Subnutrição no Mundo

Subnutrição no Mundo

Subnutrição no Mundo
Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo passam fome (dados de 2011), ou seja, consomem uma quantidade de energia diária abaixo da recomendada para a manutenção do organismo e o desempenho das atividades cotidianas. Grande parte dessa população (mais de 95%), mora nos países em desenvolvimento. A pobreza é apontada pela FAO como a principal causa da fome. A degradação ambiental e os conflitos políticos, também contribuem para a falta de alimentação adequada, pois reduzem a produção agrícola e dificultam o transporte, o comércio e o consumo de alimentos. Tecnicamente chamada de deficiência energética crônica, a fome é apenas um dos fatores que levam à desnutrição, doença bastante comum em crianças e mulheres grávidas, associada ao consumo insuficiente de nutrientes. A carência de vitaminas e minerais, consequência de uma dieta desbalanceada e pouco diversificada também deixa milhares de pessoas desnutridas. Cerca de um terço da população mundial sofre da falta desses micronutrientes, conhecida como "fome oculta", que diminui a resistência do organismo, deixando-o suscetível a inúmeras doenças.

Cúpula da Alimentação – Em 1996, a Cúpula Mundial da Alimentação estabeleceu a meta de cortar pela metade o número de pessoas que passavam fome no mundo. Isso significava reduzir o contingente de subnutridos de 800 para 400 milhões até 2015. Transcorrida meia década, a constatação é de que não só as metas não estão sendo cumpridas, como em muitas regiões a falta de alimentação adequada vem crescendo nos últimos anos. Para os objetivos propostos serem alcançados, a redução na população subalimentada deverá ser dez vezes maior nas próximas décadas, ou seja, cerca de 24 milhões por ano. A FAO avalia que essa meta é viável. E apresenta um programa de luta contra a fome que conjuga investimento em agricultura e desenvolvimento rural com medidas que visam a reforçar o acesso direto e imediato à comida. O plano se concentra no aumento de produtividade dos pequenos agricultores. O investimento anual necessário para a execução do programa é de 24 bilhões de dólares.

Distribuição Desigual – A fome atinge de forma desigual as várias regiões do globo. Aproximadamente três quartos da população que passa fome no mundo vive em áreas rurais localizadas nos países em desenvolvimento. A Ásia concentra o maior contingente de pessoas subalimentadas, habitantes principalmente da China e da Índia. A África Subsaariana, por outro lado, é a região com a maior proporção de pessoas subnutridas. Cerca de um terço dos habitantes da região passa fome, a maioria vítima do colapso econômico gerado por décadas de guerra civil. A redução nos níveis de subnutrição também tem sido desigual. Enquanto a China foi responsável por reduzir em 74 milhões o número de pessoas que passavam fome no país desde 1990, a África Subsaariana, manteve praticamente os mesmos patamares de 10 anos atrás. Por outro lado, em regiões como o Oriente Médio, a América Central e o Leste da Ásia, a proporção de subnutridos na população aumentou desde o início da década de 90.

Segurança alimentar – Para atingir o grau mínimo de segurança alimentar, situação em que a população tem acesso garantido, de forma permanente, a alimentos energéticos e nutritivos, são necessárias três condições:

- a comida precisa estar disponível em quantidade adequada (seja por meio da produção local, seja como resultado de importações);
- os recursos das famílias devem ser suficientes para possibilitar o acesso à comida;
- os alimentos têm de satisfazer às necessidades de toda a comunidade.Essa meta ainda está longe de ser atingida, pois apenas 20% da população mundial consome 86% das mercadorias produzidas no mundo. Recentemente, a segurança alimentar também vem sendo fortemente prejudicada pelo avanço da Aids. A moléstia cria amplos grupos vulneráveis, ao retirar adultos do trabalho produtivo.

Dano à infância – Cerca de 6 milhões de crianças com menos de 5 anos morrem anualmente em consequência da fome crônica e da desnutrição. A FAO estima que entre 50% e 60% das mortes das crianças nos países em desenvolvimento sejam decorrentes direta ou indiretamente da falta de alimentação adequada, que causa o baixo peso e abaixa a resistência do sistema imunológico. A falta de energia e de proteínas, conhecida como desnutrição energético-proteica, é a forma mais letal de desnutrição entre as crianças. Estima-se que o risco de morrer por diarreia, uma das principais causas de mortalidade infantil é nove vezes maior em crianças com baixo peso, a principal manifestação da desnutrição. Quanto à probabilidade de morrer por malária ou infecções respiratórias agudas, esse riso é duas ou três vezes maior. A falta de determinados minerais e vitaminas essenciais, como a vitamina C, o ferro, o zinco, o iodo e o ácido fólico, conhecida como "fome oculta", também aumenta gravemente a mortalidade entre crianças e adultos. Estimativas da FAO mostram que mais de 2 milhões de crianças são atingidas por problemas visuais a cada ano, provocados pela carência de vitamina A. A falta dessa vitamina também reduz a imunidade do organismo e favorece a morte por doenças como diarreia e sarampo. Encontrada na carne, no leite materno, nos derivados de leite e em alguns vegetais e frutas, o incremento no consumo de vitamina A poderia reduzir em até 2,5 milhões por ano o número de mortes de crianças nos países em desenvolvimento. A carência de Iodo, encontrado no sal, também afeta gravemente a população infantil, causando retardo mental, dificuldade de aprendizado e lesões cerebrais. A falta de ferro, por sua vez, causa anemia, e é responsável por 20% da mortalidade materna na Ásia e na África.

Obesidade – Como trágica ironia, o mundo vê crescer, ao lado dos famintos, o grupo dos obesos. Pela primeira vez na história, esse contingente é semelhante ao de pessoas abaixo do peso considerado normal. Para estimar a proporção de gordura no corpo de um adulto, utiliza-se um número denominado índice de massa corpórea (IMC). De maneira simplificada, ele é obtido ao dividir o peso da pessoa, em quilos, pelo quadrado de sua altura, em metros. Considera-se sobrepeso um IMC acima de 25. Índices superiores a 30 já caracterizam a obesidade.

A OMS estima que haja no mundo mais de 1 bilhão de indivíduos com sobrepeso – dos quais 300 milhões são obesos. O problema alcança, segundo a organização, proporções epidêmicas. Nos Estados Unidos, a obesidade causa a morte de 220 mil pessoas por ano e na Europa Ocidental, de 320 mil. Fenômeno característico dos países desenvolvidos, a obesidade vem aumentando drasticamente nas regiões em desenvolvimento. Mesmo na África Subsaariana, a obesidade vem crescendo, especialmente entre as mulheres que vivem em cidades. A obesidade aumenta os riscos de distúrbios como diabete, hipertensão arterial, colesterol alto, doenças cardiovasculares, derrame e câncer. Paradoxalmente, ela oculta muitas vezes a desnutrição. No lugar do consumo de cereais, legumes e verduras, ricos em nutrientes, cresce o de comidas ricas em gordura e açúcar.

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