Biogeografia e os Domínios Morfoclimáticos Brasileiros

Biogeografia e os Domínios Morfoclimáticos Brasileiros

Biogeografia e os Domínios Morfoclimáticos Brasileiros
Regiões biogeográficas
Compreende-se por biogeografia a ciência que estuda a distribuição dos seres vivos no planeta, suas causas e consequências. Disciplina que constitui o elo da ligação entre a geografia física e a humana, a biogeografia envolve o conhecimento tanto da repartição atual das plantas e dos animais pelos variados ambientes em que sobrevivem, como dos fatores que intervêm nesse processo. Na abordagem biogeográfica, não há nada na natureza que exista  isoladamente e por isso é indispensável conhecer as causas da associação ou afastamento de determinadas espécies, assim como os diferentes aspectos morfológicos pelos quais estas se apresentam.

No conjunto das discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento, um dos temas que mais despertam interesse é o da conservação da biodiversidade, ou seja, da pluralidade das espécies que vivem num dado ambiente. Esse interesse, até mesmo de origem política, aponta para a importância do estudo da biogeografia, uma disciplina relativamente nova, estreitamente ligada à ecologia.

Os grandes acontecimentos geológicos, como as glaciações, a separação dos continentes, as transgressões marinhas e formação das montanhas, foram os responsáveis mais significativos pela caracterização da flora e da fauna de cada paisagem natural da Terra e, desse modo, por sua divisão biogeográfica. Em função da presença ou ausência de certos animais (zoogeografia) ou plantas (fitogeografia), os geógrafos dividiram a Terra em diversas regiões biogeográficas.

Regiões biogeográficas. A primeira divisão zoogeográfica foi realizada, no século XIX, pelo naturalista britânico Alfred Russell Wallace, que tomou como modelo a distribuição dos mamíferos. Contemporaneamente, diferenciam-se cinco regiões zoogeográficas, que incluem a repartição das aves migratórias e dos cardumes de peixe, obviamente de definição mais difícil: (1) holártica, que contém as sub-regiões paleártica (Europa, norte da África e parte não-tropical da Ásia) e neártica (América do Norte); (2) paleotropical, que compreende as sub-regiões etiópica (restante da África e Arábia) e oriental (parte tropical da Ásia); (3) australiana (que reúne Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné e as ilhas tropicais do Pacífico); (4) neotropical (constituída da América do Sul e América Central); e (5) antártica.

As fronteiras entre essas diferentes regiões não são precisas, de modo que existem zonas de transição em que se podem achar espécies ligadas a duas regiões diferentes. Uma das zonas de transição mais extensas situa-se entre a sub-região oriental e a australiana. Compreende as ilhas Celebes, as Molucas e outros arquipélagos menores.

As regiões fitogeográficas são bem mais numerosas do que as zoogeográficas. Existem mais de trinta áreas diferentes. Essa diversidade, por si só, já indica o problema que representa a seleção de critérios para determinar corretamente as divisões. Entre outras coisas, é preciso identificar as espécies que definem os limites de uma região e justificar a escolha do sistema que fundamenta tal distinção. Além disso, existem fatores que condicionam a expansão de algumas espécies. De modo geral, as plantas têm menos condicionamentos físicos para se expandir do que os grandes animais, já que suas sementes podem ser levadas a grandes distâncias pelo vento (dispersão anemocórica), pela água (hidrocórica) ou pelos insetos (entomocórica).

As grandes regiões subdividem-se em sub-regiões e estas em províncias, nas quais se tornam determinantes os fatores locais. Assim, portanto, é comum registrarem-se descontinuidades na distribuição das espécies animais e vegetais por força de condições locais como as climáticas, as geológicas ou as intrínsecas das camadas superficiais do solo. À medida que se sobe uma montanha muito alta, por exemplo, verificam-se mudanças tanto na fauna quanto na flora. É comum, também, que um dos lados da montanha, aquele a que primeiro cheguem as massas de nuvens, registre maior volume de precipitação do que o outro. Um e outro condicionamento suscitam diferenças notáveis nas comunidades de seres vivos assim afetadas.

Região holártica. Também chamada boreal, a região holártica, inclui toda a terra existente ao norte de uma linha que passa pelas zonas desérticas do México, pelo Saara e pela cordilheira do Himalaia. Envolve ainda uma sub-região ártica, situada no extremo norte e nas proximidades do círculo polar ártico. Nesta faixa, a terra encontra-se quase permanentemente coberta de gelo e apenas durante o rápido verão ocorre o crescimento de ervas, musgos, líquens e alguns arbustos que constituem a vegetação característica da tundra. Na parte meridional, não existem árvores de alto porte: apenas bétulas e sabugueiros. Entre seus animais peculiares estão o urso polar, a raposa ártica, o lemingo (Lemmus lemmus), a rena, a lebre ártica, as focas e os leões marinhos. Convivem também ali algumas espécies de aves e insetos.

Ao sul da sub-região ártica estende-se um cinturão florestal de coníferas que ocupa a maior extensão da região holártica. Esse tipo de mata denomina-se taiga e é integrado por árvores como o pinheiro, o abeto ou o cedro, bem como por arbustos e líquens. Seus animais adaptam-se à vida arbórea. Observam-se entre os mais característicos o lince, o castor, o arminho, o esquilo, o pica-pau e o bico-cruzado. Alguns dos grandes mamíferos peculiares à paisagem são o cervo canadense e a rena da taiga.

No terço meridional da região holártica estendem-se matas caducifólias e, na parte centro-asiática, as estepes. A elevação das temperaturas suscita, no extremo sul, o aparecimento de paisagens como a da floresta mediterrânea europeia, composta basicamente de azinheiros, carvalhos e diversos arbustos. Nesses pontos mais meridionais da região holártica, existe um maior número de espécies de anfíbios, répteis e peixes. Alguns dos animais característicos são o camelo, o veado, o urso pardo, a camurça, o texugo, a perdiz e o pintarroxo. Na sub-região neártica, algumas espécies são consideradas oriundas da região neotropical, como o tatu e o gambá.

Na sub-região etiópica distingue-se uma grande variedade de ambientes: bosques úmidos, estepes e savanas, em que se registra a mais elevada densidade populacional de mamíferos em todo o globo. São representativas dessa região espécies como o leão, o rinoceronte, os antílopes, a girafa, o gorila, o chimpanzé, o elefante, a zebra e o hipopótamo.

Região paleotropical. Dentro da região paleotropical, a sub-região oriental apresenta savanas no planalto central da Índia, florestas tropicais de montanha em sua parte sul-ocidental e florestas úmidas na zona limítrofe com o Himalaia. Representam bem essa região o elefante asiático, o tigre, a anta malaia, o rinoceronte asiático, o orangotango, várias espécies de outros macacos e de morcegos. Outro de seus traços peculiares é a grande variedade de répteis.

Região australiana. A região australiana, que na verdade deveria denominar-se oceânica, possui uma fauna muito particular, composta de marsupiais e monotremados, grupo a que pertence o conhecido ornitorrinco.

Região neotropical. Observa-se na região neotropical grande diversidade de ambientes, desde os picos andinos até as florestas tropicais das planícies e planaltos. São espécies autóctonas o tatu, o porco-espinho, o tamanduá-bandeira, a lhama, a cutia, a chinchila, a sucuri, numerosos macacos e aves.

Região antártica. Por estar a região antártica permanentemente coberta de gelo, torna-se difícil ali o desenvolvimento das condições adequadas à vida. A maior parte dos animais dessa área habita as faixas litorâneas, em que vivem pinguins, albatrozes, focas e alguns insetos. A vegetação é semelhante à da tundra em algumas ilhas subantárticas.

O limite entre a região neotropical e a sub-região neártica encontra-se aproximadamente sobre a latitude do estado mexicano de Sonora. Considera-se que, do ponto de vista evolutivo, a união entre as duas zonas ocorreu em época relativamente recente, motivo pelo qual a primeira desenvolveu uma fauna tão peculiar como a australiana.

A biogeografia e as outras ciências. Fator decisivo para o avanço da biogeografia foi a análise das causas que motivavam a distribuição em regiões. A partir desse momento, a biogeografia converteu-se em ciência interdisciplinar.

Uma vez que todos os organismos dispõem de determinados espaços dentro dos quais podem viver, a ecologia, ciência que estuda as características do meio e sua relação com os seres vivos, reúne valiosos dados para esclarecer quais podem ser os fenômenos limitadores que, em certas regiões, impossibilitam a sobrevivência de uma ou mais espécies. Dois dos fatores mais importantes são os de caráter climático e os relacionados com a composição do solo.

Os fatores climáticos, tais como temperatura, umidade, horas de sol, precipitações e ventos, afetam bastante os seres vivos. Alguns deles, como a temperatura, apresentam uma distribuição geográfica que segue certas leis. Em meados do século XIX, Alexander von Humboldt observou que a temperatura aumenta aproximadamente 1o C a cada dois graus de latitude a partir do polo até o equador, e Frank Michler Chapman descobriu que, inversamente, diminui 1o C a cada 200m de elevação a partir do nível do mar.

O conhecimento de regras desse tipo ajuda a predizer que espécies podem ser encontradas em uma determinada região. Por exemplo, Carl Bergmann, naturalista alemão do século XIX, assegurou que, entre espécies afins dos homeotermos (aqueles que mantêm constante sua temperatura corporal), as de maiores dimensões tendem a habitar mais perto do polo ou em lugares mais altos, já que um animal de maior tamanho dispõe de melhor relação massa/superfície e despende menos energia para manter sua temperatura diante do frio exterior.

Também é fundamental conhecer a composição do solo da região, pois depende dela, em grande parte, o tipo de vegetação que ali se pode desenvolver e, indiretamente, as espécies de animais que a área pode abrigar. Embora os fatores climáticos permitam o crescimento de grandes plantas tropicais, um solo salinizado, ou no qual não proliferem as substâncias nutritivas necessárias a tais espécies, pode levar à desertificação da área.

Biogeografia histórica. Entre outros aspectos, a moderna biogeografia ocupa-se da distribuição dos seres vivos ao longo da história. Relaciona-se assim com a paleontologia, que estuda os seres já desaparecidos mediante seus restos fósseis. Essa aproximação é fruto do interesse por conhecer não apenas a atual distribuição dos seres vivos, mas também a passada, assim como as maneiras pelas quais essa distribuição se modificou.

A moderna teoria da evolução sustenta que todos os seres vivos atuais provêm de antepassados comuns, pelo que se poderia construir uma árvore genealógica em que se incluiriam tanto os seres que habitam o planeta como aqueles que se extinguiram. Com relação a isso, registrou-se desde os começos da difusão da teoria evolucionista uma exaltada polêmica entre os monofiletistas, que creem em uma origem única da vida, e os polifiletistas, que acham ter a vida surgido em diferentes momentos da história da Terra.

A biogeografia, com a ajuda da paleontologia, desempenhou nesse debate uma função de equilíbrio, mediante a apresentação de dados que identificam, na superfície terrestre, os pontos ou focos iniciais a partir de onde se expandiu uma espécie ou um conjunto de espécies. Assim, por exemplo, costuma-se situar o centro inicial de dispersão dos vertebrados terrestres na região holártica. O maior problema desse método de estudo está na obtenção de todos os dados paleontológicos necessários.

Outro dos problemas abordados pela teoria da evolução, e sobre o qual a biogeografia histórica pode lançar certa luz, é o do insulamento. Segundo alguns biólogos, não pode aparecer uma nova espécie a não ser que, num dado momento, ela fique isolada daquela de que provém. Em conjunção com a geologia, a biogeografia pode estudar as possíveis causas de antigos insulamentos e comprovar se a distribuição de restos fósseis se acha correlacionada com a existência de barreiras como cordilheiras, mares etc.  Pode estudar, ainda, as diversas influências que tais barreiras puderam exercer sobre diferentes espécies.

Exemplo significativo da utilidade da colaboração entre a geologia e a biogeografia é a explicação da existência de animais da mesma espécie em lugares que atualmente se encontram muito afastados. Para isso, é preciso recorrer à teoria geológica da deriva dos continentes, segundo a qual todas as terras emersas no começo estavam unidas, dando-se posteriormente a separação nos atuais continentes. Assim se explicaria, por exemplo, a existência dos dipnoicos (ordem de peixes arcaicos da qual só algumas espécies sobreviveram) na África do Sul, Austrália e América do Sul, regiões que, nos tempos pré-históricos, se achavam ao sul de um mesmo continente.

Em alguns casos, o homem contribuiu para fazer variar a distribuição de certas espécies. Em migrações, viagens e campanhas militares transportou sementes e animais, o que algumas vezes ocasionou desastres ecológicos, visto que a introdução de uma nova espécie em um ecossistema pode alterá-lo consideravelmente. Do mesmo modo, a prática da agricultura influiu na difusão de algumas espécies cultiváveis e no desaparecimento de outras em vastas regiões, devido à sistemática derrubada de árvores.

O conhecimento da distribuição das espécies de seres vivos, propiciado pela biogeografia, assim como o de suas relações e inter-relações com o meio, proporcionado pela ecologia, tornam-se fundamentais quando se trata de promover a utilização racional dos recursos naturais. Daí por que o desenvolvimento e integração da biogeografia e da ecologia no campo das ciências biológicas constituem fato muito auspicioso para o estudo da natureza.
Os domínios morfoclimáticos brasileiros

Os domínios morfoclimáticos brasileiros

As faunas e floras do hemisfério norte acham-se bem catalogadas. Sua evolução e distribuição relacionam-se com os ciclos de glaciação que se desenrolaram durante o pleistoceno. Não se dá o mesmo com os continentes tropicais, cujas floras e faunas estão ainda mal catalogadas e pior ainda mapeadas. Até recentemente não se dispunha de uma teoria adequada a sua interpretação. Procurou-se aplicar aos continentes tropicais, sem muito sucesso, os esquemas adotados para o hemisfério norte.

O conceito de domínios morfoclimáticos, fixado pelo geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Saber, e a utilização de dados modernos sobre ciclos climáticos do passado geológico recente, abriram novas possibilidades para a abordagem biogeográfica dessas regiões. Os componentes básicos da teoria são os seguintes: (1) cada domínio morfoclimático corresponde a uma ampla área nuclear, poligonal, onde se sobrepõem padrões característicos de clima, topografia e vegetação; (2) as faixas que separam essas áreas nucleares podem ser amplas e podem contar com vegetação de tipo intermediário ou com mosaicos da vegetação característica dos domínios vizinhos; (3) dentro de cada área nuclear pode haver enclaves (intromissões) de vegetação característica de outros domínios.

O último item é corolário de um fato importante, evidenciado pela moderna geomorfologia tropical: as áreas nucleares dos domínios sofreram oscilações muito rápidas e extensas, determinadas por ciclos climáticos durante os quais se alternam fases mais úmidas e fases mais secas. Tais ciclos são de  milhares ou dezenas de milhares de anos, e não de milhões, como se pensava. Por isso se tem hoje por certo que, há pouco tempo e por mais de uma vez, as florestas da América do Sul e da África tenham sido submetidas a retrações enormes, reduzindo-se a alguns refúgios isolados, cercados de formações abertas.  Considera-se provável que, durante algumas das fases em que as florestas voltaram a se expandir, elas tenham alcançado desenvolvimento maior que o de hoje, e que regiões florestais atualmente separadas por formações abertas tenham estado em contato direto em passado não remoto.

Até agora, o conceito de domínios morfoclimáticos só foi aplicado ao Brasil, ainda não se estendendo ao restante da América do Sul. Como o Brasil compreende, porém, alguns domínios muito grandes, favorece a exemplificação das normas básicas da teoria, assim como de padrões de distribuição e do tipo de problemática com que hoje se defronta a biogeografia das regiões tropicais.

Os domínios morfoclimáticos brasileiros são seis, designados pelas formações vegetais que os caracterizam. Três deles contêm florestas: a Hileia Amazônica, a Floresta Atlântica e a Floresta de Araucária. Os três outros são de formações abertas: os cerrados, as caatingas e os campos do sul. A flora de cada uma dessas regiões é inteiramente peculiar. No caso da fauna, contudo, a catalogação, o mapeamento e a informação ecológica ainda são incompletos, mesmo no caso de classes mais conhecidas, como as das aves e dos mamíferos.

A utilização de uma espécie animal em estudos de biogeografia depende de sua fidelidade a determinado tipo de ambiente. Certas espécies são dotadas de grande versatilidade ecológica e podem sobreviver em ambientes muito diversos, de modo que não exprimem as limitações ecológicas de cada domínio. Entre os mamíferos, por exemplo, a suçuarana, puma ou onça-parda (Felis concolor), é encontrada em todos os tipos de ambiente da América, dos quase desertos até as florestas densas, das montanhas Rochosas do Canadá até a Patagônia. Outros mamíferos de bastante versatilidade, embora não tanta, são a onça-pintada (Leo onca), a anta (Tapirus terrestris) e o veado-catingueiro (Mazama simplicicornis).

A maioria das espécies, porém, compreende animais totalmente vinculados a determinado tipo de ambiente, e é por esse princípio que se orienta a zoogeografia ecológica. As diferenças faunísticas entre as formações abertas e fechadas são expressivas.

Ilustra bem a flexibilidade com que os domínios morfoclimáticos se relacionam a separação, no Brasil, entre a hileia e a mata atlântica, marcada por ampla faixa de formações abertas. Pode-se comprovar que tal situação antecede a colonização europeia. As espécies em comum existentes num e noutro habitat, no entanto, indicam que no passado teria havido continuidade entre as duas florestas, ou teriam existido, nas formações abertas intervenientes, florestas ciliares (matas de galeria) suficientemente extensas para permitir a permuta faunística.

Tão notáveis, porém, quanto as semelhanças entre as duas florestas são as suas diferenças, em que as peculiaridades amazônicas sobressaem mais do que as atlânticas. Nas relações entre o cerrado e a caatinga, realidades que possuem extenso contato uma com a outra, a similaridade pesa bem mais que os traços particulares, às vezes sutis, mas inegáveis. Dos mais curiosos é o fenômeno dos enclaves, como é o caso dos brejos, pequenas áreas de mata no interior da caatinga, e das zonas de cerrado dentro da hileia ou dentro de mata atlântica. Por sua pequena extensão, esses enclaves não abrigam conjuntos faunísticos como os das áreas nucleares de cada domínio. Quase sempre, porém, neles se encontram populações isoladas de espécies características das áreas nucleares, como a cascavel, por exemplo, presentes nos enclaves de cerrados amazônicos, mas incapaz de penetrar em nenhuma faixa da mata.

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