Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi)

Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi)

Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi)
A doença de Chagas, causada por um protozoário flagelado, o Trypanosoma cruzi, é transmitida ao homem por insetos hematófagos (sugadores de sangue), como alguns barbeiros do gênero Triatoma. Seu agente causador foi descoberto em 1909 pelo brasileiro Carlos Chagas, que o chamou Trypanosoma cruzi em homenagem a Osvaldo Cruz. A doença é endêmica na maior parte das áreas rurais da América Central e do Sul, especialmente no Brasil, Argentina e Chile, onde a média de incidência é superior a dez por cento, atingindo predominantemente crianças, que manifestam, entre outros sintomas, febre, anemia e hipertrofia ganglionar.

A parasitose conhecida como doença de Chagas ou tripanossomíase brasileira é um dos processos patológicos mais comuns na América do Sul, com larga disseminação no Brasil.

A enfermidade não se transmite diretamente de indivíduo a indivíduo e sim por meio dos insetos portadores, da família dos reduviídeos, cujas espécies mais comuns são Triatomas infestans, Panstrongylus megistus e Rhodnius prolixus. Os portadores adquirem o germe ao sugarem o sangue de um mamífero infectado. Os tripanossomos, depois de penetrarem nos intestinos dos insetos, passam por diversos estágios e se reproduzem com extraordinária rapidez, na forma de critídias. Novamente metamorfoseando-se em tripanossomos infectantes, dirigem-se ao reto do barbeiro e são eliminados juntamente com as fezes.

De dia, esses insetos ocultam-se nas fendas das paredes dos casebres rurais de barro ou de adobe. À noite picam as pessoas adormecidas, em geral nas partes descobertas do corpo, como as pálpebras, onde a pele é mais fina. Como o portador em geral defeca enquanto chupa o sangue de sua vítima, a pequena laceração feita pela picada é facilmente contaminada.

O complexo ciclo vital do tripanossomo nos vertebrados compreende estágios não-reprodutivos, quando os micróbios são encontrados no sangue, e estágios reprodutivos, em que eles se encontram nas células de diversos tecidos. Nos estágios reprodutivos apresentam-se sob forma de pequenos corpos arredondados, sem flagelos, assemelhando-se bastante ao protozoário do gênero Leishmania. O tripanossomo pode infectar quaisquer células, mas prefere as do tecido conjuntivo e as fibras musculares, particularmente as do coração.

Um período de incubação de cerca de uma semana segue-se à primeira inoculação do germe. Em geral, a doença começa com uma inchação edematosa nas pálpebras ou no local em que o inseto contaminou a conjuntiva. Os nódulos linfáticos próximos ao ouvido e os do pescoço, assim como as glândulas lacrimais, incham. O paciente está sujeito a prostração prolongada, febre alta e perturbações nervosas e cardíacas. Depois dessa segunda fase, a doença pode entrar em estado crônico, que se caracteriza principalmente por sintomas cardíacos. Algumas vezes sobrevêm insuficiências cardíacas.

A infecção pode provocar a morte do paciente se o curso da doença não for detido a tempo. O diagnóstico é feito com a descoberta do parasita no sangue e por meio da inoculação de sangue do doente em animais. Insetos não infectados pelo germe podem ser levados a picar o paciente, submetendo-se, posteriormente, suas fezes a exames de laboratório. As reações serológicas são úteis na fase aguda da doença. O diagnóstico na fase crônica baseia-se na anamnese, nos exames físicos, radiológicos, eletrocardiográfico e, principalmente, na reação de Machado e Guerreiro - análise laboratorial do sangue para excluir doadores contaminados.

A profilaxia da doença baseia-se no combate ao transmissor, com inseticidas de alta toxicidade e efeito prolongado, na substituição ou melhoria das habitações de higiene precária e principalmente na conscientização da população das áreas endêmicas. Não há remédio capaz de curar as infecções causadas pelo Trypanosoma cruzi. Alguns derivados da quinolina, especialmente a primaquina, têm ação paliativa.
Doença de Chagas no Mundo

Doença de Chagas no Mundo

Doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida pelo inseto Triatoma infestans, conhecido como barbeiro. O nome da moléstia é uma homenagem ao cientista e médico brasileiro Carlos Chagas, que descobriu o agente causador do mal e sua forma de transmissão, em 1909. A infecção atinge as populações do continente americano, do sul da Argentina ao México. O número de infectados nessas regiões chega a 18 milhões. Outros 100 milhões - 25% da população da América Latina - correm o risco de adquirir a doença.

Esse risco está diretamente ligado à pobreza. O barbeiro encontra um ambiente propício à proliferação em rachaduras úmidas e escuras das paredes dos casebres, principalmente das zonas rurais. As ondas migratórias do campo para a cidade ocorrida na América Latina nas décadas de 70 e 80 trouxeram a doença para os centros urbanos. Em algumas cidades, o índice de contaminação nos bancos de sangue chega a 53% - mais alto que o volume infectado por HIV ou hepatite B e C.

Transmissão – Ao picar uma pessoa já infectada pelo parasita, o barbeiro torna-se portador dos tripanossomos. Quando pica um indivíduo sadio, o inseto defeca e elimina fezes contaminadas. A vítima, ao coçar o local da picada, espalha as fezes do mosquito sobre o ferimento. Assim, os parasitas penetram na pele e atingem a circulação sanguínea. Transfusões de sangue são o principal veículo de contaminação nos centros urbanos.

Sintomas – A doença desenvolve-se em duas fases. Na primeira, chamada aguda, logo após a picada, os sintomas são raros, podendo incluir forte reação local à picada e febre alta. Se não diagnosticada, a doença evolui para a segunda fase, chamada crônica, cujos sintomas podem levar anos até aparecer. Nela, os tripanossomos instalam-se nos músculos, em especial no coração. Ao atingir e destruir as fibras musculares, provocam insuficiência e arritmia cardíaca, que podem conduzir à morte. A OMS calcula que 27% dos portadores de tripanossomos desenvolvem disfunções cardíacas.

Prevenção e tratamento – A principal forma de prevenção consiste no saneamento básico, no combate ao inseto transmissor - com o uso de inseticidas - e na melhoria das condições de habitação. Em maio de 2000, a Organização Pan-Americana de Saúde reconheceu que o barbeiro fora erradicado dos estados de Goiás, de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul, da Paraíba, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Em 1996, cientistas do Instituto Venezuelano de Investigações Científicas, em Caracas, conseguiram pela primeira vez curar um animal, um rato de laboratório, da doença de Chagas. A droga utilizada (D0870), que poderá ajudar no tratamento humano, eliminou o parasita do organismo de 70% a 90% dos ratos testados.

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