História do Atletismo
Em termos gerais, chama-se atletismo o conjunto de provas individuais ou coletivas que se baseiam em três atividades - a corrida, o salto e o arremesso de objetos - e sempre se revestem de caráter competitivo. Os resultados são julgados segundo unidades de tempo, medida e distância. O atletismo é considerado o esporte mais importante dos programas oficiais dos jogos olímpicos.
O atletismo é o esporte por excelência, fundamento de todos os outros. Depende do concurso de todas as qualidades ligadas ao esporte (força física, inteligência, concentração, reflexos etc.), e exige que o atleta mobilize todos os recursos que lhe permitam superar-se a si mesmo (desenvolvimento técnico, alimentação, equipamento, métodos de treinamento, estudos de psicologia e motivação etc.).
História - Embora se tenha notícias de atividades esportivas de tipo
atlético realizadas no Egito, Mesopotâmia, China e Índia, a origem do
atletismo como prática esportiva pode ser situada na Grécia em torno do
ano 1225 a.C., quando, segundo o cronista Filóstrato, ocorreu uma
competição com cinco provas (corrida, luta, salto em distância e
arremesso de disco e dardo). Os jogos olímpicos, que se realizaram a
partir de 776 a.C., proporcionaram, a cada quatro anos, o melhor cenário
possível para a prática das diversas categorias. No ano 392 da era
cristã, com a supressão dos jogos pelo imperador romano Teodósio,
começou um longo período em que praticamente não houve competições
atléticas, com algumas exceções nas ilhas britânicas durante a Idade
Média.
O ressurgimento do atletismo teve suas primeiras manifestações na
Grã-Bretanha do século XVIII (corridas de milha, de hora etc.) e
tornou-se bem evidente em pleno século XIX (campeonatos do Reino Unido,
1866; campeonatos dos Estados Unidos, 1876). A influência exercida pelos
países anglo-saxões traduziu-se de imediato no emprego de medidas
inglesas na avaliação de recordes. Embora o sistema métrico acabasse por
se impor -- de fato, é o utilizado nos Jogos Olímpicos modernos e nos
campeonatos mundiais --, alguns países, como o Reino Unido, os Estados
Unidos, o Canadá e a Austrália conservaram as medidas inglesas na
avaliação de recordes estabelecidos nas provas nacionais.
Nos tempos modernos, a exemplo do que ocorrera na antiguidade, os Jogos Olímpicos têm sido o principal fator a impulsionar o atletismo mundial. Nos jogos celebrados em Atenas em 1896 disputaram-se 12 provas: corridas de 100, 400, 800 e 1.500m rasos, 110m com barreiras e maratona; saltos em altura, a distância, triplo e com vara; e arremesso de disco e peso. Mais tarde se agregariam ao programa outras provas, como os 200, 5.000 e 10.000m rasos, os 400m com barreiras, os 3.000m com obstáculos ou steeplechase, as corridas de revezamento, os arremessos de martelo e dardo, o decatlo, o pentatlo (a prova, feminina, foi substituída em 1981 pelo heptatlo) e as marchas de vinte e cinqüenta quilometrôs. A participação regular das mulheres nas provas atléticas dos jogos olímpicos iniciou-se em 1928.
Provas atléticas
Costuma-se classificar as provas de atletismo em
dois grandes grupos: as de pista (corridas) e as de campo (saltos e
arremessos). A esses grupos se soma um terceiro, constituído pelo
decatlo e o heptatlo, que são disputas combinadas que incluem tanto
provas de pista quanto de campo.
Corridas - A classificação mais comum das corridas atléticas é a que leva
em consideração as distâncias a percorrer. Assim, fala-se de corridas
de velocidade, de meio-fundo e de fundo.
Entre as corridas de velocidade, incluem-se os 100, 200 e os 400m rasos e os 100, 110 e 400m com barreiras (os 100m com barreiras constituem prova reservada para mulheres). Essas corridas são disputadas em pistas com raias demarcadas com linhas brancas. Enquanto as corridas de 100 e 110m (e também as de 60m, distância que é habitual nas competições em pista coberta) são sempre disputadas em linha reta, as provas de 400m são disputadas em volta de uma pista oval. Nas provas de velocidade, a saída é em geral decisiva e geralmente os atletas submetem-se a um preparo extremamente especializado. A coordenação, os reflexos e a capacidade para desenvolver um esforço físico intenso num curto espaço de tempo são qualidades fundamentais nesse tipo de competição. Em corridas com barreiras, cuja derrubada não acarreta penalidade, também é fundamental a capacidade de combinar os movimentos típicos da corrida com os do salto.
As corridas de 800 e 1.500m rasos e de 3.000m com obstáculos são de meio-fundo (provas incluídas entre corridas de fundo). Nelas a aptidão do atleta deve ser complementada por duas outras qualidades básicas: a dosagem adequada das forças e a capacidade de improvisação na hora de planejar as chegadas. Os 1.500m constituem uma das competições atléticas mais espetaculares que existem.
Os 5.000 e os 10.000m rasos e a maratona são corridas de fundo. As longas distâncias a correr -- 42.195m no caso da maratona -- fazem da resistência do atleta e de sua capacidade para administrar as próprias forças elementos fundamentais. Tanto os 5.000 como os 10.000m são disputados em estádios; a maratona, pelo contrário, desenvolve-se em circuitos em geral urbanos, sempre sobre superfícies de asfalto. As provas de cross ou travessia de campo também são corridas de fundo. Realizam-se geralmente em circuitos preparados para esse fim em zonas rurais.
Nas competições atléticas incluem-se também as chamadas corridas de revezamento, de que participam quatro atletas. Cada um deve percorrer a quarta parte da distância total e entregar um bastão cilíndrico de aproximadamente trinta centímetros de comprimento ao corredor seguinte. Os participantes dessas provas, realizadas em duas modalidades -- os 4 x 100m e os 4 x 400m --, devem dominar as características da corrida e desenvolver um treinamento específico para a condução e entrega do bastão.
Exceto as provas mencionadas, que podem ser qualificadas de "clássicas", realizam-se em certas ocasiões corridas com outras distâncias, como é o caso dos 1.000, os 2.000, os 3.000 e os 20.000m. A disputa das chamadas "milhas urbanas" adquiriu grande relevo, mesmo fora dos países anglo-saxões.
Outra modalidade de corrida, a marcha atlética, apresenta características especiais. Os atletas, que devem estar sempre com um pé sobre o solo, percorrem grandes distâncias -- geralmente vinte ou cinqüenta quilômetros -- para o que a capacidade de dosagem e recuperação das próprias forças constitui um elemento decisivo.
Provas de campo - As chamadas provas de campo incluem dois grandes
grupos: os saltos e os lançamentos. No primeiro grupo encontram-se os
saltos em altura, em distância e com vara, assim como o salto triplo; no
segundo, os lançamentos de peso, disco, martelo e dardo.
No salto em altura, cada participante pode realizar um máximo de três tentativas para superar determinado recorde. Os estilos de salto em altura estão em constante evolução. Os procedimentos mais empregados são o clássico, no qual o atleta salta de frente para o obstáculo -- uma barra horizontal apoiada em dois postes -- olhando-o de frente e girando no ar sobre ela, e o chamado estilo Fosbury (nome do atleta americano que o popularizou), no qual o salto é feito de costas.
Nos saltos em distância, a velocidade é muito importante. O salto é realizado após o percurso em uma pista de quarenta metros de comprimento, na direção de um tanque de areia. A mesma pista pode ser utilizada no salto triplo e no salto com vara. Esta última é uma prova essencialmente masculina (nos jogos olímpicos não existe competição feminina de salto com vara) e consiste em ultrapassar, com a ajuda de uma vara flexível apoiada no solo, uma barra colocada a certa altura. Essa modalidade requer um notável equilíbrio entre perfeição técnica e força física. Já o salto triplo é realizado em três etapas sucessivas: um salto inicial com o apoio do mesmo pé que deu o impulso, um segundo salto no qual o atleta cai sobre o outro pé e um terceiro no qual a queda final se dá com os dois pés sobre uma superfície de areia.
Os atletas que participam das provas de arremesso de peso têm de lançar uma bola de bronze, cobre ou material fundido de mais de sete quilos de peso (quatro quilos na competição feminina). O arremesso é feito de uma superfície circular demarcada, com cerca de dois metros de diâmetro. Nas provas masculinas de arremesso de disco, este pesa dois quilos e, nas provas femininas, um quilo. Utiliza-se uma só mão e a superfície de partida, como no arremesso de peso, é um círculo, mas neste caso, com cerca de 2,5m de diâmetro. Quanto ao martelo, trata-se de uma esfera unida por seu cabo metálico a um punho, com um peso total de uns 7,25kg (não há competição feminina de martelo); e o arremesso também ocorre com ajuda das mãos, a partir de uma superfície circular. Isto não acontece no arremesso de dardo, para o qual utiliza-se uma pista de mais de trinta metros de comprimento. O dardo, de madeira ou de metal, mede 2,6m e pesa 800g.
Provas combinadas - O decatlo e o heptatlo são competições nas quais os
atletas realizam diferentes provas de pista e de campo. Tanto uma como
outra especialidade costumam ocorrer em dias consecutivos. Como seu nome
indica, o decatlo compreende dez provas: 100, 400 e 1.500m rasos; 110m
com barreiras; saltos em altura, em distância e com vara; e lançamentos
de peso, disco e dardo. As sete provas que compõem o heptatlo,
modalidade feminina, são os 200 e os 800m rasos, os 110m com barreiras,
os saltos em altura e distância e os lançamentos de peso e dardo. As
marcas obtidas são convertidas em pontos de acordo com tabelas
especiais, que permitem estabelecer as classificações correspondentes.
Grandes atletas - A história do atletismo no século XX testemunhou uma
constante superação de recordes aparentemente insuperáveis. Alguns
atletas mais célebres foram: o americano Jesse Owens, que conquistou
três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim; Jim Thorpe,
vencedor do decatlo e do pentatlo nos Jogos Olímpicos de 1912; Wilma
Rudolph, campeã mundial dos 100 e 200m rasos e do revezamento 4 x 100 em
1960; e Bob Beamon, que em 1968 saltou uma distância de 8,90m. Também
passaram a ocupar um lugar no livro de ouro do atletismo o fundista
finlandês Paavo Nurmi, que bateu 29 recordes mundiais; o alemão Rudolf
Harbig, corredor dos 400 e dos 800m rasos; e o tcheco Emil Zatopek, que
em 1952 recebeu em Helsinki três medalhas olímpicas em provas de fundo.
Embora os Estados Unidos e a antiga União Soviética tenham disputado a hegemonia mundial desde o término da segunda guerra mundial, o poderio de outros países se fez notar em diversas ocasiões. Na década de 1980, os Estados Unidos dominavam as competições masculinas nas provas de velocidade e de revezamento, da mesma forma que o Reino Unido contava com os melhores corredores de meio-fundo e os países da Europa oriental impunham-se nos saltos e lançamentos. Esses mesmos países, especialmente a União Soviética e a Alemanha Oriental, podiam vangloriar-se de possuir as melhores equipes femininas.
Estrelas de primeira grandeza foram os americanos Edwin Moses e Evelyn Ashford, Robert Fosbury, Carl Lewis e Michael Johnson; os britânicos Sebastian Coe, Steve Cram e Daley Thompson; o português Carlos Lopes; o soviético Serguei Bubka; a alemã oriental Marita Koch; a tcheca Jarmila Kratochvilova; o marroquino Said Aouita; e o cubano Javier Sotomayor.
Organismos e competições internacionais - O Comitê Olímpico
Internacional (COI) e a Federação Internacional de Atletismo Amador são
os organismos que regem o atletismo mundial.
No panorama internacional se reconhecem dois tipos de recordes: os obtidos em pista coberta e os conquistados ao ar livre. Existem fatores que diferenciam uns dos outros, como é o caso do comprimento das pistas -- mais longas nos estádios ao ar livre --, a temperatura ambiente, a velocidade do vento etc. A homologação oficial de um recorde é função da Federação Internacional de Atletismo Amador, que exige o cumprimento de certas condições: presença de três juízes, vento a favor não superior a dois metros por segundo, sistemas de registro etc. Os avanços realizados nos diversos terrenos permitiram a constante superação dos recordes. Alguns desses progressos têm caráter primordialmente técnico (pistas de tartan, melhores superfícies de queda, calçados especiais, varas de fibra de vidro etc.), enquanto outros vinculam-se mais ao preparo dos atletas (profissionalização, treinamento, avanço da medicina esportiva etc.).
A proliferação das competições internacionais também incentivou o atletismo. Afora os jogos olímpicos e os campeonatos mundiais, existem outros torneios muito importantes, como os campeonatos da Europa e os Jogos Pan-Americanos, os Asiáticos e os da Comunidade Britânica de Nações. A popularidade do atletismo como esporte de massas também pode ser apreciada nas reuniões atléticas organizadas anualmente em diferentes cidades.
O aparecimento de grandes atletas e o caráter cada vez mais popular desse esporte trouxeram novamente para primeiro plano um dos velhos problemas suscitados por essa prática esportiva: a distinção entre o esporte profissional e o amador. Embora o atletismo seja teoricamente um esporte amador (com exceção de alguns países, onde se realizam algumas competições profissionais), torna-se cada vez mais difícil de estabelecer a diferença entre o atleta profissional e o amador. A responsabilidade de tomar uma decisão sobre essas matérias recaiu sobre o Comitê Olímpico Internacional, em cujo entender um esportista amador é aquele que "não vive exclusivamente do esporte". No entanto, o COI sempre teve por norma deixar com os diversos organismos internacionais a última palavra em relação ao assunto, que tais organismos, por sua vez, transferem para as federações nacionais que os compõem. Por tudo isso, não é de estranhar que as diferenças de categoria entre os países sejam bastante grandes e que na prática os grandes atletas sejam profissionais.
Contudo, à margem do esporte profissional, a grande massa de praticantes do atletismo é constituída por amadores que só procuram o prazer de exercitar o próprio corpo em uma contínua superação pessoal, segundo a máxima mens sana in corpore sano, "mente sã em corpo são". A popularidade das corridas públicas é uma manifestação desse fato.
Atletismo no Brasil - O atletismo somente começou a ser praticado no
Brasil, a princípio esporadicamente e por estrangeiros radicados no
país, a partir de 1910, em São Paulo. A primeira competição realizou-se
em 1914, por iniciativa do jornal O Estado de S. Paulo, que aproveitou a
chegada do atleta dinamarquês Islovard Rasmussen. A competição
realizou-se sob a forma de Campeonato do Atleta Completo (espécie de
decatlo, mas com 12 provas), no Clube Espéria. Foi vencedor o visitante,
seguido pelo brasileiro Amadeu Saraiva.
Deflagrada a primeira guerra mundial, a prática do atletismo foi paralisada, reiniciando-se em 1918, quando o mesmo jornal promoveu uma corrida de 24km em volta da cidade, denominada Estadinho e aberta a qualquer corredor que provasse aptidões físicas.
Graças ao estímulo provocado por novas competições, pela publicação das regras internacionais e pela construção, em 1921, do primeiro estádio atlético -- o do Paulistano -- o atletismo tomou grande impulso, ainda em São Paulo. O entusiasmo transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde desde 1920 já se realizavam competições amistosas. No ano seguinte disputou-se o primeiro torneio entre atletas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e em 1924 o atletismo brasileiro participava de sua primeira olimpíada.
Alguns atletas brasileiros projetaram-se internacionalmente, sendo incluídos no "Troféu Helms", que homenageia os grandes atletas das Américas: Lúcio Almeida Prado Castro (1933), Sílvio de Magalhães Padilha (1939), José Bento de Assis (1940), Elizabeth Clara Muller (1945), Ademar Ferreira da Silva (1952), que foi bicampeão olímpico de salto triplo (em 1952 e 1956), José Teles da Conceição (1958). Além desses, destacaram-se Ari Façanha de Sá, Aída dos Santos, Vanda dos Santos, Sebastião Mendes, Nélson Prudêncio, Silvina das Graças e João Carlos de Oliveira, que nos VII Jogos Pan-Americanos, na Cidade do México, em 1975, assinalou um novo recorde mundial no salto triplo, atingindo a marca de 17,89m. Em 1984, Joaquim Cruz ganhou a medalha de ouro olímpica ao vencer a prova dos 800m.
Usain Bolt se torna o maior campeão do Mundial de atletismo - Com a medalha de ouro conquistada neste domingo no revezamento 4x100m com a equipe da Jamaica, a "lenda viva" Usain Bolt se tornou o maior campeão da história do Campeonato Mundial de atletismo. O astro coleciona agora dez medalhas ao todo.
O resultado fez Bolt igualar o número de láureas do americano Carl Lewis, que brilhou nas décadas de 1980 e 90 e também obteve dez medalhas. No entanto, Lewis teve oito ouros, uma prata e um bronze. Já Bolt teve o mesmo número de ouros, mas duas pratas.
Os dois inclusive são desafetos e já trocaram farpas por vezes após Carl Lewis insinuar que os atletas da Jamaica correm dopados.
A medalha de ouro nos 200m rasos, a terceira de Bolt nos 200m de um Cameonato Mundial, conquistada neste sábado, já havia feito com que Bolt superasse o americano Michael Johnson, que obteve oito medalhas em Mundiais, todas de ouro.
Vale lembrar que Bolt é o atual recordista mundial em três provas: 100m, com 9s58, 200m, com 19s19, e revezamento 4x100m com a equipe jamaicana, com 36s84.
Com isso, Bolt vai se consolidando cada vez mais como um dos maiores da história do atletismo. O próprio já disse que pretende conquistar medalhas na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, para alcançar o patamar de Pelé e Muhamed Ali no esporte. Ninguém segura o Raio.
Confira as medalhas de Usain Bolt
Medalhas de ouro:
Mundial de Moscou 2013 - 100m, 200m e 4x100m
Mundial de Daegu 2011 - 200m e 4x100m
Mundial de Berlim 2009 - 100m, 200m e 4x100m
Medalhas de prata:
Mundial de Osaka 2007 - 200m e 4x100m
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