Angola, Aspectos Geográficos e Socioeconômicos de Angola
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Luanda, capital de Angola |
Geografia física de Angola
O relevo angolano apresenta duas unidades geomorfológicas, a planície litorânea e o planalto. A primeira dessas regiões constitui uma faixa litorânea fresca, seca e pantanosa, que se estreita no setor meridional e ganha, aos poucos, aridez nas proximidades da Namíbia (deserto de Moçâmedes). A costa é retilínea e escarpada ao norte de Luanda, mas ao sul é recortada por diversas baías. O planalto ocupa a maior parte do território e pertence, do ponto de vista geológico, ao antigo escudo africano. Em sua parte ocidental, erguem-se as serras de Bié e Huila, com altitudes superiores a dois mil metros (o ponto culminante é o monte Moco, com 2.620m).
O planalto de Angola constitui um importante divisor de águas. Para norte correm os rios Cuango, Cuilo, Cuangue, Cassai e outros afluentes do Zambeze, que corta o extremo leste do país. Os rios que tomam a direção sul, como o Cubango e o Cuito, desembocam na depressão de Ngami ou do Okavango, ao norte de Botswana. Por fim, os principais rios da vertente atlântica são o Cunene, cujo trecho final serve de fronteira com a Namíbia, e o Cuanza, que desemboca ao sul de Luanda e oferece excelentes possibilidades como fonte de energia elétrica e via de navegação. É o maior do país, com cerca de mil quilômetros de extensão.
Clima
Quatro tipos climáticos bem diferenciados são encontrados em Angola: o tropical, o subtropical, o árido e o semi-árido. O primeiro ocorre no norte e nordeste do planalto, com chuvas de 1.299mm anuais e temperatura média de 23,2o C, sendo a fase mais seca de junho a setembro; o segundo abrange dois terços do planalto angolano, com um regime pluviométrico que atinge 1.479mm anuais e temperatura média de 19,1o C; o terceiro e o quarto caracterizam o litoral: em Luanda, por exemplo, há 362mm anuais de chuva e temperatura média de 24,4o C, e a estação seca, longa, ocorre de maio a fevereiro.
Fauna e flora de Angola
A fauna de Angola, como a de tantos outros países africanos, é de riqueza extraordinária, reunindo alguns dos mamíferos mais conhecidos no continente, como leões, leopardos, elefantes, girafas, hipopótamos, rinocerontes, zebras, búfalos e hienas, mas também animais menos generalizados na África, como o avestruz, o guepardo e diversos tipos de antílope, como o cudu e especialmente uma espécie rara, agora bem protegida, o egocero ou pala-pala, todo negro, com chifres de quase 1,60m recurvados para trás. Alguns desses animais encontram-se em grandes reservas naturais como a de Quinçama e a de Moçâmedes, com mais de 18.000km2.
No norte de Angola sobressaem as florestas densas, mas de folhas decíduas. Quase todo o planalto é tomado pela savana, entrecortada de matas-galerias, ao longo dos rios. São espécies de árvores bastante comuns no país a grande tacula (Pterocarpus tinctorius), a muzuemba (Albizzia coriaria) e um tipo de árvore-da-borracha, a Capordinus clylorrhiza. No sul predomina a vegetação arbustiva, e no litoral a dos manguezais e a das palmeiras oleaginosas (inclusive o dendê) dão a nota mais constante da paisagem.
População e condições sociais. Na maioria, os habitantes de Angola são negros (mais de noventa por cento). De origem banta, os grupos mais importantes são ovimbundos, quimbundos, bacongos e chocuelundos, mas ainda há, no sudoeste, hotentotes e bosquímanos. A população urbana, no final do século XX, não chegava a trinta por cento da total e, além de Luanda, a capital, as cidades mais representativas eram Huambo (antiga Nova Lisboa), Lobito, Benguela e Lubango. A população se concentra sobretudo no norte do país.
O português é o idioma oficial, mas a maior parte da população fala suas línguas nativas: dos idiomas bundos, só o ovimbundo conta com mais de dois milhões de usuários. As religiões tribais, animistas, congregam a maioria dos angolanos, embora haja missões católicas e protestantes. O animismo angolano, de tradições milenares, envolve cultos que, no Brasil, deram origem ao candomblé ou umbanda. Sua mitologia e seus ritos são de imensa riqueza humana e etnográfica.
O país ainda padece de graves problemas sociais e sanitários, em grande parte provenientes, como em outros estados africanos, do atrito cultural entre a organização política nacional e as sociedades tribais. Também ali a população africana perdeu o melhor de suas condições originais, e ainda não teve como chegar às condições ditadas pelos padrões europeus. Em países como Angola, é difícil abordar o problema do analfabetismo, por exemplo, pois a grande maioria de sua população se comunica em idiomas que não dispõem de escrita.
Ainda assim, ressalvado o abismo da transição adaptativa, o desenvolvimento educacional, apesar de difícil, deu muitos passos significativos, e a Universidade de Angola, em Luanda, empreende esforço excepcional na formação de médicos, engenheiros, agrônomos e professores.
Na área de saúde, Angola conta com alguns bons hospitais, ativas enfermarias de aldeia e, embora sofra de grande carência de médicos e outros profissionais do setor, tem conseguido progressos contra a doença do sono (atacada com campanhas de vacinação), a hanseníase, o bócio e a malária. Os serviços médicos das missões protestantes têm alta reputação.
Economia de Angola
A agricultura e a mineração constituem os principais esteios econômicos de Angola. O sisal, o café, a cana-de-açúcar e o algodão destinam-se à exportação. O milho, a mandioca e outras culturas tropicais completam a produção agrícola do país, combinada com uma importante atividade pecuária no sul e no sudeste (bovinos, ovinos, caprinos e suínos). No setor primário destaca-se ainda a produção de mel e cera de abelha, o extrativismo florestal e a pesca.
Em 1967 descobriram-se importantes depósitos de petróleo, cuja exploração, ao lado da extração de diamantes nas minas do noroeste, representa a principal riqueza mineral do país e é responsável pela maior parte do produto nacional bruto. Outros recursos minerais são o sal, o ferro, o cobre, o manganês, a bauxita e o linhito. Em 1975 também se detectaram depósitos de urânio perto da divisa com a Namíbia.
A indústria, nacionalizada em seus principais setores, concentra-se em Luanda (açúcar, têxteis, cimento) e nas cidades da costa sul (farinha, bebidas, calçados e conservas). O comércio exterior de Angola baseia-se na exportação de produtos agrícolas e minerais, cujas receitas supera o valor das importações de maquinaria, equipamentos industriais, bens de consumo e produtos alimentícios e têxteis. Angola conta com um aeroporto internacional e com uma rede de rodovias e estradas de ferro que liga os portos marítimos às zonas do interior.

População: 16,1 milhões (2015); nacionalidade: angolana; composição: grupos étnicos autóctones 99% (ovimbundos 37%, umbundus 25%, congos 13%, luimbés 5%, imbés nianecas 5%, outros 14%), europeus ibéricos 1% (1996). Idiomas: português (oficial), línguas regionais (principais: umbundu, quimbundo, quicongo, ovimbundo, congo). Religião: cristianismo 94,1% (católicos 62,1%, protestantes 15%, outros 16,9%), crenças tradicionais 5%, sem religião e ateísmo 0,9%.
Relações Exteriores: Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, SADC, UA. Embaixada: Tel. (61) 248-2915, fax (61) 248-1567 – Brasília (DF); site na internet: www.angola.org.br.
Governo: República presidencialista. Div. administrativa: 18 províncias. Presidente: José Eduardo dos Santos (MPLA) (desde 1979, eleito em 1992). Partidos: Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita). Legislativo: unicameral – Assembléia Nacional, com 223 membros. Constituição: 1975.
Ex-colônia portuguesa, Angola viveu em guerra por 40 anos, com mais de 1 milhão de mortes. Primeiro foi a luta pela independência, desde 1961. Em 1975 começa a guerra civil, cujo fim só ocorre em 2002. A economia, baseada na exploração de petróleo – mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) – e diamantes, fica seriamente prejudicada. O país tem baixos indicadores sociais: os angolanos vivem em média 46 anos e mais da metade não é alfabetizada. Terra de origem da maioria dos escravos trazidos para o Brasil, Angola situa-se no sudoeste da África.
Dentre os grupos banto que ocupam a região no primeiro milênio da Era Cristã, destaca-se o reino do Congo, que recolhe tributos das províncias sob sua soberania, incluindo parte da atual Angola. Próspero, esse Estado assiste à chegada do navegador português Diogo Cão, que aporta em 1482 na foz do rio Congo. A colonização portuguesa funda cidades que servem de base para o comércio de escravos, como Luanda (1575) e Benguela (1617). As fronteiras oficiais de Angola são estabelecidas em 1891, seguindo o estabelecido na Conferência de Berlim (1884-1885), que partilha a África entre as potências europeias.
Quando em 1482 o navegador português Diogo Cão desembarcou no litoral de Angola, entrou em entendimentos com Manicongo, que enviou representante a Lisboa. Quase um século depois, Paulo Dias de Novais fundou Luanda (1575) e estabeleceu condições para a colonização. Em meados do século XVII a soberania portuguesa estava consolidada e tinha por atividade econômica principal o comércio de escravos para o Brasil. Dois povos de Angola, os ndongos e os imbangalas, ofereceram forte oposição ao tráfico escravista, os primeiros até numa rebelião que em 1671 os portugueses sufocaram. No século XVIII Portugal teve de disputar os escravos angolanos com ingleses, franceses e holandeses.
No começo do século XIX a legislação contra a escravatura, que se impôs na Inglaterra e logo ganhou terreno em outros países, entre os quais os Estados Unidos, por algum tempo favoreceu os portugueses, que mantiveram o tráfico clandestinamente. No entanto, em 1836 a própria corte portuguesa o proibiu, o que durante muitos anos não se levou a sério, mas se somou ao fato de na época a escravidão já estar quase abolida.
Em Angola, o Código do Trabalho Indígena (1875), estabelecendo a obrigatoriedade do trabalho da mão-de-obra nativa, mostra que os colonizadores estavam determinados a explorar a terra de maneira mais sistemática e severa. O Brasil estava independente, as colônias na África requeriam toda a atenção: foi a época das famosas expedições de Serpa Pinto, Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo, de missões religiosas instauradas em Salvador do Congo e Huíla. Portugal procurava corresponder à doutrina do hinterland, sancionada em 1844 na conferência de Berlim (toda potência européia que reclamasse um território teria de ocupá-lo efetivamente).
Em 1896 os portugueses nomearam seu primeiro comissário real na colônia e em 1902 providenciaram a construção da estrada de ferro de Benguela. De 1912 a 1916 o regime de trabalho nativo passou por melhorias e reformas, e em 1921 criou-se o Alto Comissariado em Angola. O general Norton de Matos, que o dirigiu, passou a criar incentivos para a colonização por parte de imigrantes brancos. O Alto Comissariado foi extinto com a promulgação (1930), por Salazar, do Ato colonial. Este, entre outros aspectos, regulamentava a questão do trabalho nativo com o chamado "regime de contrato", que todavia manteve alguns dos traços peculiares ao velho código. Para a economia, houve ganhos.
A população de imigrantes brancos começou a crescer mais depressa: de sessenta mil em 1933 chegava a mais de 170.000 em 1960. A denominação de "colônia" foi substituída, em 1951, por "província ultramarina", e em 1954 fixaram-se condições, no chamado Estatuto dos Indígenas, para seu acesso à cidadania portuguesa.
Paralelamente, ganhava força o nacionalismo. Embora já tivesse importantes antecedentes na década de 1920, na de 1950 a aspiração nacionalista explodiu em todo o continente, enquanto os princípios, as bases e ideologias do colonialismo eram questionadas e por fim amplamente condenadas na Europa. Em Angola, como em outros países africanos, o movimento adquiriu intenção libertária e objetivos socialistas, criando-se (1956) o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), depois (1962) a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e ainda (1966) a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), entidades ferozmente discordantes.
A guerra de guerrilhas prolongou-se por quase toda a década de 1960. Em 1974, com o fim do salazarismo, negociações com as autoridades portuguesas culminaram no Acordo de Alvor, que tornou Angola independente em 11 de novembro de 1975. Pela constituição, o país passou a ser uma república popular, apoiada na Assembléia do Povo, de partido único, o MPLA/PT (Movimento Popular pela Libertação de Angola/Partido do Trabalho). O governo de Agostinho Neto (MPLA) subjugou as facções rivais, recebeu apoio político-militar soviético e depois a cooperação de tropas cubanas, o que causou grande polêmica internacional.
Em 1977 o governo teve de esmagar um golpe articulado em Luanda, enquanto a guerrilha da UNITA continuava a desafiá-lo no sul. Em 1979 deu-se a primeira invasão sul-africana do território angolano, a pretexto de desalojar guerrilheiros da Namíbia, administrada por Pretória. Agostinho Neto morreu no mesmo ano, e foi nomeado presidente José Eduardo dos Santos. Na década de 1980 a África do Sul invadiu periodicamente o sul de Angola. Chegou a bombardeá-lo (1985), oferecendo apoio e armas à UNITA, que em 1990 sabotou 14 oleodutos e manteve o país em guerra civil até o Tratado de Washington (dezembro daquele ano).
Por um acordo de paz firmado em 1991 entre MPLA/PT e UNITA, garantiu-se a realização de emendas à constituição que transformavam o país numa democracia multipartidária, atribuíam o poder legislativo à Assembléia Nacional (223 membros eleitos para um mandato de quatro anos) e agendavam eleições diretas para presidente da república para 1992. Santos venceu as eleições com quase cinqüenta por cento dos votos, mas foi acusado de fraude e corrupção por Savimbi, da UNITA, que reacendeu a guerra civil. O governo condicionou a aceitação de um cessar-fogo ao restabelecimento do acordo de paz de 1991.
Cultura. O Conselho Geral de Cultura, órgão estatal, orienta a recuperação e preservação das tradições culturais e artísticas do país, adaptando-as à ideologia política. Conservam-se em museus de Luanda valiosas relíquias da história e da etnografia angolanas. Os carnavais de Luanda e Lobito, com origens e ritmos semelhantes aos do carnaval brasileiro, mobilizam cada vez mais o interesse dos visitantes.
O território de Angola foi ocupado primeiramente pelos bosquímanos, de economia assentada na caça e na coleta, mas de inegável originalidade cultural, conforme atestam interessantes vestígios arqueológicos, neolíticos. Em seguida os bantos dominaram a região, já de posse de técnicas agrícolas e metalúrgicas. Por volta do século XV tinham dado lugar, politicamente, aos bacongos, que estabeleceram um reino vasto e complexo no noroeste, sob a orientação de seu soberano Manicongo.
Angola foi uma antiga colônia portuguesa e uma das regiões africanas mais agredidas pelos traficantes de escravos durante os séculos XVII, XVIII e começos do XIX, é um país rico em recursos naturais, mas seu desenvolvimento tem sido obstado pelas contínuas guerras civis ocorridas desde a independência, em 1975.
Angola foi uma antiga colônia portuguesa e uma das regiões africanas mais agredidas pelos traficantes de escravos durante os séculos XVII, XVIII e começos do XIX, é um país rico em recursos naturais, mas seu desenvolvimento tem sido obstado pelas contínuas guerras civis ocorridas desde a independência, em 1975.
Quando em 1482 o navegador português Diogo Cão desembarcou no litoral de Angola, entrou em entendimentos com Manicongo, que enviou representante a Lisboa. Quase um século depois, Paulo Dias de Novais fundou Luanda (1575) e estabeleceu condições para a colonização. Em meados do século XVII a soberania portuguesa estava consolidada e tinha por atividade econômica principal o comércio de escravos para o Brasil. Dois povos de Angola, os ndongos e os imbangalas, ofereceram forte oposição ao tráfico escravista, os primeiros até numa rebelião que em 1671 os portugueses sufocaram. No século XVIII Portugal teve de disputar os escravos angolanos com ingleses, franceses e holandeses.
No começo do século XIX a legislação contra a escravatura, que se impôs na Inglaterra e logo ganhou terreno em outros países, entre os quais os Estados Unidos, por algum tempo favoreceu os portugueses, que mantiveram o tráfico clandestinamente. No entanto, em 1836 a própria corte portuguesa o proibiu, o que durante muitos anos não se levou a sério, mas se somou ao fato de na época a escravidão já estar quase abolida.
Em Angola, o Código do Trabalho Indígena (1875), estabelecendo a obrigatoriedade do trabalho da mão-de-obra nativa, mostra que os colonizadores estavam determinados a explorar a terra de maneira mais sistemática e severa. O Brasil estava independente, as colônias na África requeriam toda a atenção: foi a época das famosas expedições de Serpa Pinto, Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo, de missões religiosas instauradas em Salvador do Congo e Huíla. Portugal procurava corresponder à doutrina do hinterland, sancionada em 1844 na conferência de Berlim (toda potência européia que reclamasse um território teria de ocupá-lo efetivamente).
Em 1896 os portugueses nomearam seu primeiro comissário real na colônia e em 1902 providenciaram a construção da estrada de ferro de Benguela. De 1912 a 1916 o regime de trabalho nativo passou por melhorias e reformas, e em 1921 criou-se o Alto Comissariado em Angola. O general Norton de Matos, que o dirigiu, passou a criar incentivos para a colonização por parte de imigrantes brancos. O Alto Comissariado foi extinto com a promulgação (1930), por Salazar, do Ato colonial. Este, entre outros aspectos, regulamentava a questão do trabalho nativo com o chamado "regime de contrato", que todavia manteve alguns dos traços peculiares ao velho código. Para a economia, houve ganhos.
A população de imigrantes brancos começou a crescer mais depressa: de sessenta mil em 1933 chegava a mais de 170.000 em 1960. A denominação de "colônia" foi substituída, em 1951, por "província ultramarina", e em 1954 fixaram-se condições, no chamado Estatuto dos Indígenas, para seu acesso à cidadania portuguesa.
Paralelamente, ganhava força o nacionalismo. Embora já tivesse importantes antecedentes na década de 1920, na de 1950 a aspiração nacionalista explodiu em todo o continente, enquanto os princípios, as bases e ideologias do colonialismo eram questionadas e por fim amplamente condenadas na Europa. Em Angola, como em outros países africanos, o movimento adquiriu intenção libertária e objetivos socialistas, criando-se (1956) o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), depois (1962) a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e ainda (1966) a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), entidades ferozmente discordantes.
A guerra de guerrilhas prolongou-se por quase toda a década de 1960. Em 1974, com o fim do salazarismo, negociações com as autoridades portuguesas culminaram no Acordo de Alvor, que tornou Angola independente em 11 de novembro de 1975. Pela constituição, o país passou a ser uma república popular, apoiada na Assembléia do Povo, de partido único, o MPLA/PT (Movimento Popular pela Libertação de Angola/Partido do Trabalho). O governo de Agostinho Neto (MPLA) subjugou as facções rivais, recebeu apoio político-militar soviético e depois a cooperação de tropas cubanas, o que causou grande polêmica internacional.
Em 1977 o governo teve de esmagar um golpe articulado em Luanda, enquanto a guerrilha da UNITA continuava a desafiá-lo no sul. Em 1979 deu-se a primeira invasão sul-africana do território angolano, a pretexto de desalojar guerrilheiros da Namíbia, administrada por Pretória. Agostinho Neto morreu no mesmo ano, e foi nomeado presidente José Eduardo dos Santos. Na década de 1980 a África do Sul invadiu periodicamente o sul de Angola. Chegou a bombardeá-lo (1985), oferecendo apoio e armas à UNITA, que em 1990 sabotou 14 oleodutos e manteve o país em guerra civil até o Tratado de Washington (dezembro daquele ano).
Por um acordo de paz firmado em 1991 entre MPLA/PT e UNITA, garantiu-se a realização de emendas à constituição que transformavam o país numa democracia multipartidária, atribuíam o poder legislativo à Assembléia Nacional (223 membros eleitos para um mandato de quatro anos) e agendavam eleições diretas para presidente da república para 1992. Santos venceu as eleições com quase cinqüenta por cento dos votos, mas foi acusado de fraude e corrupção por Savimbi, da UNITA, que reacendeu a guerra civil. O governo condicionou a aceitação de um cessar-fogo ao restabelecimento do acordo de paz de 1991.
Cultura. O Conselho Geral de Cultura, órgão estatal, orienta a recuperação e preservação das tradições culturais e artísticas do país, adaptando-as à ideologia política. Conservam-se em museus de Luanda valiosas relíquias da história e da etnografia angolanas. Os carnavais de Luanda e Lobito, com origens e ritmos semelhantes aos do carnaval brasileiro, mobilizam cada vez mais o interesse dos visitantes.
Independência – Em 1961 começa a luta armada pela independência. Três grupos expressam diferenças ideológicas: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), marxista e apoiado pela União Soviética; a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), sustentada pelos Estados Unidos (EUA); e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), inicialmente maoísta e depois anticomunista, apoiada pelo regime sul-africano do apartheid.Com a queda do regime salazarista em Portugal (1974) e a decisão de tornar Angola independente, as rivalidades entre esses movimentos se agravam. O Acordo de Alvor, firmado em janeiro de 1975 entre Portugal e os três grupos, prevê um governo de transição. O acordo fracassa, e a guerra civil começa quando Agostinho Neto, líder do MPLA, é proclamado unilateralmente presidente da República Popular de Angola, de regime socialista.
Eleições e impasse - A FNLA dissolve-se no fim dos anos 1970, mas a Unita mantém sua guerrilha com o apoio da África do Sul e dos EUA. Tropas cubanas ajudam a sustentar o governo. Em 1988, um acordo entre Angola, Cuba e África do Sul define a retirada das tropas cubanas e sul-africanas. Em seguida, o governo e a Unita assinam acordo de paz e convocam eleições para 1992. Observadores internacionais atestam a vitória do candidato do MPLA à Presidência, José Eduardo dos Santos, com 49,57% dos votos. Jonas Savimbi, líder da Unita, com 40%, não aceita a derrota e recomeça a guerra.
Acordo de Lusaka - Em 1994, o MPLA e a Unita assinam acordo de paz em Lusaka, na Zâmbia. Como resultado, um governo de união nacional assume em 1997, mas Savimbi, que seria o vice-presidente, recusa-se a entregar o controle de áreas de exploração de diamante. Os conflitos prosseguem.
As tropas do governo avançam sobre os territórios inimigos em 2001. Com a guerrilha encurralada, Jonas Savimbi morre em combate, em 2002. A guerrilha volta às negociações. Ao final, os acordos de Lusaka são revalidados e chega-se a um cessar-fogo total em abril. Até agosto, cerca de 50 mil homens da Unita são desmobilizados e 5 mil são incorporados ao Exército e à polícia, o que marca o fim da guerra civil.Fernando Piedade dos Santos assume como primeiro-ministro em 2003. A Unita, agora partido político legal de oposição, elege Isaias Samakuva novo líder. Em abril de 2004, o governo anuncia a prisão de mais de 3 mil mineiros na área dos diamantes, que estava sob controle da Unita, e a expulsão de 11 mil para os países vizinhos.
Extração de Petróleo em Angola
Durante as décadas de guerra civil, foi a extração de petróleo na região costeira que garantiu o funcionamento da economia angolana. O país conseguiu permanecer como o segundo principal produtor de petróleo na África Subsaariana, só atrás da Nigéria. Em 2009, a extração e o refino de petróleo e gás natural responderam por 62% do Produto Interno Bruto.Mas não há sinais consistentes de que o dinheiro obtido beneficie a população do país, uma das mais miseráveis do continente. Após a guerra civil, abre-se a chance de relançar a economia angolana, e os recursos do petróleo podem ser usados para isso. Com a descoberta de novas reservas em 2004, o governo dobra a produção em 2008.
Antônio Agostinho Neto nasceu em 17 de setembro de 1922 em
Icolo-e-Bengo, a cem quilômetros de Luanda. Aluno brilhante da Faculdade
Salvador Correia, em Luanda, ganhou uma bolsa para aperfeiçoar-se em
medicina em Lisboa e Coimbra. Durante sua estada em Lisboa ligou-se ao
movimento nacionalista angolano e revelou-se poeta de valor, com um
livro de poemas de protesto que provocou a primeira de suas prisões. De
volta a Angola, em junho de 1960 Agostinho Neto foi novamente detido por
oposição ao regime. Alguns pacientes seus, que assistiram à prisão,
organizaram um protesto dissolvido a tiros pela polícia. Morreram várias
pessoas e cerca de 200 ficaram feridas.
Personalidade decisiva no processo de independência de sua terra, o médico e poeta Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola.
Nos dois anos seguintes, Agostinho Neto cumpriu pena em Portugal e, a seguir, foi deportado para Cabo Verde. Nesse período, escreveu novo livro de poemas e, em 1962, conseguiu fugir para o Marrocos, onde se uniu ao Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), de que foi eleito presidente. Com a independência de Angola, em 1975, foi proclamado presidente. Morreu em Moscou, em 10 de setembro de 1979.
www.klimanaturali.org
Xá-Muteba
Xá-Muteba, também designada por Xá-Mateba, Xa-Mateba ou Cha Muteba é um município de Angola, pertencente à província de Lunda Norte. Faz parte da região da Baixa de Cassange.
Existia, no centro da sede do município, uma estátua a Zé do Telhado - famoso bandido português, que "roubava aos ricos para dar aos pobres", ao estilo de Robin Hood.
Existia, no centro da sede do município, uma estátua a Zé do Telhado - famoso bandido português, que "roubava aos ricos para dar aos pobres", ao estilo de Robin Hood.
Agostinho Neto

Personalidade decisiva no processo de independência de sua terra, o médico e poeta Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola.
Nos dois anos seguintes, Agostinho Neto cumpriu pena em Portugal e, a seguir, foi deportado para Cabo Verde. Nesse período, escreveu novo livro de poemas e, em 1962, conseguiu fugir para o Marrocos, onde se uniu ao Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), de que foi eleito presidente. Com a independência de Angola, em 1975, foi proclamado presidente. Morreu em Moscou, em 10 de setembro de 1979.