Budismo | Evolução Histórica do Budismo

Budismo | Evolução Histórica do Budismo

Budismo - Evolução Histórica do Budismo Sistema ético, filosófico e religioso criado na Índia pelo príncipe Sidarta Gautama (563?-483 a.C.?), o Buda (liberto, em sânscrito), por volta do século VI a.C. Buda é venerado como um ser espiritual, e não um deus. A origem do budismo está no hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a nona encarnação, ou avatar, de Vishnu. O budismo tem a expansão freada na Índia a partir do século VII, após a invasão muçulmana. Mas difunde-se intensamente pela Ásia. Os ensinamentos de Buda têm como base o preceito hinduísta do samsara, segundo o qual o ser humano está condenado a reencarnar após cada morte e a enfrentar os sofrimentos do mundo. Os atos praticados em cada encarnação definem a condição na vida futura, preceito conhecido como carma. Buda ensina a atingir o nirvana, evolução e aprimoramento total do espírito, que permite ao homem encerrar a corrente de reencarnações. A meditação é o caminho-chave para alcançá-lo.
Evolução Histórica do Budismo

Evolução Histórica do Budismo

Desde sua origem, o budismo imbuiu-se de elementos éticos, filosóficos e religiosos. Para se compreender a extensão desse sistema, é necessário que se conheça a literatura canônica do budismo, que se divide em três coleções: o cânon páli, conservado pelos budistas do sudeste asiático, o cânon sino-japonês e o tibetano. Uma visão mais completa exige a leitura de outros textos em sânscrito, manchu, mongol e em vários dialetos da Ásia central, como o tangut.

Fundado na Índia por volta do século VI a.C., e inspirado nos ensinamentos de Siddharta Gautama, cognominado o Buda, o budismo é a denominação dada pelos ocidentais ao sistema religioso que visa à realização plena da natureza humana e à criação de uma sociedade perfeita e pacífica. Aberto a todos os grupos sociais, etnias, culturas e nacionalidades, desenvolveu-se por todo o Extremo Oriente.

Muitos estudiosos ocidentais consideram o cânon páli como repositório dos mais antigos textos do budismo, mas isso foi contestado por Jean Prziyluski e por orientalistas japoneses, liderados por Shoko Watanabe. A composição do cânon páli, de acordo com a tradição, começou logo depois da morte de Siddharta Gautama, tendo chegado à ilha de Ceilão (atual Sri Lanka) no século III a.C. Na verdade, entram nesse cânon textos compostos em diversas épocas, sendo os mais recentes escritos no século V da era cristã. Do Ceilão foi levado para a Birmânia (atual Myanmar), a Tailândia e o Camboja. Compreende três partes: uma coleção de regras monásticas, uma outra de sutras ou sermões atribuídos a Buda e a coleção de comentários filosóficos.

O cânon sino-japonês é muito mais extenso, pois encerra, além dos textos correspondentes ao páli, uma série de outras obras. Também divide-se em três coleções e sua elaboração teve início no século I da era cristã, com a tradução para o chinês dos primeiros textos sânscritos.

O cânon tibetano teve sua formação no século VII e foi concluído no século XIII. Compreende duas partes. A primeira contém os sermões de Buda e as regras monásticas; a segunda inclui os tratados filosóficos e uma série de comentários, poemas, crônicas e textos de medicina e astrologia.

Siddharta Gautama, convencido de que a vida é cheia de sofrimentos e sacrifícios, resolveu buscar a iluminação religiosa. Chamado de Buda, que significa "o iluminado", percorreu o nordeste da Índia durante seis anos. Sua pregação se baseava na crença de que a existência é um ciclo contínuo de morte e renascimento. Assim, a posição e o bem-estar na vida decorrem da conduta nas vidas anteriores. Um elo liga a vida presente à passada.

O desligamento dos bens materiais, a paz e a plenitude levam a um estado de ausência total de sofrimento a que Buda denominou nirvana. Para atingi-lo, é preciso seguir a doutrina das Quatro Nobres Verdades e da Senda Óctupla. As Quatro Nobres Verdades são: a constatação de que o sofrimento é fator inerente a toda forma de existência; de que a origem do sofrimento é a ignorância; de que se pode dominar o sofrimento por meio da extinção da ignorância; de que o caminho que leva ao domínio do sofrimento, caminho médio entre a automortificação e o abandono dos prazeres, consiste na Senda Óctupla. Esta abrange compreensão correta, pensamento correto, palavra correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta.

Após a morte de Buda, seus ensinamentos foram codificados pelos discípulos que os conservaram, a princípio por tradição oral e mais tarde por escrito. Em seus 2.500 anos de história, o budismo deu origem a muitas escolas e correntes, com muitas variações doutrinárias, mas todas baseadas em elementos pan-indianos. Para os budistas, o universo é formado por infinitos sistemas, cada um tendo como centro uma enorme montanha de nome Sumeru, em torno dela giram o Sol e a Lua. Os budistas acreditam que acima do mundo material, por eles desprezado, existem planos imponderáveis, habitados por seres divinos e felizes. Os sistemas de número infinito estão sujeitos a destruições e recriações periódicas, o que leva a uma concepção cíclica do tempo. Ao contrário dos sistemas bramânico-hinduístas, o budismo não admite a existência de um Ishvara, "Deus Criador". As criações e destruições são estabelecidas por uma lei eterna e o processo não tem nem fim nem começo.

Escolas budistasVárias escolas budistas desenvolveram-se na Índia e em outros países asiáticos. As mais influentes foram, no entanto, a Theravada, a Mahaiana, a Mantraiana e a Zen. Embora tenham muito em comum, apresentam singularidades.

A escola theravada, entre as antigas, foi a única que subsistiu. A palavra theravada significa "caminho dos mais velhos", e atualmente predomina em Myanmar, Camboja, Laos, Sri Lanka e Tailândia. Para seus seguidores, Buda é a figura histórica mais importante, como também o são as virtudes da vida monástica e a autoridade do Tripitaka (tríplice cesto), o cânon páli.

Mahaiana significa "grande veículo"A maior parte dos seguidores dessa escola vive no Japão e em outros países da Ásia ocidental. Os budistas mahaianas acreditam na existência de vários budas, divididos em "budas do céu" e homens que se transformarão em budas no futuro, capazes de salvar os homens através da graça e da compaixão. A escola mahaianista, em geral, aceita o Tripitaka, mas também reivindica para suas  escrituras um nível superior de verdade. Seus adeptos normalmente ensinam como leigos e monges podem atingir o nirvana.

Mantraiana quer dizer "veículo sagrado de recitação". Os Himalaias, a Mongólia e o Japão constituem os centros mais importantes de atuação dessa escola budista. Em geral, o budismo mantraiana aceita a maioria das doutrinas da escola mahaianista. No entanto, assinala a estreita ligação entre o guru, chefe espiritual, e um pequeno grupo de discípulos, que passam grande parte de seu tempo recitando versos chamados mantras, dançando e meditando. Na escola mantraiana, o sexo só deve existir com finalidades sagradas. Acreditam esses budistas em muitos demônios, duendes e outras entidades.

Os seguidores da escola Zen estão principalmente no Japão, embora o movimento tenha nascido na China. O Zen busca a forte ligação entre o chefe e seus discípulos e estes, quando evoluídos, podem atingir o satori (a iluminação, o despertar), alcançado gradativamente, mediante longo processo de disciplina e autoconhecimento.

Mundo budista As três grandes áreas onde o budismo mais fortemente se disseminou abarcam: o Sudeste Asiático, a Ásia central e o Extremo Oriente. Na segunda metade do século XX, o budismo entrou em decadência na China e no Tibet por motivos políticos. Em outros países asiáticos, porém, ele passou por uma fase de renovação, associando-se muitas vezes a movimentos nacionalistas. O reavivamento do budismo na Índia teve início em fins do século XIX, com a fundação da Sociedade Mahabodhi pelo missionário cingalês Anagarika Dharmapala. Mais tarde, Ambedkar associou o budismo ao movimento contra as castas, apelando para que os párias ou intocáveis se convertessem ao budismo. Gandhi, Tagore, Nehru e outros líderes demonstraram grande simpatia pela doutrina budista. No Ocidente, onde seu estudo sistemático ocorreu a partir do século XIX, o budismo teve boa acolhida, chegando mesmo a se formarem pequenas comunidades.

Budismo no JapãoO movimento budista adquiriu no Japão características de uma verdadeira religião oficial. Os primeiros templos foram construídos pela corte imperial ou pela nobreza e os monges eram a princípio considerados funcionários estatais. Graças a sua associação com o poder, o budismo era procurado não por sua doutrina, mas pelos rituais mágicos dispensadores de prosperidade e saúde.

Fundindo-se com elementos da religião nativa, o budismo deu origem a um sincretismo búdico-xintoísta que subsiste na época moderna.

Budismo no Sudeste AsiáticoNo século III a.C., o budismo foi introduzido no Sudeste Asiático pelo filho do imperador indiano Açoka, príncipe Mahinda, que o difundiu na ilha de Ceilão, onde a doutrina logo obteve grande aceitação. Posteriormente, dividiu-se em três escolas. Por iniciativa dos reis budistas da ilha foi feita uma compilação das escrituras em línguas páli. No século V, os letrados Budaghosa e Dhammapala escreveram grande número de comentários e textos filosóficos, disseminando ainda mais o budismo. No século XI, os cholas da Índia meridional invadiram o Ceilão e eliminaram o budismo, que foi depois reintroduzido a partir da Birmânia.

A forte colonização portuguesa, holandesa e inglesa não conseguiu eliminar o budismo na região. Ao contrário, a partir de 1756, com a chegada de dez líderes monásticos tailandeses, o movimento chegou a ter um reflorescimento no Sudeste Asiático, tornando-se a mais importante religião do Ceilão (atual Sri Lanka).

Na Birmânia ele penetrou por volta do século V, inspirando a construção de inúmeros templos. Quando os mongóis invadiram o país no século XIII, o budismo sofreu um revés, mas conseguiu sobreviver em algumas regiões, e é hoje bastante difundido no país.

Budismo no Tibet e na Mongólia As tribos tibetanas tinham, no início, um culto primitivo como religião, o Bon-po. O budismo só chegou à região a partir da Índia e do Nepal no século IV da era cristã. Mas seu reconhecimento oficial só ocorreu no século VII, quando os textos budistas foram traduzidos através de um alfabeto tibetano, composto especificamente para isto. No século XV, o monge Tsong-Kha-Pa introduziu reformas: criou uma comunidade que usava gorros amarelos, em oposição aos conservadores, que usavam gorros vermelhos. Os dalai-lamas, os dirigentes máximos dos gorros amarelos, começaram, então, a exercer o poder temporal. No século XVII, teve início o movimento missionário na Mongólia, na Manchúria e no norte da China, estendendo-se, no século seguinte, aos confins da Sibéria oriental.

Budismo na China Embora criticado pelas escolas de pensamento chinesas, o budismo, desde a sua introdução na China, logo se adaptou à índole e cultura do país, sem perder suas características fundamentais. Enorme foi sua influência sobre os usos, os costumes e até mesmo sobre as próprias escolas filosóficas chinesas. Muitas doutrinas apenas esboçadas no budismo indiano foram desenvolvidas e aprofundadas na China.

Apesar dessa nítida influência, existe uma controvérsia sobre a época da introdução do budismo nesse país. Apontam-se os anos 2 e 65 da nossa era, como as datas mais prováveis. Na segunda metade do século I, monges budistas chegados da Ásia central pregavam o Dharma na capital e nas províncias, sob proteção do imperador. A absorção do budismo pelos chineses foi facilitada pela semelhança de alguns de seus conceitos com as idéias do taoísmo. Contudo, o celibato dos monges e seu afastamento das atividades produtivas chocavam-se com os princípios básicos da ética familiar e do pensamento social e político da  China, o que provocou numerosas críticas, longas polêmicas e mesmo perseguições.

Budismo no Ocidente e no Brasil Datam do período helenístico as primeiras aproximações do budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de Buda. Marco Polo, em seu livro de viagens, apresenta um resumo da vida de Çakyamuni (outro nome de Buda) em sua descrição da ilha de Ceilão.

Na França, no século XIX, começou o estudo filosófico do budismo. Na Inglaterra e na Alemanha também houve uma concentração de estudos sobre o budismo científico. Em 1845, Jean-Louis Burnouf publicou sua importante Introduction à l'histoire du bouddhisme indien (Introdução à história do budismo indiano), livro que teve grande repercussão. Max Müller, na Inglaterra, publicou, pela Universidade de Oxford, sua coleção de livros sagrados do Oriente.

Teve muita importância também para a divulgação do budismo o poema "The Light of Asia" ("A luz da Ásia"), de Edwin Arnold, publicado em 1879. Nos Estados Unidos, o coronel H. S. Olcott, defensor de um sincretismo entre as principais tradições religiosas ocidentais e orientais, estudou o budismo e o difundiu entre os americanos. Em 1906 fundou-se a Sociedade Budista da Inglaterra; em 1929, por iniciativa de uma budista americana, Constance Lounsbery, foi criada uma instituição semelhante na França.

#Zenzen - Técnica de Meditação Budista Zen No Brasil, na década de 1920, formou-se um primeiro grupo de budistas, radicado no Rio de Janeiro, liderados por Lourenço Borges. Murilo Nunes de Azevedo, em 1955, reavivou-o, juntamente com o escritor Nelson Coelho, mais ligado ao budismo Zen. Após a segunda guerra mundial os budistas imigrantes se organizaram no Brasil, com centros de atuação em São Paulo e Rio de Janeiro.

Técnica de meditação do Budismo Zen - Consiste basicamente em sentar-se em uma posição confortável, com a coluna ereta, em períodos de até 40 minutos, intercalados com meditação andando (Kinhin). Durante esse tempo deve-se procurar observar os pensamentos e sensações que surgem, sem buscar reprimi-los, causá-los ou julgá-los.

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