Natureza-Morta

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Natureza-morta é a pintura em que se representam coisas ou seres inanimados (objetos de qualquer espécie, flores, frutos, animais), não necessariamente mortos, mas imóveis. Abandonada quase totalmente na Idade Média, a natureza-morta ressurgiu no Renascimento, com uma temática que se empregaria de forma mais generalizada na época do barroco e chamada vanité (vaidade): as cenas representadas, como flores murchas numa jarra quebrada, lembravam a passagem do tempo, a transitoriedade e a morte.

A expressão "natureza-morta" foi criada pelo crítico de arte holandês Arnold Houbraken, no início do século XVIII, para designar um gênero de pintura que existia desde a antiguidade, como se vê em mosaicos gregos e romanos, em Pompéia e na arte paleocristã.

O realismo dos mestres flamengos conferiria à natureza-morta nova dignidade e estatura. Willem Kalf estudava detidamente a maneira como a luz se refletia num pedaço de vidro, e, para o crítico E. H. Gambrich, os belíssimos interiores de Jan Vermeer poderiam ser qualificados de naturezas-mortas com figuras, tal a existência autônoma e presença viva dos objetos que cercam essas figuras. São também da escola flamenga os decorativos "quadros de caça e pesca" marcados pela influência de Rubens e do espírito barroco, as naturezas mortas de Frans Snyders, os copos e vasos de Willem Heda, as composições de Justus e Jan van Huysum, de Rachel Ruysch e de Willem Kalf ("A sopeira de porcelana").

O grande cultor do gênero no século XVIII foi Jean-Baptiste Chardin, que emprestava extraordinária expressividade aos objetos mais banais. A partir do século XIX, a natureza-morta renovou-se incessantemente, à medida que se sucediam os diferentes estilos artísticos. O movimento impressionista, que derrubou as convenções de uma arte que se tornara acadêmica e rígida, reavivou a natureza-morta. As flores de Auguste Renoir, transbordando de um jarro, eram manchas de tinta, e suas pinceladas rápidas interpretavam a transitoriedade da aparência das coisas sob as mudanças da luz. Já expressionista, Van Gogh insuflou nos "Girassóis num vaso" sua exaltação interior.

Cézanne, outro gigante da arte moderna, rompeu em suas naturezas-mortas com todos os modos tradicionais de ver, simplificou as formas e explorou a relação entre os volumes e as cores. Matisse, ligado ao fauvismo, em que se deu o triunfo total da cor, procurou em suas naturezas-mortas a melhor combinação cromática para a vibração da luz.

No movimento cubista, representado sobretudo por Picasso e Braque, a ideia básica era mostrar as coisas como se vistas de vários ângulos ao mesmo tempo. A cor viu-se reduzida a tons de ocre, cinza e mostarda, a fim de que o olhar se concentrasse na estrutura dos planos superpostos pela fragmentação das formas. A natureza-morta, com sua infinita variedade de formas (uma garrafa, um jornal, um peixe, cartas de baralho, uma guitarra), prestava-se incomparavelmente às especulações cubistas.

Paralelamente, De Chirico buscou em suas naturezas-mortas uma deliberada incongruência nos objetos colocados lado a lado, como a cabeça de manequim junto à garrafa de vinho e à fatia de pão. A composição intencionalmente rígida e a perspectiva renascentista criam um mundo próximo ao fantástico e ao sonho. É a pintura "metafísica", posterior ao cubismo, que parte, segundo o pintor, da "realidade absoluta ou da surrealidade". Giorgio Morandi é outro nome ligado ao movimento metafísico e cujas naturezas-mortas parecem banhadas por uma luz irreal.

Com o dadaísmo, a natureza morta tornou-se irreverente. O alemão Kurt Schwitters usou materiais insólitos em suas montagens e Marcel Duchamp, com os ready-made, estetizou objetos da vida cotidiana. Na pop art, que embora tenha nascido na Inglaterra, expandiu-se e firmou-se nos Estados Unidos, artistas como Andy Warhol, com latas de sopa, e Robert Indiana, com sinais de tráfego, criaram uma nova iconografia baseada na comunicação de massas da civilização industrial.

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