Campos de Concentração

Campos de Concentração

Campos de ConcentraçãoCampos de Concentração é o estabelecimento utilizado para a detenção, suposta reeducação, exploração de mão-de-obra gratuita ou mesmo extermínio de presos políticos, prisioneiros de guerra e membros de grupos étnicos, por motivos ideológicos, políticos e militares.

Em diversos momentos da história, a combinação de autoritarismo político e uso arbitrário do poder militar levou ao surgimento de campos de concentração.

Os campos de concentração não integram os sistemas penitenciários usuais, onde são presas as pessoas condenadas segundo a legislação civil, nem se confundem com os centros de confinamento dos prisioneiros de guerra, os quais se organizam de acordo com os princípios do direito internacional. São prisões sem qualquer vinculação com a norma jurídica, e não passam de uma manobra econômica para recrutar mão-de-obra a preço vil, voltada sobretudo à produção de guerra, e de uma manobra política para subjugar grupos sociais dissidentes ou contrários às diretrizes estatais.

Antecedentes
A história dos campos de concentração começa em 1896, quando o governo de Madri decretou uma política dita de "concentração" com o propósito de esmagar a rebelião contra o domínio espanhol em Cuba. Milhares de homens, mulheres e crianças cubanas foram confinados em áreas cercadas de arame farpado, sob a guarda de soldados espanhóis. Pouco depois, na guerra dos bôeres, entre 1899 e 1902, o Reino Unido adotou um sistema semelhante, mantendo presas dezenas de milhares de pessoas, naturais do Transvaal e da Colônia do Cabo, até o fim das hostilidades.

Na União Soviética, os campos de concentração  passaram a ser empregados, desde 1917, como centros de trabalho forçado para os acusados de atividades contra-revolucionárias e de espionagem. Entre 1928 e 1932, esses campos alastraram-se para as regiões do norte da Rússia e da Sibéria, chegando ao auge durante os expurgos stalinistas de 1936 a 1938. Após a segunda guerra mundial, receberam prisioneiros de guerra e cidadãos soviéticos acusados de colaborar com o inimigo. Com a morte de Stalin, em 1956, muitos prisioneiros foram libertados, tendo-se reduzido o número de campos de concentração.

Na Espanha, durante a guerra civil de 1936-39, os franquistas, com apoio nazi-fascista, organizaram campos de concentração para os adversários. Nos Estados Unidos, pouco depois da agressão japonesa, em dezembro de 1941, mais de cem mil nipo-americanos e japoneses da costa do Pacífico foram internados em campos-prisões no interior do país.

III Reich
Coube, no entanto, à Alemanha nazista elevar a um grau inconcebível, seja pelo número de pessoas confinadas e sacrificadas, seja pela monstruosa eficiência no extermínio, o sistema de campos de concentração. A partir da instauração do III Reich em 1933, os campos de concentração foram orientados para a "reeducação" dos cidadãos alemães contrários ao regime, tais como comunistas e sociais-democratas, protestantes, católicos e judeus, entre outros.

A guarda dos campos de concentração nazistas foi entregue a uma força especial, conhecida a partir de 1936 como SS (Schutzstaffel, esquadrão de proteção), que inicialmente se destinava à guarda pessoal de Hitler. Essa "elite da raça alemã" era educada na obediência cega aos superiores, a fim de tornar-se capaz de executar sem hesitação as medidas mais cruéis. A maior parte dos campos de concentração foi criada após a invasão da Polônia em 1939, quando as tropas nazistas apoderaram-se de homens, mulheres e crianças de vinte países ocupados pelos alemães.

Os principais campos de concentração criados pelo nazismo foram: na Alemanha, Bergen-Belsen, Buchenwald, Dachau, Dora-Mittelbau, Flossenburg, Oranienburg-Sachsenhausen, Neuengamme e Ravensbrük; na Alsácia, Natzwiller-Struthof; na Áustria, Mauthausen; nos países bálticos, Kaunas, Riga; na República Tcheca, Theresienstadt; na Polônia, Auschwitz, Birkenau, Maidanek, Stutthof, Chelmno, Treblinka, Sobibor, Rogoznika, Belzec. Os campos eram instalados debaixo de grande segredo, desalojando-se a população civil dos arredores. Constituíam-se de um conjunto de barracões, no meio de áreas retangulares e rodeados por altas cercas de arame farpado e eletrificado.

Os prisioneiros eram submetidos a um regime de trabalho exaustivo, ao qual poucos conseguiam resistir. Ao mesmo tempo, instituiu-se um sistema econômico, com a participação de empresas alemãs, pelo qual essa gigantesca massa de mão-de-obra escrava era posta a trabalhar pela "grandeza do Reich". Era o extermínio industrializado, a que não faltava, além dos confiscos de bens pessoais, como joias, o minucioso aproveitamento do material extraído dos cadáveres (cabelos, gordura, ossos, ouro dos dentes etc.)

Auschwitz
Auschwitz
A jornada de trabalho dos prisioneiros era de 15 horas no verão e 11 no inverno. A alimentação consistia em uma fatia de pão e um prato de sopa rala pela manhã; um pedaço de carne ao meio-dia; e outro prato de sopa à noite. A ida para o local de trabalho se fazia em marchas forçadas. Como punição, havia espancamentos, suspensão da escassa comida e fuzilamento. Os prisioneiros serviam também como cobaias para "experiências científicas", como a indução artificial de doenças, castração, vivissecção, experimentos de novas técnicas cirúrgicas, de toxinas e antitoxinas etc. Pelo menos cinco milhões de pessoas foram exterminadas sem defesa.

Alguns campos de concentração chegaram a reunir setenta mil pessoas. Os habitantes eram identificados com um número de ordem (em Auschwitz, tatuado no braço) e um triângulo de cor costurado ao uniforme, designando as diferentes categorias de prisioneiros, sendo que os judeus tinham sobreposto a esse triângulo um outro, amarelo, para representar a estrela-de-davi.

Refugiados
Um dos maiores problemas que se seguiram à libertação dos prisioneiros dos campos de concentração, após o fim da guerra, foi o da multidão de pessoas sem casa, sem ter para onde ir, vítimas da intolerância ideológica, política e religiosa. A primeira providência de âmbito mundial foi a criação, já em 1943, da Administração das Nações Unidas para a Ajuda e Reabilitação (UNRRA), órgão integrado por 44 países, que se deparou com a recusa à repatriação, por parte de pelo menos um milhão de refugiados. Mais tarde surgiu a Organização Internacional de Refugiados, que entre 1947 e 1952 promoveu a admissão de mais de um milhão de refugiados por mais de 80 países. Sua atuação foi dificultada pelo número cada vez maior de refugiados dos conflitos do Oriente Médio e da Coreia, no final da década de 1940 e início da de 1950.

Outros órgãos foram criados para o auxílio dos refugiados, todos vinculados à Organização das Nações Unidas, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, criado em 1950, e o Comitê Intergovernamental de Migrações Europeias, em 1951. Os refugiados contam ainda com várias iniciativas particulares que contribuem significativamente para uma tomada de consciência mundial de seu problema.

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