História da Biologia (Cronologia)

História da Biologia (Cronologia)

História da Biologia (Cronologia)
350 a.C. – A primeira classificação dos animais é feita pelo grego Aristóteles, que cataloga 500 espécies. Ele considera que os animais podem ser caracterizados segundo sua maneira de viver, seus costumes e suas partes anatômicas. Na descrição do golfinho, já o considera um bicho de terra, explicando que ele, ao contrário dos peixes, amamenta sua cria. O golfinho, assim como as baleias, realmente se desenvolveu em terra firme, migrando depois para o mar.

180 – O médico grego Galeno (129-199), que trabalhava com gladiadores em Roma, escreve um tratado sobre o sistema muscular. O livro revela músculos que nunca haviam sido descritos antes e mostra a importância da medula espinhal para os movimentos do corpo. Também tentou explicar o funcionamento do coração.

1242 – A ideia de que os ventrículos ficam isolados um do outro é apresentada pelo árabe Ibn Al-Nafis (1260?-1288). Ele explica que o sangue, nessas duas câmaras internas do coração, passa por artérias do ventrículo direito para o esquerdo e daí é bombeado para o resto do corpo. Dessa forma, corrige um erro do grego Galeno, que não separa as câmaras internas uma da outra.

1316 – É publicado o primeiro livro conhecido sobre anatomia humana. Com isso, o estudo desse assunto avança consideravelmente. O autor é o italiano Mondino de Luzzi (1275?-1326), professor da escola de medicina de Bolonha. De Luzzi compilou todo o conhecimento de anatomia acumulado até esse período da Idade Média.

A maior epidemia medieval – Os europeus, na Idade Média, não fazem idéia de que seres microscópicos causam doença. E, devido a esse desconhecimento, eles enfrentam, em 1343, a mais devastadora de todas as epidemias registradas pela história: a peste bubônica. Sem saber a razão da doença, os médicos nada podem fazer para evitar sua propagação pelo continente. Estima-se que a peste, chamada de morte negra, tenha dizimado um terço da população mundial. Ela é provocada, como se sabe hoje, por um vírus.

1543 – O estudioso belga André Vesálio (1514-1564) revoluciona o conhecimento da anatomia com o livro Sobre a Estrutura do Corpo Humano. Vesálio revê o trabalho dos sábios da Antiguidade, dando a descrição correta de diversas partes e órgãos do corpo. O impacto de seu livro é ainda maior por ser muito bem ilustrado.

1555 – Começa a ficar claro que existem semelhanças impressionantes nos esqueletos dos animais, mesmo entre os que, externamente, parecem muito diferentes uns dos outros. Essas similaridades no desenho e na disposição dos ossos são chamadas homologias. Atualmente está claro que elas existem em decorrência da evolução. As espécies mudam, mas conservam as linhas básicas de seus antecessores. Isso acontece desde os peixes mais antigos até os cachorros, macacos e elefantes. O primeiro a dar uma descrição sistemática das homologias é o francês Pierre Belon (1517-1564).

1628 – A primeira descrição completa da circulação sanguínea, inclusive com todas as válvulas, veias, artérias e câmaras internas do coração, é dada pelo médico inglês William Harvey (1578-1657). No livro Sobre os Movimentos do Coração e do Sangue, diz que o sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito do coração, vai ser oxigenado no pulmão, volta para o coração entrando pelo átrio esquerdo, passando para o ventrículo esquerdo e, em seguida, circula pelo corpo. Na volta, entra pelo átrio direito, onde o processo recomeça. Por seu trabalho, Harvey é visto como o criador da fisiologia moderna.

1642 – Os europeus aprendem com os incas que o quinino combate a malária. Os povos norte-americanos já conheciam o medicamento antes de a América ser descoberta. Eles o extraíam da casca de uma árvore chamada cinchona.

1653 – O primeiro a perceber que o corpo humano tem outro sistema de circulação de líquidos, além do sangue, é o naturalista sueco Olof Rudbeck (1630-1702). Ele é o descobridor dos vasos linfáticos. Semelhantes aos vasos sanguíneos, esses canais são um importante meio de transporte para as células defensoras do corpo.

1658 – O naturalista holandês Jan Swammerdan (1637-1680) torna-se o fundador da entomologia, que é o estudo dos insetos. Ele observa e classifica milhares de invertebrados ao microscópio. Também é o primeiro a ver os glóbulos vermelhos do sangue. Mas ainda não sabe que essas partículas são responsáveis pelo transporte do oxigênio dos pulmões até as células do corpo.

1661 – O médico holandês Franciscus Sylvius (1614-1672) estuda a digestão e começa a derrubar a teoria de que ela é feita só pela trituração da comida. Para Sylvius, ocorre algum tipo de fermentação no sistema digestivo. Ou seja, um processo químico, e não somente mecânico. Essa é a visão aceita atualmente, embora a química da digestão não seja uma simples fermentação.

1665 – O físico inglês Robert Hooke (1635-1701) publica os primeiros desenhos de células observadas ao microscópio. Hooke não desconfia ainda de que as células são unidades de vida. Ele vê apenas células mortas de madeira (cortiça), no entanto fica impressionado com a complexidade daquelas estruturas mil vezes menores que 1 mm.

1676 – O holandês Anton van Leeuwenhoek (1632-1723) examina, no microscópio, seres ínfimos nadando em gotas de água apanhada num lago. É a primeira observação do que hoje chamamos de protozoários. Sete anos depois, ele vê micróbios ainda menores e mais misteriosos - são as bactérias, 100 vezes menores que os protozoários ou as células dos animais e das plantas.

1735 – O botânico sueco Carl Von Linnée, ou Lineu (1707-1778), publica sua obra Sistemas da Natureza, com a classificação dos vegetais. Mais tarde, Lineu cataloga também os animais.

1742 – Para decidir se a digestão envolve reações químicas ou é feita apenas com a trituração mecânica da comida, o físico francês René Antoine Ferchault de Réaumur (1683-1757) coloca carne dentro de pequenos cilindros de ferro, mas com orifícios para a entrada de líquido. Faz o teste com falcões, que engolem as peças e depois de algum tempo as regurgitam. Mesmo protegida pela armadura de metal, a carne estava meio digerida, mostrando que a química é importante para a atividade do estômago.

1745 – O ferro torna-se uma das primeiras substâncias identificadas num organismo vivo. O metal é encontrado meio por acaso pelo físico italiano Vincenzo Menghini (1704-1759), que tenta saber se pó de ferro poderia incorporar-se ao organismo caso fosse engolido. Assim, ele mistura um pouco do pó à comida de cães e depois queima amostras do sangue deles para ver se o metal aparece nas cinzas ou desaparece - sinal de que foi absorvido pelo organismo. Só que, ao mesmo tempo, Menghini examina o sangue de outros animais, aos quais não dá o metal. Então nota, surpreso, que havia traços de ferro no sangue dos dois grupos de animais. Conclui, muito corretamente, que esse elemento é um dos componentes do corpo.

1766 – Nascimento da neurologia. Seu fundador é o fisiologista suíço Albrecht von Haller (1708-1777), que observa com cuidado os músculos e os nervos. Percebe que, ao estimular um nervo, ele se contrai e transmite a contração a um músculo ligado a ele. Haller especula, com razão, que uma das funções dos nervos é controlar os músculos; outra, canalizar as sensações, como frio, dor etc. Ele também acerta ao registrar que todos os nervos convergem para o cérebro, deduzindo que esse órgão comanda o organismo inteiro.

1773 – Começa o estudo dos micróbios, ou seja, os seres microscópicos identificados um século antes por Leeuwenhoek . O pioneiro é o biólogo dinamarquês Otto Friedrich Muller (1730-1784), que percebe diferenças entre os micróbios. Uns, mais compridos que largos, recebem o nome, ainda hoje usado, de bacilos ("pauzinho", em latim). Outros são espiralados e ganham o apelido de espírito.

1797 – O médico inglês Edward Jenner desenvolve pela primeira vez uma vacina contra a varíola, ao misturar o líquido que escorria das feridas de vacas com uma versão mais branda da doença, a varicela.

1801 – O naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) é o pioneiro no estudo dos invertebrados, na época classificados genericamente de vermes. O francês divide os invertebrados em grupos, como crustáceos e equinodermos, entre outros, e distingue claramente escorpiões e aranhas (que têm oito patas) de insetos (seis patas). Em 1809, Lamarck levanta uma hipótese sobre a evolução das espécies. Ele sugere que as partes e os órgãos de um animal ou planta podem ficar superdesenvolvidos, pelo excesso de uso, ou definhar, por causa do pouco uso. Esse seria o mecanismo da evolução. A proposta de Lamarck não é aceita atualmente, embora ele ainda tenha seguidores.

1812 – Nasce a paleontologia, que é o estudo de animais e plantas extintos. Seu criador é o naturalista francês George Cuvier (1769-1832), o maior especialista dessa época em anatomia. Desde 1798, Cuvier ensina que é possível comparar o corpo dos diversos animais e encontrar semelhanças maiores ou menores entre eles, o que é um indicativo de parentesco entre as espécies. Depois de encontrar o primeiro esqueleto de um pterodáctilo, um réptil voador desaparecido há milhões de anos, Cuvier lança o livro que funda a paleontologia, Pesquisas sobre os Remanescentes Fósseis.

1823 – O químico inglês William Prout (1785-1850) constata admirado que uma das secreções estomacais era o ácido clorídrico, uma substância muito corrosiva. Fica a dúvida: como o ácido não destrói as paredes do estômago? É uma questão que ainda não está inteiramente esclarecida.

1828 – O russo Karl Ernst von Bauer (1792-1876) percebe que os embriões de todos os animais vertebrados são bastante semelhantes nas primeiras semanas de vida. Bauer anota, em especial, que mesmo os seres mais primitivos possuem uma estrutura firme nas costas. É o chamado notocórdio, que, nos bichos mais evoluídos, se transforma na coluna espinhal.

1831 – Ao estudar partes das plantas ao microscópio, o botânico inglês Robert Brown (1773-1858) descobre o núcleo das células. Ele vê um carocinho dentro das células e conclui que seja algo essencial à vida. Mas, nessa época, ainda não se sabe exatamente o que são as células, ou para que servem.

1838 – Os primeiros a afirmar que as células são as unidades básicas do organismo foram os alemães Mathias Jacob Schleiden (1804-1881), botânico, e Ambrose Hubert Schwann (1810-1882), fisiologista. Eles concluem que as células são como "tijolos vivos" - com elas se constroem todas as partes e órgãos de animais e plantas.

1856 – Trabalhadores alemães encontram em uma caverna a primeira ossada de um homem de Neandertal. É considerado o primeiro possível ancestral da humanidade a ser descoberto, tornando-se tão popular que hoje é chamado simplesmente de Neandertal. Essa espécie viveu entre 100 mil e 35 mil anos atrás, quando se extinguiu por causa da seleção natural. Nenhum animal do gênero é mais parecido com o Homo sapiens, mas ainda não se sabe se foi nosso antepassado ou um parente distante.

1858 – Surge a Teoria da Evolução, elaborada ao mesmo tempo por dois biólogos ingleses, Charles Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913). Segundo eles, o organismo das plantas e dos animais passa continuamente por mudanças. A maior parte delas é prejudicial, mas algumas trazem vantagens para os indivíduos que se transformam. Estes passam a ter mais descendentes e aos poucos acabam constituindo uma nova espécie. Dessa forma, a natureza seleciona as mutações benéficas e, por meio desse mecanismo, a seleção natural, a evolução avança.

1862 – No maior salto de toda a história da medicina, o químico francês Louis Pasteur (1822-1895) defende a teoria de que os micróbios são causadores de doenças. Pasteur fica impressionado com experiências que mostram que o ar das cidades contém muito mais micróbios que o ar puro das montanhas. Seguindo essa ideia, ele identifica os germes que estão por trás de diversos males.

Veneno vivo – A raiva, doença transmitida por animais, é a ponte que leva à descoberta dos vírus. Pasteur, em 1885, fica frustrado por não achar o micróbio que provoca a raiva. Imagina que o suposto agente do mal é pequeno demais para ser visto, mas não chega a afirmar isso. Quem tem a coragem de fazê-lo, em 1898, é o botânico holandês Martinus Willem Beijerink (1851-1931). Ele batiza o novo tipo de micróbio de vírus (veneno, em latim) e, apesar de não enxergá-lo, consegue filtrá-lo. Nos anos seguintes, vê-se que os vírus são responsáveis por muitas doenças, a começar pela gripe e a catapora. Únicos seres que não possuem células, os vírus são proteínas envolvendo material genético. Por isso precisam de uma célula alheia para se reproduzir.

1865 – O monge austríaco Johann Gregor Mendel (1822-1884) lança os alicerces da genética ao descobrir como as características dos pais são transmitidas aos filhos. Segundo ele, os traços paternos e maternos ficam gravados como se fossem instruções dentro do organismo. Com isso, no momento da concepção, as instruções são passadas à prole. Hoje dizemos que as características estão codificadas nos genes que são transmitidos de geração em geração.

1872 – O primeiro tratado de bacteriologia é publicado pelo botânico alemão Ferdinand Julius Cohn (1828-1898). Animado pelas ideias de Pasteur, ele organiza os micróbios conhecidos em gêneros e espécies, à maneira das classificações existentes de animais e plantas, separando os causadores de doenças. Cohn é o primeiro a identificar um esporo, o equivalente de um ovo para os microrganismos.

1889 – O espanhol Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) cria a Teoria dos Neurônios, desenvolvendo a ideia de que o sistema nervoso é constituído de células chamadas neurônios. Os neurônios têm longas pernas (chamadas hoje de axônios), com as quais fazem contato uns com os outros. Os axônios não chegam a se tocar, apenas se aproximam bastante nos pontos de contato, atualmente batizados de sinapses. Essa ideia, exposta em 1888 pelo anatomista alemão Heinrich Wilhelm Gottfried von Waldeyer-Hartz, é explorada com muito mais detalhes por Cajal.

1890 – A galeria dos antepassados humanos ganha um novo fóssil: o do Homo erectus, que viveu há cerca de 2 milhões de anos. Seu descobridor é o paleontólogo holandês Marie Eugène François Thomas Dubois (1858-1941). O pedaço de esqueleto é encontrado na ilha de Java, na Indonésia, e batizado de Pithecanthropus erectus. Mais tarde, todos os exemplares dessa espécie seriam rebatizados de Homo erectus .

1907 – O geneticista norte-americano Thomas Hunt Morgan (1866-1945) estuda como as características da mosca-das-frutas são transmitidas às crias. Percebe, então, que essas características passam de pai para filho gravadas em pedaços de cromossomos. Mais tarde, esses fragmentos seriam chamados de gene.

1909 – A palavra gene é criada pelo botânico dinamarquês Wilhelm Ludvig Johannsen (1857-1927). Ele quis usar uma expressão curta para designar os pedaços de cromossomos identificados pelo norte-americano Thomas Morgan.

1909 – O brasileiro Carlos Chagas (1879-1934) descreve a doença transmitida pelo inseto chamado barbeiro. Ele descobre o micróbio Trypanosoma cruzi, o agente causador da Doença de Chagas, e como ele invade o organismo da vítima.

1912 – O bioquímico polonês Casimir Funk (1884-1967) chama de vitaminas certas substâncias identificadas pela primeira vez em 1906 pelo inglês Frederick Gouland Hopkins (1861-1947). Percebe-se, desde então, que as vitaminas são importantes porque, na falta delas, aparecem diversas doenças, entre as quais o beribéri, o escorbuto, a pelagra e o raquitismo.

1913 – Aprofundando o estudo das vitaminas, elas se revelam essenciais à saúde. O bioquímico americano Elmer Cerner McCollum (1879-1967) descobre as vitaminas A e B.

1921 – A insulina é purificada pelo médico canadense Frederick Grant Banting (1891-1941) e seu assistente Charles Herbert Best (1899-1978). Eles extraem a substância diretamente do pâncreas de um cachorro.

1924 – Descobre-se na África do Sul o crânio de um jovem animal extinto, muito semelhante ao de uma cria de chimpanzé. Uma análise do sul-africano Raymond Arthur Dart (1893-1988), de origem australiana, revela que os ossos pertenceram a um ancestral humano extremamente remoto. Hoje se sabe que era da espécie dos Australopitecos, que viveram há cerca de 4 milhões de anos.

1928 – Por puro acaso, o bacteriologista escocês Alexander Fleming (1881-1955) descobre a penicilina, o primeiro antibiótico. Por esquecimento, ele deixa sem proteção um caldo de micróbios que estava criando no laboratório. No dia seguinte vê que um pouco de mofo tinha crescido em alguns pontos do caldo e que, nesses locais, os micróbios estavam mortos. Purificando o mofo, observa que é capaz de liquidar diversos tipos de micróbio. Está feita a descoberta.

1937 – Surge a ideia de que a evolução das espécies acontece porque os genes sofrem mutações constantemente. Muitas dessas alterações genéticas levam seus portadores à morte. Mas, vez por outra, provocam mudanças benéficas, que ajudam os seres a se adaptar melhor ao ambiente em que vivem. Assim, as mutações se transformam num tipo de motor da evolução. Essa sugestão aparece pela primeira vez no livro Genética e Evolução das Espécies, do russo naturalizado norte-americano Theodosius Dobzhansky (1900-1975).

1944 – Descobre-se que a molécula de ácido desoxirribonucleico, mais conhecido pela sigla DNA, é a matéria-prima da qual são feitos os genes. É nessa molécula que fica escrito o código genético. Desde o início do século, sabe-se que existe DNA no núcleo de todas as células, mas restam dúvidas sobre sua verdadeira função. Quem desvenda o enigma é o bacteriologista norte-americano, de origem canadense, Oswald Theodore Avery (1877-1955). Sua descoberta é considerada uma das maiores deste século na biologia.

1949 – O bioquímico norte-americano William Cunnings Rose (1887-1985) purifica o último dos aminoácidos essenciais ao funcionamento do corpo. Apesar de existir aos milhares, são considerados fundamentais apenas os aminoácidos necessários para construir todas as proteínas dos organismos animais. O último purificado é o aminoácido treonina.

A origem da vida – Numa das mais interessantes experiências deste século, o químico norte-americano Stanley Lloyd Miller (1930-) tenta, em 1952, recriar a química da vida no laboratório. Miller procura reproduzir as condições que teriam existido na Terra antes do aparecimento dos seres. Assim, mistura apenas água, hidrogênio, amônia e metano e os submete a descargas elétricas. Esses ingredientes reagem e chegam a gerar aminoácidos, dos quais são feitas as proteínas no corpo humano. Ou seja, Miller não consegue transformar seu "caldo" em células vivas (como gostaria que acontecesse), mas mostra, pelo menos, que as substâncias essenciais à vida podem surgir de maneira espontânea, pelas moléculas inertes.

1952 – A estrutura química da insulina, um dos mais importantes hormônios do organismo, é identificada. Num trabalho de detetive, o bioquímico inglês Frederik Sanger (1918-) demonstrou que para montar uma molécula de insulina é preciso interligar quimicamente cerca de 50 moléculas menores, chamadas aminoácidos. Cada aminoácido, por sua vez, contém algumas dezenas de átomos, especialmente de carbono, hidrogênio e oxigênio.

1953 – James Watson (1928-) e Francis Crick (1916-2004) descobrem a estrutura de dupla hélice da molécula do DNA, que contém todas as informações genéticas necessárias às células. A descoberta da estrutura da dupla hélice foi fundamental para a identificação dos 30 mil genes que compõem o código genético humano.

1959 – Remanescentes do Homo habilis são achados na Tanzânia pelo casal de antropólogos ingleses Louis Seymour Bazett Leakey (1903-1972) e Mary Leakey (1913-). A ossada, de quase 2 milhões de anos, era do primeiro ancestral da humanidade a usar ferramentas.

1961 – A primeira pílula anticoncepcional começa a ser comercializada nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, ela chega em 1963. A pílula foi o resultado do trabalho de Carl Djerassi, sobre síntese de hormônios femininos, e Gregory Pincus, que estudava o controle de natalidade. Os dois pesquisadores criaram a primeira pílula com hormônios sintéticos.

1967 – O biólogo inglês John B. Gurdon (1933-) cria o primeiro clone de um vertebrado adulto, mais especificamente de uma rã. O filhote de rã se desenvolve com base em uma célula comum, extraída do intestino de sua mãe.

1967 - Christiaan Barnard faz o primeiro transplante de coração, na Cidade do Cabo, na África do Sul.

1970 – Os microbiologistas norte-americanos Hamilton O. Smith (1931-) e Daniel Nathans (1928-1999) encontram substâncias da classe das enzimas que têm uma propriedade utilíssima. Elas são "tesouras" naturais da molécula de DNA, da qual são feitos os genes. Com isso, é possível realizar alterações no DNA extraindo um gene ou abrindo um espaço nessa molécula para inserir, no local que fica vago, um gene artificial. A descoberta abre caminho para a engenharia genética.

1973 – Primeira demonstração de que é possível alterar os mecanismos químicos dos genes, fazendo-os funcionar conforme o interesse do pesquisador. É o que se chama de engenharia genética. A primeira experiência bem-sucedida nesse campo é feita pelos bioquímicos norte-americanos Stanley H. Cohen (1922-) e Herbert B.W. Boyer (1918-).

1975 – Descoberta das substâncias que aliviam a dor do organismo. São as endorfinas, com ação semelhante à da morfina e à da heroína. Só que essas últimas são extraídas de vegetais e a endorfina é produzida pelo próprio corpo humano. Verifica-se, em seguida, que ela faz parte de um importante sistema interno pelo qual o organismo controla a sensação de dor.

1976 – Depois de sintetizar o primeiro gene artificial, em 1970, o químico Har Gobind Khorana (1922-), de origem indiana mas trabalhando nos Estados Unidos, consegue introduzir um gene sintético dentro de uma célula viva. A peça fabricada em laboratório funciona perfeitamente, provando que as teorias vigentes sobre os mecanismos dos genes estão corretas.

1977 – Um esqueleto quase completo do mais antigo ancestral humano, de uma espécie extinta denominada Australopithecus afarensis, é desenterrado na Etiópia por uma equipe liderada pelo norte-americano Donald Johanson (1943-). O exemplar, de 3,4 milhões de anos, é batizado de Lucy porque na rádio, na hora da descoberta, tocava a música Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles.

1978 – Robert Edwards e Patrick Steptoe realizam o primeiro processo de fecundação artificial com Leslie Brown e assistem ao nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê de proveta. O segundo nasce na Índia meses depois, e a operação é feita por Saroj Kanti Battachara, em Calcutá.

1980 – Descoberta a Aids, sigla em inglês para Síndrome de Deficiência Imunológica, por pesquisadores do Centro de Controle de Doenças, nos Estados Unidos. A palavra síndrome indica que não se trata de uma doença, mas de um conjunto de males - nesse caso, os mais importantes são formas raras de câncer e de tuberculose, entre outros, sempre precedidos de uma falha generalizada das defesas do corpo, ou seja, do sistema imunológico.

1982 – A empresa Genentech, dos Estados Unidos, lança no mercado o primeiro medicamento feito por manipulação genética: uma forma de insulina humana produzida por bactérias.

1983 – Os pesquisadores australianos Barry Marshall e Robin Warren descobrem que a bactéria Helicobacter pylori é a grande responsável pela formação de úlceras no estômago e no duodeno, que faz a ligação com o intestino delgado.

1984 - O cientista inglês Alec Jeffreys desenvolve a técnica que permite identificar pessoas por meio de fragmentos de DNA. O método é utilizado posteriormente em investigações policiais, exames de paternidade etc.

1986 – Obtida a primeira vacina humana pela técnica de engenharia genética (Recombivax HB, da Chiron) para prevenir contra a hepatite B. A vacina fornece para o organismo hospedeiro a informação genética necessária para que produza o antígeno para a geração de uma resposta imune sem efeitos colaterais.

1987 – O Prozac, que se tornaria o remédio antidepressivo mais vendido no mundo, chega às farmácias. A droga é a primeira de uma linha de fármacos aperfeiçoados nos anos seguintes que não provoca grande quantidade de efeitos colaterais nem dependência. O medicamento evidencia o fato de que a depressão é uma doença que pode ser tratada.

1993 – Surgem na Inglaterra indícios de que a população estaria sendo contaminada pela carne que consome. O rebanho inglês sofre de uma enfermidade cerebral pouco conhecida, batizada de encefalopatia espongiforme, que afeta o cérebro tanto do gado como dos humanos. A doença passa a ser conhecida como mal da vaca louca.

1994 - Chega ao mercado americano o primeiro alimento transgênico: o tomate Flavr Savr, modificado geneticamente para resistir ao congelamento e ao transporte. Além disso, o método faz com que o fruto permaneça mais tempo na própria planta e firme durante a colheita, demorando mais tempo para amadurecer.

1995 – O argentino Rodolfo Coria encontra na Patagônia o esqueleto de um dinossauro que supera o Tyrannosaurus rex como predador. Apelidado de giganotossauro, o bicho viveu há cerca de 100 milhões de anos e é típico do hemisfério sul, enquanto o tiranossauro percorreu o norte. Coria levanta a possibilidade de a evolução dos grandes répteis ter ocorrido de forma paralela, nos dois hemisférios. Lá e cá, porém, ela levou ao aparecimento de matadores gigantes, com cerca de 4 m de altura.

1995 – Um achado surpreendente mostra que o rosto ainda tinha um músculo não identificado pelos anatomistas. Revelado pelos ortodontistas norte-americanos Garry D. Hack e Gwendolyn F. Dunn, a nova peça da anatomia humana tem apenas 2 cm de comprimento e se situa nas maçãs do rosto, entre duas partes de um músculo já conhecido, o pterigoideo. É chamado de sphenomandibularis.

1995 – O médico norte-americano David Ho (1956-) cria um coquetel de drogas ainda pouco conhecidas, chamadas inibidoras de protease, com as quais consegue eliminar, em alguns pacientes, até 99% dos HIVs, que são os vírus da Aids.

1997 – Nasce o primeiro clone de um mamífero adulto. A experiência é feita com uma célula da teta de uma ovelha; dessa célula nasce um clone, batizado de Dolly. O autor do feito, o embriologista escocês Ian Wilmut (1944-), dá um salto gigantesco em relação à clonagem anterior, feita com uma rã. As células das rãs são mais simples e fáceis de manipular. Dolly é sacrificada em fevereiro de 2003, com seis anos de idade, após o diagnóstico de uma doença pulmonar progressiva.

1998 – Uma demonstração derruba o conceito de que as células cerebrais, ou neurônios, não se reproduzem nos organismos adultos. De fato, elas continuam se multiplicando até momentos antes da morte, comprovam um norte-americano, Fred Gage, da Universidade da Califórnia, e um sueco, Peter Eriksson, do Instituto Universitário de Gotemburgo. Em anos anteriores, observa-se a divisão de neurônios em pássaros e outros animais. Gage e Eriksson estendem o resultado a humanos. A descoberta tem implicações imensas para a medicina, pois abre caminho para terapias de diversas doenças do cérebro, como o mal de Alzheimer e outras.

1998 – Os norte-americanos James Thomson, da Universidade do Wisconsin, e John Gearhardt, da Universidade Johns Hopkins, isolam as primeiras células-tronco de um embrião humano em estágio inicial de desenvolvimento. Essas células, que foram encontradas pela primeira vez em 1981 pelos pesquisadores G. Martin, M. Evans e M. Kaufman, em embriões de rato, têm o potencial de se transformar em qualquer órgão ou tecido do organismo.

1998 – A empresa Pfizer lança no mercado o Viagra, o primeiro remédio aprovado contra a impotência masculina. A pílula azul, como ficou conhecida, provoca uma revolução nos costumes.

1999 – O oncologista norte-americano Robert Weinberg cria um câncer artificial, ao induzir células humanas sadias a se tornar malignas. A experiência, realizada antes com células de rato pela equipe de Weinberg, é um passo fundamental na tentativa de entender como funciona a doença. Weinberg mostra que a degeneração celular pode ser provocada sob a ação de apenas três substâncias, ainda sem nome específico. Uma delas bloqueia defesas naturais das células, que, normalmente, as impede de proliferar sem controle, uma característica central do câncer . Outra substância induz a proliferação. Por último, usou-se uma droga que acelera a multiplicação celular. Os cientistas agora esperam entender o que poderia pôr em ação esse trio de substância no corpo de uma pessoa saudável. Também investigam se esse trio é único ou se há outro conjunto de moléculas capaz de provocar o mesmo efeito.

2000 – Estabelecida nova data para o surgimento do vírus HIV, considerado o causador da Aids. Segundo pesquisadores do Laboratório Los Alamos, nos Estados Unidos, ele teria passado dos macacos para o homem por volta de 1930, em algum país da África. Os cientistas usam supercomputadores para analisar os genes do HIV e determinar quantas mutações foram necessárias para o vírus se adaptar ao organismo humano, ganhando, assim, a habilidade de infectá-lo. Depois, conhecendo a velocidade com que o HIV transforma os seus genes, concluem que ele já estava pronto para atacar o homem há 60 anos. A data anterior, baseada em antigos exames de sangue feitos no Congo, era 1959.

2000 – Pesquisadores brasileiros relatam o sequenciamento do genoma da bactéria Xylella fastidiosa, responsável pela praga do amarelinho nos laranjais. O trabalho começa em 1997 e envolve 192 cientistas em 35 laboratórios. Alguns genes, relacionados aos mecanismos pelos quais a bactéria atinge as plantas, existem também em outras espécies de bactéria. O trabalho é festejado como uma das maiores conquistas dos cientistas brasileiros.

2000 – O pesquisador Richard Hynes, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, anuncia a descoberta de alguns dos genes ligados ao mecanismo da metástase, que é a característica mais perigosa do câncer. É por meio da metástase que as células malignas, depois de surgir em certo órgão, migram pelos vasos sanguíneos para outras partes do organismo, gerando um novo tumor.

2000 – Pesquisadores liderados pela italiana Augusta Santachiara-Benerecetti, da Universidade de Pavia, revelam que os primeiros seres humanos chegaram à Europa há 1,7 milhão de anos. Os pioneiros são da espécie Homo erectus, que, por essa data, já estão estabelecidos na Geórgia, na fronteira com a Ásia. Eles parecem ter chegado a essa região pouco antes de se dirigir também para a Austrália. Com isso, fica claro que, quando a nossa espécie, Homo sapiens, e o neandertal, Homo neandertalensis, aparecem na história, já há espécies humanas espalhadas por todo o planeta.

2001 – É publicado o primeiro esboço do genoma humano em 12 de fevereiro. Em 1990, o governo americano havia decidido começar um programa de 15 anos para decifrar o genoma humano, conhecido como Projeto Genoma. Em paralelo, foram iniciados programas semelhantes em vários países, inclusive no Brasil, todos trabalhando em conjunto com o programa americano. Em 1998, o cientista americano Craig Venter cria a empresa Celera Genomics, que desenvolve um método para decifrar o genoma com mais rapidez. Na corrida que se seguiu, o Projeto Genoma antecipa em quatro anos a previsão inicial e anuncia o resultado junto com Venter.

2001 – Em janeiro, a Grã-Bretanha se torna o primeiro país a autorizar legalmente a clonagem de embriões humanos para fins terapêuticos. Três anos depois, os cientistas britânicos obtêm licença para clonar embriões com o objetivo de obter células-tronco capazes de produzir insulina para implantes em diabéticos. A clonagem reprodutiva, no entanto, continua proibida.

2002 – Em outubro é divulgada a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, que classifica 11.167 animais e plantas como ameaçados de extinção, um acréscimo de 121 espécies desde a última edição, de 2000. Estão incluídos na lista o saiga (antílope da Ásia Central), o camelo bactriano (que habita a China e a Mongólia) e o lince ibérico, que corre o risco de ser o primeiro felino selvagem a sumir do mapa em mais de 2 mil anos. Mas o relatório também traz boas notícias. O bicho-pau da ilha Lorde Howe, na Austrália, considerado extinto em 2000, foi reencontrado a 23 quilômetros da ilha.

2003 – Pesquisadores japoneses encontraram uma nova espécie de baleia, batizada de Balaenoptera omurai, que passa a ser seu nome científico. Só nove animais dessa espécie foram achados, oito no Oceano Pacífico e Oceano Índico, e um no Mar do Japão. Os ajudaram a identificação desse novo tipo de baleia, que tem cerca de 12 m de comprimento. Os autores da descoberta foram os japoneses Tadasu Yamada e Masayuki Oishi.

2003 – Publicada a primeira versão do genoma do chimpanzé, o animal mais parecido com o ser humano. As sequências do material genético entre os dois são quase 99% idênticas.

2004 – A nova lista de espécies ameaçadas de extinção mostra que o número aumenta. Agora são 15.589 espécies animais e vegetais, segundo o relatório apresentado pela União Mundial para a Natureza (UICN). Uma em cada três espécies de anfíbio, quase a metade das tartarugas, uma em cada oito espécies de ave e uma em cada quatro espécies de mamífero estão ameaçadas.

2004 – Cientistas da Coreia do Sul anunciam sucesso na clonagem de 30 embriões humanos, que se desenvolvem até o tamanho de 100 células, para obtenção de células-tronco. A longo prazo, os cientistas esperam conseguir tecidos para transplantes que não ofereçam nenhum tipo de rejeição.

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