Povos Indo-Europeus

Povos Indo-Europeus

Povos Indo-Europeus

Em 1814, Thomas Young empregou pela primeira vez o vocábulo "indo-europeu" para referir-se a um grande tronco lingüístico que abrange Europa, Ásia ocidental e Índia. Os povos relacionados com esse tronco linguístico foram denominados ários, palavra de origem indo-europeia que significa "homens livres" ou "nobres", e jaféticos (de Jafé, filho de Noé, considerado o pai da raça branca), termo empregado pelo orientalista alemão Heinrich Julius Klaproth, no início do século XIX, para designar os falantes de um grupo de línguas diferentes das semíticas (de Sem) e das camíticas (de Cam, pai da raça negra).

A partir do fim do neolítico, vários povos de economia agrícola e mineral transferiram-se da Ásia central para a Europa e a Índia. Os chamados povos indo-europeus não formavam uma raça específica, apesar de vinculados pelo tronco linguístico e por afinidades culturais consolidadas ao longo de séculos.

Os povos chamados indo-europeus eram originários das estepes asiáticas. Estudos arqueológicos testemunham movimentos migratórios para o oeste a partir do quarto milênio anterior à era cristã. Durante a idade do bronze europeia, no segundo milênio, esses povos chegaram às bacias dos rios Reno e Danúbio e, na Ásia, estenderam-se pelo Irã e pela península hindustânica. Uma expansão posterior levou-os à Europa central, onde deram origem a diversas culturas, caracterizadas pelo trabalho do bronze e pela substituição progressiva do ritual funerário do sepultamento de cadáveres pelo da incineração. Seguindo as rotas do sal e do âmbar, entre 1300 e 1200 a.C., os indo-europeus deslocaram-se para o Mediterrâneo.

A metalurgia do ferro desenvolveu-se especialmente a partir do primeiro milênio, originando a cultura de Hallstatt. Em busca de novos pastos e áreas próprias para a agricultura, os indo-europeus migraram da região do Danúbio para os Alpes orientais, sul da Alemanha, Países Baixos (Holanda), Suíça e França. Chegaram também às ilhas britânicas, à península ibérica e à Itália. Os vestígios materiais de sua passagem por diversas regiões estão nos restos arqueológicos de suas necrópoles, constituídas por campos de urnas relacionados à prática da incineração. Na Grécia, os invasores identificaram-se com os dórios; no Mediterrâneo oriental, os mesmos povos introduziram as línguas célticas (norte da Espanha e França) e itálicas e, na Índia, deram origem à civilização clássica dos ários.

Os testemunhos da existência desses povos levantaram questões sobre sua procedência. Durante o século XIX, chegou a ser comum sua identificação com um tipo físico definido, semelhante ao que os escritores clássicos descreviam como germânico. De fato, esses povos foram chamados de indo-germânicos. Contudo, nenhum dos restos arqueológicos encontrados permite falar de um tipo único indo-europeu. Foram encontrados testemunhos de uma notável diversidade de configurações físicas, irredutíveis a um único modelo. Por essa razão, os povos indo-europeus não constituíam uma raça específica, mas um conglomerado de elementos diversos, vinculados pela origem da língua e por traços culturais comuns consolidados ao longo de séculos de contatos, migrações e intercâmbios comerciais.

A combinação de dados arqueológicos e linguísticos permitiu determinar a distribuição geográfica e a difusão dos elementos culturais comuns a todos ou a alguns dos diversos povos que falavam línguas de origem indo-europeia. Entre esses elementos, cabe citar a estrutura social baseada no patriarcado, a crença na vida após a morte, expressa nas práticas funerárias, o culto a uma divindade central solar e os mitos religiosos baseados num conflito primordial entre os deuses criadores e na formação de famílias divinas.

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