Literatura Turca

Literatura Turca

Literatura TurcaA Literatura Turca abrange o conjunto dos escritos de povos turcos, em suas diferentes línguas, a partir do século VIII. Pode-se dividi-la em três períodos principais: o período turco propriamente dito, antes da conversão dos turcos ao islamismo, ocorrido entre os séculos VIII e XI da era cristã; o período da cultura islâmica, do século XI a meados do XIX, quando eram fortes as influências árabes e persas; e o período moderno, a partir de 1839, em que predomina a influência do pensamento e da literatura do Ocidente.

No século XX, o nacionalismo serviu de estímulo ao desenvolvimento da literatura turca, que tivera sua época de esplendor após a conquista de Constantinopla e a consolidação do Império Otomano.

As línguas turcas compreendem vasta família que se estende pela Turquia, por parte da Ásia central e ocidental e chega até a Europa, na Bulgária e no sul da Rússia, com cerca de 12 línguas e diversos dialetos. O turco otomano foi introduzido na Anatólia pelos seldjúcidas no fim do século XI. Pouco a pouco a língua incorporou palavras e formas gramaticais oriundas do árabe, cujo alfabeto também foi adotado pelos turcos. Em 1929, após a fundação da república turca, o alfabeto árabe foi substituído pelo latino, ao mesmo tempo que o estado estimulava uma reforma linguística que contribuiria para a purificação do vocabulário e a criação de nova linguagem literária.

Período pré-islâmico e islâmicoEm 1889 foram descobertos no norte da Mongólia textos anteriores à época em que os turcos emigraram para o Oriente Médio. As inscrições, decifradas em 1893 pelo filólogo dinamarquês Vilhelm Thomsen, narram as lutas dos turcos contra os chineses. O estilo desenvolto e elegante dessas narrativas indica a possibilidade de desenvolvimento anterior da literatura turca, da qual nada se conhece.

Após sua conversão ao Islã e a conquista do norte da Índia, os turcos fundaram o império mogol, com capital em Delhi. A civilização turca na Índia, influenciada pela cultura árabe, desenvolveu literatura própria. O próprio Baber, descendente de Tamerlão e fundador da dinastia mogol, foi o principal escritor desse ramo da literatura turca. Suas memórias, intituladas Baber nameh (Livro de Baber), constituem interessante documento histórico. Outro importante escritor da Índia mogol foi Ebülgazi Bahadur Han, do século XVII, autor de Secere-i-Türk (Genealogia dos turcos).

Na Anatólia, os turcos seldjúcidas fundaram um reino no qual predominou a influência cultural persa. Alguns escritores da época seldjúcida exerceram significativa influência na literatura turca posterior. Entre eles, destacam-se os poetas Yunus Emre, autor de popular obra mística, e Süleyman Çelebi, que escreveu Mevlud, biografia poética de Maomé.

A conquista de Constantinopla (Istambul) em 1453 significou a consolidação do domínio turco otomano sobre grande parte da Ásia e da Europa e marcou o início da época clássica da literatura turca. A poesia predominou na maior parte das manifestações literárias e a influência persa se tornou ainda mais patente do que no período seldjúcida. Importantes escritores da corte de Istambul foram Ahmed Bajá, do século XV, Bâkî (Mahmud Abdülbâkî), do século XVI, considerado o principal poeta da literatura turca, e Ahmed Nedim, do século XVIII.

Durante o período clássico, a literatura em prosa só se expressou em textos históricos. Hoca Sadeddin escreveu no século XVI uma crônica do império turco até o ano 1520. Outros importantes autores foram Katip Çelebi, do século XVII, e Mustafá Naima, do fim do século XVII e início do século XVIII. Kâtip Çelebi escreveu a história turca do período compreendido entre 1591 e 1645 e compilou um dicionário bibliográfico de grande interesse para os historiadores. Sua extensa obra incluía observações sobre viagens que realizou por todo o império turco.

Período modernoAo longo do século XVIII e no início do século XIX, a decadência geral do império manifestou-se também na criação literária. Só na segunda metade do século XIX começou a surgir uma tendência à modernização impulsionada por autores que, como Namik Kemal, buscaram na literatura ocidental, em especial na literatura francesa, fonte de inspiração estilística. Foram então adotados novos gêneros literários, como o romance, e abandonadas as formas de estilo antiquadas e sobrecarregadas.

O romancista Huseyin Rahmi Gürpinar deu início a um estilo desvinculado dos modelos franceses e que haveria de florescer ao longo do século XX com o impulso do sentimento nacionalista. Essa renovação também foi protagonizada, entre outros, por Ziya Gökalp, autor dos fundamentos filosóficos do nacionalismo turco; Reshat Nuri Güntekin, autor de um dos mais populares romances turcos, Çalikusu (1922); e o poeta Faruk Nafiz Chamlibel.

Após o estabelecimento da república, em 1923, um grupo de literatos empenhou-se em desvincular a literatura turca das tradições árabe e persa e em dotá-la de caráter nacionalista semelhante ao das literaturas dos países europeus. Orhan Veli Kanik adotou o verso livre e revelou a influência do surrealismo. Nazim Hikmet Ran tornou-se famoso no exterior, pois na Turquia seus poemas revolucionários foram com freqüência proibidos.

Maior influência no interior do país teve Fazil Hüsnü Daglarca, que expressou em formas modernas o antigo sentimento místico. Sait Faik Abasiyanik iniciou a narrativa centrada na vida campestre e expressa em linguagem coloquial; entre suas obras destacam-se Semaver (1936) e Lüzumsuz adam (1948; Um homem supérfluo). Nesse gênero, sobressaíram Orhan Kemal, que introduziu um realismo cru em romances como Bereketli topraklar üzerinde (1954; Em solo fértil) e Mahmut Makal, que descreveu as duras condições de vida dos camponeses em Bizim köy (1960; Nossa aldeia) e Köyüm-den (1961; Da minha aldeia).

A partir da década de 1970, os problemas sociais refletiram-se nas obras de Nazim Hikmet, Âsik Veysel Satiroglu e Bekir Yildiz. A vida no campo permaneceu como tema em obras de Cevat Sakir Kabaagaçli, Mehmet Seyda e Erol Toy, entre outros.

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