Liga Hanseática na Alemanha

A formação de associações comerciais resultou de um processo de abertura do comércio a longa distância, iniciado na Europa no século XI. Mercadores ou cidades com interesses comuns reuniam-se nessas ligas, que visavam a facilitar as transações internacionais.
Origens e consolidação
A Liga Hanseática originou-se nas associações
mercantis que atuavam principalmente em duas regiões: na Renânia, que
mantinha intercâmbio comercial com os Países Baixos (Holanda) e a Inglaterra, e na
zona do Báltico, onde os alemães serviam de intermediários no comércio
entre o enorme território do nordeste europeu e a Europa mediterrânea do
leste.
Por volta de 1280, diversos grupos de mercadores da Renânia, que cooperavam entre si para salvaguardar interesses comuns, formaram uma liga com Lübeck, Hamburgo, Colônia e outras cidades do norte da Alemanha que dominavam o mercado do Báltico. Os componentes da liga tinham como objetivo resguardar seu comércio dos piratas e fomentar uma navegação segura, mediante o emprego de faróis, treinamento de pilotos e navegadores etc. A liga estabeleceu feitorias permanentes em numerosas cidades estrangeiras, como Bergen, na Noruega, e Novgorod, na Rússia. Teve especial desempenho a feitoria de Londres, Steelyard ou Stalhol, que estendeu suas operações a toda Inglaterra.
Ao fim de várias décadas, a política protecionista e agressiva da Liga
Hanseática desencadeou conflitos entre seus membros e os comerciantes
das regiões onde atuava. Entre 1368 e 1370, enfrentou o desafio de
Valdemar IV, rei da Dinamarca que, desejando impor seu domínio no
Báltico, tentou acabar com o controle econômico da Hansa. Reunidos em
assembleia, os membros da liga decidiram defender-se com a força das
armas. Conseguiram derrotar os dinamarqueses e impuseram-lhe suas
condições na Paz de Stralsund, em 1370. A Hansa teve seus privilégios
reconhecidos e, em consequência de sua vitória, dominou a Dinamarca
durante alguns anos.
No século XIV, a Liga Hanseática englobava cerca de cem cidades, a maioria delas alemãs. Essa união, no entanto, não possuía constituição, exército nem órgãos permanentes de governo, embora seus componentes se reunissem frequentemente em assembleias ou dietas, convocadas desde o começo do século XV, quando os interesses próprios e parciais das cidades começaram a prevalecer sobre os acordos comuns.
Decadência da liga
A abrangência e o poder da Liga Hanseática
diminuíram progressivamente, devido ao poderio crescente dos estados
bálticos não-alemães: Lituânia e Polônia uniram-se em 1386 e Dinamarca,
Suécia e Noruega fizeram o mesmo em 1400. Além disso, o Grande
Principado de Moscou, dirigido por Ivan III, apoderou-se de Novgorod em
1478 e expulsou os mercadores alemães.
Em meados do século XVI, os holandeses já controlavam o comércio marítimo desde o Báltico até a Europa ocidental, o que resultou em forte golpe para o poderio de Lübeck e da Liga Hanseática. Dentro da própria Alemanha, a consolidação de principados como o de Brandemburgo-Prússia também contribuiu para enfraquecer a liga, que se extinguia lentamente à época dos descobrimentos. Sua última assembléia foi convocada em 1669.
Além da Hansa ou Liga Hanseática alemã, existiram outras duas associações mercantis com o nome de Hansa. Uma delas foi a Hansa das 17 cidades, formada entre comerciantes de tecidos dos Países Baixos e do norte da França. Surgiu no século XIII e desapareceu a partir da guerra dos cem anos. Por fim, distinguindo-se da feitoria Steelyard, também teve importância a Hansa de Londres, formada no século XII por comerciantes flamengos e dedicada ao intercâmbio comercial com a Inglaterra. As cidades flamengas componentes dessa liga conservaram o monopólio da importação de lã inglesa até o século XIV.
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