Trigo, História, Plantio e Colheita do Trigo

Trigo, História, Plantio e Colheita do Trigo

#Trigo, História, Plantio e Colheita do TrigoUtilizado desde a idade da pedra, o trigo foi sempre o principal produto na alimentação humana ao longo de cinco milênios, especialmente nas regiões de clima temperado. O arroz -- seu mais próximo concorrente -- e o milho predominam nas regiões tropicais.

Trigo é um cereal da família das gramíneas, do gênero Triticum, que compreende cerca de 24 espécies. A planta tem folhas longas e finas, talo oco na maioria das variedades e espigas compostas de vinte a cem flores. Estas, muito pequenas, agrupam-se em espículas, cada uma com duas a seis flores, das quais duas ou três são naturalmente fertilizadas e produzem grãos.

Das variedades conhecidas de trigo, as principais são o Triticum vulgare, com o qual se fabrica pão; o T. durum, empregado para macarrão e massas; e o Triticum compactum, mais mole, com o qual se fazem bolos, biscoitos, tortas e farinhas.

Distribuição geográfica e cultivo - O trigo cresce numa ampla diversidade de climas e solos, mas sua adaptação mais completa se dá em climas temperados com chuvas moderadas. Seu cultivo, contudo, estende-se desde o círculo polar ártico até as zonas subequatoriais, em altitudes inferiores ao nível do mar ou de até três mil metros. Dos principais integrantes da dieta humana, o trigo é o que menos necessita de água. As culturas se fazem em planícies para facilitar o uso de máquinas.

Quanto ao ciclo, há dois tipos de trigo: de primavera, plantado na primavera e colhido no verão; e de inverno, plantado no outono e colhido no fim da primavera. A planta germina uma ou duas vezes ao ano. O rendimento dos campos de trigo são bastante variáveis, e afetados por diversos fatores, como as características do solo, as condições meteorológicas durante seu ciclo e as doenças, causadas principalmente por vírus, bactérias e fungos.

História - A revolução neolítica, que marcou durante a pré-história a passagem das tribos nômades caçadoras e coletoras de frutos para sociedades sedentárias que praticavam a agricultura e a pecuária como meios de subsistência, teve no trigo um de seus primeiros produtos cultivados. Aos poucos, o cereal se transformou no alimento básico da dieta desses povos.

Os habitantes das aldeias de palafitas dos lagos suíços e os escandinavos da idade da pedra comiam cevada, trigo e painço. Sabe-se que no Egito, no período pré-dinástico, já se consumia trigo e cevada como alimento. Na Babilônia, há cerca de seis mil anos, o trigo era tão importante quanto a cevada. Na época dos antigos gregos e romanos, os trigais eram comuns no Mediterrâneo e substituíram progressivamente as plantações de cevada, primitivamente mais cultivada e consumida. Por volta do terceiro milênio antes da era cristã, o trigo era bem conhecido na China e posteriormente se popularizou também no Japão e na Índia. Expandiu-se mais tarde pela Europa.

A invenção do arado pelos romanos foi determinante para o cultivo do trigo, que se estendeu pela Idade Média. Não obstante o aumento da produção, as guerras travadas entre senhores feudais originaram frequentes crises de alimentos nas cidades medievais. Desde o século XVI, regiões como Polônia e Ucrânia transformaram-se em centros produtores de grãos e, ao mesmo tempo, em objeto de cobiça e focos de lutas políticas para conseguir seu domínio.

O surgimento de novas zonas cerealistas, como os Estados Unidos, a Argentina, o Canadá e a Austrália; a especialização das culturas experimentada desde o século XVIII; e a crescente utilização de máquinas nas tarefas agrícolas foram fatores que influenciaram  o aumento da produção e da produtividade.

Plantio e colheita - O trigo prefere climas temperados e não suporta a acidez excessiva do solo, que pode ser corrigida com a aplicação de calcário moído. Também não se prestam à cultura do trigo os solos argilosos ou muito ricos em matéria orgânica, já que provocam o acamamento do trigal. O solo deverá ser bem arado e gradeado, e a adubação é quase sempre indispensável. A semeadura é manual, mas nas pequenas culturas pode às vezes ser feita a lanço. Nas grandes culturas, é mecânica e em linhas.

O trato é simples, quase sempre limitado a escarificações, cuja finalidade é quebrar a crosta dura que se forma em solos argilosos. As ervas daninhas são raras quando a terra foi bem preparada e o trigal se desenvolve na estação fria e seca.

A colheita pode ser automatizada, mas nas pequenas culturas é manual, lenta e trabalhosa. Corta-se o trigo maduro em feixes que, depois da secagem, vão para o terreiro, onde são batidos manualmente. Essa fase, chamada debulha ou trilha, em alguns países é feita pelo pisoteio de animais domésticos. Existem também trilhadeiras mecânicas que simplificam e aceleram a operação. Nas grandes lavouras, a colheita se faz mecanicamente, com colheitadeiras modernas capazes de realizar simultaneamente múltiplas tarefas, como cortar os colmos, debulhar as espigas e separar os grãos da palha, para em seguida ensacá-los.

Aproveitamento e aplicações
- A maior parte da farinha de trigo produzida se emprega para fabricar pão. As variedades duras, cultivadas em climas secos, apresentam valor proteico entre 11 e 15%. O trigo mole, cultivado em clima úmido, tem conteúdo proteico inferior.

A composição média do grão do trigo, alimento que representa uma das principais fontes de energia da dieta humana, é de dois terços de carboidratos, um oitavo de proteínas, um oitavo de água e pequenas quantidades de gorduras, sais minerais e fibras. O conteúdo calórico do vegetal é de 330 calorias para cada cem gramas de trigo. Outros nutrientes do trigo são a tiamina, a riboflavina e a vitamina A em reduzidas proporções, a maioria das quais desaparece durante o processo de moagem.

A produção mundial de trigo, no final do século XX, situava-se em torno dos 500 milhões de toneladas, com uma área global cultivada superior a 200 milhões de hectares. Os principais produtores eram China, Estados Unidos, Índia, Rússia, França, Canadá, Argentina, Turquia, Paquistão, Austrália, Itália e Espanha.

Triticultura brasileira - O trigo foi introduzido no Brasil pelos primeiros colonizadores. Ainda no século XVI disseminou-se em várias áreas, principalmente na região Sul, sub temperada. No começo do século XVII, os casais açorianos fixados na antiga província de São Pedro do Sul incrementaram seu cultivo. Em 1805 o país já exportava quantidades apreciáveis do cereal, mas a partir de 1811, com a irrupção da ferrugem, os agricultores passaram a preferir outras lavouras. Nos séculos XIX e XX, até a década de 1940, não prosperou a cultura de trigo no Brasil.

No meado do século XX, em virtude de medidas preparatórias e de incentivo, a produção de trigo chegou a mais de um milhão de toneladas, mas caiu nos anos seguintes para quase a metade. Graças à utilização de sementes selecionadas, na década de 1970 as colheitas se elevaram novamente. Na última década do século, com 95% das plantações brasileiras concentradas nas terras ácidas do Rio Grande do Sul, o Brasil importava mais de dois terços do trigo necessário para seu próprio consumo. Pesquisadores tentavam obter, por meio de cruzamentos genéticos, linhagens que oferecessem características do trigo duro, de melhor qualidade para massas, a partir do trigo mole, o único que suporta a acidez do solo.

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