Democracias Ocidentais no Período Entre Guerras

Democracias Ocidentais no Período Entre Guerras

Democracias Ocidentais no Período Entre Guerras

A Europa perde a liderança

A guerra levou a Europa a uma crise sem precedentes. Uma das conseqüências foi a perda da sua hegemonia mundial para os Estados Unidos. O capitalismo concorrencial no comércio internacional agravava a crise inglesa e de muitos países europeus. Envolvidos na guerra, deixaram uma brecha que foi logo preenchida pelo capitalismo americano.

A Grã-Bretanha, apesar de vitoriosa, perdeu quase 1 milhão de homens, endividou-se externamente e o seu imenso império começou a sofrer um declínio irreversível. A Irlanda do Sul alcançou sua independência. Desemprego, instabilidade e insatisfação levaram ao poder, em 1924, o Partido Trabalhista em substituição ao tradicional Liberal. Pela primeira vez, um partido, que se dizia representante dos interesses dos trabalhadores, assumia o governo de uma das principais nações capitalistas e impe- rialistas do mundo.

O centro da economia mundial se deslocou no pós-guerra da Europa para os Estados Unidos. O centro do capitalismo financeiro deixava de ser a City de Londres, e passava a ser Wall Street em Nova York, onde se mantém até hoje.

Para a França, a guerra tinha um significado de revanche nacional pela derrota humilhante na Guerra Franco-Prussiana de 1871. Todavia, o povo francês pagou muito caro pela vitória so- bre a Alemanha. As principais batalhas foram travadas em seu território, acarretando muita destruição. Cerca de 10% do território, devastado, um terço da riqueza nacional destruída. Morreram aproximadamente 1 milhão e 500 mil franceses.

O governo enfrentava um enorme déficit orçamentário. Para saná-lo e investir na reconstrução nacional, os franceses precisavam das indenizações de guerra a serem pagas pelos alemães. A ocupação da região alemã da Renânia objetivou obrigar a Alemanha a fazer os pagamentos.

No final da década de 1920, a França havia se recuperado economicamente. Mas, à semelhança dos principais países, foi duramente afetada pelo grande crash de 1929. Os partidos extremistas, fascista e comunista, dominaram a vida política do país na década de 1930. A ameaça da direita de chegar ao poder estimulou os partidos de esquerda à união. Ganharam as eleições, colocando no poder a Frente Popular, com um primeiro-ministro socialista. Mas, se havia o apoio dos trabalhadores, faltava-lhe obviamente o apoio da burguesia, notoriamente conservadora. Uma soma considerável de capitais foi retirada do país. A conseqüência foi recessão e desemprego a partir de 1937.

A hegemonia dos Estados UnidosA hegemonia dos Estados Unidos

A guerra proporcionou um crescimento extraordinário aos Estados Unidos. Enquanto a Europa tentava se recuperar do desastre econômico do pós-guerra, os americanos conheceram uma notável expansão econômica. Suas indústrias inundaram o mercado mundial de produtos com preços baixos e de boa qualidade. Toda a produtividade industrial adquirida durante o conflito agora era utilizada para a conquista do mercado mundial.

Nunca um país havia passado por um desenvolvimento tão grande quanto os Estados Unidos no período do pós-guerra. A prosperidade muito rápida durante a guerra provocou mudanças comportamentais e morais. A onda de liberalidade teve a sua contra-reação. O puritanismo religioso da classe média e do meio-oeste forçam a aprovação da Lei Seca. Ficava proibida a produção, transporte e comercialização de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos. Estava preparado o caminho para a formação de gangues que controlariam o mercado negro de bebidas alcoólicas. Por outro lado, o radicalismo racista se expandiu no renascimento da Ku-Klux-Klan, com freqüentes linchamentos de negros.

Durante a guerra, cresceram as reivindicações operárias, cujos salários reais se expandiram. Nem a intervenção do Estado contra as greves impediu o avanço social dos trabalhadores. Ademais, uma política de salários altos provocou o crescimento do mercado interno que, em parte, absorvia a crescente produção industrial. O “boom” tinha certo respaldo. Afinal, nenhum país do mundo tinha, até então, um padrão de vida tão elevado como os americanos na década de 1920. Parecia que a “utopia da sociedade permanentemente feliz” havia se concretizado para sempre. O otimismo era contagioso, mas perigoso.

Desde o final do século XIX aumentara consideravelmente a participação norte-americana na economia da América Latina. A política do dólar, ou seja, o empréstimo para os países considerados amigos, era substituída por intervenções militares, quando os interesses americanos sofriam qualquer risco. Durante a presidência de Theodore Roosevelt, no começo do século XX, as intervenções foram a norma. Uma poderosa esquadra de guerra e os fuzileiros navais impunham os objetivos americanos. As principais vítimas eram os países centro-americanos, chamados pejorativamente de “repúblicas bananeiras”. O “corolário Roosevelt” era a política do “Big Stick” ou o “grande porrete”, sintetizada na frase: “Soft talking and big stick”, ou seja, “fale macio e (use) o grande porrete”. Se a política do dólar não funcionasse, empregava-se a força.

A recusa dos Estados Unidos de participarem da Sociedade das Nações marcou o fim do internacionalismo, um ideal do presidente Wilson. Os republicanos, conservadores, com maioria no Congresso, recusaram a participação americana no cenário mundial, impondo uma política isolacionista. Mas, se a política era isolacionista, os interesses capitalistas eram internacionalistas.

Os presidentes da década de 1920 eram republicanos, politicamente conservadores, economicamente, liberais. A economia capitalista devia se conduzir por si mesma. A intervenção do governo era totalmente repudiada. Os preços, conduzidos pela mão invisível do mercado.

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