Sérvia | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da Sérvia

Sérvia | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da Sérvia


Geografia – Área: 88.361 km². Hora local: +4h. Clima: mediterrâneo. Capital: Belgrado. Cidades: Belgrado (1.700.000) (aglomeração urbana), Novi Sad (185.000), Nis (180.300), Kragujevac (160.300).

População – 8,1 milhões (2018); nacionalidade: sérvia e montenegrina; composição: sérvios 69%, albaneses 14%, húngaros 4%, outros 13%. Idioma: sérvio* (principal). Religião: cristianismo 67,9% (ortodoxos 56,8%, outros 11%), islamismo 16,2%, sem religião 12,5%, ateísmo 3,4%.

Relações Exteriores – Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU. Embaixada: Tel. (61) 223-7272, fax (61) 223-8462 – Brasília (DF); e-mail: embiugos@nutecnet.com.br.

Governo – República parlamentarista. Div. administrativa: 1 província autônoma (Voivodina). (Partidos: coalizão Oposição Democrática da Sérvia (DOS) Democrático da Sérvia – DSS; Democrático – DS; Aliança Civil da Sérvia – GSS), Socialista da Sérvia (SPS). Legislativo: unicameral – Assembleia Republicana, com 126 membros. Constituição: 2003.

Situado no centro da montanhosa península Balcânica, o país chamava-se Iugoslávia até o início de 2003. O nome atual foi adotado após a aprovação de acordo pelo Parlamento das duas repúblicas que o compõem, em 2002. Pelo novo pacto, as duas repúblicas passam a ter vida praticamente independente, tendo em comum os setores de defesa e política externa. O território da Iugoslávia, tal como foi estabelecido depois da II Guerra Mundial, reduziu-se nos anos 1990 a menos da metade, com a independência de cinco de suas ex-repúblicas (Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Macedônia e Montenegro) e a Província de Kososvo. A oposição sérvia aos separatistas, comandada pelo dirigente Slobodan Milosevic, e os antagonismos entre grupos nacionais provocam a pior guerra da Europa contemporânea, entre 1991 e 1995. A desintegração prossegue com a transferência da província sérvia de Kosovo para controle internacional, após os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra o país, em 1999. O conflito precipita a derrubada de Milosevic, em 2000, por uma revolução pacífica em Belgrado. Sua extradição para o Tribunal Penal para a ex-Iugoslávia (TPI), em 2001, encerra uma década de isolamento do país.

SÉRVIA - ASPECTOS GEOGRÁFICOS E SOCIAIS DA SÉRVIA

História da Sérvia

Bandeira da SérviaInicialmente habitada pelos ilírios, a região da atual Sérvia cai sob domínio romano no século II a.C. e bizantino no IX. No século XI, a Sérvia constitui um reino independente, mas é anexada ao Império Turco-Otomano em 1389. Só recupera a independência em 1878. O esfacelamento do império e as rivalidades regionais provocam as duas Guerras Balcânicas e contribuem para a eclosão da I Guerra Mundial (1914/1918). No fim desse conflito, é formado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que em 1929 passa a se chamar Iugoslávia, sob ditadura do rei Alexandre I. O novo país reúne sete povos: sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos, macedônios, os eslavos islamizados da Bósnia-Herzegóvina – grupo chamado de bósnio muçulmano – e os albaneses de Kosovo. Abriga, ainda, minorias de húngaros, ciganos e alemães. Sua heterogeneidade é reforçada pela existência de três religiões principais (ortodoxa, católica e islâmica) e o uso de dois alfabetos (latino e cirílico). Alexandre I é assassinado em 1934. Seu sucessor, o regente Paulo, alia-se à Alemanha nazista e é deposto em 1941, em golpe de Estado que leva ao trono Pedro II, filho de Alexandre.

Ocupação nazista – A Alemanha invade o país em 1941, durante a II Guerra Mundial. A resistência iugoslava se organiza em duas frentes rivais: os tchetniks, partidários da monarquia, e os comunistas, sob o comando do croata Josip Broz Tito. Os guerrilheiros conseguem expulsar os alemães em 1945. Vitoriosos, os comunistas fuzilam centenas de milhares de tchetniks e colaboradores do nazismo.

Belgrado, Capital da SérviaComunismo independente – Sob a liderança de Tito, é estabelecido, em 1945, regime comunista de partido único. A Iugoslávia é organizada como uma federação de seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Montenegro e Macedônia). Tito resiste à tentativa soviética de transformar a nação num Estado-satélite. Em 1948 rompe com a União Soviética (URSS) e introduz um novo modelo econômico, com base na restituição de 80% das terras a particulares e na autogestão dos trabalhadores nas indústrias. A reconciliação com a URSS, em 1956, não altera a linha independente do comunismo iugoslavo. Em 1974, Tito dá status de região autônoma a Kosovo e a Voivodina, pertencentes à Sérvia.

Desagregação – Tito morre em 1980. O poder passa a ser exercido por um colegiado com representação de cada república e província e Presidência rotativa. Slobodan Milosevic, chefe do Partido Comunista Sérvio, anula a autonomia de Kosovo e Voivodina em 1989. Ao mesmo tempo, a Iugoslávia inicia uma transição para a economia de mercado, numa situação marcada pela queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991). Agravam-se as divergências entre a Sérvia e as demais repúblicas. Milosevic, eleito presidente sérvio em 1989, rejeita as declarações de independência da Eslovênia e da Croácia, aprovadas em 1991. O Exército iugoslavo, controlado pelos sérvios, invade brevemente a Eslovênia e ocupa um terço do território croata, iniciando uma guerra que dura até 1992. A seguir, a Macedônia declara-se independente e Montenegro, em plebiscito, decide permanecer na Iugoslávia. Governada desde 1990 por uma coligação de bósnios muçulmanos, sérvios e croatas, a Bósnia-Herzegóvina proclama autonomia em março de 1992, após plebiscito boicotado pela minoria sérvia. Começa a guerra civil na república. A Iugoslávia não participa oficialmente, mas fornece apoio financeiro e militar às milícias sérvias.

Nova Iugoslávia – Com o país reduzido a Sérvia e Montenegro, surge em abril de 1992 a República Federal da Iugoslávia. Nas eleições de dezembro, Milosevic é confirmado presidente da Sérvia. Durante a Guerra da Bósnia (1992/1995), o embargo comercial imposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) provoca grave crise econômica. Em novembro de 1995, representando os sérvios da Bósnia, Milosevic é um dos signatários do Acordo de Dayton, que põe fim ao conflito. Em julho de 1997, ele é eleito presidente da Iugoslávia. Em outubro, o oposicionista Milo Djukanovic ganha a eleição presidencial de Montenegro e retoma a proposta de independência. Guerra em Kosovo A tensão provocada pelos separatistas em Kosovo, habitado por 90% de albaneses, cresce em 1998. Há confrontos entre forças sérvias e guerrilheiros do Exército de Libertação de Kosovo (ELK). Pressionado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Milosevic decreta cessar-fogo em novembro, mas os massacres de albaneses prosseguem. Em março de 1999, a Otan intervém na região. Os bombardeios duram até junho, quando Milosevic aceita a rendição.

Queda de Milosevic – Em setembro de 2000, Milosevic é vencido nas urnas pelo líder oposicionista Vojislav Kostunica, da coalizão Oposição Democrática da Sérvia (DOS). Diante de alegações de que nenhum dos dois havia obtido mais de 50% dos votos, é marcado um segundo turno. Milhares de pessoas tomam o centro de Belgrado em 5 de outubro, forçando Milosevic a reconhecer a derrota. Kostunica assume a Presidência. A DOS conquista 58 dos 138 assentos na Câmara dos Cidadãos. Numa demonstração de apoio às mudanças no país, a União Europeia (UE) e os EUA suspendem sanções econômicas decretadas em 1992.

A liberação de auxílio financeiro externo, no entanto, fica condicionada à extradição de Milosevic para o Tribunal Penal para a ex-Iugoslávia (TPI). Criado em Haia, na Holanda (Países Baixos), em 1993, é o primeiro órgão internacional que pode julgar criminosos de guerra desde o Tribunal de Nuremberg, no fim da II Guerra Mundial. Sua competência abrange todos os acusados de crimes de guerra praticados no território da ex-Iugoslávia a partir de 1991. Milosevic é acusado de crimes contra a humanidade praticados na Guerra de Kosovo, em 1999. O ex-presidente é finalmente enviado a Haia em junho de 2001.

Ajuda externa – No dia seguinte à extradição, a UE, os EUA, o Banco Mundial e outras instituições aprovam a doação de 1,28 bilhão de dólares à Iugoslávia. Em setembro de 2001, o Conselho de Segurança da ONU suspende o embargo de armas imposto em 1998. Em outubro, o TPI acusa Milosevic da tentativa de limpeza étnica na Croácia (1991/1992). Em novembro, ele é acusado de genocídio na Guerra da Bósnia (1992/1995). O julgamento de Milosevic começa em fevereiro de 2002. Em agosto de 2004, Milosevic apresenta sua defesa. O julgamento ainda prosseguia no fim de 2004.

Novo presidente – Em outubro de 2002, revelações de que o país vendeu armas ao Iraque mesmo após a queda de Milosevic provocam a condenação da comunidade internacional. Em março de 2003, a Assembleia Republicana elege Svetozar Marovic, do Partido Democrático dos Socialistas Montenegrinos (DPMS), para o cargo de presidente e de primeiro-ministro da Sérvia. No mesmo mês, o primeiro-ministro da Sérvia, Zoran Djindjic, pró-ocidental e figura-chave na queda de Milosevic, em 2001, é assassinado a tiros em frente de prédios do governo em Belgrado. O governo responsabiliza líderes do crime organizado leais a Milosevic pelo assassinato de Zoran Djindjic.Em março de 2004, inicia-se o maior julgamento por crimes de guerra na ex-Iugoslávia, com seis acusados de assassinar 200 civis na cidade de Vukovar, na Croácia, em 1991. No mesmo mês, estoura um grave conflito entre albaneses étnicos e sérvios em Kosovo.

Turbulências – Também em março, o ex-presidente de Sérvia e Montenegro Vojislav Kostunica torna-se primeiro-ministro da Sérvia, numa coalizão de centro-direita, com o apoio do Partido Socialista. Em junho, Boris Tadic (DS), defensor da aproximação com a União Europeia, é eleito presidente da Sérvia. Ele derrota, em segundo turno, o nacionalista Tomislav Nikolic, por 53% a 45%. No mês seguinte, Montenegro dá um passo simbólico para a independência, ao escolher novos símbolos nacionais (bandeira, hino e data nacional) diferentes dos da Sérvia. Em 2006, as duas repúblicas poderão realizar plebiscitos para manter a federação unificada ou transformarem-se em dois países independentes.

Embora pertença formalmente a Sérvia, a província de Kosovo passa a protetorado internacional após o acordo de paz assinado em junho de 1999. Uma força de paz estrangeira, a Kfor, assumiu o controle militar do território. A administração da província está a cargo de uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU), a Unmik. Mais de 800 mil refugiados albaneses retornaram para Kosovo, de um total de 1 milhão registrado no auge da campanha militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em sentido oposto, cerca de 200 mil sérvios abandonaram a província desde então, temendo o aumento da violência étnica dos albaneses.

Tensão permanente – A dissolução da guerrilha ocorre em 2000. O Exército de Libertação de Kosovo (ELK) torna-se força de defesa civil e cria um braço político, o Partido Democrático de Kosovo (PDK). As discussões sobre o futuro da região não avançam. Enquanto Belgrado reivindica a retomada da soberania plena sobre a área, os albaneses étnicos se dividem em torno das propostas de autonomia ou independência. Em julho de 2003, quatro ex-membros da ELK são condenados à prisão por um tribunal da ONU na província, acusados do assassinato de albaneses suspeitos de colaborar com sérvios durante os conflitos. Em março de 2004, estoura o pior conflito entre albaneses étnicos e sérvios em Kosovo desde 1999, na cidade de Mitrovica. O estopim é a morte por afogamento de duas crianças albanesas, pelas quais membros da minoria sérvia são acusados de ter responsabilidade. Mais de 30 pessoas são assassinadas, e a Otan anuncia reforço nas tropas de ocupação.


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