Maranhão | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos do Estado do Maranhão

Maranhão | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos do Estado do Maranhão

Geografia – Área: 331.983,3 km². Relevo: costa recortada e planície litorânea com dunas e planaltos no interior. Ponto mais elevado: chapada das Mangabeiras (804 m). Rios principais: das Balsas, Gurupi, Itapecuru, Mearim, Parnaíba, Pindaré, Tocantins, Turiaçu. Vegetação: mata de cocais a leste, mangues no litoral, Floresta Amazônica a oeste, cerrado ao sul. Clima: tropical. Municípios mais populosos: São Luís (1.100.100), Caxias (161.900), Timon (155.100), São José de Ribamar (139.200), Codó (125.880), Açailândia (109.800), Bacabal (108.300), Paço do Lumiar (104.790), Santa Luzia (86.700). Hora local: a mesma. Habitante: maranhense.

População – 6.600.500.

Capital – São Luís. Habitante: ludovicense. População: 1.100.100.

MARANHÃO, ASPECTOS GEOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS DO ESTADO DO MARANHÃO

Disputado por franceses, portugueses e holandeses no início da colonização brasileira, o Estado do Maranhão (MA) revela em sua culinária a mistura de influências dos colonizadores, dos índios que ali moravam e dos negros trazidos da África. Os doces portugueses dividem a mesa com os de frutas nativas, como maracujá, bacuri, jenipapo e tamarindo. No litoral são consumidos marisco, siri, caranguejo e peixes. Diferentemente da culinária do vizinho Pará, a cozinha maranhense é leve, com pouco tempero e gordura no preparo de peixes e carne. A principal manifestação popular é a festa do bumba-meu-boi, mas se destaca também o tambor-de-crioula. O Maranhão é o único estado da Região Nordeste com parte de seu território coberto pela floresta Amazônica. Uma importante área de proteção ambiental é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com dunas de até 50 metros de altura. O estado abriga importante sítio paleontológico. Na cidade de Itapecuru Mirim foram encontrados os fósseis do mais antigo saurópode (tipo de dinossauro herbívoro) já descoberto no país, o Amazonsaurus maranhensis, com 110 milhões de anos.

Economia – A participação maranhense no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não chega a 1%. O comércio e os serviços respondem por 56,8% da economia do estado. Cerca de metade da movimentação de cargas em portos do Norte e do Nordeste passa pelo complexo portuário integrado pelos terminais de Itaqui, Ponta da Madeira e Alumar. Por ali, são exportados principalmente alumínio, ferro, soja e manganês. A indústria, que representa 25,2% do PIB maranhense, se apóia nos setores metalúrgico, alimentício e químico. Na agricultura, destacam-se a mandioca, o milho e a soja. Com uma costa de 640 quilômetros, a segunda mais extensa do país (a primeira é a da Bahia), o Maranhão tem na pesca importante atividade econômica.

Bandeira do MaranhãoÍndices sociais – A renda per capita maranhense, de 6.620 reais em 2011, é a mais baixa do Brasil. O índice de mortalidade infantil é alto – 46,3 por mil nascidos vivos. Embora tenha melhorado muito, é a segunda pior taxa do país, só superada pela de Alagoas. O Maranhão, apesar do desenvolvimento alcançado em alguns setores econômicos, permanece como um dos mais pobres e carentes estados do país, ocupando a última posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro. A falta de ocupação e de perspectiva faz com que haja grande migração, especialmente para o vizinho Pará e para outros estados da Região Norte.

Base Espacial de Alcântara – A explosão do foguete VLS-1, que causa a morte de 21 técnicos em 2003, não impede o governo brasileiro de dar continuidade a seu programa espacial na Base de Alcântara. O lançamento bem-sucedido do foguete de exploração VSB-30, em outubro de 2004, dá novo ânimo ao Centro Técnico Espacial, que pretende colocar em órbita uma nova versão do VLS até 2006. Há também projetos para lançamentos de foguetes russos e ucranianos. A base maranhense é alvo de interesse por sua localização próxima à linha do Equador. Isso permite que o foguete escape mais facilmente da gravidade terrestre, o que significa grande economia de combustível.

Capital – A cidade de São Luís, declarada patrimônio histórico da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1997, possui ruas estreitas e sobradões com fachada de azulejo e sacada de ferro, típicos do período colonial. Nos últimos anos, no entanto, os prédios do centro histórico estão ameaçados pela má conservação. A cidade é considerada também a capital brasileira do reggae.
São Luis, Capital do Estado do Maranhão
São Luis, Capital do Estado do Maranhão

História do estado do Maranhão

A primeira capitania do Maranhão, criada em 1534 e dividida em duas, não chega a ser efetivamente ocupada. Seus próprios limites são estabelecidos apenas no início do século XVII, sob domínio francês. La Ravardière e Mazilly instalam uma colônia na região, em 1612, chamada França Equinocial, e fundam na baía de São Marcos a cidade de São Luís, que recebe esse nome em homenagem ao rei francês Luís XIII. Em 1615, os portugueses, comandados por Jerônimo de Albuquerque, expulsam os franceses e iniciam sua colonização na região. São Luís é invadida pelos holandeses em 1641, mas recuperada por Portugal três anos depois. A partir daí, torna-se a base de apoio à exploração e ocupação portuguesa da Amazônia e do norte do Brasil. Para estimular o desenvolvimento da capitania, apoiado na monocultura do açúcar e do algodão, é criada em 1682 a Companhia de Comércio do Maranhão. A iniciativa provoca protestos dos proprietários locais, pois o governo português chega a confiscar as lavouras de quem não planta cravo ou algodão, produtos que interessam comercialmente à metrópole. Em 1684, sob a liderança dos irmãos Manuel e Tomás Beckman, os donos de terras maranhenses se rebelam, mas são duramente reprimidos. Em 1755 é criada pelo governo do Marquês de Pombal a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Na segunda metade do século XVIII, com o começo da Revolução Industrial inglesa, as exportações de algodão têm forte crescimento, o que contribui para a prosperidade econômica e o aumento da população. Esse progresso econômico, porém, não se mantém. Após as lutas da independência, o Maranhão entra no século XIX com a economia em declínio. A estagnação perdura durante o Império, o que provoca revoltas populares, como a Balaiada, de 1838, ou, mais tarde, a migração de milhares de pessoas, a maioria camponeses, para os seringais da Amazônia. No início da República, a manufatura algodoeira e o beneficiamento de arroz, açúcar, óleo de babaçu e cera de carnaúba sustentam a economia, mas não impedem o empobrecimento de grande parte da população.

Desafios da modernização – A partir dos anos 1960 e 1970 são feitos investimentos nos setores de agropecuária e de extrativismo vegetal e mineral, estimulados por incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Grandes projetos de criação de gado, de plantação de soja e arroz e de extração de minério de ferro, como o Carajás, trazem riqueza, mas aumentam a concentração fundiária e causam problemas ambientais. No fim dos anos 1970, quase a metade da formação original das matas de transição maranhense entre o cerrado e a floresta Amazônica já se havia perdido. Esses projetos também impulsionam disputas de terra e conflitos com a população indígena, causando tensão e violência.

Aluísio AzevedoAluísio Azevedo

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (MA) em 14 de abril de 1857. A chamado do irmão, o teatrólogo Artur Azevedo, viajou para o Rio de Janeiro aos 17 anos e começou a estudar na Academia Imperial de Belas-Artes. Logo passou a colaborar, com caricaturas e poesias, em jornais e revistas. A partir da publicação de seu primeiro romance, Uma lágrima de mulher (1880), exageradamente sentimental e em estilo romântico, viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor. Ao ingressar por concurso na carreira diplomática, em 1895, encerrou a literária. A serviço do Brasil, esteve na Espanha, Japão, Uruguai, Inglaterra, Itália, Paraguai e Argentina.

Crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições, o romancista Aluísio Azevedo abandonou as tendências românticas em que se formara para tornar-se, influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola, o criador do naturalismo no Brasil. Preocupado com a realidade cotidiana, seus temas prediletos foram o anticlericalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios, o povo humilde.

Um ano depois de seu pálido romance de estreia saiu O mulato (1881), em outro estilo. O livro foi publicado no auge da campanha abolicionista e provocou enorme escândalo. O autor tentava analisar a posição do mestiço na sociedade maranhense de seu tempo e atacou o preconceito racial. Foi esse o início de sua fase produtiva: até 1895 escreveu ao todo 19 trabalhos, entre romances e peças teatrais. Continuou colaborando em jornais e revistas, com caricaturas, contos, críticas e novelas. Ele próprio tentou lançar em São Luís um periódico anticlerical intitulado O Pensador, no mesmo ano de publicação de O mulato. A reação hostil da sociedade provinciana e do clero fez com que voltasse definitivamente para o Rio de Janeiro.

Além de O mulato, os romances que o consagraram perante a crítica e o público foram Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890), considerado sua obra-prima. No primeiro, inspirado num caso da crônica policial do Rio, descreve a vida nas pensões chamadas familiares, onde se hospedavam jovens que vinham do interior para estudar na capital. Em O cortiço narra, em linguagem vigorosa, a vida miserável dos moradores de duas habitações coletivas.

Entre seus demais romances estão: A condessa de Vésper (1902), publicado primeiro em rodapé da Gazetinha, sob o título Memórias de um condenado (1882); Girândola de amores (1900), publicado primeiro em folhetim na Folha Nova (1882), sob o título de Mistério da Tijuca; Filomena Borges (1884); O homem (1887); O Coruja (1895), publicado primeiro em rodapé de O País (1889); O esqueleto (mistérios da casa de Bragança) (1890), publicado sob o pseudônimo de Victor Leal; A mortalha de Alzira (1893); O livro de uma sogra (1895), além dos contos de Demônios (1890).

Membro fundador da Academia Brasileira de Letras (cadeira nº 4), Aluísio Azevedo morreu em 21 de janeiro de 1913 em Buenos Aires, Argentina, onde ocupava o posto de vice-cônsul do Brasil.

Antônio Gonçalves DiasAntônio Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias nasceu no sítio Boa Vista, perto de Caxias (MA), em 10 de agosto de 1823. Filho de um português e de uma mestiça, teve bons preceptores e trabalhou na loja do pai antes de seguir para a Universidade de Coimbra, pela qual se graduou em direito (1844). Retornou ao Maranhão e em 1846 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tornou-se professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II. Foi um dos fundadores da revista Guanabara e escreveu crônicas, críticas e folhetins literários para jornais como o Correio Mercantil e o Correio da Tarde. Morou, nessa época, na rua dos Latoeiros, que depois tomou seu nome. Nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros em 1852, partiu para a Europa em 1854, com a incumbência de estudar métodos de instrução pública em diferentes países. Na Alemanha, entrou em contato com o editor Brockhaus, que publicaria depois parte de sua obra.

Desde meados do século XIX Gonçalves Dias foi visto como o verdadeiro criador da literatura nacional. Cantor dos índios e das coisas do Novo Mundo, consolidou o romantismo brasileiro e serviu de modelo a todos os poetas seguintes, de Junqueira Freire a Castro Alves.

De volta ao Brasil, em 1859 deu início a uma série de viagens pela Amazônia, como chefe da seção de etnografia da Comissão Científica de Exploração. Foi a Manaus, ao rio Negro e à região do Madeira, à Venezuela e o Peru. Em 1862, com graves transtornos de saúde, voltou mais uma vez à Europa.

Obra. Em seus tempos de Coimbra, Gonçalves Dias escreveu dois romances, por ele mesmo destruídos, duas peças teatrais e alguns poemas. Em um dos romances destruídos, Memória de Agapito Goiaba, figurava a "Canção do exílio" ("Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá"), um de seus poemas mais conhecidos, que tem a particularidade de não apresentar nenhum adjetivo nos 24 versos que o compõem.

Em 1847 foram editadas duas de suas obras: Primeiros cantos e, na publicação Arquivo Teatral, o drama em prosa Leonor de Mendonça, escrito em 1846, de inspiração portuguesa mas situado até hoje entre os mais importantes da dramaturgia brasileira. Em 1848 apareceram os Segundos cantos e as Sextilhas de frei Antão. Em 1850, outro drama, Boabdil, e os Últimos cantos.

Embora a posteridade haja valorizado Gonçalves Dias sobretudo por sua brasilidade e pelos temas indianistas, nele encontrou muito mais. Em seu modo de ver e defender a natureza, por exemplo, há claros indícios que antecipam a preocupação ecológica. No terreno formal, a multiplicidade dos ritmos que empregou fez escola. Sua obra rica e variada já continha inclusive, segundo Antônio Cândido, "o germe de certos desequilíbrios" que as gerações seguintes cultivariam.

Em 1857, a editora Brockhaus lançou em Dresden, Alemanha, três obras de Gonçalves Dias: os Cantos, que englobam toda sua poesia, os quatro primeiros cantos de Os timbiras, poema indianista que ficou inconcluso, e seu Dicionário da língua tupi. Em 1868-1869, em seis volumes, foram publicadas suas obras póstumas, incluindo dois dramas em prosa escritos em 1843, Patkull e Beatriz Cenci; e A noiva de Messina, tradução do drama de Schiller Die Braut von Messina. Sem data, foram publicados o poema em prosa Meditação, de tom bíblico e inspiração abolicionista, e a memória Brasil e Oceania.

Em 10 de setembro de 1864, após inúteis esforços de recuperar a saúde na Europa, Gonçalves Dias partiu de regresso, do porto francês do Havre, no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa maranhense. O poeta foi o único a morrer no naufrágio, perto de Guimarães MA, em 3 de novembro de 1864.

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