Doenças Infecciosas no Brasil e no Mundo

Doenças Infecciosas no Brasil e no Mundo



Em geral, as doenças infecciosas são transmitidas por água e alimentos contaminados, picadas de mosquito portador dos microrganismos ou por contato com pessoas doentes. São causadas por diversos tipos de microrganismo – bactérias, fungos, vírus, vermes ou protozoários –, que penetram, desenvolvem-se e se reproduzem no corpo humano. Neste último caso, a transmissão pode ser por via respiratória ou por relação sexual, por exemplo. No Brasil, o órgão do governo responsável pelo controle epidemiológico e pelas ações de combate às doenças infecciosas é a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Doenças Infecciosas no Brasil e no Mundo

Aids - A doença é provocada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV, sigla em inglês). Ele ataca as células de defesa do organismo, enfraquece o sistema imunológico e dá chance a infecções oportunistas, como a pneumonia, uma das principais causas de morte de pessoas contaminadas pelo HIV. As formas de transmissão mais comuns são o contato sexual e o ato de compartilhar seringas entre os viciados em drogas. No Brasil, esse tipo de contágio diminuiu e programas de redução de danos distribuem seringas descartáveis aos usuários. Na transmissão por via sexual, a forma mais eficaz de prevenção é o uso de preservativo.De 1980 a 2003 foram oficialmente notificados 310 mil casos no país, com quase 150 mil mortes. Nesse período, a proporção entre homens e mulheres contaminados mudou de 6,5 por 1 para 1,8 por 1. Estima-se existirem 600 mil portadores de HIV, ou soropositivos. Destes, 400 mil ignoram ter o vírus. Há tendência de se estabilizarem a taxa de incidência (em 22 mil novos casos por ano) e o índice de óbitos (6,3 para cada grupo de 100 mil). A região com o maior número de casos é a Sudeste (68,7%) e o estado, São Paulo (45% dos contaminados do país). Mas é no Sul que se verifica a maior disseminação da doença, com 20,7 casos por 100 mil habitantes . O índice de transmissão da aids de mãe para filho está em queda, mas acusa aumento entre heterossexuais. Em 1996, o coquetel anti-aids começou a ser distribuído no Brasil, um dos primeiros países a oferecer a terapia gratuita e beneficiar milhares de pessoas, com diminuição do número de mortes e de internações pela doença. Essa política gerou uma batalha comercial com os Estados Unidos. Para reduzir custos com os remédios importados do coquetel, o Brasil propôs a quebra de patente de substâncias protegidas por lei. Em maio de 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a proposta brasileira por unanimidade e garantiu ao país o direito de produzir os medicamentos. E em 2003 esse tipo de programa recebeu a aprovação da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Tuberculose – A tuberculose ressurgiu como epidemia na década de 1990. Essa infecção em geral se manifesta nos pulmões e é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis – conhecida como bacilo de Koch. Segundo a OMS, um terço da população mundial é portador do bacilo e 9 milhões desenvolvem a moléstia a cada ano. Supõe-se que um terço dos casos registrados no mundo desde 1999 esteja relacionado à aids. No Brasil, a taxa de infecção estabilizou-se a partir da década de 1980. Em 2002 notificaram-se 77 mil casos e 6 mil mortes. Calcula-se haver 45 milhões de brasileiros contaminados. Destes, de 5% a 10% desenvolvem a doença. O Brasil é o único país das Américas a figurar entre as 22 nações responsáveis pela maior parte de todos os casos de tuberculose no mundo, na 15ª posição. O Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Com isso espera descobrir 70% dos casos e curar 85% deles em 2005, além de reduzir em 50% as mortes e a prevalência da doença até 2016.

Cólera – Essa doença infecciosa aguda do aparelho gastrintestinal é causada pela bactéria Vibrio cholerae. Transmitida por água, alimentos contaminados, contato com vômitos e fezes infectados, a cólera é mais comum nas regiões de condições sanitárias precárias. A última epidemia, em 1999, teve 4.498 casos, a maioria nos estados de Pernambuco e Alagoas. A seca que atingiu a região naquele período dificultou o acesso à água tratada e favoreceu a proliferação da bactéria. O número de casos teve redução significativa, com sete registros no Nordeste em 2001 e nenhum nos dois anos seguintes. Mas o Brasil continua vulnerável à doença. Em 2004 foi detectado um surto localizado de cólera no município de São Bento do Una, em Pernambuco, com oito casos.

Dengue - Causada por quatro tipos de vírus, a dengue é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os tipos identificados no Brasil são o Den 1, Den 2 e Den 3, responsáveis pela doença em sua forma clássica e na hemorrágica. Não se contrai dengue duas vezes pelo mesmo subtipo, mas a variedade viral torna possível sua reincidência na forma hemorrágica. Os sintomas aparecem de três a 15 dias após a picada do mosquito. Na dengue clássica, as manifestações mais comuns são febre alta, dor de cabeça e dor muscular. A forma hemorrágica acresce o quadro com queda de pressão, dificuldade para respirar e hemorragias internas que podem levar à morte. A primeira epidemia documentada no Brasil foi em 1982, em Boa Vista (RR). A partir de então, a dengue é um problema de saúde pública. A epidemia mais grave foi em 2002, causada pelo vírus Den 3, até então inexistente no país. Em 2011, a incidência da doença diminuiu, com o registro de 420.630 casos, 57,2% a menos em relação a 2011.

Hanseníase - Causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, a doença é comum em países subdesenvolvidos e emergentes. Provoca lesões na pele, a maioria nos braços e nas pernas, e atinge o sistema nervoso. O Brasil é o segundo em casos de hanseníase. Perde apenas para a Índia. Apesar da expressiva queda nos últimos anos, a taxa de incidência no Brasil é quase quatro vezes maior que a meta estabelecida pela OMS – um caso por 10 mil habitantes até 2015. Em 2011 registraram-se mais de 43 mil ocorrências no país. O tratamento é feito em ambulatório especializado, mas demora entre seis meses a dois anos, e muitos pacientes desistem.

Hepatite - A hepatite é uma inflamação que ataca o fígado, provocada por vírus classificados nos subtipos A, B, C, D e E. A transmissão da hepatite A e E ocorre por meio de água e alimentos contaminados. Nos tipos B e C, o contágio se dá pelo sangue e em relações sexuais. As variações dos tipos B e C podem evoluir e causar cirrose hepática, insuficiência hepática e câncer de fígado. O tipo D desenvolve-se só em pessoas que têm hepatite B na forma aguda. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil registra anualmente cerca de 130 novos casos de hepatite A por 100 mil habitantes. A hepatite C, considerada a "aids do século 21", atinge 3 milhões de brasileiros, dos quais 2,4 milhões ignoram ter a doença. Em 2002, o governo determinou que os hemocentros brasileiros adotem um novo teste de sangue que reduz o tempo de detecção do vírus C de 70 para 20 dias. Mas a adoção da nova tecnologia, no entanto, foi adiada.

Leishmaniose - Doença causada pelo protozoário da família Tripanosomatidae e transmitida pelo mosquito Lutzomia longipalpis, que se alimenta do sangue do homem e de outros animais. Manifesta-se de forma visceral (no intestino) ou tegumentar (na pele). A leishmaniose tegumentar, que tem o cão como hospedeiro, é a mais comum. A Região Nordeste e o norte dos estados de São Paulo e Minas Gerais são as áreas mais afetadas. A doença atinge mais crianças desnutridas e que vivem em bolsões de pobreza. Em 2011, a ocorrência da leishmaniose superou os índices dos último10 anos. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), isso resulta do desmatamento de florestas, da migração da zona rural para a urbana e da ampliação da rede de assistência à saúde, o que facilita o diagnóstico de mais casos. São registrados cerca de 31 mil casos anuais de leishmaniose tegumentar e 3,6mil de visceral, segundo o Ministério da Saúde.

Malária - Infecção comum nas áreas de vegetação densa, a malária é provocada pelo protozoário do tipo plasmódio. O microrganismo é transmitido por mosquitos do gênero Anopheles. A incidência da doença foi 34% maior em 1999 que no ano anterior. Isso levou o governo a criar o Plano Nacional de Intensificação das Ações contra a Malária com meta de reduzir em 50% o número de casos. Foi duplicado o número de postos de diagnóstico na região da Amazônia Legal, onde surgem quase todos os casos registrados. O Brasil é o país com os melhores resultados no combate à malária nos últimos anos, de acordo com a OMS. O número de casos registrados caiu de 637 mil em 1999 para 485 mil em 2009. Entretanto, em 2011 houve novo aumento, com 520 mil casos. Segundo o governo, o desmatamento é a principal causa do crescimento da malária na Amazônia Legal.


DOENÇAS INFECCIOSAS NO BRASIL E NO MUNDOSarampo - Doença transmissível por via respiratória, o sarampo é um mal praticamente extinto no Brasil. Em 2001 foi registrado apenas um caso no país, vindo do Japão. Em 2003 houve mais dois, provenientes da Alemanha. Não existem registros de casos desenvolvidos no Brasil desde outubro de 2000. A vacina é o principal meio de prevenção e erradicação.

As doenças infecciosas e parasitárias foram responsáveis por 19,3% das mortes em 2011. Nesse grupo, a aids, a tuberculose, a diarreia e a malária são as principais causas dos óbitos. Em geral, as crianças de até 5 anos e mulheres grávidas são as pessoas mais vulneráveis às infecções. A propagação desses males está ligada a diversos fatores de risco associados à pobreza, como a fome, as práticas sexuais de risco, a carência de ferro na alimentação, a falta de saneamento básico e de água tratada. As organizações internacionais trabalham com a meta de até 2020 baixar pela metade o número de mortes decorrentes de tuberculose e malária e diminuir em 25% o total de jovens infectados pelo HIV. A contenção dessas epidemias também faz parte das Metas do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). Além dessas, estão no grupo de doenças infecciosas as chamadas doenças negligenciadas, que raramente matam, mas deixam milhares de pessoas inválidas ou impedidas de realizar as atividades cotidianas. Entre elas estão a dengue, a leishmaniose, a esquistossomose e a hanseníase, enfermidades características de áreas com más condições de higiene e saúde. Como são restritas a países subdesenvolvidos, não existe incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de remédios e vacinas para tratá-las.


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