Malária, Doença Infecciosa Causada Pelo Protozoário Plasmodium

Malária, Doença Infecciosa Causada Pelo Protozoário Plasmodium

Malária, Doença Infecciosa Causada Pelo Protozoário Plasmodium

A Malária é uma doença infecciosa causada pela presença no sangue de protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada de mosquitos infectados. Caracteriza-se, em geral, por febre intermitente, que se apresenta sob as formas conhecidas como terçã maligna, terçã benigna, quartã e oval. Tais formas, porém, às vezes são tão semelhantes quanto à sintomatologia que, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (1970), dificilmente se podem distinguir sem exames de laboratório.

Por sua estreita vinculação com os fatores ambientais, a malária, também chamada impaludismo e maleita, assume a forma endêmica nas áreas úmidas ou pantanosas infestadas pelos mosquitos que a transmitem. Constitui grave problema de saúde, quando os cuidados profiláticos são inexistentes ou insuficientes.

A forma mais grave, a terçã maligna, apresenta quadro clínico variável, inclusive febre não recorrente, calafrios, suor, dor de cabeça, icterícia, transtornos de coagulação, choque, insuficiência renal, encefalite aguda e coma. Nesse caso, o tratamento deve ser imediato, já que esses sintomas podem causar complicações irreparáveis. Em crianças não tratadas e adultos não imunes, os casos fatais podem chegar a dez por cento.

Nas demais formas, em geral, não há perigo para a vida do paciente, a não ser nos casos de doentes muito jovens ou portadores de doenças concorrentes. Os sintomas incluem mal-estar indefinido, seguido de calafrios e rápida elevação da temperatura, quase sempre com cefaleia e náuseas, que culminam com suor abundante. Após um intervalo sem febre, repete-se o ciclo. Pode ocorrer febre cotidiana, em geral nos casos de dupla infecção; febre em dias alternados (terçã) ou com intervalos de dois dias (quartã). Uma crise inicial sem tratamento pode durar de um mês a mais, e as recaídas, frequentes, podem repetir-se durante anos, a intervalos irregulares.

O diagnóstico deve ser confirmado por exame de laboratório, que demonstre a presença do parasito no sangue. Pode ser necessário repetir o exame. O que oferece maiores condições de segurança é o do método da gota espessa: o parasito nem sempre é visível nos casos de preparações com amostras retiradas de pacientes em tratamento ou que tenham passado por tratamento. Os anticorpos, evidenciados mediante a prova dos anticorpos fluorescentes, persistem muitos anos após a infecção.

Em numerosos países, a malária epidêmica praticamente desapareceu. Mesmo em muitas regiões tropicais, a incidência foi reduzida devido a programas de combate ao mosquito ou de controle das condições ambientais propícias a sua reprodução. Em lugares em que essas medidas foram suspensas, as taxas de incidência atingiram proporções de epidemia. A malária ainda constitui importante problema de saúde pública em muitas regiões tropicais ou subtropicais da África, Ásia, América Central e do Sul e Pacífico sul. No Brasil, uma área equivalente a cerca de 85% do território nacional ainda se mostra sujeita ao aparecimento da malária.

O P. falciparum é o agente transmissor da terçã maligna; o P. vivax transmite a forma benigna; o P. malariae é o agente da modalidade quartã e o P. ovale é o transmissor da forma oval -- a menos comum, inexistente no Brasil. Nas zonas endêmicas, ocorrem infecções mistas. O homem é o hospedeiro mais importante desses protozoários. Os macacos superiores (pongídeos, como o chimpanzé) são infectados com o P. malariae. Nos macacos em geral, ocorrem formas de infecção pelo P. knowlesi e P. cynomolgi.

A malária é transmitida pela fêmea do Anopheles darlingi, mosquito encontrado no planalto central brasileiro e na bacia amazônica. O mosquito ingere sangue humano que contém plasmódios sob a forma de gametócitos e atua como hospedeiro definitivo. Os parasitos transformam-se em esporozoítos num prazo de 8 a 35 dias, de acordo com a espécie do parasito e a temperatura a que o inseto se acha exposto. Concentrados nas glândulas salivares, são injetados toda vez que o mosquito se alimenta de sangue.

Os gametócitos aparecem no sangue do hospedeiro suscetível três a 14 dias depois do começo dos sintomas, de acordo com a espécie de parasito. A malária também pode ser transmitida por injeções ou transfusão de sangue de pessoa infectada ou, ainda, por seringas hipodérmicas contaminadas. Também é possível, em muitos casos, a transmissão congênita.

A suscetibilidade à malária é universal e pode diminuir como decorrência de infecção prévia. Nas coletividades altamente endêmicas, onde a exposição ao mosquito persiste por muitos anos, pode-se desenvolver tolerância à infecção. Os africanos negros apresentam resistência racial ao P. vivax.

Os sintomas ocorrem mais frequentemente em grupos etários mais baixos, pois os adultos das zonas endêmicas tornam-se mais resistentes à infecção. Nas epidemias, os grupos suscetíveis se tornam mais amplos, ao se acrescentarem novos contingentes de infectados. A primeira medida preventiva contra a doença é o controle dos pacientes, dos contatos e do meio ambiente imediato. A aplicação de inseticidas de ação residual (hidrocarburetos clorados, como o DDT, o hexacloreto de benzeno ou o dieldrin), em fórmulas e doses adequadas nas paredes internas das casas e superfícies em que os mosquitos pousam habitualmente, é considerada eficaz como medida de controle.

Em caso de resistência, podem ainda ser usados os inseticidas organofosfatados ou compostos de carbamatos, que têm a inconveniência de, em certas fórmulas, serem mais tóxicos para o homem. A pulverização com esses produtos deve incluir toda a área de incidência e ser repetida até baixarem os índices endêmicos. A vigilância pode eliminar os parasitos residuais no homem.

Nos casos de epidemia, é necessário investigar em primeiro lugar sua natureza e extensão. A pulverização de inseticidas, o tratamento imediato dos casos agudos e o emprego de medicamentos supressivos, como a cloroquina e o quinino, são indicados. Em casos extremos, emprega-se a quimioterapia profilática em massa.

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