Concílio de Trento (1545 e 1563)

Concílio de Trento (1545 e 1563) 

O Concílio de Trento foi o 19º concílio ecumênico da Igreja Católica e se desenvolveu em três fases principais, entre 1545 e 1563. A reunião de legados papais, bispos, cardeais, teólogos e gerais de ordens, que pôs fim a um período de desorientação dos fiéis e graves irregularidades na gestão temporal da igreja, marcou também o início de uma etapa de clareza doutrinária, disciplina e centralização que culminaria mais tarde no Concílio Vaticano I.

Por suas decisões na esfera do dogma e da legislação eclesiástica, o Concílio de Trento transcendeu os objetivos que se propunha e condicionou a futura evolução do catolicismo em todo o mundo religioso.

Antecedentes - A Igreja Católica vivia um processo de decadência, agravada a partir do século XIV. A transferência da sede papal para Avignon e o cisma do Ocidente haviam solapado a autoridade pontifícia. Os papas do Renascimento, que pouco se ocuparam da doutrina, mantinham uma corte secularizada, em que predominavam as disputas políticas e o nepotismo. O quinto Concílio de Latrão (1512-1517) não foi capaz de instituir as mudanças necessárias e, no mesmo ano de seu encerramento, Lutero proclamou em Wittenberg as 95 teses que deram origem à Reforma protestante.

A urgência da mudança tornou-se evidente com as manifestações sucessivas na Inglaterra, Países Baixos (Holanda), Alemanha e Suíça, mas o papa Clemente VII temeu não só a repetição das turbulências ocorridas em concílios anteriores como as pressões políticas do imperador Carlos V. No entanto, seu sucessor, Paulo III, estava convencido de que a unidade cristã e uma eficaz reforma da igreja só se efetivariam com a realização do concílio. Depois de algumas tentativas frustradas, convocou um concílio em Trento, no norte da Itália, que começou em 13 de dezembro de 1545.

Andamento do concílio - Em contraste com as dificuldades políticas, a preparação teológica das sessões evoluiu de forma profunda e eficiente. Na primeira etapa do concílio, que se prolongou até 1547, foram fixadas as fontes da revelação -- as Sagradas Escrituras e a tradição -- e estabeleceu-se o cânon dos textos bíblicos; definiu-se também a doutrina sobre o pecado original e tratou-se o problema da justificação pela fé e as boas obras.

Na segunda etapa, entre 1551 e 1552, sob o pontificado de Júlio III, os delegados finalizaram os decretos sobre a eucaristia, que definiu a doutrina da transubstanciação; a confissão, que foi amplamente esclarecida; e a disciplina clerical. O concílio foi obrigado a dissolver-se mais uma vez por problemas políticos e militares. O papa seguinte, Paulo IV, não quis reiniciá-lo por julgá-lo condescendente e diplomático e deu início pessoalmente a uma drástica reforma da disciplina na igreja.

Pio IV, que assumiu o papado em 1559, instalou a terceira e última fase do concílio, em que foram adotados dispositivos doutrinários e dogmáticos, como os decretos sobre comunhão, missa, matrimônio, ordens sagradas e indulgências. Dissolvido o concílio em 1563, o papa confirmou seus decretos em 1564 e reuniu suas disposições no volume intitulado Profissão da fé tridentina. Pouco tempo depois, surgiu o catecismo de Trento, o missal e o breviário foram revistos e publicou-se uma nova versão da Bíblia. Até o final do século, muitos dos abusos que haviam motivado a Reforma protestante tinham desaparecido e a Igreja Católica recuperara muitos seguidores na Europa. O concílio, porém, não foi capaz de superar a cisão na igreja cristã.

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