Descobrimento da América e a Expansão Marítima

Descobrimento da América e a Expansão Marítima

Descobrimento da América e a Expansão MarítimaÉ paradoxal que um dos acontecimentos de maior transcendência na história humana, o descobrimento da América, resultasse de um erro no cálculo das dimensões da Terra: a suposição de que o extremo ocidental da Europa e o extremo oriental da Ásia estivessem separados por um estreito espaço marítimo, o oceano Atlântico. Foi com essa certeza -- a de dirigir-se à região das especiarias -- que Colombo partiu, em 1492, do porto de Palos de la Frontera, para sua grande aventura. Os progressos alcançados pela ciência náutica no século XV e a pujança política e econômica do reino de Castela tornaram possível o descobrimento do novo continente, cuja existência seria posteriormente confirmada pelos estudos de Américo Vespúcio.

Colombo e seus homens não foram, porém, os primeiros europeus a avistarem o continente americano. Bem antes deles, entre fins do século X e início do XI, os navegadores vikings (escandinavos) Erik o Vermelho e Leif Erikson chegaram à Groenlândia e às costas setentrionais da América do Norte. Leif Erikson batizou as terras visitadas com os nomes de Markland (país dos bosques) e Vinland (país da vinha), mas não teve consciência de haver descoberto um novo continente.

Expansão atlântica
Realização que coroou todo um século de explorações marítimas, o descobrimento da América pelos europeus situou-se no contexto de uma sociedade dinâmica que tentava superar os estreitos horizontes medievais.

No início do século XV, o quadro geográfico do mundo conhecido estendia-se do Japão até o oeste da Europa. Para além do estreito de Gibraltar ficava, no entanto, o mare tenebrosum ("mar tenebroso"), o Atlântico, segundo a concepção medieval. Tais limitações no conhecimento da geografia terrestre restringiram a navegação às proximidades do litoral, embora a idéia de um oceano aterrorizante fosse aos poucos desaparecendo.

Castela e Portugal foram as potências hegemônicas da expansão atlântica do século XV. Essa expansão teve como móvel uma motivação econômica essencial para a Europa: o comércio com o Oriente. A rota terrestre para as Índias foi bloqueada no século XV pelos avanços do império otomano, o que obrigou os comerciantes europeus a buscarem um caminho alternativo. Do Oriente provinham as especiarias, muito procuradas para o tempero de alimentos, e os metais preciosos, de que a Europa precisava para fabricar dinheiro e facilitar, por conseguinte, as transações comerciais. Em Portugal, a expansão prosperou graças a sua excelente posição geográfica, à experiência de seus navegadores e ao apoio da coroa (D. João I e o infante D. Henrique o Navegador, que criou a Escola Náutica de Sagres).

Durante o século XV, os portugueses tentaram chegar às Índias costeando o litoral atlântico da África. Em 1427 descobriram as ilhas dos Açores, em 1434 dobraram o cabo Bojador e em 1444 alcançaram as ilhas de Cabo Verde.

Em sua expansão marítima, os interesses de Portugal chocaram-se com os de Castela. Em 1479, aproveitando-se dos conflitos internos do reino espanhol, os portugueses asseguraram para si o monopólio das rotas em direção ao sul do Saara, mediante a assinatura do Tratado de Alcaçobas. Esse fato obrigou os castelhanos a buscarem novas rotas que levassem às Índias, o que resultou na descoberta da América.

Antecedentes do descobrimentoAntecedentes do descobrimento
Em 1476 chegou a Lisboa o mercador genovês Cristóvão Colombo, que tivera seu barco assaltado durante a viagem. Após instalar-se em Portugal, Colombo entrou em contato com os círculos locais de navegadores. A leitura de obras sobre geografia e viagens, tais como o Imago mundi, de Pierre d,Ailly, e os relatos de Marco Polo e de John Mandeville, proporcionou-lhe uma formação exaustiva sobre o assunto e a certeza de que, se navegasse para oeste, alcançaria o continente asiático. Tal hipótese fora referendada pelo humanista italiano Paolo Toscanelli quando este afirmou estarem as costas de Portugal mais próximas do limite oriental da Ásia do que se pensava. Essas leituras fizeram Colombo decidir-se a realizar a aventura atlântica. Entre 1484 e 1485 tentou conseguir o apoio do rei de Portugal, D. João II, mas a monarquia lusa, partidária da rota africana para as Índias, recusou-se a dar apoio a Colombo.

Em 1485 Colombo viajou para Castela, onde conseguiu, no ano seguinte, uma audiência com os reis católicos, Fernando e Isabel. Os monarcas espanhóis demonstraram interesse pelo projeto, mas decidiram adiar sua decisão para depois que se efetuasse a conquista do reino de Granada, último reduto muçulmano na península ibérica. Cinco anos depois, em 1491, Colombo obteve o apoio de frei Juan Pérez, monge do mosteiro da Rábida (próximo ao porto de Palos de la Frontera), que convenceu a rainha Isabel a financiar a expedição.

A guerra de Granada terminara e Castela não tinha mais terras a conquistar na península. Os turcos otomanos haviam fechado as rotas comerciais no Mediterrâneo oriental e os portugueses impediam a navegação pelo sul da África. Restava pois, aos espanhóis, somente uma linha de expansão: a que propunha Colombo, mar adentro, na direção oeste.

Em 17 de abril de 1492 firmaram-se as Capitulações de Santa Fé, que concediam a Colombo o título de almirante, vice-rei e governador das terras que descobrisse, bem como dez por cento das riquezas que lá obtivesse. Tais condições vantajosas seriam, no entanto, posteriormente recusadas pela coroa.
Expedição e descobrimento. Colombo enfrentou dificuldades para organizar a expedição, uma vez que sua empresa era vista com receio, senão com zombaria, pelos marinheiros andaluzes. Mesmo assim, os irmãos Pinzón -- Martín Alonso e Vicente Yáñez -- conseguiram reunir os homens (88, segundo alguns autores) necessários para tripular as três naves que comporiam a expedição: duas caravelas, a Pinta e a Niña, e uma nau, a Santa Maria.

Em 3 de agosto, as naves de Colombo zarparam do porto andaluz de Palos de la Frontera. Nove dias depois chegaram às ilhas Canárias, onde foram reparadas algumas avarias. Em 9 de setembro, iniciou-se a viagem histórica. Segundo os cálculos de Colombo, as Canárias estariam situadas no mesmo paralelo que Cipango (Japão); por esse motivo ele seguiu no rumo oeste, escolhendo, sem sabê-lo, a rota mais curta para atingir a América. No final do mês, a tripulação começou a perder a confiança nas expectativas de Colombo, mas a intervenção decisiva de Martín Alonso Pinzón, que desfrutava de grande prestígio entre os marinheiros, possibilitou o prosseguimento da viagem sem maiores problemas. Em 12 de outubro, Rodrigo de Triana, que se encontrava na Pinta, deu o grito de "Terra!"; no mesmo dia, o almirante desembarcou numa ilha das Bahamas, possivelmente a atual Watling, chamada pelos nativos de Guanahani e batizada por Colombo como San Salvador.

Convencido de haver alcançado o Extremo Oriente pelo caminho do Ocidente, o explorador seguiu viagem à procura de Cipango e Catai (Japão e China) e assim chegou às ilhas de São Domingos e Cuba. No litoral da primeira delas, à qual denominou Hispaniola (La Española) naufragou a nau Santa Maria, cujos restos serviram para construir o fortim da Navidad, primeiro estabelecimento europeu na América.

No início de 1493 Colombo decidiu retornar à Espanha, deixando em Hispaniola uma pequena guarnição sob o comando de Diego de Arana. A viagem de volta, iniciada em 16 de janeiro, foi marcada por dificuldades, devido a uma série de tormentas que obrigaram o navegador a fazer uma escala nos Açores, antes de avistar Lisboa em 4 de março. Onze dias depois, a Niña chegou ao porto de Palos; daí Colombo viajou por terra até Barcelona, onde se encontrava a corte, para comunicar aos reis católicos a descoberta da nova rota para as Índias. Em poucos meses a notícia espalhou-se por toda a Europa.

Problemas jurídicos: as bulas e o Tratado de Tordesilhas. O primeiro problema trazido pelo descobrimento referiu-se aos títulos de domínio sobre as terras encontradas. Segundo o direito da época, a exclusividade de um estado à posse de territórios era concedida pelo pontífice romano. Assim, para evitar que os portugueses reclamassem direitos sobre as terras descobertas, no mesmo ano de 1493 a coroa espanhola conseguiu do papa Alexandre VI várias bulas que sancionavam a propriedade castelhana dos territórios descobertos. Os portugueses, porém, não se deram por satisfeitos e propuseram uma nova linha demarcatória. Em 1494 firmou-se o Tratado de Tordesilhas, cuja cláusula mais importante fixava o meridiano de separação a 370 léguas a oeste de Cabo Verde. As terras situadas a oeste pertenceriam a Castela, enquanto as localizadas a leste caberiam a Portugal, que ganhava, assim, a parte oriental da América (Brasil).

Segunda e terceira viagens de Colombo. Em 25 de setembro de 1493 começou a segunda viagem de Colombo. A esquadra compunha-se de 17 barcos e cerca de 1.500 tripulantes, entre eles diversos religiosos, fidalgos e servidores da casa real, que levavam animais, plantas, sementes e implementos agrícolas para iniciar uma colonização intensiva. A expedição visava evangelizar os índios e estabelecer um ativo comércio com os nativos. Colombo fundeou nas ilhas antilhanas de Guadalupe e Dominica e, mais tarde, na Jamaica. Em Hispaniola, onde os índios haviam destruído o fortim da Navidad, fundou a cidade de Isabela, cujo governo confiou a seu irmão Bartolomeu. Este, por sua vez, devido à hostilidade dos índios, foi obrigado a evacuar a cidade e a fundar outra, Santo Domingo, em 5 de agosto de 1496. Nesse mesmo ano Cristóvão Colombo regressou à Espanha.

A terceira viagem de Colombo à América, iniciada em maio de 1498, tinha por objetivo descobrir terra firme. Em agosto a expedição chegou a Trinidad, de onde seguiu pela costa sul-americana até a foz do Orinoco, lugar que Colombo identificou como o paraíso terrestre. Convencido de haver alcançado terra firme, retornou a Hispaniola, onde ocorrera um choque armado entre facções rivais da colônia espanhola. A situação de desordem obrigou a coroa a enviar um interventor, Francisco de Bobadilha, que prendeu Colombo e seus irmãos e os embarcou para a Espanha.

As viagens de espanhóis, portugueses e outros europeus. As tentativas de Colombo de escravizar os índios para vendê-los na Europa (por não encontrar os esperados metais preciosos) foram rechaçadas pela coroa, que também lhe retirou os privilégios anteriores concedidos, por considerá-los excessivos. A partir de 1499, novas capitulações permitiram que outros navegantes realizassem expedições descobridoras. Essas viagens menores, protagonizadas sobretudo por Alonso de Ojeda, Juan de la Cosa, Américo Vespúcio, Vicente Yáñez Pinzón e Pero Alonso Niño, tiveram grande interesse geográfico, já que permitiam desenhar todo o contorno setentrional da América do Sul. Em 1500, oito anos após o descobrimento, Juan de la Cosa elaborou um mapa que mostrava uma extraordinária parcela do continente americano.

Apesar da obstinação de Colombo, consolidava-se a idéia de que aquelas terras nada tinham a ver com a Ásia. Todavia, entre 1502 e 1504, Colombo realizou uma quarta viagem, a última, na qual costeou a América Central em busca do estreito que abriria caminho para Cipango. Morreu na Espanha em 1506.

Em 1500 o rei de Portugal, D. Manuel I, enviou uma expedição sob o comando de Pedro Álvares Cabral, que chegou em 22 de abril à baía Cabrália, no atual estado da Bahia. Como, porém, os interesses portugueses estavam à época voltados para as colônias asiáticas, a colonização efetiva do território só se iniciou em 1533.

As descobertas de Colombo animaram os navegadores de outros países europeus a empreender suas próprias expedições, sem respeitar a divisão, sancionada pelo papa, de novas terras em favor da Espanha e de Portugal. Em maio de 1497, o italiano João Caboto, navegando sob bandeira inglesa, alcançou as ilhas e costas setentrionais do continente (Terra Nova, Cabo Bretão e península do Labrador). O fracasso de uma segunda viagem afastou temporariamente a Inglaterra de suas pretensões com relação à América. As terras continentais do Canadá foram exploradas pelos franceses com as expedições de Giovanni da Verrazzano (1524) e Jacques Cartier (1534, 1535 e 1541-1542).

A partir de princípios do século XVI, as viagens tiveram por principal objetivo encontrar a passagem para o outro lado da massa continental. Em 1513 Vasco Núñez de Balboa descobriu o oceano Pacífico, transpondo o istmo do Panamá, e em 1520 Fernão de Magalhães encontrou a passagem marítima ao dobrar a ponta sul da América pelo estreito que leva seu nome. Logo depois começou o ciclo de conquistas dos grandes impérios americanos.

Com o descobrimento da América ampliou-se o quadro geográfico e se incorporaram à realidade ocidental paisagens, homens e costumes que contribuíram para acabar com os antigos preconceitos e concepções sobre o mundo. As ciências e o pensamento tiveram que adaptar-se aos novos conhecimentos e, pela primeira vez na história da Europa, dispôs-se de um vasto território para a colonização e o aproveitamento de enormes recursos econômicos: começava a idade moderna.

 Expansão MarítimaExpansão Marítima

Grandes navegações dos séculos XV e XVI que têm origem na necessidade de expansão econômica da Europa. A insuficiência da produção agrícola para alimentar toda a população, o declínio econômico da nobreza, o encarecimento dos produtos orientais e a falta de metais preciosos para a emissão de moeda impulsionam a procura por novos mercados fora dos domínios europeus. A tentativa de encontrar rotas alternativas para o Oriente torna-se indispensável.

A empreitada é possível graças ao surgimento de uma burguesia mercantil, interessada em ampliar sua margem de lucro, e ao fortalecimento do Estado, com a centralização do poder monárquico. Um forte ideal missionário, principalmente dos países ibéricos, para catequizar os povos infiéis das terras distantes funciona como justificativa ideológica para a expansão. As nações ibéricas formam impérios ultramarinos entre os séculos XV e XVI, quando tem início a colonização da África, da Ásia e da América. Além de Portugal e Espanha, Inglaterra, França e Holanda (Países Baixos) também realizam grandes expedições.

Portugal – Para alcançar os mercados do Oriente e garantir o monopólio do comércio com as chamadas Índias, os portugueses assumem a vanguarda do expansionismo europeu, seguidos pelos espanhóis. Revolucionam a arte da navegação ao aperfeiçoar instrumentos náuticos de origem árabe, como a bússola, modernizar a cartografia e inventar a caravela. São pioneiros em calcular com precisão a circunferência da Terra e no comércio de escravos negros para a América.

Expedições portuguesas – A primeira expedição portuguesa, comandada pelo rei dom João I, termina com a conquista de Ceuta, em 21 de agosto de 1415. Um dos mais importantes portos africanos, ao norte do Marrocos, é o ponto de partida para as descobertas portuguesas na África Ocidental. O cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente, é contornado em 1487 por Bartolomeu Dias (1450-1500), abrindo caminho para o Oriente. A primeira ligação por mar entre Europa Ocidental e Índia é feita em 8 de julho de 1497 por Vasco da Gama (1469-1524). Ele parte da praia de Restelo, em Portugal, e em 1498 chega ao porto indiano de Calicute. Em 22 de abril de 1500, uma nova esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral chega à costa brasileira.

Espanha
– Atrasados em relação a Portugal, os espanhóis patrocinam a viagem de Cristóvão Colombo ao Oriente em 1492. Acreditando que a Terra era redonda, Colombo supõe ter alcançado o Oriente navegando pelo Ocidente. Na verdade, descobre outro continente: a América. Entre 1503 e 1513, o navegador florentino Américo Vespúcio (1451-1512) viaja ao continente a serviço da Espanha. Ainda com patrocínio espanhol, Fernão de Magalhães (1454-1521) começa em 1519 a primeira viagem de circunavegação da Terra. Parte de Cádiz, no litoral da Espanha, atravessa o Atlântico Sul e cruza o estreito que hoje tem seu nome. Ruma para a Ásia, chegando às Filipinas em 1521. A tese sobre a forma esférica da Terra fica assim comprovada.

Inglaterra, França e Países Baixos – Iniciam sua expansão marítima mais tarde e, no princípio do século XVI, aportam em terras já ocupadas por portugueses e espanhóis. Conquistam algumas áreas na América do Norte e na Ásia e desenvolvem ações de pirataria oficializadas por seus governos contra Portugal e Espanha. No começo do século XVII, ingleses, franualidade. Formam também sociedades credenciadas para exploração, comercialização e administração de terras longínquas, como a Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e a Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602).

Liderança inglesa – No século XVIII, com enorme poder naval, a Inglaterra lidera as expedições marítimas. As viagens, motivadas pela curiosidade científica e pela expectativa de obter maiores vantagens comerciais, são organizadas pelo governo e realizadas em navios de guerra comandados por oficiais da Marinha. Os objetivos são a exploração do sul do Pacífico e a descoberta de um estreito, entre o nordeste da Ásia e noroeste da América, que leve ao Ártico: acabam por descobrir várias ilhas, como Sandwich do Sul, a sudeste da América do Sul. Também exploram a Nova Zelândia, a Austrália e toda a costa americana e asiática do Pacífico Norte.

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