França | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da França
A França é um país localizado no continente europeu, especificamente na Europa Ocidental. Possui territórios em diversos lugares ao redor do mundo e foi uma das grandes incentivadoras e membro-criador da União Europeia. Faz fronteira a leste com a Alemanha e Suíça; a sudeste com a Itália e a sudoeste com a Espanha e Andorra; a norte faz fronteira com a Bélgica e Luxemburgo; a oeste é limitada pelo Oceano Atlântico e a sul pelo Mar Mediterrâneo.
De todos os grandes estados europeus, foi a primeira a ter a sua formação como estado, sendo sua capital em Paris. Incluindo os territórios ultramarinos, a França tem uma superfície de 675 417 km² e em torno de 64,5 milhões de habitantes. O francês é o idioma oficial, segundo a consituição, mas outras 77 línguas regionais existem no país.
Geografia: Área: 543.965 km². Hora local: +4h. Clima: temperado oceânico, mediterrâneo (S). Capital: Paris. Cidades: Paris (2.190.000), Marselha (810.000), Lyon (455.000), Toulouse (407.000), Nice (347.000), Nantes (272.800), Estrasburgo (269.300).
População: 60,9 milhões; nacionalidade: francesa; composição: franceses 93,6%, outros europeus 2,9%, outros 3,5%. Idiomas: francês (oficial), línguas regionais (bretão, basco). Religião: cristianismo 70,7% (católicos 82,3%, outros 6,5% - dupla filiação 5,6%, desfiliados 12,5%), sem religião 15,6%, islamismo 7,1%, ateísmo 4%, outras 2,6%.
Relações Exteriores: Organizações: Banco Mundial, FMI, G-8, OCDE, OMC, ONU, Otan, UE. Embaixada: Tel. (61) 312-9100, fax (61) 312-9108 – Brasília (DF); e-mail: france@ambafrance.org.br, site na internet: www.ambafrance.org.br
Governo: República com forma mista de governo. Div. administrativa: 21 regiões administrativas subdivididas em departamentos. Partidos: União por um Movimento Popular (UMP), Socialista (PS), União pela Democracia Francesa (UDF), Comunista Francês (PCF). Legislativo: bicameral – Senado, com 321 membros; Assembleia Nacional, com 577 membros. Constituição: 1958. Territórios administrados: Guadalupe, Guiana Francesa, ilhas Wallis e Futuna, Martinica, Mayotte, Nova Caledônia, Polinésia Francesa, Reunião, Saint-Pierre e Miquelon.
Tradicional polo de irradiação das artes, das ideias e da cultura ocidental, a França é a nação mais visitada do mundo. Recebeu 77 milhões de turistas em 2002, que se dirigiram principalmente à capital, Paris, situada às margens do rio Sena. A cidade abriga importante patrimônio histórico, com destaque para os museus d’Orsay e Louvre e monumentos como a Catedral de Notre-Dame, o Arco do Triunfo e a Torre Eiffel. Nos últimos 150 anos, a França acolheu mais estrangeiros que qualquer outro Estado europeu, especialmente após o colapso de seu império colonial na África. As maiores comunidades são de argelinos e marroquinos. Dona do quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) mundial, a nação conta com modernas indústrias aeroespaciais, de telecomunicações e de biotecnologia. É uma importante exportadora de produtos alimentícios, como seus famosos vinhos e queijos. Destaca-se também como potência militar e nuclear, com significativo arsenal atômico, e é um dos pilares da União Europeia (UE), ao lado da Alemanha.
No século IX a.C., tribos celtas instalam-se na região que corresponde aproximadamente ao atual território francês. Sob o comando do imperador Júlio César, os romanos conquistam a região – a que chamam Gália – entre 58 a.C. e 51 a.C. A dominação romana vai até o fim do século V. A partir do século IV, chefes francos passam a ocupar altos postos na hierarquia militar romana. Sob o comando de Clóvis I, conquistam todo o centro-oeste da Europa, que se converte ao cristianismo. No século IX, Carlos Magno, rei dos francos, torna-se imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que abrange os atuais territórios de França e Alemanha. Após seu reinado, o império se divide em domínios feudais.
Absolutismo - Entre 1337 e 1453, França e Inglaterra envolvem-se numa disputa territorial que fica conhecida como Guerra dos Cem Anos. Sob a liderança de Joana D’Arc, os franceses derrotam os ingleses em Orleans, em 1429. Em seguida, iniciam a retomada de territórios conquistados pela Inglaterra e saem vitoriosos da guerra. Durante o século XVI sucedem-se inúmeros conflitos religiosos. Em 1598, o rei Henrique IV, fundador da dinastia dos Bourbon, restabelece a paz religiosa e enfraquece o poder dos senhores feudais. No reinado de Luís XIV, o Rei Sol (1638/1715), o absolutismo chega ao auge. No período do rei Luís XV (1710/1774), desenvolvem-se as idéias do Iluminismo, que combatem a intolerância religiosa e o absolutismo.
Paris, Capital da França |
Período napoleônico - Um golpe militar do general Napoleão Bonaparte institui o Consulado em 1799. Como cônsul, Bonaparte assume poderes ditatoriais e se faz coroar imperador da França em 1804, sob o título de Napoleão I. Ele inicia uma série de guerras expansionistas pela Europa, até ser derrotado por tropas inglesas e austríacas na Batalha de Waterloo (1815). A dinastia dos Bourbon é restaurada em 1815. Em 1830, uma revolução popular derruba o último Bourbon, Carlos X, e leva ao trono um Orleans, Luís Felipe I. Em 1848, nova revolução instaura a II República. Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, é eleito presidente. MEm 1851, ele dá um golpe de Estado e, no ano seguinte, torna-se imperador com o título de Napoleão III. O regime imperial liberaliza-se lentamente e acelera a Revolução Industrial na França. Em 1870, o país entra em guerra contra a Prússia, da qual sai derrotado. Como resultado, a França perde as regiões da Alsácia e Lorena, o que leva à derrubada do império e à instituição da III República. Os termos da paz propostos pela Prússia provocam uma insurreição popular, a Comuna de Paris (1871), que, após estabelecer um governo proletário em Paris, é violentamente reprimida por tropas conservadoras francesas e estrangeiras. No fim do século XIX, a França, assim como as demais potências industrializadas, busca novos mercados e se lança à partilha da África.
Guerras mundiais - O país sai da I Guerra Mundial (1914/1918) devastado economicamente. Recupera, entretanto, a Alsácia e Lorena. Em setembro de 1939, a nação declara guerra à Alemanha, depois da invasão de Hitler à Polônia, no início da II Guerra Mundial. Em 1940, as tropas alemãs entram em território francês. De Londres (Reino Unido), o general francês Charles de Gaulle conclama a população para a resistência contra os nazistas. O desembarque de tropas aliadas na Normandia, em junho de 1944, dá início à libertação da França.
Era De Gaulle - Eleito presidente em novembro de 1945, o general De Gaulle renuncia em janeiro de 1946, depois que a Assembleia Nacional recusa sua proposta de instaurar uma Presidência forte. A IV República, de 1946 a 1958, é marcada pela oposição entre partidários de De Gaulle e comunistas, bem como pelas guerras de independência das colônias francesas na África e na Ásia. Incapazes de controlar o conflito na Argélia, os militares forçam o retorno De Gaulle em 1958, dando início à V República. A revolta estudantil de 1968 abala o governo, e De Gaulle renuncia no ano seguinte.
Os anos Mitterrand - Em 1981, François Mitterrand torna-se o primeiro socialista a chegar à Presidência da França. Seu governo inicialmente adota medidas clássicas da esquerda, como a estatização do sistema bancário e de grandes grupos industriais, a definição de novos direitos trabalhistas e o aumento dos benefícios sociais. Depois recua e passa a priorizar o combate à inflação e a integração à Comunidade Econômica Europeia (CEE), atual União Europeia (UE). Em 1986, os conservadores ganham as eleições legislativas, e o gaullista Jacques Chirac toma posse como primeiro-ministro. Inicia-se a coabitação, com um presidente de esquerda e um primeiro-ministro de direita. Em 1988, Mitterrand é reeleito para mais um período de sete anos. É sucedido, em 1995, pelo conservador Jacques Chirac.
Governo Jospin - Os socialistas saem vitoriosos na eleição parlamentar de 1997 e indicam Lionel Jospin para primeiro-ministro. Seu programa combina a desestatização em setores não-estratégicos com ambicioso plano de criação de empregos, por meio do subsídio governamental para a abertura de postos públicos. A Lei Aubry, de 1998, reduz a jornada semanal de 39 para 35 horas de trabalho. As reformas econômicas de Jospin reaquecem a economia. Em 1999, os Estados Unidos (EUA) elevam as tarifas de importação de produtos finos da UE, em retaliação ao boicote europeu à carne norte-americana de bovinos tratados com hormônio. Em Milau, no sul da França, o fazendeiro José Bové lidera violentos protestos e passa a ser conhecido mundialmente como símbolo da luta antiglobalização.
Uma onda de escândalos de corrupção atinge o governo em 2001. O presidente Chirac é acusado de manter uma "caixinha" secreta, produto de comissões obtidas com obras públicas quando era prefeito de Paris (1977/1995). A principal Corte de Apelações, porém, decide que Chirac é imune a processos e investigações durante seu mandato.Eleições Chirac vence o primeiro turno da eleição presidencial, em abril de 2002, com apenas 19,83% dos votos. Num resultado inesperado, o líder do partido de extrema direita Frente Nacional, Jean-Marie le Pen, fica em segundo lugar, com 16,86%, derrotando o primeiro-ministro Jospin, que obtém 16,18%. O resultado abala o sistema político, e centenas de milhares de pessoas fazem manifestações contra Le Pen, acusado de racismo. Socialistas e outros partidos de esquerda dão apoio a Chirac, reeleito no segundo turno, em maio, com 82,2% dos votos. Le Pen recebe 17,8%. Jospin renuncia ao cargo de primeiro-ministro e é substituído por Jean-Pierre Raffarin, da centrista Democracia Liberal (DL). Nas eleições para a Assembléia Nacional, semanas depois, a coligação de direita União pela Maioria Presidencial (UMP), da qual faz parte a Reunião pela República (RPR), de Chirac, e a DL, conquista 355 das 577 cadeiras. O PS obtém 140. Em novembro, RPR e DL se fundem, formando a União por um Movimento Popular (UMP). O PS se recupera nas eleições regionais de março de 2004 e, em aliança com os comunistas (PCF) e os verdes, vence a disputa em 20 dos 21 Conselhos. A UMP ganha apenas na Alsácia-Lorena. Diante da derrota, o primeiro-ministro Raffarin renuncia, mas é quase imediatamente reconduzido ao cargo por Chirac.
Divergência com os EUA - Em 2003, a França entra em conflito diplomático com os EUA, pois lidera, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um bloco de países – incluindo Alemanha e Federação Russa – contrários a um ataque militar ao Iraque. A opinião pública francesa respalda a posição do governo. Após a tomada de Bagdá pelas tropas norte-americanas, a França volta a divergir de Washington, defendendo que o poder no Iraque seja rapidamente devolvido aos iraquianos. Em dezembro de 2004, o secretário de Estado norte-americano Colin Powell vai à Europa para pedir um aumento da presença militar europeia no Iraque, mas a França, com a Alemanha e a Espanha, mantém sua negativa de enviar tropas.
Governo Sarkozy -Antes de se tornar presidente, foi líder da União por um Movimento Popular (UMP). Durante a presidência de Jacques Chirac, foi Ministro do Interior nos primeiros dois governos de Jean-Pierre Raffarin (de maio de 2002 a março de 2004), e depois foi nomeado Ministro das Finanças no último governo de Raffarin (março de 2004 a maio de 2005), e novamente Ministro do Interior no governo de Dominique de Villepin (2005-2007). Sarkozy foi presidente do Conselho Geral do departamento francês de Hauts-de-Seine de 2004 a 2007 e prefeito de Neuilly-sur-Seine, uma das comunas mais ricas da França, de 1983 a 2002. Foi também Ministro do Orçamento no governo de Édouard Balladur durante o último mandato de François Mitterrand. Sarkozy é conhecido por querer revitalizar a economia francesa. Ele prometeu reavivar a ética trabalhista, promover novas iniciativas e combater a intolerância. Nos assuntos exteriores, prometeu um fortalecimento da Entente Cordiale com o Reino Unido e cooperação mais próxima com os Estados Unidos. Seu apelido, é utilizado tanto por apoiadores quanto por oponentes.
Governo Sarkozy -Antes de se tornar presidente, foi líder da União por um Movimento Popular (UMP). Durante a presidência de Jacques Chirac, foi Ministro do Interior nos primeiros dois governos de Jean-Pierre Raffarin (de maio de 2002 a março de 2004), e depois foi nomeado Ministro das Finanças no último governo de Raffarin (março de 2004 a maio de 2005), e novamente Ministro do Interior no governo de Dominique de Villepin (2005-2007). Sarkozy foi presidente do Conselho Geral do departamento francês de Hauts-de-Seine de 2004 a 2007 e prefeito de Neuilly-sur-Seine, uma das comunas mais ricas da França, de 1983 a 2002. Foi também Ministro do Orçamento no governo de Édouard Balladur durante o último mandato de François Mitterrand. Sarkozy é conhecido por querer revitalizar a economia francesa. Ele prometeu reavivar a ética trabalhista, promover novas iniciativas e combater a intolerância. Nos assuntos exteriores, prometeu um fortalecimento da Entente Cordiale com o Reino Unido e cooperação mais próxima com os Estados Unidos. Seu apelido, é utilizado tanto por apoiadores quanto por oponentes.
Territórios da França - A França possui nove territórios com diferentes categorias administrativas. Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, Reunião e Mayotte são departamentos de ultramar, com estrutura similar à dos departamentos franceses continentais. As ilhas Wallis e Futuna, a Nova Caledônia e a Polinésia Francesa são territórios de ultramar, com maior autonomia interna. Já Saint-Pierre e Miquelon são uma coletividade territorial de ultramar, com nível intermediário de autonomia.
Símbolos Religiosos são Proibidos nas Escolas da França
A proibição ao uso do véu por duas alunas mulçumanas em escola pública de Paris faz explodir uma intensa polêmica sobre a utilização de símbolos religiosos por alunos nasescolas oficiais francesas. Em dezembro de 2003, o presidente Jacques Chirac anuncia a edição de uma lei que proíbe véus e turbantes islâmicos e outros símbolos religiosos ostensivos (crucifixos, estrela-de-davi, entre outros) nas instituições educacionais e em prédios públicos franceses. A proposta é repudiada por líderes da comunidade mulçumana francesa, estimada em 5 milhões de pessoas, e por lideranças católicas, que não aceitam ser equiparadas aos islâmicos. Apesar disso, a lei é aprovada em fevereiro de 2004 na Assembléia Nacional por 494 votos a favor, 36 contra e 31 abstenções. Em março, o Senado aprova a nova legislação também por ampla maioria (276 votos contra 20).
Torre Eiffel
Entre os diversos projetos apresentados, o Ministério da Indústria e
Comércio aprovou em 12 de junho de 1886 o do engenheiro
Alexandre-Gustave Eiffel, que havia iniciado o desenho, dois anos antes,
auxiliado por outros dois engenheiros, Émile Nouguier e Maurice
Koechlin. A torre foi instalada no campo de Marte, junto à grande
galeria das Máquinas, posteriormente desmontada. Ambas as construções
eram os mais ambiciosos exemplos de arquitetura metálica empreendidos
até então.
Construída para comemorar o centenário da revolução francesa, a torre Eiffel foi na época um claro exemplo da nova orientação da arquitetura.
A torre, toda em vigas e treliças de ferro forjado, divide-se em três partes e tem forma piramidal, com faces curvas para oferecer menor resistência ao vento. A base é formada por quatro grandes arcos semicirculares. Os elevadores, projetados para subir por uma armação curva, foram construídos por uma empresa dos Estados Unidos. No alto da torre, Eiffel instalou seu laboratório de aerodinâmica e um farol.
A torre Eiffel constitui um marco na arquitetura de ferro, pois combina de forma singular os requisitos estruturais com o senso artístico de seu criador. Até então, nada sequer remotamente parecido tinha sido construído: com 300 metros de altura, tinha o dobro da altura da basílica de São Pedro, em Roma, ou da grande pirâmide de Gizé. Entretanto, devido a suas características, revolucionárias para a época, a obra foi objeto de grande polêmica. Alguns técnicos asseguraram que desmoronaria, e vários intelectuais e artistas lideraram um movimento de protesto contra o que consideravam a "desonra de Paris", uma obra absurda e inútil, que tacharam de "chaminé gigante e escura". Mas também encontrou seus defensores e logo se converteu em atração turística, motivo de orgulho para os parisienses e inspiração para artistas de vanguarda, como Robert Delaunay.
A torre Eiffel foi a construção mais alta do mundo até 1930, quando inaugurou-se o edifício da Chrysler, em Nova York. Em 1959, a torre passou a ter 320m, com a instalação da antena da rádio e televisão francesa.
Palácio de Versalhes
O palácio de Versalhes, mandado edificar por ordem de Luís XIV, o
chamado Rei Sol, situa-se a cerca de 22km de Paris. Um dos mais
suntuosos do mundo, foi imitado pelos soberanos de toda a Europa e hoje é
uma das maiores atrações turísticas da França. O núcleo original foi um
pequeno pavilhão de caça, erguido em 1624 por ordem do rei Luís XIII.
Quando Luís XIV subiu ao trono, em 1661, decidiu ampliá-lo e instalar-se
ali, já que o palácio do Louvre, em Paris, era inseguro contra revoltas
populares. Em 1668 iniciou-se a ampliação mais importante, conforme
projeto de Louis Le Vau, que pretendia construir um novo palácio em
torno do núcleo original.
A arquitetura e os jardins do palácio de Versalhes, concebidos segundo um projeto arquitetônico e paisagístico de forte coerência iconológica, formam um microcosmo representativo do fausto da monarquia francesa no século XVII.
O traçado dos jardins, a cargo de André Le Nôtre, era simétrico, com sebes recortadas em formas retangulares, trilhas, fontes e estátuas. Ali realizavam-se as grandes festas da corte francesa, com fogos de artifício e apresentações de teatro e ópera. Conforme se distanciavam do palácio, os jardins convertiam-se em bosques e pradarias. A fachada do palácio voltada para os jardins ostentava colunas jônicas e a parte superior foi arrematada por estátuas. A essa suntuosidade correspondia a decoração do interior, de Charles Le Brun.
Em 1678, quando Versalhes se converteu em verdadeiro centro político da
França, Luís XIV, que supervisionou pessoalmente cada etapa da
construção, idealizou nova ampliação, encomendada a Jules
Hardouin-Mansart. Embora as modificações de Mansart tenham rompido o
equilíbrio de proporções do projeto paisagístico de Le Vau, o interior
do palácio abrilhantou-se com a galeria dos Espelhos e dos salões da Paz
e da Guerra, e o conjunto foi considerado pronto para instalar
definitivamente a corte francesa.
Versalhes manteve sua importância política mesmo com a grave crise econômica que assolou o país a partir de meados do século XVIII, até que durante a revolução francesa pressões populares levaram o monarca Luís XVI a transferir-se para o palácio das Tulherias, em Paris. Versalhes foi ainda sede de importantes reuniões e acordos internacionais.
Rio Sena
Segundo rio da França em extensão depois do Loire, o Sena nasce no
planalto de Langres a 471m de altitude e trinta quilômetros a oeste de
Dijon. Percorre 780km na direção noroeste até desembocar no canal da
Mancha, num estuário de dez quilômetros de comprimento. Sua bacia ocupa
uma área de 78.700km2, correspondente a um sétimo do território da
França. Desde a Idade Média o Sena tem sido o rio de Paris por
excelência. A bacia de Paris, onde nasceu o reino francês, permanece
como centro econômico, político e cultural da França e, em muitos
aspectos, da Europa.
O Sena representa mais que um rio exaltado na tradição romântica. Devido a seu leito pouco acidentado, é uma importante via de transporte, que serve à capital da França há séculos.
Rio Sena em Paris |
Após a nascente, o Sena recebe o Aube pela margem direita e continua na direção oeste. Em Montereau lhe chega o Yonne pela margem esquerda. Na Île-de-France, na planície de Val-de-Seine, ramifica-se em vários braços e prossegue na direção oeste até receber o Marne pela direita. Em Paris, onde é contido por grandes muralhas de pedras, forma a Île-de-la-Cité, que divide a cidade em duas áreas distintas: a da margem esquerda, Rive Gauche, e a da margem direita, Rive Droite. Pontes famosas ligam as duas margens e formam paisagens conhecidas no mundo todo. O Sena banha ainda Troyes, Montereau e Châtillon, além de Rouen, onde funciona um dos mais movimentados portos da França, junto com os de Havre e Paris.
O Sena apresenta regime pluvial. As fortes chuvas no planalto de Langres provocam o acúmulo das águas, de lento escoamento devido ao fraco desnível da região percorrida, e só atingem Paris após dez dias de trajeto. Como as precipitações são regulares, o fluxo de água é abundante em todas as estações e a fim de controlá-lo foram realizadas obras de retificação das margens, alçamento de cais, alargamento de braços secundários e construção de barragens.
O curso superior do rio Sena é navegável, assim como seus afluentes, entre os quais se incluem ainda o Oise e Eure. Canais fazem a ligação do Sena com os rios Loire, Ródano e Reno, além de rios da Bélgica, e ampliam sua capacidade de navegação e de comunicação. O rio, especialmente no curso inferior, é uma das principais rotas hidroviárias da França, por onde se transportam principalmente materiais de construção e derivados de petróleo.
Legião Estrangeira
A Legião Estrangeira foi fundada
em 1831, pelo rei Luís Filipe, com quartel-general em Sid Bel Abbès, na
Argélia, para controlar as colônias francesas na África. Originalmente,
compunha-se de voluntários estrangeiros pagos pela França, mas
incorporou grande número de franceses. Combateu na Espanha, Criméia,
Itália, México, Benin, Marrocos, Síria e Indochina.
Romantizada por vários ficcionistas, a Legião Estrangeira, corporação militar francesa altamente disciplinada, é modelo de exércitos profissionais.
O romance Beau Geste (1925), de Percival Christopher Wren, pintou a legião como um refúgio de criminosos, amantes infelizes e nobres decadentes e anônimos, mas essa imagem já não representa a verdade. Quase todos os seus oficiais pertencem ao Exército francês, e um legionário estrangeiro pode requerer a cidadania francesa após servir por cinco anos com boa conduta. Ao alistar-se, o recruta jura servir não à França, mas à Legião, e o lema da organização, Legio patria nostra (A Legião é nossa pátria), reforça no legionário a ideia de que serve à instituição, não ao país.
Embora proibida de aquartelar soldados na França, em tempos de paz, a
Legião ali combateu nas duas guerras mundiais. Após a derrota da França
para a Alemanha, na última delas, unidades da Legião aderiram às forças
da França Livre, do general Charles de Gaulle. Em 1961, um regimento
apoiou os rebeldes argelinos contra o governo francês e foi degradado
com desonra. Em 1962, com a independência da Argélia, a Legião
transferiu seu quartel-general para a França. Muitos soldados
desmobilizados depois de guerras importantes têm-se alistado na Legião.
Após a guerra das Malvinas, em 1982, o recrutamento de soldados ingleses
cresceu para dez por cento do efetivo.
Ataques Terroristas na sede do jornal Charlie Hebdo em Paris
O ataque na sede do jornal Charlie Hebdo foi um atentado terrorista que atingiu o jornal satírico francês Charlie Hebdo em 7 de janeiro de 2015, em Paris, resultando em doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente. Pelo menos 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas em um tiroteio em Paris. O crime aconteceu no escritório do jornal satírico "Charlie Hebdo", que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé.
Todos os mortos foram identificados. São eles: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, o lendário cartunista Wolinski, o economista e vice-editor Bernard Maris e os cartunistas Jean Cabu e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous, além do também desenhista Phillippe Honoré, do revisor Mustapha Ourad e da psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal para a “Charlie Hebdo” chamada “Divan”.
Ataques Terroristas em Paris no dia 13 de Novembro de 2015
Os ataques de novembro de 2015 em Paris foram uma série de atentados terroristas ocorridos na noite de 13 de novembro de 2015 em Paris e Saint-Denis, na França. Os ataques consistiriam de fuzilamentos em massa, atentados suicidas, explosões e uso de reféns. Ao todo, ocorreram três explosões separadas e seis fuzilamentos em massa, incluindo bombardeios perto do Stade de France no subúrbio ao norte de Saint-Denis. O ataque mais mortal foi no teatro Bataclan, onde os terroristas fuzilaram várias pessoas e fizeram reféns até o início da madrugada de 14 de novembro.
Os atentados causaram 132 pessoas foram mortas, 89 delas no teatro Bataclan. Mais de 350 pessoas ficaram feridas pelos ataques, incluindo 99 pessoas em estado grave. Além das mortes de civis, oito terroristas foram mortos e as autoridades continuavam a procurar quaisquer cúmplices que permaneceram soltos. O presidente francês, François Hollande decretou estado de emergência nacional no país, o primeiro estado de emergência declarado desde 2005, e colocou controles temporários sobre as fronteiras francesas. O primeiro toque de recolher desde 1944, também foi posto em prática, ordenando que as pessoas saíssem das ruas de Paris.
Em 14 de novembro, o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS - sigla em inglês) assumiu a responsabilidade pelos ataques. De acordo com o Wall Street Journal, os ataques foram motivados pelo ISIS como uma "retaliação" para o papel da França na intervenção militar na Síria e no Iraque. Hollande também disse que os ataques foram organizados em território estrangeiro "pelo Estado Islâmico e com ajuda interna", além de descrevê-los como "um ato de guerra".
O último cúmplice dos comandos que cometeram os atentados terroristas de Paris em novembro do de 2015 foi identificado, e preso na Bélgica, como Najim Laachraoui, de 24 anos, na segunda-feira (21 de março de 2016) a procuradoria federal belga. O DNA de Laachraoui foi encontrado no material explosivo utilizado nos ataques que deixaram 130 mortos em 13 de novembro, informou uma fonte ligada às investigações francesas. Laachraoui era conhecido sob a falsa identidade de Soufiane Kayal e foi à Síria em fevereiro de 2013, disse a procuradoria belga em um comunicado, sem indicar sua nacionalidade.
Acima de todos os Estados estava o rei, que não precisava prestar contas de nada a ninguém. Mesmo com todos os problemas que a França passava, não abria mão de seus luxos. Além do mais, somente o Terceiro Estado era obrigado a pagar os impostos e a custear as regalias do rei e das outras classes privilegiadas.
Com o agravamento da situação econômica francesa, uma das óbvias alternativas era a cobrança dos impostos do clero e da nobreza. Assim, o rei Luís XVI convocou uma assembleia feita pelos três Estados Gerais, onde cada um tinha direito a um voto. Como o clero e a nobreza não queriam abrir mão de seus benefícios, votaram contra a proposta. Já o Terceiro Estado, embora representasse a grande maioria da população, perdera a disputa, uma vez que tinha o poder de apenas um voto.
Diante deste claro quadro de injustiça social, os representantes do Terceiro Estado reuniram-se em Assembleia Nacional Constituinte. Nesse ponto, o conflito armado entre as tropas do rei e o povo já era algo inevitável. A revolução teve seu clímax quando uma multidão tomou a Bastilha, uma espécie de prisão política da monarquia.
Os movimentos em prol da liberdade, igualdade e fraternidade, uma óbvia influência do iluminismo, tomaram conta de toda a nação e resultaram na aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Para amenizar a crise econômica, a Assembleia confiscou os bens do clero. Em 14 de setembro de 1791, foi aprovada a primeira Constituição francesa, a qual estabelecia a monarquia constitucional e a criação de três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Após a conquista do Terceiro Estado, começaram a surgir grupos de interesses divergentes dentro do mesmo. Os girondinos representavam a alta burguesia, isto é, os grandes comerciantes e empresários e queriam uma participação menor do povo nas questões políticas. Já os jacobinos representavam as classes mais populares e, obviamente, queriam justamente o contrário.
Em 1792, sob o comando de Robespierre, Danton e Marat, os jacobinos assumiram o poder e estabeleceram uma forma de governar baseada na violência e na intolerância a qualquer contrarrevolucionário. Neste período, cerca de 42 mil pessoas foram mortas na guilhotina, inclusive o antigo rei Luís XVI e sua esposa.
A supremacia dos jacobinos terminou em 1794 por meio de um golpe realizado pelos girondinos, os quais entregaram o poder a um Diretório. Para resistir às novas tentativas de golpe dos jacobinos e dos partidários do Antigo Regime, os girondinos se aproximaram dos militares, o que resultou na entrega do poder ao general Napoleão Bonaparte. Em 10 de novembro de 1799, Napoleão assumiu a direção do governo francês, iniciando outra fase da história da França conhecida como Era Napoleônica.
A Revolução Francesa foi uma das maiores transformações sócio-políticas ocorridas ao longo da história. De fato, foi decisiva para a abolição do Antigo Regime, isto é, das raízes do feudalismo e do absolutismo, abrindo caminho para o desenvolvimento do capitalismo. É a Revolução Francesa que marca a passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.
O último cúmplice dos comandos que cometeram os atentados terroristas de Paris em novembro do de 2015 foi identificado, e preso na Bélgica, como Najim Laachraoui, de 24 anos, na segunda-feira (21 de março de 2016) a procuradoria federal belga. O DNA de Laachraoui foi encontrado no material explosivo utilizado nos ataques que deixaram 130 mortos em 13 de novembro, informou uma fonte ligada às investigações francesas. Laachraoui era conhecido sob a falsa identidade de Soufiane Kayal e foi à Síria em fevereiro de 2013, disse a procuradoria belga em um comunicado, sem indicar sua nacionalidade.
Revolução Francesa (XVIII)
No século XVIII, a França passava por sérios problemas econômicos e sociais. Para se ter uma ideia, a maior parte da população não tinha sequer o que comer. A divisão social do país na época era a seguinte: o Primeiro Estado era formado pelo clero, o Segundo Estado, pela nobreza, e o Terceiro pelos camponeses, burgueses e trabalhadores urbanos.Acima de todos os Estados estava o rei, que não precisava prestar contas de nada a ninguém. Mesmo com todos os problemas que a França passava, não abria mão de seus luxos. Além do mais, somente o Terceiro Estado era obrigado a pagar os impostos e a custear as regalias do rei e das outras classes privilegiadas.
Com o agravamento da situação econômica francesa, uma das óbvias alternativas era a cobrança dos impostos do clero e da nobreza. Assim, o rei Luís XVI convocou uma assembleia feita pelos três Estados Gerais, onde cada um tinha direito a um voto. Como o clero e a nobreza não queriam abrir mão de seus benefícios, votaram contra a proposta. Já o Terceiro Estado, embora representasse a grande maioria da população, perdera a disputa, uma vez que tinha o poder de apenas um voto.
Diante deste claro quadro de injustiça social, os representantes do Terceiro Estado reuniram-se em Assembleia Nacional Constituinte. Nesse ponto, o conflito armado entre as tropas do rei e o povo já era algo inevitável. A revolução teve seu clímax quando uma multidão tomou a Bastilha, uma espécie de prisão política da monarquia.
Os movimentos em prol da liberdade, igualdade e fraternidade, uma óbvia influência do iluminismo, tomaram conta de toda a nação e resultaram na aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Para amenizar a crise econômica, a Assembleia confiscou os bens do clero. Em 14 de setembro de 1791, foi aprovada a primeira Constituição francesa, a qual estabelecia a monarquia constitucional e a criação de três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Após a conquista do Terceiro Estado, começaram a surgir grupos de interesses divergentes dentro do mesmo. Os girondinos representavam a alta burguesia, isto é, os grandes comerciantes e empresários e queriam uma participação menor do povo nas questões políticas. Já os jacobinos representavam as classes mais populares e, obviamente, queriam justamente o contrário.
Em 1792, sob o comando de Robespierre, Danton e Marat, os jacobinos assumiram o poder e estabeleceram uma forma de governar baseada na violência e na intolerância a qualquer contrarrevolucionário. Neste período, cerca de 42 mil pessoas foram mortas na guilhotina, inclusive o antigo rei Luís XVI e sua esposa.
A supremacia dos jacobinos terminou em 1794 por meio de um golpe realizado pelos girondinos, os quais entregaram o poder a um Diretório. Para resistir às novas tentativas de golpe dos jacobinos e dos partidários do Antigo Regime, os girondinos se aproximaram dos militares, o que resultou na entrega do poder ao general Napoleão Bonaparte. Em 10 de novembro de 1799, Napoleão assumiu a direção do governo francês, iniciando outra fase da história da França conhecida como Era Napoleônica.
A Revolução Francesa foi uma das maiores transformações sócio-políticas ocorridas ao longo da história. De fato, foi decisiva para a abolição do Antigo Regime, isto é, das raízes do feudalismo e do absolutismo, abrindo caminho para o desenvolvimento do capitalismo. É a Revolução Francesa que marca a passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.
Era Napoleônica (1799-1815)
Após a desmoralização do governo Diretório, a burguesia francesa procurou entregar o poder a alguém forte o suficiente para findar com as ameaças dos jacobinos e dos defensores do Antigo Regime. Nascido na Córsega, Bonaparte era um jovem general ambicioso e de grande prestígio, justamente a figura ideal que os burgueses tanto procuravam. Napoleão assumiu o governo francês por meio do Golpe de 18 de Brumário, em 1799, com a autorização dos próprios políticos burgueses.
O Consulado (1799-1804)
Ao assumir o poder, Napoleão Bonaparte instituiu um novo modelo de organização política: o Consulado. Segundo a nova Constituição, a nação francesa deveria ser comandada por três cônsules por um período de 10 anos. Entretanto, na prática, o poder ficou todo concentrado nas mãos do próprio Bonaparte.
Após estas primeiras medidas, o jovem cônsul percebeu a necessidade de reerguer a economia da França e de enfrentar uma série de problemas socioeconômicos que o país passava. Assim, Napoleão criou o Banco da França (1800), estimulou a industrialização e realizou importantes obras de infraestrutura. Além disso, reatou as relações com a Igreja e assinou importantes acordos de paz com a Áustria, Rússia e Inglaterra. Outro feito de Bonaparte neste período foi o Código Civil Napoleônico, o qual se tratava de um conjunto de leis que garantia o direito de propriedade, proibia a realização de greves e a criação de sindicatos, algo bem agradável aos olhos da burguesia.
Todas estas medidas surtiram efeito, tendo proporcionado um período de estabilidade política e econômica para a França. Assim, graças à sua grande popularidade, Napoleão Bonaparte foi eleito cônsul vitalício em 1802, e imperador, em 1804.
O Império (1804-1815)
Esta fase corresponde ao auge da Era Napoleônica. Primeiramente, Napoleão ordenou a criação de vários impostos, deu os mais altos cargos do reino para membros de sua família e promoveu a construção de imponentes obras. Neste período, vemos claramente o perfil expansionista do imperador francês, uma vez que o mesmo dominou quase todo o continente europeu.
A rivalidade entre França e Inglaterra se acentuou mais ainda nesse contexto, uma vez que os dois países eram as grandes potências da época. Ciente de que não seria capaz de derrotar a poderosa marinha inglesa, Napoleão criou o Bloqueio Continental, decreto que proibia todos os países de manterem relações comerciais com a Inglaterra. A clara intenção de Bonaparte era arruinar os ingleses economicamente.
De fato, o Bloqueio Continental não surtiu o efeito desejado, uma vez que alguns países não o cumpriram. Portugal, por exemplo, fora um desses países, aspecto que levou à invasão de seu território pelas tropas francesas. Aliás, a invasão das tropas napoleônicas em Portugal foi o que desencadeou a fuga da família real para o Brasil.
A Rússia foi outra que desobedeceu ao Bloqueio Continental. Como resposta, Napoleão invadiu o território russo em 1812, com 600 mil soldados. Muitos veem tal conflito com a Rússia como o grande erro do imperador francês.
Como o território russo era enorme, e seu inverno, muito rigoroso, mais de 500 mil soldados franceses morreram de frio. Poucos meses depois, uma coligação formada por Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia invadiram a França e derrotaram as forças napoleônicas. Assim, em 1813, Napoleão foi forçado a abdicar, embora tenha ganhado o direito de governar a Ilha de Elba. Em seu lugar, colocaram Luís XVIII no poder.
Governo dos Cem Dias (1815)
Após a consolidação do fim do Antigo Regime feita pela Revolução Francesa, instalar novamente a monarquia na França não parecia ser uma boa ideia. Desta forma, em meados de 1815, Napoleão aproveitou-se da insatisfação do povo em relação ao rei e assumiu o governo francês outra vez. No entanto, tal governo durou apenas três meses, aproximadamente. Os países aliados se reuniram outra vez, e com mais de um milhão de soldados, derrotaram Bonaparte definitivamente na famosa Batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815.
Após sua derrota, Napoleão foi aprisionado na Ilha Santa Helena, local onde permaneceu até sua morte, em 1821.
Bastilha
Bastilha era como se chamava o castelo parisiense que, iniciado em 1370,
foi convertido em prisão e guarnição militar por Carlos VI. Richelieu
transformou-o em presídio político, destinado aos nobres e letrados. Sob
o reinado de Luís XIV, foram presas lá pessoas implicadas em
escândalos, feitiçaria, envenenamentos e cunhagem de moeda falsa.
A tomada da Bastilha, símbolo do despotismo da nobreza, determinou o início da revolução francesa em 1789.
Em 14 de julho de 1789, quando abrigava apenas sete prisioneiros, a Bastilha foi atacada pela multidão que exigiu do governador, o marquês de Launay, as armas e munições que se encontravam em seu interior. Diante da negativa do governador, o povo massacrou-o e invadiu a fortaleza. Dois dias depois, a assembléia do povo decidiu demolir a Bastilha. Constituiu-se em seguida uma guarda nacional, para manter a ordem, e uma administração de notáveis para governar a capital, dando início à revolução. Levantes camponeses e ataques a castelos espalharam o pânico pela França, pondo em perigo as propriedades e o despotismo da nobreza.
Dinastia Valois
A dinastia Valois governou a França de 1328 a 1589. Ramo mais novo da
dinastia dos Capetos, a casa originou-se com Filipe, que se tornou rei
da França em 1328 como Filipe VI e era filho de Carlos, conde de Valois,
e neto de Filipe III. A dinastia teve três linhas: o ramo direto, que
reinou de 1328 a 1498; o ramo Valois-Orléans, de um só membro, Luís XII,
que reinou de 1498 a 1515; e o ramo Valois-Angoulême, que reinou de
1515 a 1589 e terminou com a morte de Henrique III. Sucedeu-lhe a
dinastia Bourbon, outro ramo dos Capetos.
Casa real da França, a dinastia Valois deu ao país 11 reis que unificaram o território nacional e estabeleceram os fundamentos da monarquia absoluta, que se consolidaria com a dinastia Bourbon.
Os primeiros reis da dinastia ocuparam-se com as lutas da guerra dos cem anos (1337-1453). Nesse período, a monarquia foi ameaçada pelos ingleses, que em certas ocasiões controlaram grande parte da França, e pelos senhores feudais, que desafiavam a supremacia dos reis. Carlos VII (1422-1461) enfrentou essas ameaças e iniciou a restauração do poder real. Gradualmente, com a perda de privilégios pelos senhores feudais, a autoridade do rei cresceu. O direito exclusivo da coroa de cobrar impostos e promover guerras foi estabelecido. Muitas das instituições administrativas básicas, que tinham começado a se desenvolver com os Capetos, continuaram a evoluir com os Valois.
O Renascimento francês ocorreu durante os reinados de Francisco I e Henrique II (1547-1559). As guerras de religião (1562-1598), entre facções católicas e protestantes que dominaram a política, enfraqueceram o poder do último rei da dinastia Valois.
Casas de Anjou
As três casas de Anjou, nome de origem gaulesa, tiveram em comum um destacado papel político e militar, bem como o controle do cobiçado condado de Anjou, na região do rio Loire. Alguns de seus titulares chegaram a ocupar o trono de Jerusalém e outros se entrelaçaram com importantes linhagens reais, como os Capetos ou os Valois, chegando por vezes a ostentar a coroa francesa.Três importantes famílias, os Anjou, cujo principal bastião foi o condado do mesmo nome, destacaram-se na história da França, do século X ao XIV.
A primeira família surgiu no reinado dos Capetos, a partir de Ingelger, filho de Roberto o Forte, a quem foi entregue o governo do condado de Anjou. Seu filho Foulques I o Ruivo, primeiro duque de Anjou, ampliou seus domínios, expulsando os normandos. Morto em 942, teve como sucessores Foulques II o Bom; Godofredo I (Geoffroi) de Grisegonelle, que ajudou Hugo Capeto a empolgar a coroa da França; Foulques III o Negro, que em seu reinado de 53 anos (987 a 1040) expulsou os bretões, derrotou Eudes III, conde de Blois, e destacou-se como o mais poderoso representante da dinastia; e Godofredo II Martel, em cujo governo (1040-1060) foi consolidada a anexação do condado de Touraine. Como não deixasse filhos, seus dois sobrinhos, Godofredo III e Foulques IV, partilharam o poder mas não tardaram a entrar em conflito, sendo o primeiro derrotado em 1068.
Foulques V o Jovem, que sucedeu ao pai em 1109, destacou-se nas cruzadas, tornando-se rei de Jerusalém. Casou seu filho Godofredo o Belo, Plantageneta, com a princesa Matilde (Mafalda, Maílda), filha de Henrique I, com o que a família passou a ter também sob seu domínio a Normandia e a Inglaterra. O filho de Godofredo, Henrique, conde de Anjou e Maine e duque da Normandia, foi mais tarde Henrique II da Inglaterra. Já então o crescimento dos domínios desse ramo anglo-angevino, estendendo-se da Inglaterra aos Pireneus, passou a constituir uma ameaça à monarquia dos Capetos. O condado de Anjou foi reincorporado à coroa francesa pouco depois da vitória de Filipe II Augusto sobre João sem Terra. O chamado império anglo-angevino, um aglomerado de principados, teve três fases em meio século de existência: formação (1144-1154), expansão (1154-1180) e declínio (1180-1205).
Segunda família. O retorno ao domínio da França deu origem a novos favores à casa de Anjou. Em 1246, Luís IX entregou o condado-pariato de Anjou a seu irmão Carlos I, futuro rei de Nápoles e Sicília. Sucedeu-lhe seu filho Carlos II, e a este seu genro Carlos de Valois, cujo filho se tornou rei da França em 1328, como Filipe VI. As intrincadas alianças matrimoniais e a situação resultante da guerra dos cem anos puseram fim a essa dinastia.
Terceira família. Outro monarca francês, João II o Bom, deu o condado de Anjou, em 1351, a seu filho Luís I, descendente de Carlos de Valois. Embora o condado estivesse sujeito a constantes incursões dos ingleses, Luís I preocupava-se mais com a conquista de Nápoles, onde se tornaria rei, do que com a defesa de seu território. Assim também ocorreu com seu filho Luís II. No entanto, os ingleses jamais reconquistaram Anjou. Carlos V o Sábio, rei de França de 1364 a 1380, foi o último representante da linhagem dos Anjou-Valois.
Amiens, Cidade Francesa
Amiens, capital do departamento de Somme, no norte da França, é também a
principal cidade da região da Picardia. Na época pré-romana, a cidade
se chamava Samarobriva, capital dos ambianos, e é do nome desse povo da
Gália que veio o atual. Foi fortificada pelos romanos e, no século III,
cristianizada por são Firmino, que seria seu primeiro bispo. Mais tarde
tornou-se a capital do condado medieval de Amiénois e, em 1185, foi
incorporada à coroa francesa.
Capital da antiga Picardia, Amiens é famosa por sua catedral, um dos melhores exemplos de arte gótica, e pelo tratado assinado em 1802 por ingleses e franceses, que trouxe um breve período de paz durante as guerras napoleônicas.
Em 1802, firmou-se na cidade, entre a França e o Reino Unido, o tratado que entrou para a história com o nome de paz de Amiens. Durante a primeira guerra mundial, Amiens foi ocupada durante curto tempo pelas tropas alemãs; mas, na segunda, as forças do Terceiro Reich ali se instalaram de 1940 a 1944. Os graves danos sofridos nesse período exigiram uma ampla reconstrução de seu centro antigo.
Igreja de Saint-Germain |
Amiens |
A economia se baseia principalmente na indústria têxtil, famosa desde a Idade Média. Existem ainda fábricas de máquinas, produtos químicos e pneumáticos. Os agricultores das terras pantanosas dos arredores despacham seus produtos em barcos pelo rio Somme, que na parte antiga da cidade se divide em sete braços. As comunicações ferroviárias têm importante entroncamento em Longeau, perto de Amiens.
Na parte velha se encontram o aglomerado urbano do século XVII, reconstruído, a igreja de Saint-Germain, do século XV, e o antigo teatro com fachada Luís XVI. A catedral, a maior e uma das mais belas da França, foi projetada por Robert de Luzarches. Iniciada em 1220, a construção terminou meio século depois. Suas duas torres desiguais datam dos séculos XIV e XV. No pórtico central, onde está representado o Juízo Final, encontra-se a famosa estátua do "Beau Dieu".
Alsácia-Lorena (em alemão, Elsass-Lothringen) é a denominação que o
governo alemão impôs em 1871 aos territórios que, cedidos pela França ao
final da guerra franco-prussiana, correspondiam aos da tradicional
província de Alsácia e a parte da Lorena. A região está hoje delimitada
pelos departamentos franceses do Alto Reno, do Baixo Reno e de Mosela.
A histórica rivalidade entre a França e a Alemanha teve seu ponto de atrito mais freqüente nas regiões da Alsácia e da Lorena, onde a cultura dos dois países se misturou durante séculos.
Com a divisão do império de Carlos Magno, a Alsácia foi atribuída à Lotaríngia, e mais tarde incorporada ao Sacro Império, a cuja história permaneceu ligada nos séculos seguintes, até o final da Idade Média. As grandes navegações e o deslocamento das rotas comerciais para o Atlântico levaram à decadência da Liga Hanseática e ao enfraquecimento dos laços de união entre os estados alemães. Desse fato aproveitou-se Henrique II, rei da França, que iniciou a penetração na região, anexando Metz, Toul e Verdun, pelo Tratado de Chateau-Cambrésis. A fase decisiva dessa política expansionista correspondeu à assinatura, em 1648, dos tratados de Vestfália, ao findar a guerra dos trinta anos, garantindo para a França a posse da quase totalidade da Alsácia. Luís XIV, na busca de fronteiras naturais, consolidou a preponderância francesa na região, na época da revolução.
A grande produção de ferro e carvão revelou a importância da região, na época da revolução industrial alemã. Para a Alemanha, então unificada e em acelerado ritmo de desenvolvimento, tornou-se fundamental a posse das ricas jazidas da Alsácia, obtida em 1871, quando do término da guerra franco-prussiana. Pelo Tratado de Frankfurt, a Alemanha exigiu a anexação de toda a região da Alsácia (exceto o território de Belfort), além de grande parte da Lorena. As dificuldades surgidas então forçaram o chanceler Otto von Bismarck a mudar critérios, ou seja, conceder frágil autonomia à região, e a partir daí a política do governo alemão oscilou entre esses extremos. Em 1945, com a vitória dos aliados, a Alsácia-Lorena tornou-se de novo francesa.
Região histórica da Gália e, posteriormente, da França, a Aquitânia é
hoje région de programme (região de planejamento) francesa e engloba as
províncias de Dordogne, Gironde, Landes, Lot-et-Garonne et
Pyrenées-Atlantiques. Com uma área de 41.308km2, corresponde
aproximadamente à metade ocidental da Aquitânia histórica e sua maior
cidade é Bordéus (Bordeaux). A região tem na vinicultura sua principal
atividade econômica, mas também se cultivam pêras, maçãs, ervilha e
feijão. Há ainda muitas florestas e, em Bordéus, grandes indústrias.
Centro de trovadores na baixa Idade Média, a Aquitânia tornou-se posteriormente objeto de disputa constante entre a Inglaterra e a França.
História. Segundo a descrição feita por Júlio César em De bello gallico, a Aquitânia ocupava uma área que se estendia dos Pireneus até o rio Garona. O imperador Augusto tornou-a distrito administrativo romano, limitado ao norte pelo rio Loire e a leste pelo maciço Central. No século V a Aquitânia foi conquistada pelos visigodos, vencidos no ano 507 por Clóvis, que a anexou ao reino franco. No século VIII, Pepino o Breve a administrou como ducado.
Elevada a reino por Carlos Magno, a Aquitânia foi governada pelo filho do imperador, o futuro Luís I o Piedosoo. Devastada pelos normandos no século IX, passou a ser controlada por Guilherme I o Pio, conde de Auvergne e fundador da abadia de Cluny. Mais tarde a região foi disputada pelos condados de Auvergne, Toulouse e Poitier. Esta última casa, mais poderosa, dominou-a como ducado até o século XI.
Na dinastia dos potevinos, reconhecida pelos reis capetos, a Aquitânia experimentou intenso movimento cultural, traduzido sobretudo pela presença de numerosos trovadores. Como o último duque da Aquitânia morresse sem deixar herdeiros, sua filha Alienora casou-se com o rei da França, Luís VII o Jovem, e toda a região foi anexada à coroa francesa. Em 1152 esse casamento foi anulado e Alienora casou-se com Henrique II Plantageneta, conde de Anjou e duque de Normandia, que em 1154 se tornou rei da Inglaterra. Foi então que seu filho, Ricardo Coração de Leão, tomou posse da Aquitânia e ali passou grande parte.
Ao longo dos séculos XII e XIII a Aquitânia sofreu sucessivos desmembramentos, à medida que os reis capetos procuravam reconquistá-la. Com o Tratado de Paris (1259), o ducado da Guyenne (corruptela de Aquitânia) manteve-se, embora bastante reduzido, como possessão inglesa. Em 1453, porém, Carlos VII reintegrou a região na França, situação que ao final do século XV se tornara definitiva.
Nouvelle Vague, Movimento do Cinema Francês
Movimento do cinema francês que surge no final dos anos 50 e renova a linguagem cinematográfica. Seus principais representantes, como Jean-Luc Godard e François Truffaut , ex-críticos da revista Cahiers du Cinéma liderados pelo crítico André Bazin (1918-1958), reagem contra o academicismo das produções francesas, criticam o cinema de estúdio e as formas narrativas convencionais. O artigo que resume essa postura, "Uma certa tendência do cinema francês", escrito por Truffaut aos 22 anos, foi publicada pela Cahiers em janeiro de 1954. Fortemente influenciados por diretores como Alfred Hitchcock , John Ford e Howard Hawks (1896-1977), nos quais identificam estilo autoral apesar da inserção na indústria, esses jovens cineastas franceses defendem um cinema de autor e a liberdade narrativa. Realizam obras de baixo custo financeiro, privilegiam as câmeras portáteis, equipes pequenas e filmagens nas ruas, características que influenciam o cinema novo brasileiro.
A expressão nouvelle vague, que significa nova onda, surge pela primeira vez na revista francesa L''Express, em 1958. De início serve para definir um estado de espírito contestatório, comum a todos os gêneros de manifestações artísticas que demonstram sinais de vitalidade após um período de estagnação. Mas logo o termo é aplicado exclusivamente ao cinema.
Embora influenciada pelo neo-realismo italiano, a nouvelle vague interessa-se pouco pela situação social e política do país. Numa época em que a França está em guerra colonial com a Argélia, o movimento privilegia as questões existenciais, a discussão da liberdade individual numa sociedade repressora e os efeitos da memória e do tempo nas relações humanas. Entre os principais filmes estão Acossado (1959), de Godard, Os Incompreendidos (1959), de Truffaut, Hiroshima Meu Amor (1959), de Alain Resnais (1922-), Os Primos (1959), de Claude Chabrol (1930-), Paris Nos Pertence (1960), de Jacques Rivette (1928-), e Trinta Anos Esta Noite (1963), de Louis Malle (1932-1995).
A expressão nouvelle vague, que significa nova onda, surge pela primeira vez na revista francesa L''Express, em 1958. De início serve para definir um estado de espírito contestatório, comum a todos os gêneros de manifestações artísticas que demonstram sinais de vitalidade após um período de estagnação. Mas logo o termo é aplicado exclusivamente ao cinema.
Embora influenciada pelo neo-realismo italiano, a nouvelle vague interessa-se pouco pela situação social e política do país. Numa época em que a França está em guerra colonial com a Argélia, o movimento privilegia as questões existenciais, a discussão da liberdade individual numa sociedade repressora e os efeitos da memória e do tempo nas relações humanas. Entre os principais filmes estão Acossado (1959), de Godard, Os Incompreendidos (1959), de Truffaut, Hiroshima Meu Amor (1959), de Alain Resnais (1922-), Os Primos (1959), de Claude Chabrol (1930-), Paris Nos Pertence (1960), de Jacques Rivette (1928-), e Trinta Anos Esta Noite (1963), de Louis Malle (1932-1995).
Rio Loire
Uma das mais belas paisagens francesas, a planície banhada pelo rio Loire atrai atenção por seus vinhedos e castelos históricos, entre eles os de Blois, Chambord e Chenonceaux.Rio mais extenso da França, o Loire atravessa a região central do país, num percurso de 1.020km. Sua bacia, de 117.000km2, tem clima marítimo temperado, com precipitações abundantes que, nas montanhas do alto de seu curso, tomam a forma de neve. O caudal é irregular, e as cheias podem ocorrer em qualquer época do ano, embora sejam normais em julho e agosto.
A nascente do Loire situa-se na região meridional do maciço Central francês, no sopé do Gerbier-de-Jonc, nos Cévennes, a uma altitude de 1.370m. Em seu curso alto, o rio percorre o maciço Central no sentido sul-norte, por estreitos desfiladeiros. Ao deixar o planalto, recebe as águas do Allier, seu principal afluente. Em seguida, percorre os terrenos calcários de Berry, onde seu leito se estreita, faz uma ampla curva no sul da bacia de Paris, em torno da cidade de Orléans, e segue para oeste. O rio então se alarga e recebe outros afluentes, entre eles o Cher, o Indre e o Vienne. Depois de banhar as cidades de Blois, Tours, Angers e Nantes, abre-se num prolongado estuário que termina no oceano Atlântico.
A partir do século XIV, o vale do Loire desenvolveu intensa atividade agrícola, estimulada pela demanda da corte francesa. No século XVIII, a região conheceu seu momento de maior prosperidade, tanto na agricultura quanto no tráfego fluvial, que se intensificou com a construção de canais que ligam o Loire ao Sena. Posteriormente, reduziu-se a importância econômica do vale do Loire, transformado em região rural e cujo desenvolvimento industrial se limitou às áreas de Saint-Étienne, Blois e Nantes.
Rio Garona
As principais funções econômicas do Garona são o aproveitamento hidrelétrico e a irrigação, já que sua navegação é dificultada pela grande massa aluvial.O Garona (em francês, Garonne) origina-se na Espanha e desce os Pireneus para irrigar as vastas planícies do sul da França, onde é o principal curso fluvial. Excluído seu longo estuário, tem 575km de extensão e drena uma superfície de 56.000km2. Nasce a 2.800m de altitude, da confluência do Garona de Ruda e do Garona de Jueu, no maciço da Maladeta, nos Pireneus espanhóis. No trecho inicial, toma a direção norte e transpõe grandes desníveis. Depois de percorrer cinqüenta quilômetros em solo espanhol, penetra na França ao atravessar a garganta de Pont-du-Roi, na altitude de 575m. Recebe as águas do Pique e pouco depois, já na planície da Aquitânia, as de seu último afluente pirenaico, o Ariège. Conserva as características torrenciais até chegar a Toulouse, onde toma a direção noroeste. Recebe em seguida o Tarn e o Lot e banha as cidades de Agen, Le Verdon e Bordéus, e conflui com o Dordonha para formar o estuário da Gironda, de 72km de comprimento por 5 a 12km de largura, pelo qual os dois rios desembocam no Atlântico.
O Garona tem regime pluvionival e irregular, controlado por cinqüenta eclusas distribuídas ao longo de seu curso. Nos Pireneus, sofre cheias catastróficas na primavera e no verão, quando as chuvas quentes provocam a rápida fusão das neves. Na bacia da Aquitânia as cheias são agravadas pelo regime do Tarn e do Lot, que descem do maciço Central francês.
Teólogo e filósofo, Abelardo (em francês Pierre Abélard ou Abailard, em latim Abelardus) nasceu em Le Pallet, perto de Nantes, França, por volta de 1079. Estudou em Paris com os melhores mestres: Roscelino de Copiègne e Guilherme de Champeaux. Foi depois professor da catedral de Paris (Notre Dame), onde combateu as idéias de Guilherme, obrigando-o a modificá-las. Aos 22 anos, abriu uma classe de filosofia em Melun. De volta a Paris, a clareza do seu espírito atraiu uma multidão de discípulos.
Acreditando na capacidade da mente humana de alcançar o verdadeiro conhecimento natural e supernatural, Abelardo defendeu o exame crítico das Escrituras à luz da razão. Incompreendido e atacado em seu tempo, foi um precursor do racionalismo francês.
Foi nessa época que começou sua ligação amorosa com Heloísa, sobrinha do cônego Fulbert. Este ordenou que o castrassem. Depois disso, Abelardo e Heloísa recolheram-se ao claustro: ele ao mosteiro de Saint-Denis, ela a um convento em Argenteuil. Tornou-se famosa a correspondência que trocaram a partir de então, embora alguns estudiosos a considerem uma ficção literária, atribuindo-a inteiramente a Abelardo. Juntamente com a autobiografia Historia calamitatum (História de minhas desventuras), as cartas refletem o temperamento a um só tempo espiritual e vitalista de Abelardo.
Mesmo depois de seu ingresso no claustro, Abelardo continuou lecionando com êxito. Seu livro mais famoso, escrito em 1121-1122, é o Sic et non (Sim e não). Nele apresenta argumentos contra e a favor de quase todas as grandes teses filosóficas da época, método que santo Tomás de Aquino retomaria na Summa theologiae (Suma teológica). Abelardo chama esse jogo lógico de "dialética" e o acha importante para aguçar o espírito. Sua filosofia é em grande parte uma análise da linguagem, que se torna notável ao estudar o problema dos "universais".
Abelardo morreu no priorado de Saint-Marcel, perto de Châlons-sur-Saône, em 21 de abril de 1142.
Abbé Prévost
Antoine-François Prévost d'Exiles nasceu em Hesdin, Artois, França, em 1º de abril de 1697. Filho de família da aristocracia rural, fugiu cedo de casa e alistou-se no Exército. Ordenou-se beneditino em 1726, mas a vida desregrada levou-o a deixar o hábito e o país, embora mantivesse o título de abbé, que nos séculos XVII e XVIII designava o padre secular. Na Grã-Bretanha e na Holanda, viveu às voltas com dívidas fraudulentas e casos de paixão.
Irresistivelmente bonita e imoral, Manon Lescaut, a heroína da maior obra do abbé Prévost, inspirou a ópera Manon, de Jules Massenet e o drama lírico de Puccini, além de outras obras.
Em 1728 começou a editar Memoires et aventures d'un homme de qualité qui s'est retiré du monde (Memórias e aventuras de um cavalheiro que se afastou do mundo), cujo sétimo e último volume foi publicado em Amsterdam em 1731. Intitulado Histoire du chevalier Des Grieux et de Manon Lescaut (História do cavalheiro Des Grieux e de Manon Lescaut), esse último tomo narra a ruína de um jovem de boa família, causada por seu amor pela cortesã Manon Lescaut. O tema da paixão sexual e o papel determinante desempenhado na trama pelo dinheiro consagrou a obra como o primeiro romance moderno, que influenciou Jean-Jacques Rousseau, Goethe e o francês Benjamin Constant.
De volta à França, o autor editou, entre 1733 e 1740, a revista literária Le Pour et le Contre, primeira a divulgar autores ingleses na França. Prévost morreu em Chantilly, França, em 25 de novembro de 1763.
Legendre nasceu em Paris em 18 de setembro de 1752. Ainda jovem, foi nomeado professor de matemática da Escola Militar e, em 1780, da École Normale. Escreveu quatro dissertações sobre a atração dos esferóides. Na primeira, de 1783, estudou a função que recebeu seu nome e teve ampla aplicação em astronomia. Tornou-se conhecido pela obra Éléments de géométrie (1794; Elementos de geometria), equivalente moderno dos Elementos de Euclides. Atribui-se a Legendre a lei da reciprocidade quadrática.
O trabalho desenvolvido por mais de quarenta anos por Adrien-Marie Legendre no setor das integrais elípticas forneceu instrumentos analíticos básicos para a física matemática.
Em 1798, publicou Théorie des nombres (Teoria dos números), tratado de aritmética superior, no qual se acha o primeiro estudo sistemático das quadráticas ternárias, que aplica largamente a lei da reciprocidade quadrática. Também contribuiu para assentar as bases de um dos mais famosos problemas da aritmética, o da distribuição dos números primos, só resolvido em 1896 por Jacques Hadamard e Charles de La Vallée-Poussin (teorema do número primo).
Legendre foi muito prontamente ultrapassado por seus contemporâneos Carl Friedrich Gauss, em aritmética, e Niels Abel e Karl Jacobi, nas funções elípticas, mas a suas pesquisas se deveu em grande parte o progresso da matemática. Antipatizava com Gauss, mas recebeu com entusiasmo as contribuições de Abel e Jacobi, as quais, numa demonstração de altruísmo, divulgou com prazer, embora elas tornassem obsoletos os esforços de toda sua vida. Legendre morreu em Paris, em 10 de janeiro de 1833.
Affonso Eduardo Reidy nasceu em Paris em 1909. Começou a distinguir-se no
período chamado "heróico" da arquitetura brasileira, logo após a
revolução de 1930, quando Lúcio Costa assumiu a direção da Escola
Nacional de Belas-Artes e o novo governo decidiu renovar os padrões
arquitetônicos então vigentes. No curso de urbanismo da Faculdade
Nacional de Arquitetura, regeu a cadeira de teoria dos planos da cidade.
Reidy projetou o edifício da polícia municipal, na rua do Resende
(1935), e obteve o primeiro prêmio da Exposição Internacional de
Arquitetura da I Bienal de São Paulo, em 1951.
O edifício do Museu de Arte Moderna, construído no Rio de Janeiro entre 1954 e 1959, é uma das peças arquitetônicas mais conhecidas de Reidy. Como arquiteto-chefe e logo diretor do Departamento de Urbanismo da prefeitura da antiga capital, foi responsável também por grandes obras de urbanização.
Reidy projetou ainda o conjunto residencial do Pedregulho; realizou o desmonte do morro de Santo Antônio e o aterro da avenida Beira-Mar, no trecho entre o aeroporto Santos Dumont e o morro da Viúva, e projetou o futuro túnel Rebouças, do Rio Comprido à lagoa Rodrigo de Freitas. De sua obra arrojada, de grande liberdade estrutural e formal, destaca-se ainda o projeto do Museu Nacional do Kuwait. Afonso Reidy morreu no Rio de Janeiro em 10 de agosto de 1964.
Antoine-Marie-Joseph Artaud nasceu em Marselha, França, em 4 de setembro
de 1896. Transferiu-se para Paris em 1920 para estudar interpretação
teatral e estreou como ator no grupo surrealista Théâtre de l'Oeuvre.
Enviou seus poemas ao crítico Jacques Rivière, diretor da Nouvelle Revue
Française, com quem entabulou correspondência, publicada em 1924.
Rompeu com os surrealistas quando André Breton aderiu ao comunismo e
uniu-se a outro dissidente, Roger Vitrac, para fundar o Théâtre Alfred
Jarry, de efêmera trajetória.
"É preciso acreditar num sentido de vida renovado pelo teatro, no qual o homem torna-se senhor daquilo que ainda não existe e o faz nascer." Atormentado pela doença e pela obsessão de realizar o que chamava "espetáculo integral", Artaud fracassou em todas as atividades teatrais que empreendeu, mas suas idéias influenciaram alguns dos mais revolucionários autores e movimentos do teatro contemporâneo.
A teoria de Artaud foi expressa nas obras Manifeste du théâtre de la cruauté (1932; Manifesto do teatro da crueldade) e Le Théâtre et son double (1938; O teatro e seu duplo), esta última publicada ao tempo em que fundou o teatro de mesmo nome, e na vasta correspondência que manteve com Jean-Louis Barrault e outros teatrólogos de vanguarda. Os principais temas de sua obra são a crueldade, o duplo e o transe, que se combinam para conformar um espetáculo, protagonizado por ator e espectador, que choca e subverte a lógica convencional, cria uma linguagem além das palavras e remete ao mito e ao ritual primevos.
As obras encenadas por Artaud não tiveram nenhum sucesso. Les Cenci, apresentada em Paris em 1935, era demasiado experimental para seu tempo. A influência de Artaud, no entanto, está presente na obra de encenadores como Peter Brook, de dramaturgos como Samuel Beckett e outros autores do teatro do absurdo, e de grupos como o Living Theater de Nova York. Entre seus livros mais conhecidos estão Heliogabalus, ou l'anarchiste couronné (1936; Heliogábalo, ou o anarquista coroado) e Van Gogh, le suicidé de la societé (1947; Van Gogh, o suicidado pela sociedade). Artaud morreu em Ivry-sur-Seine, em 4 de março de 1948.
Jean-Antoine Watteau nasceu em 10 de outubro de 1684 em Valenciennes,
França. Suas primeiras pinturas se enquadravam na tradição flamenga. Em
1702, porém, o artista mudou-se para Paris e pouco depois ingressou no
ateliê de Claude Gillot, cenógrafo teatral. Em 1709 tentou sem êxito o
Prêmio de Roma e decidiu então regressar a sua cidade natal. Voltou para
Paris no ano seguinte e obteve sucesso como pintor das fêtes galantes,
cenas de caráter festivo, ao ar livre, protagonizadas por cortesãos e
celebradas também na poesia de Verlaine.
A pintura elegante e aristocrática de Watteau, bastante influenciada pelo espírito e pelos personagens da commedia dell'arte italiana, caracterizou o gosto pictórico rococó do século XVIII.
A primeira das três versões do quadro que daria fama a Watteau, "Embarque para Citera", foi executada entre 1710 e 1712. Mostra um motivo de comédia, em ambiente vagamente veneziano. A segunda e mais bela das versões sugere um ritual profano, numa paisagem irreal e imensa, quase tenebrosa. A terceira versão já é uma vulgarização do tema, com anjinhos esvoaçando em torno da gôndola mitológica. Comum às três composições é o clima teatral, espécie de transposição cromática de tudo o que é sugerido pelo universo do teatro. As cenas mitológicas e as alegorias, no entanto, não são as mais comuns na obra de Watteau, que prefere sempre a temática da comédia humana.
Apesar da fama crescente, Watteau conservou o temperamento retraído e viveu isolado e insatisfeito consigo mesmo durante vários anos. Em 1715 travou conhecimento com o rico financista Pierre Crozat, que acabara de comprar uma valiosíssima coleção de arte. Entusiasmado com o trabalho de Watteau, Crozat instalou-o em sua casa, como era hábito entre os ricaços amantes das artes na época, e lá o artista conviveu com obras de artistas flamengos e italianos, como Correggio e Van Dyck.
Depois de abandonar a casa de seu mecenas, mas não sua amizade, Watteau produziu várias de suas obras-primas, como "Concerto campestre" e "Conversações". Em 1717 apresentou à Academia Real a segunda versão de "Embarque para Citera", que teve excelente acolhida. Duas de suas telas mais importantes, "O amor no teatro francês" e "O amor no teatro italiano", foram pintadas nos dois anos seguintes. Nelas, a influência teatral se manifesta não apenas na temática, mas também na típica composição cenográfica.
Acometido de tuberculose, Watteau viajou em 1719 para Londres a fim de receber cuidados médicos, mas voltou um ano depois sem melhora. Nessa época pintou "Sob a insígnia de Gersaint", que originariamente serviu de letreiro para a loja do marchand Gersaint, seu amigo. O quadro, mais tarde dividido ao meio, representa uma galeria de arte em que os empregados encaixotam um soturno retrato do monarca Luís XIV, como alusão ao fim de seu reinado.
Entre as últimas obras de Watteau sobressai "Gilles", retrato de um personagem teatral com uma forte carga melancólica. As figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX. Watteau morreu em Nogent-sur-Marne, perto de Paris, em 18 de julho de 1721.
Antoine-Laurent Lavoisier nasceu em Paris, em 26 de agosto de 1743.
Dedicou-se ao mesmo tempo à política e à ciência, e em 1768, quatro anos
após concluir os estudos, ingressou na Académie des Sciences. Membro da
Ferme Générale, primeiro organismo de arrecadação de impostos, ocupou o
cargo de inspetor-geral da fabricação de pólvora.
A influência das idéias alquimistas, de inspiração grega e oriental, perdurou na Europa até quase o fim da idade moderna. Muitos tentaram estabelecer para a química regras e princípios racionais, semelhantes aos que governavam a física e outras ciências, mas coube a Lavoisier lançar seus alicerces verdadeiros.
As primeiras pesquisas científicas de Lavoisier se concentraram na determinação das variações de peso sofridas pelos corpos quando queimados. Comprovou que essas variações são provocadas por um gás, de aspecto semelhante ao do ar atmosférico, que batizou com o nome de oxigênio. Em 1777 conseguiu decompor o ar em oxigênio e nitrogênio e depois recompô-lo a partir desses elementos.
Apoiado no trabalho experimental, definiu a matéria por sua propriedade de ter um peso determinado, conceito que desenvolveu paralelamente a um aperfeiçoamento da balança. Enunciou também a lei da conservação da massa nas reações, fundamental na história da química, e identificou a noção de elemento como aquela substância que não pode ser decomposta pela ação de processos químicos. Realizou as primeiras medições calorimétricas e estudou, em conjunto com Pierre-Simon Laplace, a respiração animal como resultado de fenômenos de combustão interna dos tecidos sob a ação do oxigênio.
No Traité élémentaire de chimie (1789; Tratado elementar de química), Lavoisier propôs uma nomenclatura química sistemática e racional e demoliu as teorias flogísticas da combustão metálica. O flogístico ou flogisto era um fluido hipotético imaginado pelos químicos da época para explicar a combustão.
Suplente de deputado nos Estados Gerais de 1789, após a revolução francesa, Lavoisier foi depois nomeado sucessivamente membro da comissão incumbida de estabelecer o novo sistema de pesos e medidas e secretário do Tesouro. Nessa época, escreveu De la richesse territoriale du royaume de France (Sobre a riqueza territorial do reino da França), tratado sobre economia e distribuição da riqueza. Em 1793, a convenção nacional, governo da revolução, decretou a prisão dos coletores de impostos, entre os quais se encontrava Lavoisier. Condenado à morte, ele foi guilhotinado em Paris, em 8 de maio de 1794.
Antoine-Marie-Roger de Saint-Exupéry nasceu em Lyon, França, em 29 de
junho de 1900, oriundo de família aristocrática empobrecida. Obteve
licença de piloto em 1922, no serviço militar, e quatro anos depois
ingressou na aviação pela companhia Latécoère. Ajudou a implantar rotas
de correio aéreo na África, América do Sul e Atlântico sul, além de ter
sido pioneiro nos vôos Paris-Saigon e Nova York-Terra do Fogo. Nessa
época, publicou o primeiro livro, Courrier-Sud (1929; Correio do sul).
A aviação foi, para Saint-Exupéry, fonte de ação heróica e novo tema literário: exalta a aventura com risco de vida como suprema realização humana. Sua obra é o testemunho singular de um piloto de guerra com alma de poeta.
Na década de 1930, trabalhou como piloto de provas, adido de publicidade para a companhia aérea Air-France e repórter do Paris-Soir. Em seu segundo romance, Vol de nuit (1931; Vôo noturno), exaltou os primeiros pilotos comerciais, que enfrentavam a morte no cumprimento do dever. Registrou suas próprias aventuras em Terre des hommes (1939; Terra dos homens).
Em 1939, apesar das deficiências físicas causadas por acidentes aéreos, serviu na aviação aliada. Com a queda da França em poder dos nazistas, fugiu para os Estados Unidos. Ali, escreveu Lettre à un otage (1943; Carta a um refém), exortação à unidade dos franceses, e Le Petit Prince (1943; O pequeno príncipe), fábula infantil para adultos, traduzida no mundo inteiro. Seu pessimismo transparece em Citadelle (1948; Cidadela), volume póstumo de reflexões, no qual expressa a convicção de que o homem deve ser repositório dos valores da civilização. Em 1943, voltou à força aérea no norte da África e morreu em missão, em 31 de julho de 1944.
Jean-Marie-Lucien-Pierre Anouilh nasceu em Bordéus, em 23 de junho de
1910. Depois de abandonar os estudos de direito e trabalhar em uma
agência de publicidade, escolheu definitivamente o teatro. Publicou sua
primeira obra, L'Hermine (O arminho), em 1932 e poucos anos mais tarde
alcançou o sucesso com Le Voyageur sans bagage (1937; O viajante sem
bagagem) e La Sauvage (1938; A selvagem).
Tendo dedicado toda a vida ao teatro, Jean Anouilh, um dos mais importantes dramaturgos franceses do século XX, tornou-se internacionalmente conhecido depois da segunda guerra mundial.
Em sua obra, reunida em Pièces noires, Pièces roses e Pièces brillantes (Peças negras, Peças cor-de-rosa e Peças brilhantes), pôs em evidência as contradições humanas e afirmou que as pessoas devem enfrentar a verdade se quiserem alcançar a felicidade, inclusive renunciando a esta se, para conquistá-la, for necessário fazer concessões à hipocrisia ou à mediocridade. É essa a atitude da protagonista de Antigone (1944; Antígona), cuja fidelidade aos ideais a conduz à morte.
Em sua obra, reunida em Pièces noires, Pièces roses e Pièces brillantes (Peças negras, Peças cor-de-rosa e Peças brilhantes), pôs em evidência as contradições humanas e afirmou que as pessoas devem enfrentar a verdade se quiserem alcançar a felicidade, inclusive renunciando a esta se, para conquistá-la, for necessário fazer concessões à hipocrisia ou à mediocridade. É essa a atitude da protagonista de Antigone (1944; Antígona), cuja fidelidade aos ideais a conduz à morte.
Com L'Invitation au château (1947; Convite ao castelo), o tom das peças de Anouilh foi-se tornando mais sombrio e pessimista, e aumentaram as alusões sociais e políticas. O autor também continuou usando a história e a lenda como vias de inspiração dramática e de reflexão sobre seu tempo. Exemplo típico desse período é uma de suas obras mais destacadas, L'Alouette (1953; A cotovia), em que refez a aventura de Joana d'Arc, a qual, como Antígona e Thérèse Tarde (personagem de La Sauvage), rejeita a ordem do mundo e sua felicidade banal.
A partir da década de 1960, a obra de Anouilh sofreu a influência do teatro do absurdo, de Eugène Ionesco e Samuel Beckett. Em sua última produção destacam-se Les Poissons rouges (1970; Os peixes vermelhos) e Le Directeur de l'opéra (1972; O diretor da ópera). Jean Anouilh morreu em Lausanne, Suíça, em 3 de outubro de 1987.
D'Alembert nasceu em 17 de novembro de 1717 em Paris, fruto
provavelmente da união ilegítima de uma famosa artista da época com um
rico proprietário chamado Destouches-Canon. Sua mãe o entregou à esposa
de um modesto vidreiro e embora Destouches nunca tenha reconhecido
publicamente a paternidade, utilizou sua influência para que o filho
recebesse educação adequada, ingressando no prestigioso colégio de
Quatre-Nations, com o sobrenome de Darembrog, que logo mudou para
d'Alembert. Em vez de estudar teologia, como lhe fora proposto, preferiu
formar-se em direito. Iniciou também a carreira médica, mas abandonou
as duas atividades para dedicar-se seriamente à matemática.
Ao lado de Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot, o cientista francês Jean Le Rond d'Alembert empreendeu a edição da célebre Encyclopédie, que tanta ressonância teve no século XVIII e assentou a base cultural a partir da qual nasceria o movimento renovador que veio a culminar na revolução francesa de 1789.
Em 1739, com 22 anos de idade, enviou seus primeiros artigos à Academia de Ciências, à qual passou a pertencer como membro em 1741. Nesse mesmo ano publicou sua obra Traité de dynamique (Tratado de dinâmica), na qual estendeu aos corpos sólidos rigidamente unidos a lei de ação e reação postulada por Isaac Newton, segundo a qual toda partícula material submetida a uma força exerce força igual e em sentido contrário sobre o objeto que a produz. Os estudos de d'Alembert a esse respeito se revestiram de capital importância no projeto e na construção de estruturas que devam suportar pesos elevados.
Igualmente importantes foram suas contribuições aos campos do cálculo infinitesimal, da mecânica de fluidos, da astronomia e da óptica.
A facilidade de sua pena o levou a colaborar desde 1751 com Denis Diderot e os demais grandes pensadores de sua época __ Jean-Jacques Rousseau, Voltaire, o barão de Montesquieu __ na Encyclopédie, para a qual redigiu o "Discours préliminaire" (prefácio) e numerosos artigos de divulgação científica. Além da ingente tarefa de compilação de textos e conhecimentos sobre todos os assuntos relacionados com as ciências naturais, escreveu ensaios filosóficos e artísticos, bem como uma teoria da música.
A seriedade e a repercussão de seus trabalhos lhe granjearam em vida uma celebridade apenas superada pela de Voltaire. D'Alembert morreu em Paris a 29 de outubro de 1783, seis anos antes de explodir a revolução popular.
Anne-Robert-Jacques Turgot, barão de l'Aulne, nasceu em Paris em 10 de
maio de 1727. Após estudar na Universidade de Sorbonne decidiu abandonar
a carreira eclesiástica a que estava destinado e ingressou na
administração real. Sua admiração pelas idéias dos enciclopedistas,
patente em Lettres sur la tolérance civile (1754; Cartas sobre a
tolerância civil), levou-o a entrar em contato com os fisiocratas, grupo
de pensadores iluministas que formou a primeira escola de economia
científica.
A oposição das classes privilegiadas frustrou as tentativas do economista Turgot de promover uma reforma financeira na França nos reinados de Luís XV e Luís XVI.
Nomeado intendente da região administrativa de Limoges em 1761, Turgot aplicou com sucesso notável uma série de medidas destinadas a racionalizar a economia, como a substituição da corvéia por uma pequena taxa em dinheiro, a organização da agricultura e do comércio e o estabelecimento de um tributo proporcional sobre as propriedades agrícolas. Princípios semelhantes inspiraram seus dois tratados essenciais, Réflexions sur la formation et la distribution des richesses (1766; Reflexões sobre a formação e a distribuição de riquezas) e Lettres sur la liberté de commerce des grains (1770; Cartas sobre a liberdade de comércio de cereais). Pela defesa do livre comércio e a visão equilibrada da interdependência entre as diferentes classes econômicas, sua obra é considerada um elo de ligação entre a fisiocracia e a escola britânica de economia clássica.
O sucesso de Turgot em Limoges lhe valeu em 1774 o cargo de ministro-geral das Finanças do rei Luís XVI. Suas tentativas de impor as reformas ao conjunto da nação, porém, e principalmente a supressão da corvéia despertaram a hostilidade da nobreza e do clero, que defendiam os privilégios, e em maio de 1776 o economista foi obrigado a apresentar sua demissão. Turgot morreu em Paris em 18 de março de 1781.
Émile Salomon Wilhelm Herzog, que utilizou o pseudônimo literário,
depois legalizado, de André Maurois, nasceu em Elbeuf, França, em 26 de
julho de 1885. Filho de uma família abastada, foi discípulo do filósofo
Alain (Émile Chartier). Durante a primeira guerra mundial, serviu como
oficial de ligação com o Exército britânico, e seu primeiro êxito
literário foi Les Silences du colonel Bramble (1918; Os silêncios do
coronel Bramble), bem-humorada visão do modo de vida britânico.
Dono de ampla cultura, André Maurois realizou, em seus romances e biografias, uma hábil síntese de esquema narrativo tradicional, análise psicológica e referências históricas.
Nos anos seguintes, Maurois desenvolveu amplo trabalho criativo, plasmado em romances que analisavam a moral burguesa -- Bernard Quesnay (1926), Climats (1928; Climas) -- e em notáveis biografias como Ariel (1923), sobre o poeta romântico britânico Percy Bysshe Shelley, e Byron (1930). Seu estilo elegante e ameno também é patente em Histoire de l'Angleterre (1937; História da Inglaterra).
Membro da Academia Francesa desde 1938, Maurois concentrou-se posteriormente na realização de uma série de ambiciosas biografias sobre escritores franceses, que eram, ao mesmo tempo, uma indagação sobre a personalidade dos autores e um retrato da época em que viveram. Exemplos notáveis foram À la recherche de Marcel Proust (1949; Em busca de Marcel Proust) e Prométhée (1965; Prometeu), sobre Honoré de Balzac. Sua obra se caracteriza muito mais pela divulgação inteligente que pela preocupação em criar. André Maurois morreu em Paris, em 9 de outubro de 1967.
André-Georges Malraux nasceu em Paris, França, em 3 de novembro de 1901.
Pertencente a uma família abastada, em 1922 foi para o Camboja e de lá
passou à China, onde se destacou como ativista político ligado ao
Partido Comunista. A experiência vivida nesse período inspirou os
romances La Tentation de l'Occident (1926; A tentação do Ocidente), La
Voie royale (1930; A estrada real) e La Condition humaine (A condição
humana), Prêmio Goncourt de 1933, no qual a visão trágica da existência é
contrabalançada pela ênfase em valores éticos como a dignidade pessoal e
a solidariedade.
Conhecido por seus romances e penetrantes ensaios estéticos, o escritor francês André Malraux foi, além disso, um homem de ação que, em sua obra, revelou a evolução de suas concepções políticas e morais.
O horror ao nazismo e ao fascismo levou Malraux a lutar contra esses movimentos políticos na guerra civil espanhola -- tema de um de seus melhores romances, L'Espoir (1937; A esperança) -- e na segunda guerra mundial, durante a qual foi aprisionado pelos alemães. No decorrer desse período, afastou-se pouco a pouco das idéias marxistas, às quais, na verdade, nunca havia aderido publicamente.
Finda a guerra, retirou-se para sua casa de campo da Boulogne e dedicou-se ao estudo aprofundado da arte mundial. Nesse período produziu duas obras em que expõe sua convicção na suprema grandeza da arte como depositária dos valores espirituais da humanidade, acima de mudanças históricas. Uma delas é Les Voix du silence (1951; As vozes do silêncio), que conta a história de um escritor empenhado em descobrir o segredo escondido por detrás de toda obra artística mediante o exame das obras-primas da arte universal. Complementam essa obra os três volumes de Le Musée imaginaire de la sculpture mondiale (1952-1954; O museu imaginário da escultura mundial).
Em 1958, o presidente Charles de Gaulle nomeou Malraux ministro da Cultura da França, cargo que exerceu durante dez anos, até retirar-se da vida pública. O ensaio Lazare (1974; Lázaro) constitui a última e serena reflexão do autor sobre a morte, que o surpreendeu em Paris em 23 de novembro de 1976.
André Le Nôtre nasceu em Paris, em 12 de março de 1613. Filho do
jardineiro-chefe do rei Luís XIII nas Tulherias, aprendeu perspectiva e
óptica com o pintor François Vouet e princípios de arquitetura com
François Mansart. Em 1637 assumiu o cargo paterno, reformou os jardins
das Tulherias e prolongou a avenida principal, depois chamada
Champs-Élysées. Para o ministro das Finanças, Nicolas Fouquet, projetou
os jardins do castelo de Vaux-le-Vicomte, com traçado adaptado ao relevo
do solo.
Na magnífica combinação de estrutura geométrica e elementos naturais, os jardins de Versalhes, obra-prima do paisagista André Le Nôtre, representam um claro exemplo do espírito classicista francês.
Em 1661, Luís XIV encarregou-o de projetar os jardins de Versalhes. Le Nôtre transformou o terreno pantanoso num parque magnífico que realçava a arquitetura do palácio e cujo estilo monumental reproduzia o esplendor da corte da época. Outros exemplos do estilo de Le Nôtre, que fez escola na Europa, são os jardins do Trianon, de Saint-Cloud e de Chantilly, assim como os parques de Saint-Germain-en-Laye e Fontainebleau. Le Nôtre morreu em Paris, em 15 de setembro de 1700.
André-Paul-Guillaume Gide nasceu em
Paris em 22 de novembro de 1869. Casou-se em 1895 com uma prima,
Madeleine Rondeaux, e passou a viver entre Paris e a propriedade da
família em Cuverville, além de empreender freqüentes viagens pela
Europa. Distanciando-se dos padrões simbolistas que marcaram suas
primeiras obras, publicou Les Nourritures terrestres (1897; Os frutos da
terra), cântico da cumplicidade de um jovem com o prazer sensual e
breviário de revolta que promove a libertação do autor pela prática da
sinceridade. Essa prosa poética tornou-se um marco na trajetória de
Gide: uma convalescença no norte da África ensinara-lhe o valor da
existência, da disponibilidade, da abertura para o momento presente e do
fervor que dá à vida seu significado maior.
A formação de André Gide, de base religiosa e puritana, logo se chocou com seu gosto de viver livremente, sem respeito pelas convenções sexuais, sociais e religiosas da época, o que se revela nitidamente em sua obra. O Prêmio Nobel de literatura, que recebeu em 1947, representou o reconhecimento público a um dos mestres da prosa contemporânea.
A formação de André Gide, de base religiosa e puritana, logo se chocou com seu gosto de viver livremente, sem respeito pelas convenções sexuais, sociais e religiosas da época, o que se revela nitidamente em sua obra. O Prêmio Nobel de literatura, que recebeu em 1947, representou o reconhecimento público a um dos mestres da prosa contemporânea.
Nas duas décadas seguintes, a produção de André Gide esteve centrada na idéia da libertação interior e do que ele mesmo chamou a dificuldade de ser livre. L'Immoraliste (1902; O imoralista), Saül (1903), La Porte étroite (1909; A porta estreita) mostram o problema da ruptura com a moralidade convencional e suas conseqüências. O romance satírico Les Caves du Vatican (1914; Os subterrâneos do Vaticano), protagonizado por Lafcádio, um de seus personagens mais famosos, desenvolve a teoria do acte gratuit (ato gratuito), para afirmar a liberdade humana de optar pelo suicídio, por exemplo, ou pelo homossexualismo. Sua constante preocupação com o problema evidencia-se em Corydon (1924), Si le grain ne meurt (1926; Se o grão não morre) e Les Faux- Monnayeurs (1926; Os moedeiros falsos), romance experimental cujo desdobramento coincide, sem dissimulação, com a própria personalidade do autor.
Após a primeira guerra mundial, Gide ascendeu ao primeiro plano da vida literária. O clima de saturação com o passado então reinante, determinado pela falta de perspectivas, entrava em perfeita sintonia com sua revolta contra as convenções, a sinceridade e a preocupação com a autenticidade. Datam dessa fase a ostensiva defesa dos povos oprimidos nas colônias francesas da África em Voyage au Congo (1927; Viagem ao Congo), e o efêmero entusiasmo pelo comunismo e a revolução russa, tema discutido em Retour de l'URSS (1936; Volta da URSS).
O documento mais completo da personalidade de Gide é o Journal (Diário), que cobre o período de 1889 a 1949. Para muitos sua maior obra, nela encontram-se todas as vivências, idéias, lembranças, sensações e sentimentos, num testemunho de sessenta anos de vida literária e cultural. André Gide morreu em Paris em 19 de fevereiro de 1951.
André Derain nasceu em Chatou, França, em 10 de junho de 1880. Estudou
pintura em Paris e, por volta de 1900, ligou-se a Maurice de Vlaminck e a
Matisse, com os quais se tornou um dos principais pintores fauvistas.
Entusiasmado por Van Gogh e pelo uso de cores puras, Derain se perfilou entre os "bárbaros" que ousaram levar ainda mais longe as pesquisas dos impressionistas, para fazer da arte moderna um esforço permanente de libertação criadora.
Nessa fase, pintou figuras e paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas composições espontâneas. Após romper com o fauvismo, em 1908, sofreu influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de 1920, seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam adquirido uma entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde então, não mudou.
Notável ilustrador de obras literárias, de Ovídio, Rabelais, Apollinaire e Max Jacob, entre outros, Derain morreu em Garches, perto de Paris, em 8 de setembro de 1954.
Poeta francês, André Breton nasceu em Tinchebray em 18 de fevereiro de
1896. Por exigência da família, estudou medicina, mas sua vocação
literária logo se impôs. Durante a primeira guerra mundial foi designado
para os serviços neuropsiquiátricos de um hospital, onde entrou em
contato com a obra de Freud e se interessou pelo mundo do inconsciente.
Mais tarde se ligou ao movimento dadaísta e em 1919 publicou o livro de
poemas Mont de piété (Montepio), cuja violência verbal antecipava obras
posteriores. No mesmo ano, em colaboração com Philippe Soupault e Louis
Aragon, fundou a revista Littérature, que acolheu em suas páginas o
primeiro texto surrealista, "Les Champs magnétiques" (1920; "Os campos
magnéticos"), escrito por Breton e Soupault.
Preocupado principalmente com a eliminação das barreiras existentes entre o sonho e a realidade, a razão e a loucura, André Breton tornou-se o principal mentor do movimento surrealista.
Em 1924 apareceu o Manifeste du surréalisme, crítica dos valores estéticos e éticos tradicionais, em que Breton proclamava a primazia dos componentes oníricos sobre os racionais e, como meio de verbalizar a subjetividade psíquica, defendia a escrita automática, na qual o autor expressa o que lhe vem à mente sem pensar em seu significado. Breton aplicou essas concepções a livros de poemas como Clair de terre (1923; Claridade de terra, título neologista a partir da expressão francesa clair de lune, luar) e a narrativas como Nadja (1928), assim como a textos teóricos, entre os quais o célebre Les Pas perdus (1924; Os passos perdidos). Um segundo manifesto, de 1930, postulava a adesão do surrealismo ao Partido Comunista, com o qual Breton rompeu cinco anos depois, embora se mantivesse marxista. Em 1937 publicou o conto L'Amour fou (O amor louco), verdadeira síntese de sua obra.
Depois da segunda guerra mundial, Breton continuou líder do surrealismo, cuja evolução se refletiu em muitos trabalhos seus. Em 1965 reuniu suas principais obras teóricas em Manifestes du surréalisme, imprescindível para a compreensão do movimento. Breton morreu em Paris em 28 de setembro de 1966.
Nascido em 31 de janeiro de 1858 em Limoges, França, Antoine foi um
autodidata que logo se sentiu atraído pelo mundo do palco. Tinha 29 anos
quando fundou em Paris o Théâtre Libre. Por ali desfilaram, sob sua
direção, obras de caráter realista e naturalista, tanto de jovens
dramaturgos franceses quanto de autores estrangeiros, como o sueco
August Strindberg e o alemão Gerhart Hauptmann. As concepções inovadoras
de Antoine, que pretendia aproximar a ilusão cênica da vida cotidiana,
exerceram grande influência em toda a Europa. Obrigado a fechar o
Théâtre Libre por dificuldades econômicas, fundou mais tarde o Théâtre
Antoine e também dirigiu o Odéon.
Para que uma nova tendência dramática seja aceita, não basta que existam autores de talento: é preciso também que alguém se atreva a montar as obras desses autores. Nesse sentido, o teatro naturalista deve boa parte de sua existência a André Antoine.
A partir de 1914, Antoine abandonou a atividade cênica para dedicar-se à crítica teatral e ao cinema, ao qual aplicou brilhantemente suas teorias, em obras como L'Arlésienne (1921; A arlesiana). André Antoine morreu em Pouliguen, em 19 de outubro de 1943.
Jacques-Anatole-François Thibault, que optou pelo pseudônimo de Anatole
France, nasceu em Paris em 16 de abril de 1844. Filho de um livreiro,
desde cedo recebeu sólida formação humanística e estreou com os versos
parnasianos de Poèmes dorés (1873; Poemas dourados). Seu ceticismo tomou
forma com os primeiros romances: Le Crime de Sylvestre Bonnard (1881; O
crime de Sylvestre Bonnard), sobre um filólogo perplexo ante a vida
cotidiana; La Rôtisserie de la reine Pédauque (1893; A rotisseria da
rainha Pédauque), que zomba do ocultismo; e Les Opinions de Jérôme
Coignard (1893; As opiniões de Jérôme Coignard), crítica das
instituições do estado. Sua ligação com Madame Arman de Caillavet
inspiraram-lhe os romances históricos Thaïs (1890), ambientado no antigo
Egito, e Le Lys rouge (1894; O lírio vermelho), que se passa em
Florença.
Com um estilo fluente, cético e sarcástico, Anatole France foi um dos literatos mais característicos de sua época, acerbo na crítica aos costumes e instituições.
Uma profunda mudança na obra de Anatole manifestou-se nos quatro volumes de L'Histoire contemporaine (1897-1901). As intrigas da vida provinciana são descritas nos três primeiros: L'Orme du mail (1897; O olmo do passeio público), Le Mannequin d'osier (1897; O manequim de vime) e L'Anneau d'améthyste (1899; O anel de ametista). O último volume, Monsieur Bergeret à Paris (1901; Monsieur Bergeret em Paris) é a história do próprio Anatole, que assumira a defesa de Alfred Dreyfus.
As preocupações sociais, a partir de 1900, transparecem nas obras de Anatole. A comédia Crainquebille (1903) proclama a hostilidade à ordem burguesa, que o levaria a aderir ao socialismo e a revelar simpatia pelo comunismo. Contudo, L'Île des pingouins (1908; A ilha dos pingüins) e Les Dieux ont soif (1912; Os deuses têm sede) não demonstram muita convicção no advento de uma sociedade fraterna, enquanto La Révolte des anges (1914; A revolta dos anjos) imagina uma campanha dos anjos caídos contra o paraíso. A primeira guerra mundial reforçou o pessimismo do autor, levando-o a buscar refúgio em reminiscências da infância. Eleito para a Académie Française em 1896, Anatole France recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1921 e morreu em sua casa de campo La Béchellerie, em Saint-Cyr-sur-Loire, em 12 de outubro de 1924.
André-Marie Ampère nasceu em 20 de janeiro de 1775 na cidade francesa de
Lyon e desde cedo demonstrou interesse e aptidão pelo estudo de
matemática, física e química. Adquiriu grande prestígio graças aos
trabalhos realizados como professor de matemática na École Polytechnique
de Paris e de mecânica no Collège de France.
Os estudos de Ampère constituíram o fundamento da eletrodinâmica, ramo da física que alcançou grande desenvolvimento nos séculos XIX e XX, permitindo uma melhor compreensão dos fenômenos eletromagnéticos.
Os estudos de Ampère constituíram o fundamento da eletrodinâmica, ramo da física que alcançou grande desenvolvimento nos séculos XIX e XX, permitindo uma melhor compreensão dos fenômenos eletromagnéticos.
Paralelamente ao desenvolvimento de teorias matemáticas sobre a integração de equações diferenciais de segunda ordem, Ampère deu grande impulso à compreensão dos fenômenos eletromagnéticos, graças as suas pesquisas no campo da eletrodinâmica.
A descoberta de que dois fios condutores atravessados por uma corrente elétrica exercem ações recíprocas foi apresentada por Ampère, na Académie des Sciences em Paris, em 18 de novembro de 1820. De setembro a novembro do mesmo ano, ele apresentou à Academia vários outros estudos, estabelecendo as bases científicas do eletromagnetismo. Pouco depois de Arago haver descoberto que o ferro adquiria propriedades magnéticas nas proximidades de uma corrente elétrica, Ampère teve a idéia de envolver uma barra de ferro com um fio enrolado em hélice, criando, assim, o primeiro eletroímã.
A moderna unidade de medida de intensidade da corrente elétrica no sistema internacional (igual a um coulomb de eletricidade por segundo) foi denominada ampère em sua honra. Ampère faleceu em 10 de junho de 1836 em Marselha, enquanto escrevia uma obra ambiciosa sobre a filosofia da ciência.
Ana da Bretanha nasceu em 25 de janeiro de 1477 em Nantes, França,
tornando-se duquesa da Bretanha em 1488, quando morreu-lhe o pai. O
futuro do ducado dependia do casamento de Ana, que então se aliou a
Maximiliano da Áustria, com quem se casou por procuração. O rei da
França, Carlos VIII, temeroso de que a Bretanha passasse ao controle de
forças estrangeiras, atacou os bretões e obrigou Ana a romper com
Maximiliano para casar-se com ele.
A duquesa Ana, filha de Francisco II da Bretanha e rainha-consorte da França por duas vezes, foi uma devotada defensora da autonomia de seu ducado.
Com a morte de Carlos VIII, em 1498, sem deixar herdeiros diretos, Ana casou-se com o sucessor do trono francês, Luís XII, como rezava seu contrato matrimonial com o rei Carlos. Esse novo casamento garantiu uma linha sucessória para o ducado da Bretanha de acordo com os interesses de Ana.
Rainha consorte da França pela segunda vez, a duquesa nunca deixaria de se dedicar à defesa dos interesses bretões. Ana foi grande defensora dos artistas e poetas, além de ter introduzido as damas de honra da rainha na corte francesa. Seu Livro de horas é um dos mais belos manuscritos ilustrados da Idade Média. Ana da Bretanha morreu em 9 de janeiro de 1514, em Blois, França.
Ambroise Paré nasceu por volta de 1510 em Bourg-Hersent, perto de Laval.
Em 1533 tornou-se aprendiz de cirurgião-barbeiro no Hôtel-Dieu, e após
estudar anatomia e cirurgia, em 1537 passou a trabalhar como cirurgião
do Exército. Na época, acreditava-se que os ferimentos a bala eram
venenosos e por isso deviam ser tratados com óleo fervente. Em certa
ocasião, o suprimento de óleo acabou e Paré o substituiu por uma mistura
de gema de ovo, óleo de rosas e terebintina. Descobriu então que a nova
mistura provocava uma cicatrização mais rápida que o óleo fervente.
Entre muitas inovações que introduziu na prática médica, o cirurgião francês Paré substituiu a cauterização a ferro incandescente, após a amputação, pela ligadura dos vasos sangüíneos e foi o primeiro a sugerir a sífilis como causa de aneurisma.
Em 1545, Paré publicou La Méthode de traicter les playes faites par les arquebuses et autres bastons à feu (1545; Método de tratar ferimentos feitos por arcabuzes e outras armas de fogo), em que relatou suas descobertas. Em 1552 tornou-se cirurgião do rei Henrique II e a partir de então teve a seus cuidados os monarcas Francisco II, Carlos IX e Henrique III. Paré morreu em Paris em 20 de dezembro de 1590.
Alphonse-Marie-Louis de Prat de Lamartine nasceu em Mâcon, França, em 21
de outubro de 1790. Pertencia à pequena aristocracia católica e estudou
com os jesuítas. Em Nápoles, em 1812 apaixonou-se por uma jovem
plebéia, Antoniella, que lhe inspirou muitos de seus versos. Após a
queda de Napoleão, Lamartine ingressou na guarda pessoal de Luís XVIII, e
dedicou-se, depois, à carreira diplomática. Em 1820 publicou as
Méditations poétiques, que marcaram o início do romantismo na França. Em
1829 o poeta já ingressou na Academia e em 1830 publicou Harmonies
poétiques et religieuses, que reúne o melhor de sua produção.
Autor de alguns dos poemas mais conhecidos da língua francesa de seu tempo, Lamartine foi dos primeiros a expressar sentimentos e motivos caracteristicamente românticos.
Ao retornar, em 1833, de uma viagem pelo Oriente, Lamartine foi eleito deputado. Chegava, nessa fase, à maturidade de sua obra, com o vasto poema metafísico Visions, concebido como "epopéia da alma" e de que só concluiu dois segmentos, Jocelyn (1836), sobre um padre em conflito com o celibato, e La chûte d'un ange (1838; A queda de um anjo), cujo protagonista, descendo à Terra, apaixona-se por uma mulher. Em 1848, o poeta participou da revolução e do governo provisório, e tornou-se ministro do Exterior. Militou a favor da república e defendeu com ardor as classes operárias, perdendo grande parte do prestígio.
Em 1851 deixou a política e passou a se dedicar apenas à literatura. Arruinado e endividado, nos últimos anos teve de escrever continuamente. Produziu por isso obras didáticas, entre as quais Cours familier de littérature, em 28 volumes (1856-1869). Lamartine morreu em Paris em 28 de fevereiro de 1869.
Alphonse Daudet nasceu em Nîmes, na Provença, em 13 de maio de 1840. Aos
17 anos se mudou para Paris, onde colaborou em jornais e escreveu para o
teatro. Seu fracassado drama L'Arlesienne (1863; A arlesiana), seria
mais tarde musicado por Bizet. A celebridade viria com as narrativas de
caráter realista. Dentre estas, destacaram-se Lettres de mon moulin
(1869; Cartas de meu moinho), coletânea de histórias ambientadas na
terra natal, e Les Aventures prodigieuses de Tartarin de Tarascon (1872;
Tartarin de Tarascon), romance que narrava as divertidas andanças do
protagonista pela Argélia. Tartarin, um burguês provençal, dono de uma
imaginação exaltada e romântica, era um misto de Dom Quixote e Sancho
Pança. Mais tarde, Daudet escreveria mais dois livros com o personagem:
Tartarin sur les Alpes (1885; Tartarin nos Alpes) e Port-Tarascon (1890;
O Porto de Tarascon).
As narrativas regionais de Daudet, céticas e nostálgicas, descrevem os tipos provençais com crueza, humor e ironia, qualidades que permitiram a seu autor ultrapassar os limites do naturalismo.
Escreveu ainda Jack (1876) e Sapho (1884), história da ligação de um jovem do interior com uma atriz parisiense, mas sobrevivem apenas as narrativas humorísticas. Daudet faleceu em Paris, em 15 de dezembro de 1897.
Gaspard II de Coligny, senhor de
Châtillon, nasceu em Châtillon-sur-Loing, França, em 16 de fevereiro de
1519, e foi educado na religião católica. Depois de servir na Itália e
apoiar a criação de uma colônia de huguenotes no Brasil, foi derrotado
numa guerra contra a Espanha e permaneceu prisioneiro dos espanhóis
durante dois anos (1557-1559). Na prisão converteu-se ao protestantismo,
mas sua conversão, no entanto, foi mais política do que religiosa.
Atraído pela severa filosofia calvinista, ele viu na Reforma um sistema
ideal para a manutenção da ordem, justiça e disciplina.
A atuação do almirante Coligny foi decisiva para a criação, em 1555, de uma colônia de huguenotes (protestantes franceses) no Rio de Janeiro, que acabou destruída pelos portugueses.
A atuação do almirante Coligny foi decisiva para a criação, em 1555, de uma colônia de huguenotes (protestantes franceses) no Rio de Janeiro, que acabou destruída pelos portugueses.
Tornando-se protetor dos huguenotes, para os quais exigiu tolerância religiosa, Coligny, durante certo tempo, gozou da proteção de Catarina de Medici e do chanceler Michel de L'Hospital, mas ganhou a inimizade da poderosa família Guise. Participou da guerra civil religiosa de 1562, que resultou na paz de Saint-Germain, vantajosa para os huguenotes.
De volta à corte em 1571, passou a exercer grande influência sobre o rei Carlos IX. Catarina, mãe do rei, e o duque de Guise tramaram um frustrado atentado contra Coligny. Temendo ser descoberta, Catarina convenceu o filho de que os huguenotes preparavam uma vingança contra ele. Num acesso de raiva, o rei ordenou o assassínio dos líderes huguenotes, o chamado massacre da Noite de São Bartolomeu. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, mercenários de Henrique de Guise invadiram a casa de Coligny, em Paris, e o assassinaram.
Hyppolyte-Léon-Denizart Rivail, conhecido como Allan Kardec, nasceu em
Lyon, França, em 3 de outubro de 1804. Depois de estudos na terra natal,
mudou-se para Yverdun, Suíça, onde estudou sob a direção do educador
Pestalozzi, que muito o influenciou e a quem, mais tarde, substituiria.
Em 1824 voltou a Paris e publicou um plano para o aperfeiçoamento do
ensino público. A partir de 1834 passou a lecionar e publicou várias
obras didáticas. Tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
As observações, estudos e pesquisas de Allan Kardec sobre os fenômenos espirituais deram origem à chamada doutrina espírita, que se propagou em vários países, notadamente no Brasil.
A partir de 1852, começou a investigar fenômenos espirituais registrados nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Tomou conhecimento das "mesas girantes" e da escrita mediúnica, fenômenos que mais tarde testemunharia, e passou a se comunicar com os espíritos. Um deles, conhecido como "espírito familiar", passou a orientar seu trabalho espiritual e teria revelado já o conhecer do tempo dos druidas, nas Gálias, com o nome de Allan Kardec. O escritor adotou então esse pseudônimo, sob o qual publicaria suas obras mais significativas, que sintetizam as leis da doutrina espírita: Le Livre des esprits (1857; O livro dos espíritos), que alcançou enorme repercussão, Qu'est-ce que le spiritisme (1859; O que é o espiritismo?), L'Evangile selon le spiritisme (1864; O Evangelho segundo o espiritismo) e La Genèse (1868; A gênese). Em 1858, fundou a Revista Espírita e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
O espiritismo experimentou notável expansão no Brasil, onde ganhou também o nome de kardecismo. Seu órgão mais representativo é a Federação Espírita Brasileira, que edita e difunde as obras espíritas. Allan Kardec morreu em Paris, em 31 de março de 1869.
Alfred Sisley nasceu em Paris, em 30 de outubro de 1839, membro de uma
família de financistas britânicos radicada na França. Abandonou os
estudos comerciais em Londres para iniciar seu aprendizado no estúdio
parisiense de Charles Gleyre. Ali travou conhecimento com Renoir e
Monet, pioneiros do impressionismo. Suas primeiras obras revelam de
forma inequívoca a influência do paisagista francês Camille Corot e
também a predileção pela pintura ao ar livre e a constante evolução para
os tons claros, característica de sua maturidade.
Muito menos citado historicamente do que seus companheiros Renoir e Monet, o pintor Alfred Sisley distinguiu-se do grupo pela limpidez de suas paisagens, algumas das obras mais fiéis aos princípios do impressionismo.
O colapso econômico de sua família, em decorrência da guerra franco-prussiana de 1870-1871, marcou o início de uma luta contínua contra a pobreza que duraria o resto da vida do artista. Nesse período, Sisley decidiu dedicar-se profissionalmente à pintura. Seus trabalhos mais expressivos foram realizados entre 1872 e 1880, nos arredores de Paris, enquanto viveu em estreito contato com Monet. Participou do Salão dos Recusados e da maior parte das exposições impressionistas.
Diante da escassa repercussão obtida por suas obras, retirou-se definitivamente para o lugarejo de Moret-sur-Loing em 1880. A partir de então, procurou firmar um estilo cada vez mais pessoal, embora guardasse afinidades com as concepções pictóricas de Monet e Camille Pissarro. Distinguia-se desses companheiros pela suave harmonia de cores e por um sentido quase arquitetônico da composição, como em "Igreja de Moret" (1893). Alfred Sisley morreu em Moret-sur-Loing, em 29 de janeiro de 1899.
Escritor francês, Alfred Jarry nasceu em Laval, Mayenne, em 8 de
setembro de 1873. Com 18 anos foi estudar em Paris, integrando-se aos
meios literários e logo publicando seus primeiros trabalhos. Homem de
vida desregrada, investiu contra as posturas solenes, zombou das
convenções sociais e deixou-se finalmente consumir pelo álcool.
Precoce e culto, criativo e excêntrico, Jarry fez da escrita uma arma "contra todo o grotesco que há no mundo". Aos 15 anos de idade concebeu Ubu-roi, peça anárquica e alheia a todas as regras que antecipou o surrealismo, o teatro do absurdo e vários movimentos antiliterários surgidos durante o século XX.
Ubu-roi (1896; Ubu rei) surgiu como sátira à afetação de um professor com o qual Jarry estudara e que foi tomado por representante de um mundo adulto caricaturado. O personagem central é o Père Ubu, um tipo ridículo e repulsivo que se torna rei da Polônia e simboliza a estupidez e avareza da burguesia. A peça estreou no Théâtre de l'Oeuvre em 10 de dezembro de 1896. A reação da platéia, no entanto, foi muito negativa.
Jarry retomou o tema de Ubu em três outras peças e publicou dois almanaques ilustrados sobre o personagem, com desenhos de sua autoria. Escreveu poemas, diversos textos avulsos e livros de caráter experimental, como L'Amour absolu (1899; O amor absoluto) e Le Surmâle (1902; O supermacho), que chamou de "roman moderne". Em Gestes et opinions du docteur Faustroll, pataphysicien (1898; Gestos e opiniões do doutor Faustroll, patafísico), introduziu a patafísica, sua lógica do absurdo, ou "ciência das soluções imaginárias", que o situou como grande antepassado dos escritores rebeldes e malditos do século XX. Alfred Jarry morreu em Paris em 1º de novembro de 1907.
Dreyfus nasceu em Mulhouse, França, em 19 de outubro de 1859, numa
família de judeus alsacianos. Seguiu a carreira militar e, em 1894,
quando era capitão de artilharia junto ao Estado-Maior do Exército, foi
acusado de vender segredos militares aos alemães. O Ministério da Guerra
francês, pressionado por uma campanha anti-semita e nacionalista que se
desencadeou no país, agilizou o julgamento de Dreyfus, que nesse mesmo
ano foi condenado, por um conselho de guerra, à prisão perpétua e à
degradação militar.
Condenado injustamente por traição, Alfred Dreyfus foi protagonista de um processo que empolgou a opinião pública mundial e trouxe à tona sentimentos anti-semitas.
Anos mais tarde, o tenente-coronel Georges Picquart descobriu que, na verdade, quem tinha passado informações aos alemães fora o comandante Marie-Charles-Ferdinand Walgin Esterházy, que, julgado por um conselho de guerra em janeiro de 1898, foi absolvido. A partir desse momento, o caso Dreyfus provocou uma comoção nacional. Criaram-se na França duas correntes de opinião, hostis e inconciliáveis, numa atmosfera de guerra civil: a primeira, de tradição clerical, monarquista e conservadora, opunha-se à revisão do processo, alegando razões de segurança nacional; a outra, republicana, radical e laica, integrada por muitos intelectuais, exigia a revisão do processo em nome da justiça e da verdade.
Em agosto de 1898, o comandante Hubert-Joseph Henry admitiu que forjara peças dos autos com a finalidade de incriminar Dreyfus. Foi autorizada então a revisão do processo e houve novo julgamento no ano seguinte. Não se revogou a sentença de Dreyfus, mas o escândalo mundial suscitado pelo fato levou o governo a conceder-lhe indulto. Uma segunda revisão, em julho de 1906, concluiu pela inexistência de provas e anulou a condenação. Dreyfus foi reintegrado ao Exército e agraciado com a Legião de Honra. Durante a primeira guerra mundial, chegou ao posto de tenente-coronel. Novos documentos encontrados em 1930 demonstraram definitivamente sua inocência e o reabilitaram diante da opinião pública. Alfred Dreyfus morreu em Paris, em 12 de julho de 1935.
Alfred-Victor, conde de Vigny, nasceu em Loches, departamento de
Indre-et-Loire, França, em 27 de março de 1797. De família nobre,
ingressou em 1814 na guarda real, da qual saiu em 1827, decepcionado com
a vida militar. Casado desde 1825 com Lydia Bunbury, de rica família
inglesa, manteve longa ligação com a atriz Marie Dorval. Desiludido do
amor e das possibilidades de influir na vida político-social, passou a
maior parte da vida recolhido em sua casa de campo em Maine-Giraud.
Equiparado a Lamartine, Victor Hugo e Alfred de Musset como uma das figuras de proa do romantismo francês, Vigny foi um pioneiro na expressão da revolta metafísica que, um século depois de sua morte, ainda atormentava o Ocidente.
Após suas primeiras tentativas literárias, Vigny lançou os Poèmes antiques et modernes (1826; Poemas antigos e modernos), livro que fez sucesso imediato e o tornou famoso. Simultaneamente publicou Cinq-Mars (1826), o primeiro romance histórico francês à maneira de Walter Scott. Entusiasmado por Shakespeare, traduziu Othello (1829), mas só teve sucesso no teatro com a peça Chatterton (1835), dramatização de uma das novelas do volume Stello (1832), que discutem, bem romanticamente, a desgraça do artista inadaptado na sociedade burguesa. Servitude et grandeur militaires (1835; Servidão e grandeza militar), de cunho autobiográfico, que se insurge contra o papel do soldado condenado a matar e à obediência passiva, tornou-se, por muitos anos, sua obra mais lida.
Retirado da vida literária parisiense, Vigny publicou na Revue des Deux Mondes os poemas longos, meio narrativos e meio filosóficos, que são sua maior contribuição ao romantismo francês: "La Mort du loup" (1843; "A morte do lobo"); "La Maison du berger" (1844; "A casa do pastor"); "Le Mont des oliviers" (1844; "A montanha das oliveiras") e "La Bouteille à la mer" (1854; "A garrafa no mar"). Esses poemas, imbuídos de profundo pessimismo, um pouco à maneira de Giacomo Leopardi, foram postumamente reunidos no volume Les Destinées (1864; Os destinos). Eleito para a Academia Francesa em 1845, após cinco tentativas frustradas, Alfred de Vigny morreu em Paris, em 17 de setembro de 1863.
Louis-Charles-Alfred de Musset nasceu em 11 de dezembro de 1810, em
Paris. Antes dos vinte anos, publicou os poemas de Contes d'Espagne et
d'Italie (1830), que ainda mostravam influência de Victor Hugo e Charles
Nodier. Animado por Hugo, estreou em 1830 a comédia em um ato La Nuit
vénitienne (A noite veneziana), em que quis integrar suas tendências
clássicas e românticas. O fracasso inibiu-lhe a encenação de outras
peças, mas não a composição de pequenos dramas somente para leitura, que
ajudaram a amadurecer seu estilo.
Arrebatado e passional, Alfred de Musset encarnou, mais que qualquer outro escritor, a figura do poeta boêmio e romântico do século XIX.
Em 1833 Musset iniciou a acidentada ligação com a romancista George Sand, que lhe inspirou um drama shakespeariano, Lorenzaccio (1834), e a peça On ne badine pas avec l'amour (1834; Com o amor não se brinca).
A crítica, porém, preferiu a série de quatro poemas líricos Nuits (1835-1837; Noites), em que o poeta dialoga com sua musa; a Lettre à Lamartine (1836; Carta a Lamartine), em que afirma ser o amor a fonte principal da arte; e o famoso romance autobiográfico Confession d'un enfant du siècle (1836; Confissão de um filho do século), em que se refere pela primeira vez ao mal du siècle, estado de desencanto e vaga melancolia, típico do romantismo.
Dessa fase são as peças Les Caprices de Marianne (1833; Os caprichos de Mariana), Il ne faut jurer de rien (1836; Não se pode confiar em nada) e Un caprice (1837; Um capricho). A partir de 1837 a doença e os excessos lhe roubaram a força criadora, mas suas comédias, depois de 1847, foram encenadas pela Comédie Française, o que lhe valeu como consagração. Eleito em 1852 para a Academia Francesa, Musset morreu em Paris em 2 de maio de 1857.
Alfred Binet nasceu em Nice, França, em 8 de julho de 1857. Estudou
direito mas, atraído pelos trabalhos sobre a hipnose empreendidos por
seu compatriota Jean-Martin Charcot, abandonou a carreira das leis e, a
partir de 1878, dedicou-se inteiramente aos estudos médico-científicos
no hospital da Salpêtrière, em Paris, onde permaneceu até 1891. Quatro
anos depois foi nomeado diretor do laboratório de psicofisiologia da
Sorbonne, cargo que ocupou pelo resto da vida. Em 1895 fundou a revista
L'Année Psychologique.
Os trabalhos de Alfred Binet enriqueceram a psicologia experimental e a converteram em instrumento básico para o desenvolvimento da educação.
As pesquisas do psicólogo inglês Sir Francis Galton no sentido de registrar as diferenças individuais mediante testes padronizados levaram Binet a adaptar esse sistema para o estudo da psicologia de artistas, matemáticos e jogadores de xadrez eminentes, apoiando-se em avaliações como a observação do tipo físico, a caligrafia e outras características. Em 1903 publicou L'Étude expérimentale de l'intelligence (Estudo experimental da inteligência), análise comparada das personalidades de suas duas filhas que abriu caminho para a psicologia diferencial.
Entre 1905 e 1911, em associação com Theodore Simon, desenvolveu escalas -- chamadas de Binet-Simon -- para medir a inteligência de crianças, nas quais introduziu o conceito de idade mental e que foram a base de todos os testes de inteligência posteriores. Binet morreu em Paris em 18 de outubro de 1911.
Charles-Alexis-Henri-Maurice Clérel de Tocqueville nasceu em Paris, em
29 de julho de 1805. De família aristocrática, ingressou muito jovem no
corpo de magistrados e em 1831 empreendeu uma viagem de nove meses aos
Estados Unidos com o objetivo de estudar sua legislação penal. Os
resultados dessa experiência foram seu primeiro livro, Du système
pénitentiaire aux États-Unis et de son application en France (1833; Do
sistema penitenciário nos Estados Unidos e de sua aplicação na França),
escrito em colaboração com Gustave de Beaumont, e sobretudo o grande
tratado De la démocratie (1835-1840). Nesse compêndio, permeado pela
convicção de que uma sociedade adequadamente organizada pode preservar a
liberdade dentro da ordem democrática, Tocqueville analisa a
vitalidade, os excessos e as possibilidades de sobrevivência do modelo
político americano.
Os textos de Alexis de Tocqueville constituíram um dos primeiros estudos em profundidade sobre os fundamentos do liberalismo e das instituições democráticas. Ainda na atualidade inspiram aqueles que rejeitam o totalitarismo político como forma de combater as injustiças e realizar o ideal de liberdade e igualdade social.
O sucesso internacional de sua obra, que lhe valeu a nomeação como membro da Academia Francesa em 1841, induziu-o a dedicar-se com maior empenho à política. Eleito deputado em 1839, adotou uma posição liberal, partidária das reformas democráticas e oposta às demandas revolucionárias. Em 1849 foi nomeado ministro de Assuntos Exteriores. Após o golpe de Napoleão III em 1851, que restringiu os poderes do Parlamento, negou-se a prestar juramento ao novo regime e abandonou toda atividade pública.
Em 1856 Tocqueville publicou sua segunda grande obra, L'Ancien Régime et la révolution (O antigo regime e a revolução), análise das circunstâncias econômicas, sociais e políticas que motivaram a revolução francesa, na qual uma vez mais o autor expressou sua confiança no modelo democrático.
A influência das teorias de Tocqueville, que morreu em Cannes, França, em 16 de abril de 1859, começou a declinar no final do século XIX, com o agravamento das desigualdades sociais nos países industrializados. O desafio totalitário à sobrevivência das instituições liberais, representado no século XX pelas duas guerras mundiais e pela grande depressão da década de 1930, despertou novo interesse pela obra do cientista político francês, vista como uma alternativa ao modelo marxista de mudança social.
Alexis Carrel nasceu em 28 de junho de 1873 em Lyon e estudou medicina
na universidade de sua cidade, onde se graduou em 1900. Entre 1894 e
1902, desenvolveu o método para a sutura de vasos sangüíneos. Emigrando
para os Estados Unidos, iniciou na Universidade de Chicago experiências
de transplante de rins em animais. No Instituto Rockefeller, pesquisou
técnicas de conservação de tecidos em culturas de laboratório e
conseguiu manter viva e em crescimento, durante 34 anos, uma porção de
tecido cardíaco de um embrião de frango.
Antes da descoberta dos anticoagulantes, só eram possíveis transfusões mediante a ligação dos vasos do receptor aos do doador. Pela concepção da técnica que permitiu essa operação, Alexis Carrel recebeu o Prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1912.
Na primeira guerra mundial, serviu como médico no exército francês. Voltando aos Estados Unidos, dedicou-se ao desenvolvimento de uma técnica de conservação extracorpórea de órgãos completos. A manutenção destes requeria uma contínua alimentação por sangue, ou por um líquido nutritivo substituto, por meio dos próprios vasos sangüíneos do órgão. Para conseguir a circulação contínua do líquido, Carrel desenhou uma bomba de corrente sangüínea imunizada (o "coração artificial").
Alexis Carrel publicou algumas obras de cunho filosófico, entre as quais L'Homme, cet inconnu (1935; O homem, este desconhecido) e o póstumo Réflexions sur la conduite de la vie (1950; Reflexões sobre a conduta da vida). Em 1938, deixou o Instituto Rockefeller e voltou para a França. Na segunda guerra mundial, colaborou com o governo de Vichy. Atacado por uma doença cardíaca, morreu em 5 de novembro de 1944 em Paris.
Alexandre Davy de la Pailleterie Dumas, chamado Dumas pai, nasceu em
Villers-Cotterêts, Aisne, em 24 de julho de 1802. Passou por
dificuldades financeiras com a morte do pai, general do exército
napoleônico, e resolveu ganhar a vida em Paris, onde se ligou a poetas
do romantismo e lançou suas peças. Escreveu para o palco, ao todo, 91
textos, mas sabe-se que grande parte de seus romances e peças foi criada
com a colaboração de auxiliares. Seu maior êxito inicial foi Henri III
et sa cour (Henrique III e sua corte), peça que, estreada pela Comédie
Française em 1829, constituiu um dos primeiros grandes triunfos do
teatro romântico.
Dois livros publicados por Alexandre Dumas em meados do século XIX, Os três mosqueteiros e O conde de Monte Cristo, tornaram-se clássicos do romance de capa e espada que sobreviveram por longas décadas, principalmente como literatura juvenil.
Les Trois mousquetaires (1844; Os três mosqueteiros) foi o primeiro livro da série de capa e espada que daria a Alexandre Dumas fama internacional. Nele apareceram D'Artagnan e os heróis Athos, Porthos e Aramis -- os três mosqueteiros. A trama altamente elaborada do livro, cheia de ação, com boas doses de humorismo e erotismo, transformou-o em êxito instantâneo. Ainda no mesmo ano Dumas lançou Le Comte de Monte-Cristo (O conde de Monte Cristo), que obteve idêntico sucesso. As aventuras dos três mosqueteiros prosseguiram em Vingt ans après (1845; Vinte anos depois) e Le Vicomte de Bragelonne (1848; O visconde de Bragelonne).
Premido por dívidas e atribulações sentimentais, Dumas continuou a escrever profusamente. Viajou por toda a Europa e o Oriente e publicou ainda um Grand dictionnaire de cuisine (Grande dicionário de culinária). Morreu em Puys, perto de Dieppe, em 5 de dezembro de 1870. Suas obras completas somaram 177 volumes e foram publicadas em Paris por Michel Lévy Frères, de 1860 a 1884.
Alexandre Dumas nasceu em Paris em 27 de julho de 1824, filho do
romancista Alexandre Dumas. Após a discreta repercussão de seu romance
La Dame aux camélias (1848; A dama das camélias), transformou-o em peça
teatral, que narra a história da prostituta Marguerite Gautier --
inspirada pela amante do autor, Marie Duplessis --, que se apaixona e
morre por amor. Montada em 1852, obteve sucesso imediato. Em 1853 a peça
foi adaptada por Verdi para o libreto da ópera La traviata.
Interpretaram o papel de Marguerite no teatro atrizes de primeira
grandeza como Sarah Bernhardt, Eleonora Duse e, na adaptação para o
cinema, de 1936, Greta Garbo.
Durante mais de trinta anos a cena parisiense foi dominada pelas peças de tese de Dumas filho, que atacavam os preconceitos sociais e defendiam uma moral mais livre.
Outras peças de interesse, na abundante produção do autor, são Le Fils naturel (1858; O filho natural) e Le Père prodigue (1859; O pai pródigo). Eleito para a Académie Française em 1875, Alexandre Dumas morreu em Marly-le-Roi em 27 de novembro de 1895.
Alcide Dessalines d'Orbigny nasceu em 6 de setembro de 1802 em Couëron,
no departamento de Loire-Atlantique. De 1826 a 1834 fez pesquisas na
América do Sul, inclusive no Brasil. Na obra Voyage dans l'Amérique
méridionale, reuniu dados de etnografia, história natural e geologia.
Com seus estudos de fósseis, sobretudo os da bacia do Paraná e
especialmente os foraminíferos, fundou a micropaleontologia, ciência
hoje importante para a prospecção de petróleo.
Fundador da micropaleontologia, o francês Alcide d'Orbigny foi também o primeiro a dividir as formações geológicas em estágios de sedimentação.
Ao descobrir que as diferentes camadas de rochas sedimentares resultavam de deposições ocorridas em períodos sucessivos, identificáveis pela datação dos fósseis, d'Orbigny criou a paleontologia estratigráfica, que forneceu as bases para a nomenclatura dos diversos terrenos. Mas ao contrário de Darwin, que já defendia o evolucionismo, acreditava que cada estágio apresentava fauna independente, surgida por um ato especial da criação. Orbigny morreu em 30 de junho de 1857 em Pierrefitte-sur-Seine.
Albert Camus nasceu em Mondovi, Argélia, em 7 de novembro de 1913. Com a
morte do pai na batalha do Marne, durante a primeira guerra mundial,
passou por sérias dificuldades econômicas junto com a família.
Conseguiu, no entanto, estudar filosofia na Universidade de Argel e
exerceu várias profissões até se formar. Tuberculoso, não pôde trabalhar
como professor e resolveu abraçar a carreira literária, que iniciou
como jornalista e fundador do Théâtre du Travail. As agruras desses anos
se refletem em suas primeiras obras, as coletâneas de ensaios L'Envers
et l'endroit (1937; O avesso e o direito) e Noces (1938; Bodas).
Em seu esforço para encontrar um sentido para a vida humana sem recorrer ao dogmatismo nem a falsas esperanças, Albert Camus foi muitas vezes mal compreendido mas influenciou decisivamente sua geração intelectual e a seguinte.
Depois de romper com o Partido Comunista, após vários anos de militância, Camus mudou-se em 1940 para Paris, que teve que abandonar ante a invasão alemã. Pouco depois regressou à França e aderiu à resistência, como diretor da revista Combat.
Em plena guerra mundial publicou uma série de obras que tornariam célebre seu nome: o romance L'Étranger (1942; O estrangeiro), o ensaio Le Mythe de Sisyphe (1942; O mito de Sísifo) e duas peças de teatro, Le Malentendu (1944; O mal-entendido) e Calígula (1945). Em todas Camus apresentava uma visão desesperançada e niilista da condição humana, que pode ser resumida nas palavras postas na boca do imperador romano Calígula: "Os homens morrem e não são felizes." A clara e perfeita linguagem de Camus era veículo apropriado para a expressão de suas idéias.
Era difícil, no entanto, conciliar a postura solidária e progressista do combatente da resistência com tal negativismo. Por isso, em suas obras posteriores Camus tendeu a elaborar um pensamento em que o niilismo constituísse "um ponto de partida" para uma sociedade mais livre e humana. Exemplo disso foi o romance La Peste (1947), narrativa simbólica da luta de um médico contra uma epidemia em Oran. Por trás dessa trama simples se percebia, no entanto, a sombra do nazismo e da ocupação alemã, bem como um apelo à dignidade humana. Temática muito semelhante aparece na obra L'État de siège (1948; O estado de sítio). A postura ideológica de Camus aparece com nitidez em L'Homme révolté (1951; O homem revoltado), longo ensaio de caráter metafísico no qual ele analisou a ideologia revolucionária e escreveu palavras reveladoras: "O rebelde rechaça, portanto, a divindade, para compartilhar as lutas e o destino comum." O ensaio, no entanto, não foi bem recebido pelos círculos esquerdistas, que viam nele um pensamento demasiadamente individualista e retórico. Camus, que jamais quis aderir ao existencialismo, rompeu com o líder do movimento, Jean-Paul Sartre, atacando as idéias marxistas deste, que já criticara sutilmente na obra dramática Les Justes (1950; Os justos).
Durante a década de 1950, Camus enfrentou um conflito entre suas idéias progressistas e a explosão da revolução na Argélia, diante da qual, fundamentalmente por razões sentimentais, se colocou do lado da França. Tais contradições internas resultaram em duas obras importantes, o romance La Chute (1956; A queda) e a coletânea de contos - vários deles situados na Argélia - L'Exil et le royaume (1957; O exílio e o reino). O mundo que surge em seus contos já não é tão absurdo como o de suas primeiras obras, um inferno caótico e irreal, fruto talvez da sensação de isolamento do autor, que não diminuiria com a conquista do Prêmio Nobel em 1957.
Albert Camus morreu em 4 de janeiro de 1960, num acidente de automóvel perto de Sens, na França. Sua obra, apesar de polêmica e contraditória, constitui uma das grandes realizações da literatura francesa e foi a expressão de um homem que sempre agiu com honestidade em sua busca de justiça.
Alain Robbe-Grillet nasceu em Brest, França, em 18 de agosto de 1922.
Após graduar-se como engenheiro agrônomo em Paris, ingressou no
Instituto Nacional de Estatística, onde trabalhou por vários anos. Seu
primeiro romance, Les Gommes (1953; As borrachas), já apresentava as
premissas estéticas expostas pelo escritor numa série de artigos
jornalísticos, reunidos mais tarde sob o título Pour un nouveau roman
(1963; Por um novo romance). Robbe-Grillet postulava a criação de uma
arte adequada aos novos tempos, que descrevesse situações sem lhes
atribuir um sentido e rejeitasse as noções tradicionais de argumento e
caracterização psicológica em favor de uma absoluta "objetivização".
Disse ele: "Deve-se evitar toda humanização do mundo, projeção subjetiva
ou metáfora. Toda explicação deve ser substituída pela simples
apresentação das coisas."
O movimento francês conhecido como nouveau roman (novo romance), surgido na década de 1950, teve em Robbe-Grillet um de seus principais representantes e teóricos.
Suas teorias foram postas em prática nos romances Le Voyeur (1955) e La Jalousie (1957; O ciúme), cujas tramas, irônicas reelaborações das tradicionais histórias policiais, são narradas por meio da descrição dos objetos -- em centímetros, gramas, cor e textura -- e também das imagens de lembranças e sonhos. Uma exacerbação dessa técnica é Dans le labyrinthe (1959; No labirinto), que apresenta uma minuciosa e quase hipnótica descrição de objetos e formas.
Com o roteiro do filme L'Année dernière à Marienbad (1961; O ano passado em Marienbad), dirigido por Alain Resnais, Robbe-Grillet iniciou uma profícua fase de aproximação com o cinema que culminou com sua participação como diretor nos filmes L'Immortelle (1963; A imortal), Trans-Europ-Express (1969) e Le Jeu avec le feu (1975; O jogo com o fogo). Os dois cineastas prosseguiram com suas experimentações visuais e deram singular atenção ao erotismo. Paralelamente, Robbe-Grillet continuou a escrever romances, como Project pour une révolution à New York (1970; Projeto para uma revolução em Nova York), Topologie d'une cité famtôme (1976; Topologia de uma cidade fantasma) e Djinn (1981). Neles, sem abandonar a ênfase descritiva, adota técnicas narrativas mais livres e, por meio às vezes de um cáustico senso de humor, questiona as ambíguas relações entre objetividade e subjetividade.
Robbe-Grillet publicou ainda sua autobiografia, em três volumes. No último deles, Les Derniers jours de Corinthe (1994; Os últimos dias de Corinto), recorda, às vezes com humor, várias figuras com quem conviveu, entre eles seu editor, Jérôme Lindon, prestigiado diretor da Éditions de Minuit, e colegas como Claude Simon, Marguerite Duras, Roland Barthes e Jean-Paul Sartre.
Alain Resnais nasceu em Vannes, França, em 3 de junho de 1922. Vítima de
asma crônica, interessou-se por atividades criativas durante a
infância. Ganhou uma câmara de filmar e, aos 14 anos, dirigiu os colegas
de escola numa versão do popular Fantômas. Isentado de participar da
segunda guerra mundial devido à doença, cursou o Instituto de Altos
Estudos Cinematográficos, em Paris. Realizou oito curtas-metragens,
documentários como Van Gogh (1948), Gauguin (1950), Guernica (1950).
Enfocou a arte africana em Les Statues meurent aussi (1953; As estátuas
também morrem), proibido durante 12 anos por menções ao colonialismo. Em
Nuit et brouillard (1955; Noite e escuridão) usou como tema os campos
de concentração nazista.
Os filmes de Resnais mostram pessoas sensíveis confrontadas com seus próprios instintos ferozes, angustiadas com a efemeridade do tempo e encontrando a paz na solidão meditativa.
A criatividade e a técnica requintada de seu trabalho tornaram-se notórias com o longa-metragem Hiroshima, mon amour (1959; Hiroxima, meu amor), seu primeiro sucesso internacional. Com script da escritora Marguerite Duras, é a história de uma cineasta francesa que vai filmar no Japão e se apaixona por um homem que lhe lembra seu primeiro amante. Seguiu-se L'Année dernière à Marienbad (1961; O ano passado em Marienbad), com roteiro de Alain Robbe-Grillet. Com esse filme, uma narrativa fluida e enigmática, filmada com extremo virtuosismo num décor de sonho, Resnais confirmou seu talento e passou a ser considerado um dos líderes da nouvelle vague.
O esplendor da linguagem cinematográfica dessas duas realizações, as intermináveis polêmicas e mal-entendidos que suscitaram foram em parte responsáveis, porém, pelo malogro de filmes posteriores: Muriel (1963), no qual abordou a tortura policial; La Guerre est finie (1966; A guerra acabou), com roteiro de Jorge Semprun, pungente evocação da guerra civil espanhola e de seu impacto sobre os exilados ao longo dos anos; e Je t'aime, je t'aime (1968; Eu te amo, eu te amo).
Resnais expatriou-se para os Estados Unidos e só retornou à França em 1973, quando fez, também com Semprun, Stavisky (1974), que focaliza num fundo político um escândalo que abalou a França em 1934, e Providence (1977), obra anglo-americana. Com Mon oncle d'Amérique (1980; Meu tio da América), recebeu prêmio especial do júri do Festival Internacional de Cannes.
Alain-René Lesage nasceu em Sarzeau, Bretanha, em 6 de maio de 1668.
Estudou direito e foi advogado em Paris. Adquiriu reputação como autor
ao escrever para o Théâtre Français a peça Turcaret (1709), uma das
primeiras comédias de costumes sobre um segmento social -- no caso, o
dos financistas. O realismo satírico e a estrutura picaresca de sua
intriga encaminharam-no para o romance. Histoire de Gil Blas de
Santillane (História de Gil Blas de Santilhana) é sua obra-prima,
publicada em três partes em 1715, 1724 e 1735.
A dupla carreira de autor dramático e romancista permitiu a Lesage, ou Le Sage, tornar-se um dos primeiros escritores franceses capazes de viver exclusivamente de sua profissão.
Lesage aproveitou largamente o romance picaresco espanhol, do qual omitiu, porém, os elementos morais e religiosos. Também amenizou a crítica social, de modo que a obra resultante fosse, acima de tudo, engraçada. Também traduziu livros do espanhol, entre eles o Segundo tomo del ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha (1704), de Alonso de Avellaneda, medíocre continuação do autêntico Don Quijote de Cervantes. Lesage faleceu em Boulogne-sur-Mer, França, em 17 de novembro de 1747.
Émile-Auguste Chartier, conhecido pelo pseudônimo de Alain, nasceu em
Mortagne-au-Perche em 3 de março de 1868. Licenciado em filosofia,
lecionou em liceus provincianos e posteriormente em Paris. Em 1903
iniciou a publicação de artigos diários ("propos") em jornal, atraindo
de imediato a atenção pela alta qualidade literária. Esses artigos foram
reunidos e publicados em Propos (1908; Considerações), livro que se
tornou clássico.
Filósofo e professor, Alain influenciou várias gerações, graças à ênfase que dava ao ato de pensar e não à transmissão de uma doutrina previamente codificada.
Em 1914, alistou-se para lutar na guerra, primeiro como artilheiro e depois como telefonista, período em que escreveu várias obras, como Système des beaux-arts (1920; Sistema das belas-artes) e Mars, ou la guerre jugée (1921; Marte, ou a guerra julgada). Terminada a guerra, reassumiu a cadeira de filosofia em Paris e nos anos seguintes publicou, entre outros, Les dieux (1934; Os deuses) e Histoire de mes pensées (1936; História de meus pensamentos). Seus Propos, publicados entre 1906 e 1951, contemplam a política, a economia, a religião, a educação e a estética.
Sua obra não encerra caráter sistemático e está repleta de matizes e até de aparentes contradições. Tentava despertar a reflexão pelo estímulo à mente, sem impor um sistema previamente sintetizado. Intransigente defensor da liberdade do pensamento e do indivíduo diante de qualquer poder constituído, recebeu em 1951 o Grande Prêmio Nacional de Literatura. Individualista ferrenho, Alain morreu em Le Vésinet, perto de Paris, em 2 de junho de 1951.
Abel Gance nasceu em Paris em 25 de outubro de 1889. Poeta e dramaturgo,
iniciou-se no cinema como ator em Molière, de Leonce Perret (1909).
Contracenou com o cômico Max Linder e foi roteirista de Paganini e
outros filmes entre 1910 e 1911. Fundou uma produtora, para a qual
dirigiu La Digue (1911; O dique), Le Nègre blanc (1912) e La Folie du
docteur Tube (1915; A loucura do doutor Tube), filme em que abandona o
realismo para buscar a fantasia e o mito. O reconhecimento público veio
com Mater Dolorosa (1917), refilmada em 1932, e La Dixième Symphonie
(1918; A décima sinfonia). A reputação cresceu ao realizar J'accuse!
(1918; Eu acuso!, refeito em 1937), libelo contra a guerra. La Roue
(1922; A roda), filme sobre ferroviários e a mecanização da vida
moderna, foi montado de acordo com um padrão rítmico.
Lançador da tela panorâmica e do som estereofônico, Gance foi um dos mais ilustres cineastas do período situado entre as duas guerras mundiais. Em seus filmes, as experiências formais se aliam à temática histórica e à dramaturgia impressionista.
Napoléon (1926), sua obra-prima e um dos clássicos do cinema, levou quatro anos para ser rodado. Remontado e revisto em 1934, 1971 e 1979, o filme, que ficou incompleto, utilizou técnicas experimentais como a superposição, a colorização manual quadro-a-quadro e cortes rápidos para enfatizar o movimento cinematográfico. Gance rodou seqüências de batalha com três câmaras simultâneas, exibidos com três projetores separados que mostravam cenas vitais em cada uma das três telas interligadas. Outra obra ambiciosa foi Un grand amour de Beethoven (1936; Um grande amor de Beethoven). Gance dirigiu filmes até 1963. Morreu em Paris em 10 de novembro de 1981.
François Arago
Físico e astrônomo francês, Dominique François Arago nasceu em Estagel a 26 de fevereiro de 1786 e iniciou seus estudos em Perpignan, seguindo depois para Paris, onde freqüentou a École Polytechnique. Aos 19 anos foi nomeado secretário do Observatório de Paris e logo depois, junto com o físico e astrônomo francês Jean-Baptiste Biot, completou a medida de um arco do meridiano terrestre.
As pesquisas de Arago no campo da física encerraram a discussão sobre a natureza da luz, confirmando a teoria ondulatória e descartando a antiga hipótese corpuscular.
Em 1809 foi eleito para a Académie des Sciences, assumindo no mesmo ano o cargo de professor de geometria analítica na École Polytechnique. De 1809 a 1830 dedicou-se exclusivamente à ciência. Nesse ano ingressou na política como deputado republicano. Em 1848 foi nomeado ministro da Marinha.
Em 1809 foi eleito para a Académie des Sciences, assumindo no mesmo ano o cargo de professor de geometria analítica na École Polytechnique. De 1809 a 1830 dedicou-se exclusivamente à ciência. Nesse ano ingressou na política como deputado republicano. Em 1848 foi nomeado ministro da Marinha.
Figuram entre seus principais trabalhos no domínio da física as descobertas das polarizações cromática e rotatória da luz e um novo método para decompor a luz branca. Suas investigações sobre a polarização, em que trabalhou ao lado de Augustin-Jean Fresnel, confirmaram a teoria ondulatória da luz. Importante também foi a contribuição de Arago para o progresso dos estudos dos fenômenos eletromagnéticos. Arago morreu em Paris em 2 de outubro de 1853. Suas obras completas foram publicadas, de 1854 a 1862, em 13 volumes.
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Joana d'Arc, Heroína Francesa Nascida em Domrémy
Heroína francesa nascida em Domrémy, na região francesa do Barrois, chamada de A Donzela de Orléans, por ter sido decisiva para mudar o rumo da guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra. Filha de um casal de lavradores, movida por uma fé incomparável, aos 13 anos dizia ouvir vozes divinas como do arcanjo são Miguel, além de santa Catarina e santa Margarida, ordenando que salvasse a cidade, sitiada pelos ingleses.
Partiu de sua aldeia e obteve de Robert de Baudricourt, capitão da guarnição de Vaucouleurs, uma escolta para guiá-la até Chinon, onde se achava refugiado o rei da França, Carlos VII, visto que o país estava quase todo em mãos dos ingleses. Diante de sua impressionante segurança, o rei lhe entregou o comando de um pequeno exército para socorrer Orléans (1428), então sitiada pelos ingleses.
No caminho, a atitude heróica da humilde camponesa atraiu adesões para as tropas que comandava. À frente desse aparentemente insignificante exército, derrotou os invasores, reacendeu o nacionalismo francês e conduziu o rei Carlos VII a Reims, onde foi coroado. Seguindo sua saga de libertação empreendeu o ataque que a Compiègne (1430), porém a heroína foi aprisionada pelos borgonheses, aliados dos ingleses.
Prisioneira, sofreu um julgamento por meio de um tribunal espiritual comandado pelo ambicioso bispo Pierre Cauchon, de modo a fazê-la perder sua auréola de santa, ou seja, os borgonheses temiam que sua morte sumária pudesse torná-la um mito mais fervoroso e conseqüentemente mais perigoso da resistência francesa.
No jogo de interesses políticos que envolveu sua figura de heroína, ela não encontrou apoio por parte do rei que tanto ajudara e foi acusada de feitiçaria, declarada herética e, sem direito a um defensor foi condenada. Supliciada publicamente na praça do Mercado Vermelho, em Rouen, ali foi queimada viva, aos 19 anos. Seu sacrifício despertou novas energias no povo francês, que finalmente expulsou os ingleses de Calais. A Igreja Católica reconheceu sua santidade, beatificou-a (1909) e depois canonizou-a (1920) pelo Papa Bento XV.
Émile Zola, Escritor Naturalista
Émile Zola (2 de abril de 1840, Paris - 29 de setembro de 1902, Paris) foi um escritor francês, considerado como o maior exemplo da escola literária naturalista e uma importante figura na liberalização política da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, 4 anos depois de ter publicado o famoso artigo "J'accuse", em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.
J'accuse
Em 1898, Zola tomou parte no aceso debate público relativo ao caso Dreyfus, publicando artigos em jornais e revistas onde tornou claro aquilo que mais tarde se viria a provar definitivamente: a inocência de Dreyfus. O seu famoso artigo J'accuse (Acuso) (com o sub-título "Carta a Félix Faure, Presidente da Republica"), publicado no jornal literário L'Aurore, era tão incisivo que levou à revisão do processo, dando uma nova dinâmica ao processo que terminaria anos depois do assassinato de Zola, com a reabilitação do oficial Alfred Dreyfus em 1906, injustamente acusado de traição.
Após a publicação do J'accuse, Zola foi processado por difamação e condenado a um ano de prisão. Ao saber desta injusta condenação, Zola partiu para o exílio em Inglaterra. Após o seu regresso, já quando não corria o risco de ser preso, dada a evolução positiva do processo, ele publicou no "La Vérité en marche" vários artigos sobre o caso.
A 29 de Setembro de 1902, ele é assassinado misteriosamente em sua casa. Morreu de envenenamento por monóxido de carbono, causado por uma chaminé entupida. Apesar de acusações a inimigos políticos, nada foi provado.
Foi enterrado no cemitério de Montmartre em Paris. Suas cinzas foram transferidas para o Panthéon a 4 de Junho de 1908, dois anos depois de Dreyfus ter sido reabilitado em 1906.
Bibliografia
Romances e novelas
Contes à Ninon (1864)
La confession de Claude (1865)
Madeleine Férat (1868)
Le vœu d'une morte (1866)
Les mystères de Marseille (1867)
Thérèse Raquin (1867)
Nouveaux contes à Ninon (1874)
Les soirées de Médan (1880), em colaboração com Maupassant, Huysmans, Léon Hennique , Henri Céard e Paul Alexis.
Madame Sourdis (1880)
Le Capitaine Burle (1882)
Naïs Micoulin (1884)
A saga dos Rougon-Macquart
La Fortune des Rougon (1870)
La Curée (1871)
Le Ventre de Paris (1873)
La Conquête de Plassans (1874)
La Faute de l'abbé Mouret (1875)
Son Excellence Eugène Rougon (1876)
L'Assommoir (1876)
Une page d'amour (1878)
Nana (1879)
Pot-Bouille (1882)
Au Bonheur des Dames (1883)
La Joie de vivre (1884)
Germinal (1885)
L'Œuvre (1886)
La Terre (1887)
Le Rêve (1888)
La Bête humaine (1890)
L'Argent (1891)
La Débâcle (1892)
Le Docteur Pascal (1893)
A série das Três cidades
Lourdes (1894)
Rome (1896)
Paris (1898)
A série dos Quatre Evangelhos
Fécondité (1899)
Travail (1901)
Vérité (publié en 1903, após a morte do autor)
Peças de teatro
Thérèse Raquin (1873)
Les héritiers Rabourdin (1874)
Le bouton de rose (1878)
Poèmes lyriques
Obras críticas
Mes haines (1866)
Le roman expérimental (1880)
Une campagne (1880-1881) (1882)
Nos auteurs dramatiques (1881)
Les romanciers naturalistes (1881)
Le naturalisme au théâtre (1881)
Documents littéraires (1881)
Nouvelle campagne (1896)
La vérité en marche (1901)
Louis Aragon
Poeta, romancista e ensaísta, Louis Aragon nasceu em Paris em 3 de outubro de 1897. Após ter sido, em 1919, um dos iniciadores do surrealismo, com André Breton e Philippe Soupault, afastou-se dessa corrente em 1927, quando se tornou comunista e passou a escrever romances realistas e revolucionários. Após a publicação de seus primeiros livros de poemas, como Le Mouvement perpétuel (1926; O movimento perpétuo), Aragon lançou o romance Le Paysan de Paris (1926; O camponês de Paris), no qual já abordava temas sociais, e uma obra de inspiração ainda surrealista, o Traité du style (1928; Tratado do estilo).Audacioso nas invenções da juventude, quando indicou novos caminhos ao aderir ao verso livre, o francês Louis Aragon conquistou no entanto uma audiência maior ao retornar, nas obras da maturidade, aos ritmos, à rima e a outros recursos tradicionais da criação literária.
A ruptura definitiva deu-se com o poema Hourra l'Oural (1934; Viva o Ural), que marca a transição para sua fase socialista. Renegando o passado, Aragon moveu-se da irreverência dos primeiros textos para a acusação racional e moral contida em romances como os da série Le Monde réel (O mundo real), escritos após uma viagem à União Soviética: Les Cloches de Bâle (1934; Os sinos de Basiléia), Les Beaux Quartiers (1936; Os belos bairros), Les Voyageurs de l'Impériale (1942; Os viajantes da Imperial).
As reivindicações sociais e proletárias mantiveram-se nas obras seguintes, como Aurélien (1944; Aureliano), um de seus melhores romances, e La Semaine sainte (1958; A semana santa), romance histórico baseado na guerra de cem dias, desencadeada quando Napoleão fugiu de Elba e dominou a França pela segunda vez, até ser derrotado em Waterloo.
Na poesia de sua segunda fase, Aragon buscou apoio na rima e nas figuras de retórica da canção medieval. Tal poesia ora exalta a Resistência francesa, como em Le Crève-coeur (1941; Rasga-coração), ora consta de poemas de amor, como em Les Yeux d'Elsa (1942; Os olhos de Elsa), dedicados a sua mulher, a escritora Elsa Triolet (1896-1970), russa de nascimento e cunhada do poeta Vladimir Maiakovski. Louis Aragon morreu em Paris em 24 de dezembro de 1982.
Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte foi um dos mais famosos generais dos tempos contemporâneos e um extraordinário estadista nascido em Ajácio, na Córsega, ilha do Mediterrâneo sob administração da França, desde o ano do seu nascimento, que deixou marcas duradouras nas instituições da França e de grande parte da Europa ocidental.
Napoleão Bonaparte era filho de família pobre, mas dona de um título de nobreza da República de Gênova, estudou na academia militar de Brienne e na de Paris, saindo como oficial de artilharia (1785). Aderiu à Revolução francesa (1789), uniu-se aos jacobinos, serviu como tenente da recém-criada guarda nacional e transformou-se num dos principais estrategistas do novo sistema de guerra de massa.
Napoleão Bonaparte fez uma carreira meteórica e se destacou pela originalidade nas campanhas militares. Capitão de artilharia na retomada de Toulon aos ingleses e foi promovido general-de-brigada (1793), o mais jovem general do Exército francês. Após a queda de Robespierre foi detido sob acusação de ser jacobino, mas depois foi encarregado de dirigir a repressão ao levante monarquista de Paris (1795).
Casou-se com Josefina (1796), viúva do general guilhotinado (1794) Beauharnais, e tornou-se o comandante-em-chefe do Exército nas campanhas da Itália, contra os austríacos (1795-1797), e do Egito, contra os ingleses (1796-1799).Quando da ocupação do Egito (1798) a expedição científica que o acompanhou incluía o astrônomo Laplace, o químico Bertholet, o físico Monge e o arqueólogo Denon. Em pesquisas arqueológicas foi descoberta a pedra de Rosetta, fragmento de estela, espécie de monolito de basalto negro, que apresenta um decreto de Ptolomeu V, em caracteres hieroglíficos, demóticos e gregos (196 a. C.), que Champollion usaria para decifrar os hieróglifos egípcios (1822) e está exposta no British Museum, em Londres.
Napoleão Bonaparte liderou um golpe de Estado (1799), instalou o Consulado e fez-se eleger cônsul-geral, apoiado em um plebiscito popular. Promulgou uma Constituição de aparência democrática. Organizou o governo, a administração, a polícia, a magistratura e as finanças. Tomou medidas despóticas e antiliberais, como o restabelecimento da escravidão nas colônias, e outras de grande importância econômica, como a criação do Banco de França (1800).
Concluiu com o papa Pio VII a concordata (1801), que restabelecia a igreja na França, embora submetida ao estado. Criou a Legião de Honra e o novo código civil, depois chamado Code Napoléon, elaborado por uma comissão de juristas com participação ativa do primeiro-cônsul. Essa medida de grande alcance tornou-se o maior feito jurídico dos tempos modernos, consubstanciou os princípios defendidos pela revolução francesa e influenciou profundamente a legislação de todos os países no século XIX.
O restabelecimento da ordem e da paz, bem como atentados frustrados de monarquistas, fizeram crescer a sua popularidade, que habilmente a utilizou para se fazer proclamar cônsul vitalício por plebiscito (1802). Coroou-se rei da Itália (1805) divorciou-se da imperatriz Josefina (1809) e casou-se com Maria Luísa, filha do imperador austríaco. Em guerra permanente contra as potências vizinhas enfrentou a coalizão de todas as potências européias e foi derrotado em Leipzig (1813).
Depois de uma desastrada campanha na Rússia, Napoleão Bonaparte foi derrotado pelos exércitos aliados adversários dos franceses e obrigado a abdicar (1814). Exilou-se na ilha de Elba, na costa oeste da Itália. No ano seguinte organizou um exército e tentou restaurar a monarquia, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, na Bélgica (1815). Esse período ficou conhecido como o Governo dos Cem Dias. Preso pelos ingleses, foi deportado para a ilha de Santa Helena, no meio do Atlântico, onde morreu em 5 de maio de uma doença misteriosa, demonstrada posteriormente através de análises de mechas de seu cabelo, ter sido provocada por envenenamento progressivo e misterioso por arsênico, provavelmente em doses colocadas no seu vinho pelo seu servidor, o Conde de Montholon.
Teólogo e filósofo, Abelardo (em francês
Pierre Abélard ou Abailard, em latim Abelardus) nasceu em Le Pallet,
perto de Nantes, França, por volta de 1079. Estudou em Paris com os
melhores mestres: Roscelino de Copiègne e Guilherme de Champeaux. Foi
depois professor da catedral de Paris (Notre Dame), onde combateu as
idéias de Guilherme, obrigando-o a modificá-las. Aos 22 anos, abriu uma
classe de filosofia em Melun. De volta a Paris, a clareza do seu
espírito atraiu uma multidão de discípulos.
Acreditando na capacidade da mente humana de alcançar o verdadeiro conhecimento natural e supernatural, Abelardo defendeu o exame crítico das Escrituras à luz da razão. Incompreendido e atacado em seu tempo, foi um precursor do racionalismo francês.
Acreditando na capacidade da mente humana de alcançar o verdadeiro conhecimento natural e supernatural, Abelardo defendeu o exame crítico das Escrituras à luz da razão. Incompreendido e atacado em seu tempo, foi um precursor do racionalismo francês.
Foi nessa época que começou sua ligação amorosa com Heloísa, sobrinha do cônego Fulbert. Este ordenou que o castrassem. Depois disso, Abelardo e Heloísa recolheram-se ao claustro: ele ao mosteiro de Saint-Denis, ela a um convento em Argenteuil. Tornou-se famosa a correspondência que trocaram a partir de então, embora alguns estudiosos a considerem uma ficção literária, atribuindo-a inteiramente a Abelardo. Juntamente com a autobiografia Historia calamitatum (História de minhas desventuras), as cartas refletem o temperamento a um só tempo espiritual e vitalista de Abelardo.
Mesmo depois de seu ingresso no claustro, Abelardo continuou lecionando com êxito. Seu livro mais famoso, escrito em 1121-1122, é o Sic et non (Sim e não). Nele apresenta argumentos contra e a favor de quase todas as grandes teses filosóficas da época, método que santo Tomás de Aquino retomaria na Summa theologiae (Suma teológica). Abelardo chama esse jogo lógico de "dialética" e o acha importante para aguçar o espírito. Sua filosofia é em grande parte uma análise da linguagem, que se torna notável ao estudar o problema dos "universais".
Abelardo morreu no priorado de Saint-Marcel, perto de Châlons-sur-Saône, em 21 de abril de 1142.
Zinédine Yazid Zidane (Marselha, França, nascido em 23 de junho de 1972) é um futebolista francês retirado com ascendência da Cabília (Argélia), que atuava como meia. É conhecido mundialmente como Zizou. Muitos lhe consideram o auge do futebol mundial em meados dos anos 90 ao começo dos anos 2000 e um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos. Estreou no AS Cannes em 1988 e passou para o FC Bordeaux em 1992, ambos da Ligua 1 francesa. Em 1996 assinou pela Juventus Football Club Serie A na Itália, a um custo de 3,2 milhões de euros.
Em 2001 passou para o Real Madrid C.F. da Liga BBVA da Espanha, que pagavam por seus serviços 76 milhões de euros, convertido na contratação mais cara da história do esporte até hoje.
Com a seleção de futebol da França estreou em 1994 e se aposentou em 2006, com ela jogou 108 jogos e marcou 31 gols durante esse tempo. Enquanto Zidane estave no terreno de jogo a seleção foi derrotada apenas sete vezes. Com Les Bleus disputou três campeonatos da Europa (Euro 1996 na Inglaterra, Bélgica-Holanda 2000 e Portugal 2004) e três Copas do Mundo (França, 1998, Coréia-Japão 2002 e Alemanha 2006). Se retirou ao concluir sua participação no Mundial de 2006. Com ele ganhou a Copa do Mundo (1998), Euro (2000) e Copa das Confederações (2001).
Entre sua carreira profissional conta com três campeonatos (dois com o La Vecchia Signora em 1996-97 e 1997-98, e um com os merengues em 2001-02), uma Supercopa da Itália (1997), duas Super Copas Espanha (2001, 2003), Taças Intertoto (1995, 1999), uma Liga dos Campeões da UEFA (2001-02), duas Copas da Supercopa Européia (1996, 2002) e Taças Intercontinentais (1996, 2002). Individualmente alcançou vários prémios entre os quais três prémios como a FIFA World Player (1998, 2000, 2003), uma Bola de Ouro (1998) e dois prêmios como o Jogador Francês do Ano (1998, 2002). Foi escolhido em uma pesquisa online patrocinado pela UEFA como o melhor jogador europeu dos últimos 50 anos, em 2004, está incluído na lista dos 125 melhores jogadores vivos. Além de sua faceta futebolista, Zidane é embaixador da ONU na luta contra a fome.
Nome: Zinedine Yazid Zidane
Nickname: Zizou, El Mago, El Magnífico, El Maestro, El Zid
Nascimento: 23 de junho de 1972, Marselha, França
Nacionalidade: Francesa
Posição: Meia
Altura: 1,86 metros
Jogos internacionais: 108
Total de Gols: 151
Ano de estreia: 1989
Clube estreia: AS Cannes
Ano de aposentadoria: 2006
Aposentadoria Club: Real Madrid Club de Fútbol
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