesto, forçaram o governo à emissão de papel-moeda, para pagar os salários dos grevistas. O resultado foi uma hiperinflação. Em janeiro de 1923, o marco estava cotado em 7 mil por dólar; em julho, 260 mil; em novembro, 4,2 bilhões. Os preços e os salários variavam entre a manhã e a tarde do mesmo dia. Chegou-se a uma situação em que o papel usado para imprimir o dinheiro tinha valor maior.

Aproveitando-se dessa situação, o prestigioso general Luden- dorff e o político Adolfo Hitler, chefe de um pequeno partido, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (simplificadamente, Partido Nazista), tentaram um golpe de Estado, a partir de uma cervejaria em Munique, em novembro de 1923, mas fracassaram. Não houve adesão de tropas.

Preso, condenado, na prisão Hitler escreveu a obra “Minha luta” (Mein kampf), em que expunha suas idéias. Sua ideologia era uma mistura de princípios nacionalistas, pan-germanistas, militaristas, antipacifistas, totalitárias, racistas, anti-semitas, anticomunistas.

A partir de 1924, a situação na Alemanha se estabilizou. A inflação havia favorecido as exportações, o desemprego diminuíra, o governo parlamentar conseguiu amenizar o pagamento das indenizações, com o apoio dos Estados Unidos. Uma nova moeda (rentenmark) foi criada, sustentada com recursos americanos (Plano Dawes) e pela capacidade industrial alemã. A estabilidade fez com que os partidos radicais (de esquerda e de direita) perdessem votos nas eleições parlamentares. A grande maioria dos deputados era constituída de políticos conservadores e liberais.

Mas a crise de 1929, golpeou duramente a Alemanha. O resultado mais dramático era o desemprego: de 1 milhão de desempregados em 1929, para 6 milhões em 1931. Como conseqüência, nas eleições de 1932, houve importante avanço dos partidos comunista e nazista. O Nacional-Socialismo elegeu, nesse ano, 270 deputados.

Em janeiro de 1933, Hitler foi nomeado chanceler pelo presidente Hindenburg, velho comandante na Grande Guerra. Assumiu o poder, prometendo um “3o- Reich” para durar mil anos. Em pouco tempo a ditadura nazista se apoderou da Alemanha.

Em fevereiro de 1934, os nazistas incendiaram o Parlamento e culparam os comunistas. Iniciavam-se as perseguições e o terror antibolchevique. Prisões de esquerdistas e liberais se tornaram rotina. Eram criados os primeiros campos de concentração.

Em seguida, todos os partidos foram proibidos, exceto o Nazista. Assim, o parlamento passou a ser integralmente formado por nazistas. A suástica foi adotada como símbolo nacional (bandeira). Tropas da SA (Seções de Assalto) e SS (Brigadas de Segurança) amedrontavam os adversários. Os sindicatos, proibidos. Desaparecia o Estado federativo, com a centralização do poder.

Em 30 de junho de 1934, ocorreu a “Noite dos Longos Punhais”. As SS liquidaram a chefia das AS, que era a “ala esquerda” do movimento nazista. Houve mais de 3 mil mortes.

O totalitarismo nazista era sintetizado no slogan: “Um povo (ein Volks), um império (ein Reich), um chefe (ein Führer)”. Com a morte de Hindenburg, Hitler assumiu também o posto de presi- dente, tornando-se o “Führer” (chefe).

Com a imprensa censurada pelo Ministério da Propaganda, a educação controlada, instituída a Gestapo (Polícia do Estado), consolidava-se a ditadura. Em 1935, foram decretadas as “leis de Nuremberg”. Os judeus eram excluídos da administração, do ensino, das atividades artísticas e literárias, perdiam seus direitos civis. Os casamentos e as relações sexuais “mistos” (entre “arianos” e semitas) eram proibidos. A seguir vieram a destruição de sinagogas, a violação de cemitérios judaicos, a queima de livros de autores judeus, a depredação de suas lojas. Iniciava-se o envio sistemático de judeus para os campos de concentração, a “solução final”, que levaria à eliminação de mais de seis milhões de vítimas da intolerância nazista.

Hitler, no governo, desenvolveu uma poderosa força militar, intimidando os países vizinhos. Os nazistas sustentavam a tese do “espaço vital”, isto é, que o Reich tinha direito de anexar regiões onde a população germânica estivesse presente. O rearmamento foi autorizado. O poderio alemão se assentava no exército e na força aérea. As novas táticas de destruição em massa foram testadas na guerra civil espanhola, como o uso combinado de aviões e carros de assalto (blitzkrieg).

Hitler rasgou o Tratado de Versalhes quando o exército alemão ocupou a região renana, que havia sido desmilitarizada. Os alemães invadiram a Áustria, em 1938, anexando-a ao Reich, episódio conhecido como Anschluss.

As potências ocidentais, buscando o “apaziguamento”, tudo aceitavam. Acreditavam que o avanço da Alemanha para o leste, isto é, em direção à URSS, levaria a uma guerra entre esses dois países.

O militarismo japonês

O militarismo japonês

O Japão visava expandir pelos oceanos Pacífico e Índico, transformando a área em seu domínio. Necessitava de matérias-primas, mercados consumidores, fontes energéticas para ampliar sua produção industrial e espaço para a colocação do excedente populacional. Sua estratégia foi desenvolver uma poderosa marinha militar, uma eficiente força aérea e um numeroso exército. Os japoneses já haviam se apossado de Formosa (Taiwan) e Coréia. A última grande conquista fora a Manchúria, rica região chinesa produtora de matérias-primas (minérios). A guerra civil chinesa entre os nacionalistas de Chiang-Kai-Shek e os comunistas de Mao Tse e Tung facilitou a conquista japonesa.

O Japão, uma monarquia governada por partidos conservadores e de direita, cada vez mais se submetia à influência dos militares. O orçamento público destinava cada vez mais verbas para a produção de armamentos e expansão das forças armadas. Era a corrida armamentista.

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