Odontologia, História e Doenças Odontológicas

Odontologia, História e Doenças Odontológicas

#Odontologia, História e Doenças OdontológicasOdontologia é a parte da medicina que, com a finalidade de conhecer, prevenir e curar, estuda os dentes e suas relações com as mucosas da cavidade bucal, os lábios e as bochechas, a língua e o assoalho da boca, o palato duro e o palato mole, os maxilares e a mandíbula, os músculos da mastigação e articulação têmporo-mandibular, as glândulas salivares, a irrigação sanguínea e a drenagem linfática dessas regiões.

A boca é a cavidade orgânica mais sujeita a traumatismos e infecções, além de, com relativa frequência, manifestar doenças gerais como avitaminose e perturbações infecciosas. Por isso, o odontólogo é preparado para identificar disfunções no organismo como um todo, o que lhe permite colaborar com outros profissionais da área da saúde.

História. O aprendizado da odontologia obedeceu em princípio aos moldes das corporações medievais, em que um indivíduo que desejava seguir uma profissão associava-se a um "mestre". O ensino especializado só teve início em 1840, nos Estados Unidos, com a criação do Baltimore College of Dental Surgery. Na mesma época foram fundadas a primeira revista de odontologia, The American Journal of Dental Science, e a primeira associação de classe, The American Society of Dental Surgeons (Sociedade Americana de Cirurgiões Dentistas).

No Brasil, somente em 1844 foram anexados cursos de odontologia, com dois anos de duração, às faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia. Em 1933 foi concedida autonomia à atual Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o curso passou a durar três anos, com 12 matérias ministradas ao longo desse período. O curso de odontologia foi estendido, em 1950, para quatro anos, duração que predomina em muitos países. Em outros, como Portugal, França e Itália, a odontologia (dita estomatologia) é uma especialização concluída em dois anos, após o curso de medicina.

Doenças odontológicas. Cárie dentária. Doença crônica de maior incidência na espécie humana, a cárie destrói os tecidos calcificados dos dentes de forma progressiva e irreversível. Atinge as pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e de todas as raças. É causada por uma associação de bactérias cuja proliferação é muitas vezes favorecida por resíduos de alimentos esquecidos entre os dentes. Sua prevenção depende não só da higiene bucal mas também da dieta. É fundamental escovar os dentes após as refeições, ou ao menos bochechar, e escovar e passar fio dental à noite antes de deitar. Quanto à dieta, estudos recentes comprovam que o excesso de carboidratos, ou açúcares, acarreta rápida degeneração dos dentes. A carência de vitamina D, vital para a formação do esmalte, ou da vitamina C, de que depende a saúde das gengivas, pode provocar sérias doenças. Visitas periódicas ao dentista ajudam a detectar infecções em estágio inicial de desenvolvimento e outras anomalias e permitem que sejam tomadas medidas preventivas para evitar que o mal se alastre.

No Brasil as cáries são classificadas de acordo com os tecidos afetados. Podem ser: de esmalte, de cemento, da dentina superficial e da dentina profunda. A profilaxia da cárie com flúor, dissolvido nas águas de consumo, ou aplicado sobre os dentes, reduz em cerca de quarenta por cento sua incidência.

Periapicopatias. As afecções da região periapical das raízes dentárias são chamadas periapicopatias e resultam da infeção e degeneração da polpa. Essa denominação inclui o abscesso dentário (processo inflamatório purulento caracterizado pela destruição dos tecidos periapicais), o granuloma (pequeno tumor crônico que envolve a ponta da raiz dentária infectada) e o cisto (tumor de origem epitelial).

O abscesso pode ser agudo ou crônico: a fase aguda é acompanhada de dores violentas, de latejamento, febre etc. A drenagem, espontânea ou cirúrgica, da formação purulenta, proporciona alívio imediato ao paciente. Na fase crônica, apresenta uma fístula que mantém o esvaziamento permanente. O granuloma é uma reação de defesa do organismo. Geralmente não apresenta sintomatologia e é localizado por exame radiológico dos dentes. Algumas vezes, por exacerbação da infecção, os granulomas são destruídos e transformam-se em abscessos agudos. Como o granuloma, o cisto radicular se transforma em abscesso agudo. É sempre infectado e cresce rápida e continuamente. Em certo grau, pode ser percebido por palpação.

Paradentopatias. As doenças que afetam os tecidos de sustentação dos dentes (paradêncio) -- gengivas, alvéolos, cemento e pericemento -- denominam-se paradentopatias. Incluem as gengivites, inflamação das gengivas por causas locais ou gerais; a atrofia paradentária (senil, por falta de função ou por traumatismo); a paradentite, inflamação de causa local, com formação de bolsas purulentas; e a paradentose, doença que provoca a reabsorção alveolar, sem processo inflamatório, e causa mobilidade e migração dos dentes. A paradentose avançada está sempre associada a uma paradentite. Por sua frequência, essa associação recebeu a denominação especial de síndrome de paradentose.

Especialidades odontológicas. O progresso acelerado da odontologia levou ao aparecimento de especialidades dentro desse ramo da medicina. As especialidades abaixo são regulamentadas no Brasil.

Endodontia. Com a finalidade de conservar os dentes, a endodontia trata das alterações da polpa dentária e da cavidade onde se aloja. A polpa em si tem duas partes: a coronária, que se aloja na câmara pulpar, e a porção radicular, que preenche o canal dentário. As manipulações cirúrgicas da polpa podem ser conservadoras ou radicais. As conservadoras incluem o capeamento (cobertura de pequenas exposições pulpares); a polpotomia (amputação da porção coronária da polpa) e a polpectomia (extirpação total da polpa dentária). As radicais incluem o tratamento de canal, de vital importância para a conservação dos dentes, e que abrange a remoção completa da polpa ou restos pulpares; a dilatação mecânica até atingir o ápice radicular; a esterilização completa; a obstrução, ou entulhamento total do canal, com substâncias próprias e que sejam opacas aos raios X, pois o controle radiográfico é indispensável.

Cirurgia bucal. Os problemas que exigem solução cirúrgica, bem como os traumatismos que atingem os tecidos moles e duros da boca e da face são tratados pela cirurgia bucal. Essa especialidade inclui operações variadas que, com relação aos dentes, podem ser conservadoras ou radicais. Se o dente estiver normalmente implantado, a extração é simples, mas os dentes impactados ou inclusos exigem técnicas especiais. As apicetomias são cirurgias conservadoras para remover os ápices das raízes dentárias. As alveolotomias regularizam os rebordos dos maxilares e da mandíbula.

Ortodontia. A especialidade que estuda e trata as maloclusões (defeitos da oclusão) dentárias é a  ortodontia. A posição normal dos dentes nas arcadas além do valor estético é importante para sua conservação e saúde. Com o auxílio de aparelhos especiais -- ortodônticos -- é possível corrigir praticamente qualquer anomalia na posição dos dentes.

Patologia bucal. Base do exercício das demais especialidades, a patologia bucal trata das causas e mecanismos das alterações patológicas incluídas no campo da odontologia.

Periodontia. Ramo da odontologia que se ocupa da prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações dos tecidos periodontais, ou do aparelho de sustentação do dente, que consiste em gengivas, ligamento periodontal (tecido conjuntivo fibroso que envolve as raízes e se insere no cemento, para conectar com o alvéolo ósseo), osso alveolar e cemento. A doença periodontal pode ser classificada como gengivite simples, periodontite crônica e outras doenças do periodonto.

Prótese dentária. A restauração da função mastigatória mediante a reposição artificial dos dentes perdidos cabe à prótese dentária. Pode ser parcial, quando repara a perda limitada com a ajuda de aparelhos fixos e amovíveis, ou total, quando a função é restaurada por meio de dentaduras ou chapas totais. Os aparelhos protéticos são feitos, entre outros materiais, em ouro, em cromo-cobalto e resinas especiais.

Radiologia dentária. O exame radiográfico dos dentes é executado pela radiologia dentária, por meio das chamadas radiografias periapicais e bite-wing, estas últimas capazes de fornecer uma visualização adequada das áreas de contato dentário. O exame dos maxilares e estruturas extra-orais é feito por diferentes técnicas extra-orais, que incluem a cefalometria e a radiografia panorâmica dos maxilares.

Equipamentos e material. A indústria de instrumentos e aparelhos odontológicos tem incorporado todos os progressos tecnológicos. O moderno equipamento dental compreende motor elétrico, cuspideira com água corrente, prancha para instrumentos manuais, lâmpadas elétricas para secar e esterilizar condutos ou aquecer massas, seringa de ar quente e ar frio, bico de gás, seringa de água quente e fria, refletor com lâmpada elétrica, negatoscópio e secador (ejetor) de saliva.

Na Idade Média fechavam-se cáries com resinas, gomas e ceras. O ouro, usado desde 1450, tornou-se preferido no final do século XIX, depois que se entendeu sua coesão e que se conseguiu controlar a saliva com secador de borracha. A anestesia geral (1844) e a local (1905) permitiram extração cuidadosa e sem dor. Os raios X deixaram ver a forma e condição da raiz a ser removida. A amálgama (1828) é de prata pura ou ligada a mercúrio para ficar plástica. Obturações de porcelana cozida e cimento silícico ainda são bastante empregadas. Hoje materiais petroquímicos permitem restaurações de elevado nível estético.

Os principais instrumentos odontológicos e seus respectivos empregos são: pinças para algodão; pinça de Berger (tira-língua); pinça para ourificar cavidades; pinça de Kocher (dente-de-rato) para cirurgia odontomaxilar. Espelhos plano (que reflete em tamanho natural) e côncavo (que amplia), sondas (rugosas, dentadas, estriadas e retas) para explorar condutos radiculares ou levar mechas com medicamentos. Ao torno dental são adaptadas fresas, pedras e brocas, com rotação antes a pedal e hoje a motor elétrico. Cubetas servem para tomar impressão da boca, enquanto fórceps são alicates cujos mordentes se adaptam ao colo de cada tipo de dente sem pressionar a coroa. A cadeira de operações, criada por James Snell em 1832, pôde horizontalizar-se em 1877.

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