Rio Grande do Sul | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos do Rio Grande do Sul
Geografia – Área: 281.748,5 km². Relevo: planície litorânea com restinga e areia, planaltos a oeste e a nordeste e depressão no centro. Ponto mais elevado: serra Geral (1.398 m). Rios principais: Camaquã, dos Sinos, Ibicuí, Ijuí, Jacuí, Jaguarão, Pelotas, Quaraí, Taquari, Uruguai. Vegetação: campos (campanha gaúcha) ao sul e a oeste, floresta tropical a leste, mata de araucária a norte, restingas litorâneas. Clima: subtropical. Municípios mais populosos: Porto Alegre (1.800.300), Caxias do Sul (450.260), Pelotas (402.500), Canoas (376.900), Santa Maria (298.980), Gravataí (278.100), Novo Hamburgo (270.850), Viamão (270.400), São Leopoldo (230.700), Alvorada (220.400) (2018). Hora local: a mesma. Habitante: gaúcho.
População – 12.600.000 (est. 2018).
Capital – Porto Alegre. Habitante: porto-alegrense. População: 1.800.300 (est. 2018).
O Rio Grande do Sul é o maior e mais populoso estado da Região Sul está um dos pontos extremos do país, o arroio Chuí. O clima do Rio Grande do Sul (RS) é subtropical, e o relevo apresenta planícies litorâneas, planaltos a oeste e nordeste e depressões no centro. O estado tem vegetação de campos (os Pampas Gaúchos), floresta tropical, matas de araucárias e restingas no litoral. Os principais colonizadores são os imigrantes italianos, que se fixam principalmente na região serrana, no nordeste do estado, e os alemães, que ocupam sobretudo a região do vale do rio dos Sinos, ao norte de Porto Alegre. Os portugueses, entre os quais os açorianos, permanecem no litoral. Além da influência europeia, o gaúcho cultiva as tradições dos Pampas, na fronteira com o Uruguai e a Argentina. Entre essas tradições destacam-se o chimarrão, o churrasco e o uso de trajes típicos, compostos de bombachas (calças folgadas, de origem turca, presas ao tornozelo), poncho e lenço no pescoço.
Turismo – Na Serra Gaúcha, onde o inverno é rigoroso, erguem-se cidades com características europeias, como Gramado e Canela. Na região de Bento Gonçalves e Caxias do Sul, o maior centro produtor de vinho do Brasil, a atração é a culinária italiana. A noroeste do estado, na região das Missões, os municípios de São Borja e São Miguel preservam ruínas das povoações jesuítas do século XVII, consideradas patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Na divisa com o estado de Santa Catarina, no Parque Nacional de Aparados da Serra, o principal ponto turístico é o cânion do Itaimbezinho, formação rochosa com cerca de 5,8 quilômetros de extensão, 2 quilômetros de largura e profundidade que chega a 720 metros.
Porto Alegre |
O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor nacional de grãos, atrás apenas do Paraná, com expressiva colheita de soja, milho, trigo e arroz. Quase 90% de toda a soja transgênica produzida no país sai do estado. Com respaldo do governo federal, que vem autorizando o plantio de sementes geneticamente modificadas, o Rio Grande do Sul destina 2,59 milhões de hectares ao plantio de soja transgênica. Estima-se que cerca de 80% da produção gaúcha seja transgênica ou esteja contaminada pelo grão modificado. O estado possui um dos maiores rebanhos bovinos do país e é a segunda maior criação de aves.
Índices sociais – O Rio Grande do Sul registra o menor índice de mortalidade infantil do país, com 6,4 mortes por mil nascidos vivos. Os investimentos em educação e saúde fazem com que a qualidade de vida seja uma das melhores do Brasil. O estado apresenta o quarto mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, depois do Distrito Federal, de Santa Catarina e de São Paulo.
Capital – A região da Grande Porto Alegre é o principal centro de compras e serviços do Rio Grande do Sul. A capital é conhecida como uma das cidades mais arborizadas do país. Uma de suas atrações tradicionais é o pôr-do-sol no rio Guaíba.
A região do atual estado do Rio Grande do Sul não fazia parte dos domínios coloniais portugueses assinalados pelo Tratado de Tordesilhas. Mas, com a importância estratégica da área do rio da Prata, o território logo atrai a atenção dos colonizadores. Durante a União Ibérica entre Espanha e Portugal (1580/1640), a expansão territorial é facilitada, levando os primeiros sertanistas e criadores de gado à região. Depois é a vez dos bandeirantes paulistas, interessados na captura dos índios guaranis aldeados nas missões do Paraná e do Paraguai pelos padres jesuítas. Em fuga, eles deslocam as aldeias para o sul, ao longo do rio Uruguai.
A metrópole estimula a imigração de famílias açorianas para a recém-criada capitania de São Pedro do Rio Grande. O primeiro povoamento é a base militar criada em 1737 na embocadura da lagoa dos Patos, embrião da cidade portuária de Rio Grande. Dez anos mais tarde é fundada a vila de Porto dos Casais, atual Porto Alegre. Esse desenvolvimento dificulta a definição da fronteira e a separação entre os domínios de Portugal e as terras da Espanha, que só é acertada no Tratado de Madri, de 1750. Os índios não aceitam abandonar as terras das missões, passando do lado brasileiro para o argentino do rio Uruguai, o que deflagra a Guerra Guaranítica.
Revoltas – Vencida a resistência dos índios guaranis, as fazendas de gado espalham-se pelo território gaúcho. O Rio Grande do Sul participa das lutas da independência, mas tem seu crescimento barrado pelo centralismo do Império, o que causa conflitos que culminam com a Revolta dos Farrapos, entre 1835 e 1845. Posteriormente, o estado envolve-se também na Guerra do Paraguai (1865/1870).
Nos primeiros anos da República, os gaúchos mergulham na violenta Revolta Federalista (1893/1895), que instaura uma guerra civil entre republicanos e federalistas. Os revolucionários propõem uma confederação com outras repúblicas, daí sua união com o internacionalista Giuseppe Garibaldi, um dos responsáveis pela unificação italiana. Garibaldi chega a fundar, com o general David Canabarro, a efêmera República Juliana, em Santa Catarina.
Período republicano – Durante a República, o estado continua a receber grande número de imigrantes estrangeiros, principalmente italianos e alemães, num intenso movimento que se havia iniciado ainda durante o Império, na década de 1870 e na de 1880. Com os empreendimentos familiares dos imigrantes, a atividade industrial prospera principalmente em Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul, sobretudo nos setores de alimentos, tecidos, móveis, calçados, ferramentas e utensílios domésticos. Nas lutas políticas da República Velha, destacam-se Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado e Borges de Medeiros, representantes das oligarquias gaúchas. O estado participa decisivamente da Revolução de 1930, sob a liderança de Getúlio Vargas, que põe fim à República Velha. Na década de 1970, a indústria começa a se diversificar, com investimentos nos setores químico e metal-mecânico e empreendimentos de grande porte, como o polo portuário e industrial da cidade de Rio Grande e o polo petroquímico de Triunfo, próximo a Porto Alegre. Com uma economia equilibrada entre a indústria e a agropecuária e sem grandes desequilíbrios sociais, o Rio Grande do Sul se mantém entre os estados com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
Almirante Tamandaré
Joaquim Marques Lisboa, o almirante Tamandaré, nasceu em Rio Grande (RS) em 13 de dezembro de 1807. Filho de um capitão de milícias, desde pequeno viajava, atento às manobras dos barcos e às práticas de navegação. Depois de proclamada a independência, quando da organização da Marinha empreendida por D. Pedro I, alistou-se como voluntário e, aos 15 anos, embarcou como praticante de piloto na fragata Niterói, sob o comando do almirante João Taylor. Participou da luta contra o general Inácio Luís Madeira de Melo na Bahia e da perseguição da esquadra portuguesa até a foz do rio Tejo.
O nome do almirante Tamandaré esteve sempre tão ligado aos empreendimentos navais brasileiros que sua história se confunde com a da própria Marinha, da qual tornou-se patrono.
Ingressou na Academia dos Guardas-Marinhas, mas abandonou-a em 1824, com a deflagração, em Pernambuco, da revolução que precederia a Confederação do Equador, para participar dos combates sob o comando de Lord Cochrane. Retornou em seguida à Academia e logo depois, em 1826, graças à recomendação do almirante Taylor, foi efetivado como segundo-tenente e removido para as guerras do sul. Deu novas demonstrações de coragem como quando, no comando da escuna Constança, foi aprisionado durante a malograda expedição à Patagônia, em 1827. Conseguiu escapar e, junto com os companheiros libertados, dominou a tripulação do barco argentino em que viajavam e o levou para Montevidéu, então sob jurisdição brasileira.
Teve atuação destacada em todas as ações importantes da Marinha no plano interno, como o levante da setembrada, em 1831, e os motins do ano seguinte em prol da restauração de D. Pedro I, em Pernambuco; a cabanagem, em 1835-1836, no Pará; a sabinada, em 1837, na Bahia; a revolução farroupilha, em 1838, no Rio Grande do Sul. Essa última missão, contudo, não lhe agradava, por ser uma luta que envolvia conterrâneos seus. Solicitou e obteve exoneração, mas seu afastamento durou pouco: logo voltaria à atividade, em 1839, no comando da repressão à balaiada, no Maranhão, em colaboração com as forças terrestres do duque de Caxias.
Em 1840 já era capitão-de-fragata e, em 1847, capitão-de-mar-e-guerra. Em 1848 recebeu na Inglaterra a fragata D. Afonso, primeiro navio misto -- a vela e a vapor -- de grande porte da armada nacional. No comando desse navio, realizou duas importantes operações de salvamento: a dos passageiros de uma galera americana que se incendiara em Liverpool e o de uma nau portuguesa avariada por um tufão e ameaçada de naufrágio, no litoral do Rio de Janeiro. Tais feitos valeram-lhe o reconhecimento dos governos inglês, americano e português. Ao fazer escala em Recife PE, participou dos combates que puseram fim à revolução praieira.
Designado comandante da divisão naval do Rio da Prata em 1849, logo adoeceu e deixou o posto. Em 1852 foi nomeado capitão do porto do Rio de Janeiro; em 1854, inspetor do Arsenal de Marinha da corte e, no mesmo ano, foi promovido a chefe-de-esquadra. Chegou a vice-almirante em 1856.
Na visita de D. Pedro II às províncias do norte, em 1859, Joaquim Marques Lisboa comandou a esquadra que conduziu o imperador. No ano seguinte, D. Pedro II agraciou-o com o título de barão.
Comandante das forças navais do Prata em 1864, ordenou o bloqueio do rio Uruguai e ocupou os portos de Salto, no Uruguai, e Paissandu PR, de onde desceu para Montevidéu, então sob o poder do general Venâncio Flores, aliado do Brasil. Ao irromper a guerra da Tríplice Aliança, determinou o bloqueio do rio Paraguai. Assistiu, em companhia de D. Pedro II, à rendição de Uruguaiana em 1865. Comandou a vitoriosa esquadra brasileira em Riachuelo, batalha que, entre outras tantas memoráveis, lhe daria as maiores glórias.
Promovido a almirante em 1867, exonerou-se do comando da esquadra. Ao completar oitenta anos, recebeu o título de conde e, em 1888, o de marquês. Grande amigo de D. Pedro II, na proclamação da república entristeceu-se com a deposição do monarca, de quem foi despedir-se no caminho para o exílio. Dois meses depois pediu reforma, mas permaneceu no cargo de ministro do Supremo Tribunal Militar, do qual exonerou-se poucos dias antes de morrer, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897. Foi posteriormente declarado patrono da Marinha. No dia de seu nascimento, 13 de dezembro, comemora-se o dia do marinheiro.
Álvaro Maria da Soledade Pinto da Fonseca Velhinho Rodrigues Moreira da
Silva, que se assinava Álvaro Moreyra, nasceu em Porto Alegre (RS) em 23
de novembro de 1888. Estudou com os jesuítas em seu estado natal, onde
uniu-se ao grupo de poetas simbolistas. Publicou, entre outros livros de
poesia, Casa desmoronada (1909) e A lenda das rosas (1916).
Presença atuante na literatura brasileira das décadas de 1940 e 1950, Álvaro Moreira distinguiu-se como cronista de agudo senso crítico, capaz de reconhecer as peculiaridades e os talentos de seu tempo.
No Rio de Janeiro, formou-se em direito e voltou-se para o jornalismo. Dirigiu revistas literárias como Para Todos e Dom Casmurro. Na primeira, em 1920, publicou poemas dos então desconhecidos Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, assim como desenhos de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. Colaborou na Revista da Semana, na Ilustração Brasileira, no Jornal de Letras e em outros periódicos.
Contribuiu ainda para a renovação do teatro brasileiro ao fundar, junto com Eugênia Álvaro Moreira, o Teatro de Brinquedo, na década de 1920. Sua prosa, de crônicas e memórias, teve melhor receptividade que sua poesia. Sobressai com Cocaína (1924), O Brasil continua (1933), Tempo perdido (1936), As amargas... não (1954) e Havia uma oliveira no jardim (1958). Eleito em 1959 para a Academia Brasileira de Letras, Álvaro Moreira morreu no Rio de Janeiro RJ em 12 de setembro de 1964.
Osvaldo Euclides de Sousa Aranha nasceu em Porto Alegre (RS) em 15 de
novembro de 1894 e estudou no Rio de Janeiro, no Colégio Militar e na
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, diplomando-se em 1916.
Prefeito de Alegrete em 1925, dois anos depois foi eleito deputado
federal, mas renunciou ao mandato para assumir a Secretaria de Negócios
Interiores do Rio Grande do Sul.
Durante um quarto do século, entre a revolução de 1930 e a crise política que desembocou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, Osvaldo Aranha foi um dos nomes de maior destaque no cenário político brasileiro.
Vitoriosa a revolução de 1930, da qual foi um dos articuladores, assumiu o Ministério da Justiça do governo provisório, transferindo-se no ano seguinte para o da Fazenda. Nessa pasta instituiu o chamado "esquema Aranha", que tinha como principal objetivo evitar o aumento da dívida externa brasileira. O esquema consolidou a dívida, transferindo para a União a responsabilidade sobre os empréstimos contraídos pelos estados e municípios antes de 1930.
Depois de servir como embaixador em Washington (1933-1937), Osvaldo Aranha assumiu em 1938 o Ministério das Relações Exteriores, revelando-se, em pleno Estado Novo, paladino do pan-americanismo. A ele se deve também, em grande parte, o ingresso do Brasil na segunda guerra mundial ao lado dos aliados. Chefe da delegação brasileira às sessões da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, seu papel no episódio da criação do Estado de Israel granjeou-lhe a gratidão daquele país.
No segundo governo Vargas, voltou ao Ministério da Fazenda, em agosto de 1953. Nesse período criou um plano, batizado com seu nome, que visava estabilizar a moeda sem prejuízo do desenvolvimento econômico. No entanto, o plano foi frustrado pelo abandono do programa do Ponto IV por Dwight Eisenhower, eleito presidente dos Estados Unidos, e pela crise que culminou com o suicídio de Vargas.
Morto Vargas, em agosto de 1954, Osvaldo Aranha passou a dedicar-se a interesses particulares e à advocacia, embora em 1957 voltasse novamente à ONU como presidente da delegação do Brasil, no governo de Juscelino Kubitschek. Faleceu no Rio de Janeiro RJ em 27 de janeiro de 1960.
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