Antibióticos, Substâncias Orgânicas Produzidas Por Vegetais ou Animais

Antibióticos, Substâncias Orgânicas Produzidas Por Vegetais ou Animais

Substâncias orgânicas produzidas por organismos vegetais ou animais, ou reproduzidas sinteticamente, os antibióticos exercem efeito inibitório ou letal sobre bactérias (mas não sobre vírus). Centenas de antibióticos têm sido descritos, mas poucos são os que se usam como antimicrobianos eficazes. A partir de 1948 grande número de antibióticos passou a ser utilizado comercialmente. Os principais são os que se seguem.

Alguns seres vivos, particularmente bactérias e fungos, elaboram substâncias que impedem a reprodução de outros microrganismos, e em muitos casos causam sua morte. A partir de meados do século XX o homem aprendeu a utilizar em seu benefício, e até mesmo a sintetizar, muitas dessas substâncias, conhecidas como antibióticos. Graças a elas, a medicina obteve importantes êxitos contra infecções como a sífilis, a tuberculose, as pneumonias e inúmeras micoses ou infecções por fungos.

Penicilina - A descoberta da penicilina é apontada como a maior contribuição da ciência médica do século XX, pois abriu um campo inteiramente novo na terapêutica. Em 1928 o britânico Alexander Fleming observou que um mofo, Penicillium notatum, segregava uma substância capaz de inibir o crescimento do Staphylococcus aureus. Denominou-a penicilina, sem tê-la, contudo, isolado. Sir Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey obtiveram penicilina em estado cristalizado, permitindo seu emprego clínico. No processo de cristalização e purificação conseguiram-se seis frações: F, G, X, O, V e K. Entretanto, a única de amplo uso atual é a penicilina G, em combinação com sódio, potássio ou cálcio. A penicilina é inativada pelo suco gástrico. Existem, porém, penicilinas que, por seu preparo e concentração, podem ser administradas oralmente e atingir níveis sangüíneos iguais aos obtidos por injeções.

Pouco depois de injetada, a penicilina atinge concentrações adequadas nos tecidos orgânicos, e posteriormente é eliminada pelos rins. Difunde-se em quase todos os tecidos, salvo no cérebro, na córnea e no cristalino (globo ocular). Pode ser inativada por um fermento denominado penicilinase, produzido por certas bactérias (Entamoeba coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus).

A penicilina pode produzir reações de hipersensibilidade, como urticária, edema angioneurótico, dores articulares, febres, eczemas, erupções cutâneas, quadro de choque e até morte. É eficaz nas infecções por bactérias gram-positivas (sobretudo estreptococos, pneumococos, estafilococos e bacilos diftéricos), cocos gram-negativos (treponemas, lactobacilos etc.). Os estafilococos desenvolvem freqüentemente resistência à penicilina, mesmo quando essa é aplicada em altas concentrações. As penicilinas semi-sintéticas mais recentes (meticilina, oxacilina e clorozacilina) resistem à ação da penicilinase dos estafilococos. São eficazes no combate ao estafilococo resistente aos demais antibióticos.

Estreptomicina - Em 1944, Selman Abraham Waksman descobriu a estreptomicina, extraindo-a de uma cultura de Streptomyces griseus. A diidroestreptomicina, derivado hidrogenado da estreptomicina, tem ação antimicrobiana idêntica.

Por ser pouco absorvida no tubo digestivo, a estreptomicina não é empregada por via oral para tratamento de doenças sistêmicas, mas é usada com bons resultados nas infecções intestinais, de vez que não se anula sob a ação do suco gástrico. Aplicada em injeções intramusculares, difunde-se rapidamente no sangue, nos líquidos ascítico e pleural, na urina, nos humores aquoso e vítreo do globo ocular, na bile e no líquido amniótico. É eliminada pelos rins e atua, em parte por interferência, no mecanismo de condensação do piruvato e oxaloacetato dos germes. A resistência à estreptomicina surge muito mais rapidamente do que a resistência à penicilina.

A estreptomicina tem efeito tóxico, especialmente sobre o aparelho vestibular (um dos órgãos do equilíbrio). A diidroestreptomicina é mais tóxica para o nervo acústico e pode causar surdez após a aplicação de alguns gramas. Atualmente, dentro e fora do Brasil, há forte tendência a abandonar a diidroestreptomicina nos preparados farmacêuticos.

O principal uso da estreptomicina é no tratamento da tuberculose. Em associação com antibióticos de largo espectro, é eficaz na brucelose e nas infecções urinárias por B. proteus e outros germes resistentes; age ainda beneficamente em infecções entéricas resistentes às sulfonamidas.

Tetraciclinas - Grupo antibiótico de largo espectro, que inclui a clortetraciclina, obtida de Streptomyces aureofaciens; a oxitetraciclina, extraída do Streptomyces rimosus; e a tetraciclina, derivada da naftacenocarboxamida. Foram descobertas independentemente, possuem atividades semelhantes e são rapidamente absorvidas no tubo digestivo, comportando-se como bacteriostáticos in vivo. Seu mecanismo de ação é ainda desconhecido. Não raro, provocam náusea, vômito, diarréia, estomatite, proctite e vaginite, embora isso seja menos comum com a tetraciclina.

As tetraciclinas atuam contra alguns vírus grandes (como os do linfogranuloma venéreo e da psitacose), rickéttsias, bactérias gram-negativas e gram-positivas. São eficazes, sobretudo, nas infecções resistentes à penicilina e à estreptomicina.

Cloranfenicol - Extraído em 1948 de Streptomyces venezuelae, o cloranfenicol pode ser obtido também por síntese. Atua eficazmente por via oral. É eliminado pela urina, conjugado ao ácido glicurônico. O principal inconveniente do cloranfenicol é que, às vezes, provoca anemia aplástica e agranulocitose (baixa de leucócitos granulosos no sangue) graves, ou mesmo fatais.

De atividade  semelhante à das tetraciclinas, mostra-se porém mais poderoso contra infecções por germes gram-negativos, especialmente proteus e os causadores de febre tifóide e salmoneloses. Atua também sobre estafilococos e rickéttsias.

Neomicina - Contra bactérias gram-positivas e negativas a neomicina mostra-se eficaz. Por não ser absorvida no tubo digestivo, é usada para esterilizar a flora intestinal antes da cirurgia. Não deve ser injetada em pacientes com insuficiência renal porque é tóxica para os rins. Pode também causar surdez. Usa-se em pomadas nas infecções piogênicas.

Eritromicina - Além de apresentar espectro antimicrobiano semelhante ao da penicilina, a eritromicina age também sobre alguns vírus, rickéttsias e estafilococos, sobretudo os resistentes à penicilina.

Outros antibióticos - A polimixina-B, apesar de agir sobre germes gram-negativos, tem uso limitado, por seus efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso e os rins. A bacitracina, tóxica para os rins e pouco assimilável pelo tubo digestivo, limita-se a aplicações locais. Atua sobre bactérias gram-positivas, meningococos, gonococos e H. influenzae.

A novobiocina é eficaz contra infecções por estafilococos e B. proteus resistentes a outros antibióticos. A carbomicina tem espectro antimicrobiano semelhante ao da eritromicina. A nistatina, inibidora de fungos, principalmente dos que aparecem no tubo digestivo por efeito dos antibióticos de largo espectro (tetraciclinas, sobretudo), é usada em aplicações locais contra certas micoses.

Muito semelhante à neomicina em estrutura e efeitos, a canamicina é útil no tratamento de infecções por estafilococos. A viomicina, embora seja eficaz contra o bacilo da tuberculose, é tóxica para os rins e ouvido.

O uso indiscriminado de antibióticos tem contribuído para o aparecimento de germes resistentes, cuja proliferação e virulência provocam situações graves, por vezes fatais. Sempre que possível, o médico procura fazer os testes de sensibilidade aos químio-antibióticos, a fim de selecionar as drogas mais eficazes para cada tipo de infecção. Os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão e a Europa continental são os maiores produtores.

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