Desobediência Civil

O apelo a uma moralidade superior que transcende a lei escrita está na base dos movimentos de resistência organizados contra o poder constituído. No mito grego de Antígona, que sepulta o cadáver do irmão contra as ordens do tirano Creonte, encontra-se um dos clássicos exemplos de resistência à lei do opressor.
As origens filosóficas da desobediência civil estão profundamente
enraizadas no pensamento ocidental, com Cícero, santo Tomás de Aquino,
John Locke, Thomas Jefferson e Henry David Thoreau. Para todos eles, a
conduta de protesto se justifica por estar de acordo com uma lei moral
mais elevada.
Quem formulou com mais clareza o conceito de desobediência civil no mundo moderno foi Mohandas Gandhi. Com base no pensamento oriental, expresso no texto sagrado do Bhagavad-Gita e no hinduísmo, em passagens da Bíblia e em escritores ocidentais como Leon Tolstoi, Gandhi desenvolveu a filosofia do satyagraha, ou resistência pacífica contra o opressor. Primeiro no Transvaal, África do Sul, em 1906, em reação à lei que discriminava os asiáticos; e depois na Índia, contra a opressão do colonialismo britânico, Gandhi levou multidões de seguidores a protestar pacificamente, durante muitos anos, até a implantação de direitos iguais para todos.
Inspirado no exemplo de Gandhi, o movimento pelos direitos civis dos negros americanos, liderado por Martin Luther King, Jr., inaugurou a desobediência civil nos Estados Unidos com passeatas pacíficas, como a marcha de Washington, em 1963. Também ali, no final da década de 1960, ganhou força o movimento pacifista contra a guerra do Vietnã, com a recusa de milhares de jovens a participar do conflito, apesar de declarados desertores.
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