Região Nordeste do Brasil
A Região Nordeste do Brasil é formada pelos estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Bahia. A maior parte do território nordestino é constituída por extenso planalto, antigo e aplainado pela erosão.
Dados sociais – O Nordeste reúne os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do país. São graves os problemas de mortalidade infantil e há baixa concentração de leitos hospitalares. O Nordeste ainda tem 14,6% de moradores analfabetos, a mais alta taxa do país. Dados do Censo de 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que apenas 30% dos domicílios são servidos por rede de esgoto e 66,4% de água. No Nordeste, 30% dos trabalhadores vivem da agropecuária, e a renda média do chefe de família, na zona rural, é de 186 reais (no Sul, ela chega a 463 reais). De acordo com levantamento de 1999 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as 150 cidades com a maior taxa de desnutrição do país são nordestinas. Nelas, uma em cada três crianças menores de 5 anos é desnutrida.
Migração – No primeiro censo demográfico, de 1872, o Nordeste era a região mais populosa do país, com cerca de 4,6 milhões de habitantes (46% da população brasileira). No censo seguinte, de 1890, já é superado pelo Sudeste, situação que se mantém até o último levantamento, em 2010. Já no fim do século XIX, o ciclo da borracha na Amazônia dá início à migração dos nordestinos, que aumenta no século XX para o Sudeste e o Centro-Oeste, com a construção de Brasília. Além da atração econômica de outras regiões, os fluxos migratórios são motivados pelos períodos de seca e sobretudo pelas condições precárias de vida, mesmo nas regiões não atingidas pela estiagem. Dados do Censo de 2010 indicam que, apesar de o Nordeste continuar perdendo população para as outras regiões, o saldo entre saídas e entradas tem decrescido, evidência de que o movimento de emigração diminui. A Região Sudeste, o maior destino dos nordestinos, também é a principal origem das entradas nos anos 1990, caracterizando a chamada "migração de retorno", como define o IBGE.
Turismo – O grande número de cidades litorâneas com belas praias contribui para o desenvolvimento do turismo. Muitos estados investem na construção de parques aquáticos, complexos hoteleiros e polos de ecoturismo. Novas cadeias hoteleiras se instalam na região, como a Costa do Sauípe, 60 quilômetros ao norte de Salvador, e novas rotas são criadas, como a linha aérea direta para Jericoacoara, um dos paraísos do litoral cearense. Ao norte de Natal, Maracajaú é reduto de aventureiros, mas muda de vocação: torna-se um dos maiores centros do mergulho nacional. As micaretas, carnavais fora de época, também são decisivas para o incremento do turismo. Outras atrações são os patrimônios da humanidade: os centros históricos de Olinda (PE), Salvador (BA) e São Luís (MA), o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) e as reservas de Fernando de Noronha (PE) e de Atol das Rocas (RN). Os estados do Nordeste buscam aumentar sua participação no turismo de negócios, muito concentrado em São Paulo. Segundo levantamento do Programa de Ação para o Desenvolvimento Integrado do Turismo no Nordeste, o gasto médio diário do turista tradicional é de 67 dólares, enquanto o turista em viagem de negócios ou convenções gasta por dia de 107 a 128 dólares.
Exploração sexual – A miséria da população combinada com o crescimento do turismo tem pelo menos dois efeitos perversos: o turismo sexual e a exploração de crianças e adolescentes, cujos índices avançam nas principais capitais. Segundo a primeira Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual, realizada pelo Ministério da Justiça e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) com a ajuda de várias ONGs, há 109 rotas internas e 131 rotas internacionais de tráfico de mulheres e menores no Brasil. Dessas rotas, 69 passam pelo Nordeste. O Recife é o principal ponto de saída de mulheres. Na Europa, os principais destinos são Espanha, Holanda (Países Baixos), Itália, Portugal e Suíça.
Festas populares e gastronomia – O Carnaval é o evento popular mais famoso do Nordeste, especialmente em Salvador, Olinda e no Recife. Também as festas juninas de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) se destacam. Os festejos do bumba-meu-boi são tradicionais nos nove estados da região. As micaretas espalham-se por todo o país, mas a pioneira é a de Feira de Santana (BA), onde a festa foi criada em 1937. Promovida anualmente na última semana de abril ou na primeira de maio, é a principal micareta do interior. As maiores, no entanto, são o Carnatal, de Natal (RN), em dezembro, e o Fortal, de Fortaleza, em julho. A culinária nordestina se destaca pelos temperos fortes, pelas comidas apimentadas, pela carne-de-sol e pela variedade de receitas com peixes e frutos do mar. No sertão, são famosos a buchada de bode e o sarapatel. No desjejum do nordestino não costuma faltar a tapioca (espécie de beiju de farinha de mandioca). Por causa do tradicional cultivo da cana, é comum o mel de engenho, ou melado. Na sobremesa, além das frutas tropicais, destacam-se o mungunzá (canjica, em alguns estados do Sudeste) e a canjica, que, no Nordeste, é uma espécie de pudim de milho.
Urbanização – A concentração da população urbana passou de 60,6% em 1991 para 69,1% em 2003. Ainda assim, essa taxa é uma das mais baixas do país, cujo grau de urbanização é de 81,2%. Fortaleza (CE), polo industrial e de turismo, é a região metropolitana emergente dos últimos anos. Destaca-se também a região metropolitana do Recife (PE), que, além do forte atrativo turístico e comercial, vem se consolidando como centro de excelência em eletroeletrônica, graças às pesquisas realizadas nos laboratórios da Universidade Federal de Pernambuco. Mas a principal região metropolitana do Nordeste ainda é Salvador (BA), cidade com enorme movimento de turistas.
Economia – Nos últimos anos, a economia nordestina tem apresentado crescimento. Com a guerra fiscal (concessão de benefícios fiscais pelos governos estaduais), uma série de indústrias se instalou nos estados nordestinos para fugir da carga tributária e fiscal mais pesada no Sul e no Sudeste. Foi assim com a Ford, que se estabeleceu na Bahia, e com empresas têxteis que foram para o Ceará. A Região Nordeste é a segunda produtora de petróleo do país e a maior na extração de petróleo em terra, que sai principalmente do Rio Grande do Norte. Na região funciona um dos principais polos petroquímicos, o de Camaçari (BA). A agricultura e a pecuária sofrem com os longos períodos de seca. A melhor adaptação das cabras ao clima local faz com que o Nordeste tenha o maior rebanho caprino do país, com mais de 8 milhões de cabeças, concentradas principalmente na Bahia e em Pernambuco. Por requerer pouca água, a produção de mel começa a ganhar força, principalmente no Piauí. As condições climáticas da região também permitem que o Nordeste tenha significativa produção comercial de camarão. A região é responsável por mais da metade das exportações desse crustáceo e concentra 93% da produção nacional. O Rio Grande do Norte e o Ceará são os maiores produtores. A cana-de-açúcar é o principal produto agrícola da região, mas as lavouras irrigadas de frutas tropicais vêm crescendo em importância na produção nacional. Segundo o governo de Pernambuco, de cada 3 dólares que entram no país em exportação de fruta, 1 foi gerado nessas áreas. Na última década, a plantação de frutas triplica e substitui culturas tradicionais, como o feijão. O polo de Juazeiro (BA) e o de Petrolina (PE) são líderes na produção nordestina. A Bahia produz mais de um terço da banana do Nordeste e cerca de metade do tomate. Grande parte da uva de mesa produzida no país é originária desse polo, onde a manga é a segunda cultura em área plantada. Destacam-se ainda acerola, melão e goiaba. O melão também é importante no Rio Grande do Norte e no Ceará, em cujo sertão irrigado também aumenta o cultivo de flores, que abastece o mercado do Sudeste.
Transposição do Rio São Francisco – O governo inicia as obras de transposição do Rio São Francisco em 2008 reacendeu o debate sobre a eficácia do projeto no combate à seca no Nordeste e seus possíveis riscos ambientais. A obra prevê a construção de 720 quilômetros de canais que irão transferir de 1% a 3% das águas do "Velho Chico" para pequenos rios do agreste e semi-árido do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, beneficiando 8,5 milhões de pessoas. Já os estados doadores das águas – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe – devem ganhar compensações na forma de obras de revitalização da bacia do Rio São Francisco. O projeto sofre oposição do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, que defende o uso das águas desviadas apenas para casos emergenciais, como consumo humano e animal. Já o governo é favorável à liberação das águas para a agricultura e a indústria sempre que houver disponibilidade. Alguns especialistas acreditam que a construção de poços para captar a água dos lençóis subterrâneos e de cisternas para coleta da chuva é a alternativa mais eficaz e barata no combate à seca. A redução no fluxo do Rio São Francisco também causará diminuição na geração de energia para o Nordeste. Essa perda pode ser suprida pela energia gerada no rio Tocantins, já que o sistema é interligado. O início das obras depende da autorização pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos e da concessão da licença ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Sudene – Por meio de medida provisória, em maio de 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso extingue a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A decisão é atribuída ao fato de a estrutura de funcionamento da estatal, criada há 43 anos, facilitar o desvio de verbas públicas. No lugar, é criada a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene). Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide recriar a Sudene. A Adene passa a ter como função principal organizar a transição. É criado, também, pelo Ministério da Integração Nacional, o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), para reconstituir a superintendência.
As diferentes regiões do Nordeste
Por causa das inúmeras características físicas que apresenta, a Região Nordeste é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão. O meio-norte compreende a faixa de transição entre o sertão semi-árido do Nordeste e a região Amazônica. A vegetação natural dessa área é a mata de cocais, carnaúbas e babaçus, em sua maioria. As atividades econômicas de maior destaque são o extrativismo vegetal, praticado na mata de cocais remanescente, a pecuária extensiva e o cultivo do arroz e do algodão. A zona da mata compreende uma faixa litorânea de até 200 quilômetros de largura que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. O clima é tropical úmido e o solo é fértil por causa da maior incidência de chuvas. A vegetação natural é a mata Atlântica, praticamente extinta e substituída por lavouras de cana-de-açúcar. Além da cana, do cacau, do fumo e da lavoura de subsistência, destaca-se ainda a produção de sal marinho, principalmente no Rio Grande do Norte. O agreste é a área de transição entre a zona da mata, úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-árido. A principal atividade econômica nos trechos mais secos do agreste é a pecuária extensiva; nos trechos mais úmidos é a agricultura de subsistência. Já o sertão é uma extensa área de clima semi-árido, que no Rio Grande do Norte e no Ceará chega até o litoral. As chuvas são escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga. A bacia do rio São Francisco é a maior da região e a única fonte de água perene para as populações que habitam suas margens. As maiores concentrações humanas estão nos vales dos rios Cariri e São Francisco. A pecuária é a principal atividade econômica, ao lado do cultivo irrigado de frutas e flores.
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