Civilizações Andinas na América do Sul

Civilizações Andinas na América do Sul

Civilizações Andinas na América do SulAs civilizações andinas ocuparam um território que se estendia do sul da Colômbia ao norte do Chile e noroeste da Argentina, e do litoral às regiões montanhosas, com grande variação climática e geográfica. Sua origem remontaria a um antigo e disperso povo de caçadores. Não chegaram a conhecer a escrita e a roda e dividiram-se em dois grupos: as civilizações pré-incaicas e a inca.

Culturas que se desenvolveram no noroeste da América do Sul, as chamadas civilizações andinas sucederam-se em várias fases e áreas, de cerca do quarto milênio antes de Cristo até a conquista do império inca pelos espanhóis, iniciada em 1532.

Civilizações pré-incaicas
Encontraram-se na região vestígios humanos anteriores à descoberta da cerâmica, que se situaria por volta de 3500 a.C. De uma economia coletora, esses povos passaram a uma agricultura incipiente e iniciaram a domesticação do guanaco. A partir de 2500 a.C. as migrações diminuíram e ocorreu uma fixação progressiva das populações. No milênio seguinte as formas arquitetônicas evoluíram, com o uso de pedra e adobe; o milho incorporou-se à alimentação de alguns grupos; e principiou a confecção de tecidos decorados. Por volta de 1800 a.C. a cerâmica surgiu em alguns locais da cordilheira Central; a semelhança entre os objetos produzidos indica uma primeira vinculação cultural entre diferentes pontos dos Andes.

A primeira cultura expressiva surgiu em Chavín de Huántar, em território do futuro Peru, e sua influência estendeu-se pelos Andes centrais. O milho tornara-se o alimento primordial, favorecido pelo domínio de técnicas de irrigação por canais. A agricultura levou ao estudo dos astros, necessário à determinação dos ciclos agrários. O estilo artístico da cerâmica, a decoração dos tecidos e o trabalho da pedra foram as características do período, marcado pela representação de atributos felinos (sobretudo do puma, animal sagrado) em todas as manifestações de arte. O principal monumento de Chavín, denominado Castillo, com mais de setenta metros de lado, tem três andares divididos em galerias e pequenos aposentos, com grandes esculturas em pedra e baixos-relevos.

Nos primeiros séculos da era cristã, várias culturas independentes desenvolveram-se na costa e nas montanhas. A agricultura, bastante avançada, incluía também o cultivo da batata. As técnicas de tecelagem e metalurgia aperfeiçoaram-se. Em Nazca, destacaram-se as cerâmicas com decoração policrômica, além de grandes desenhos de figuras geométricas e antropomórficas realizados sobre pedra e só visíveis do alto, provavelmente um calendário astronômico. Em Paracas, a arte têxtil distinguiu-se com primorosos mantos bordados que se preservaram graças ao clima seco litorâneo. Em Moche, encontraram-se as enormes pirâmides do Sol e da Lua, construídas com adobe. Sua cerâmica, quase sem uso de cor, caracterizava-se pelo realismo da decoração, em relevo ou pintada, e pelas formas naturalistas. As figuras indicam a existência de um estado centralizado, com classes sociais.

Tiahuanaco, um dos importantes centros religiosos da região, conservou centenas de monumentos esculpidos e grandes estátuas antropomorfas monolíticas. Entre suas portas talhadas em lajes de pedra vulcânica acha-se a Porta do Sol, um único bloco de pedra, com uma série de figuras na parte superior, todas voltadas para uma figura maior central, de cabeça quadrada. A maneira de representar os olhos, divididos verticalmente em duas metades de cores distintas, foi encontrada em outras áreas, confirmando a forte influência da cidade sobre a região central andina.

Por volta do ano 1000, as técnicas agrícolas estavam aperfeiçoadas, sobretudo a de canalizar água para irrigação, e difundiu-se o uso de ligas de bronze. No início do século XII, salientou-se a cultura chimú, cuja capital, Chanchán, era bastante urbanizada, com ruas, moradias, cemitérios, reservatórios de água, zonas agrícolas e templos piramidais. Contava com um sistema governamental altamente desenvolvido e uma estratificação social que ia do humilde lavrador ao soberano divino. A cerâmica era, em geral, de fundo negro e menos colorida. No artesanato têxtil, a tapeçaria fez grandes avanços. A metalurgia do cobre e do bronze estava muito adiantada, assim como a dos finos trabalhos de ourivesaria.

Civilização inca
A mais completa de todas as culturas andinas, a civilização inca desenvolveu-se ao longo de cerca de três séculos, a partir de uma pequena tribo que foi aos poucos incorporando militarmente as tribos vizinhas, até chegar ao maior e mais organizado império estabelecido na região.

Segundo as tradições orais dos incas, sua capital, Cuzco, foi fundada no início do século XIII pelo herói mítico Manco Cápac. A ele seguiram-se soberanos que ampliaram o território até meados do século XV, época da grande expansão do império. No período máximo, ele abrangeria a região da atual fronteira entre Colômbia e Equador até a parte central do Chile, cobrindo cerca de 4.800km2.

O "inca" ou imperador, descendente do Sol, era venerado como um deus. Na organização social, a ele seguiam-se os governadores de províncias, a nobreza, o clero e os chefes militares. O cidadão comum devia servir periodicamente nas forças militares ou nos empreendimentos públicos, como construção de estradas e templos, além de pagar um tributo em produtos agrícolas. A eficiência da administração foi favorecida pela construção de uma extensa rede de estradas, que partiam de Cuzco e alcançavam todos os recantos do império. O principal culto religioso dirigia-se ao Sol, a que se ergueram numerosos templos. Para os sacrifícios, utilizavam-se lhamas, sendo raros os sacrifícios humanos.

As obras de engenharia e arquitetura foram notáveis: terraços nas vertentes do altiplano, formando patamares sucessivos para o plantio; longos canais de irrigação; pontes suspensas sobre pequenos desfiladeiros; gigantescas fortalezas; enormes construções, com blocos tão perfeitamente talhados que dispensavam ligadura. Os belos trabalhos em cobre, bronze, ouro e prata foram, na maioria, pilhados pelos conquistadores. A arte têxtil alcançou a culminância, com técnicas complexas e rica variedade de cores.

A derrocada desse império constituiu um dos fatos mais assombrosos da história. Em 1532, o espanhol Francisco Pizarro chegou à região com apenas 180 homens. Aproveitando-se da luta entre os dois herdeiros do último imperador e sem um combate sequer, com sua escassa tropa Pizarro conquistou o império inca.

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