Sertão Nordestino e a Caatinga
No interior do país, nas vastas áreas do sertão, fatores históricos, sociais e econômicos, aliados às características de clima e vegetação, determinam fortes contrastes na paisagem nordestina e no nível de vida da população. Entre os aspectos de natureza físico-geográfica típicos da região, o fenômeno das secas constitui verdadeiro flagelo, responsável pelo permanente êxodo dos sertanejos.
Sertão é uma região geográfica caracterizada pela presença de clima semi-árido, vegetação de caatinga, irregularidade de chuvas, solos secos e rios intermitentes ou temporários. O sertão nordestino compreende as áreas mais secas e distantes do litoral leste do Brasil, situadas nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Apenas no Ceará e no Rio Grande do Norte o sertão chega até o litoral. O chamado Polígono das Secas totaliza 936.933km2.
O Sertão do Nordeste apresenta três formações típicas: (1) amplas superfícies aplainadas, drenadas ao norte pelos rios Aracaju, Jaguaribe, Apodi e Açu, e a leste pelo São Francisco, o único rio perene da região; (2) maciços cristalinos, cujos esporões mais ocidentais são os da Borborema e das serras de Maranguape e Baturité; e (3) chapadas sedimentares, como as de Ibiapaba, do Araripe e do Apodi. Apresenta clima semi-árido, com estação chuvosa no verão, mas há amplas áreas onde predomina o clima tropical chuvoso, com inverno seco. Em alguns trechos, a taxa pluviométrica anual é inferior a 500mm, sucedendo-se, às vezes, vários anos de estiagem. As prolongadas secas determinam a emigração da população pobre.
As superfícies aplainadas são, em geral, cobertas por caatingas, formação vegetal onde predominam arbustos de folhas decíduas; são também abundantes as cactáceas e as bromeliáceas. Nos brejos onde há água durante todo o ano, localizados ora em trechos altos e expostos aos ventos úmidos de sudeste, como a serra Negra, em Pernambuco, ora ao sopé das baixadas sedimentares, como o vale do Cariri, no Ceará, dominavam densas formações florestais, hoje substituídas por culturas de mandioca, cana-de-açúcar e árvores frutíferas. Nas amplas várzeas de solos aluviais, situados nos baixos cursos dos rios que deságuam na costa, proliferam densos carnaubais. Nos espaços vazios existentes praticam-se lavouras de subsistência, enquanto nos tabuleiros cria-se gado bovino.
A densidade demográfica no sertão nordestino é baixa e varia de 5 a 25 habitantes por quilômetro quadrado. Grandes propriedades aí se localizam, quase todas dedicadas à pecuária extensiva e à agricultura.
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