Povos Semitas, Características dos Povos Semitas

Povos Semitas, Características dos Povos Semitas

Povos Semitas, Características dos Povos Semitas

Semitas é o termo utilizado para designar um grupo de povos, entre os quais se destacam os árabes e os hebreus, que falam ou falaram línguas semíticas. A designação provém do livro bíblico do Gênesis, que menciona povos descendentes dos filhos de Sem. O texto bíblico arrola entre os semitas, no entanto, os elamitas e os lídios, cujas línguas têm outra raiz linguística, e separa desse grupo os cananeus, "filhos de Cam", povo de língua semítica. Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camito-semítica.

O critério linguístico é o único que permite definir inequivocamente uma família de povos semitas e postular para eles uma unidade pré-histórica. Provêm da cultura desses povos a escrita alfabética e as três grandes religiões monoteístas do mundo -- judaísmo, cristianismo e islamismo.

O território ocupado originalmente pelos povos semitas era uma extensão contínua que compreendia boa parte do Oriente Médio, limitada ao norte pelas cordilheiras Taurus e Antitauro, a leste pelo planalto iraniano, e a oeste e ao sul pela costa árabe do mar Vermelho e do oceano Índico.

Características dos povos semitas

Na família camito-semítica, ou afro-asiática, incluem-se as seguintes línguas: acadiano, ugarítico, fenício, hebraico, aramaico, árabe, etíope, egípcio antigo, copta, líbico, berbere, guanche, somali, gala, afar-saho e haúça.

Em consequência das migrações, não se pode falar de um grupo étnico semita homogêneo, pois a diversidade de tipos raciais é muito grande. Ainda que todos sejam de raça branca, predominam as variedades armenoide, braquicéfala (crânios redondos), e mediterrânea-oriental, dolicocéfala (crânio alongado), além de inúmeros tipos mistos. Outros traços físicos são estatura mediana, olhos e cabelos escuros e nariz adunco. A miscigenação com outros povos modificou em muitos casos esses traços.

Originalmente, os semitas habitaram regiões áridas ou desérticas, de clima extremamente seco, salvo nos cursos de rios como o Eufrates e o Tigre, no litoral mediterrâneo e nos oásis. Em consequência, predominou entre eles o nomadismo, associado ao pastoreio e à agricultura irrigada e intensiva. O cristianismo, uma das três grandes religiões de origem semita, tornou-se universal. O judaísmo, pelo contrário, permaneceu restrito aos descendentes do povo de Israel.

Evolução das culturas semitas

A revolução neolítica, registrada a partir do ano 9000 a.C., período em que o homem conquistou as primeiras vitórias sobre a natureza mediante a domesticação de animais e a agricultura, ocorreu supostamente na antiga Mesopotâmia -- região povoada pelos semitas -- e no Egito. Na mesma área, por volta do ano 5500 a.C., surgiram sociedades organizadas, com estrutura estatal e diversificação das atividades econômicas, no que se conhece como a primeira revolução urbana, à qual se seguiu o surgimento dos grandes impérios da Assíria e da Babilônia.

Povos semitas na antiguidade. Na parte baixa da Mesopotâmia, entre o rio Tigre, o golfo Pérsico, o deserto da Arábia e as colinas que marcam o limite com a alta Mesopotâmia, os assírios e os caldeus, em luta pelo domínio territorial, criaram grande número de cidades e se distinguiram pela capacidade guerreira e espírito expansionista, desenvolvendo uma das primeiras civilizações da antiguidade.

Enquanto no interior se estendiam os grandes impérios, na região de Canaã, estreita faixa do litoral ocupada posteriormente pelos estados da Jordânia e Israel, desenvolveu-se a primeira civilização marítima e comercial, a dos fenícios. Estabelecidos antes da chegada dos filisteus e dos hebreus, que terminaram por expulsá-los, dominaram as margens do Mediterrâneo mais pelo intercâmbio comercial do que pelas armas. Por terem se fixado ao longo da seção média da costa, pouco atraente para os invasores, sobreviveram ao extermínio total. As cidades fenícias (Tiro, Sidon, Biblos etc.) não tinham boa comunicação por terra e várias expedições lançaram-se à conquista do mar, alcançaram o Atlântico e fundaram, em centros como Cartago (África) e Nova Cartago (Cartagena, Espanha), uma nova civilização semítica. Os gregos, em seus lugares de origem, e os romanos, na África e na Espanha, mais tarde dominariam esses povos.

Outros povos semitas foram os amonitas, os moabitas e os edomitas, habitantes da antiga Palestina que sofreram os ataques dos filisteus ("povos do mar" procedentes da Grécia, não-semíticos) e dos hebreus, que finalmente os subjugaram. Nas colinas interiores próximas à costa do Mediterrâneo, os hebreus, em luta com cananeus e moabitas, criaram o judaísmo, primeira religião monoteísta. A grande expansão dos semitas ocorreu logo depois da fundação da religião islâmica pelos árabes, no século VII da era cristã. Os árabes pré-islâmicos foram os semitas de menor vocação religiosa. A assimilação progressiva da religiosidade se efetuou entre eles graças à convivência com os judeus, sobretudo depois da primeira diáspora babilônica, no século VI a.C., embora os cristãos (ortodoxos, jacobitas, monofisistas etc.) também os tenham influenciado. O islamismo se propagou rapidamente por meio da guerra santa prescrita pelo Alcorão e em pouco tempo foi levado da Espanha ao oceano Pacífico.

Povos semitas atuais

Os dois grandes grupos semitas remanescentes são o árabe e o hebreu. Os judeus, israelitas ou hebreus eram integrantes de tribos semitas nômades que percorriam a área de terras férteis da Mesopotâmia até o Egito, através da Síria e da Palestina. Seu primeiro assentamento na Palestina, depois da longa permanência no Egito, deve ter ocorrido por volta do século XIII a.C.

Os hebreus não formam uma raça homogênea, pois passaram por diferentes transformações étnicas nos muitos países a que foram levados pela dispersão ordenada pelos romanos. Depois da diáspora, no século I da era cristã, os grupos hebreus que ficaram na Ásia conservaram melhor suas características do que os que migraram para a África e a Europa. Os europeus formaram dois grandes subgrupos: sefarditas e asquenazitas. Estes últimos se estabeleceram na Europa central e nos países eslavos e, além da língua do país que os acolheu, mantiveram o iídiche (judeu-alemão). Os sefarditas migraram para a Espanha (Sefarad é o nome da Espanha em língua hebraica) e, ao serem expulsos em 1492, passaram à Itália, Europa central, império turco e Marrocos. Falam também a língua dos países em que residem, mas muito deles conservam ainda o castelhano tal como era falado no século XV.

A habilidade dos judeus para o comércio e as finanças os levou a adquirir grande poder econômico nos países em que se fixaram, o que, somado à fidelidade à religião e à intolerância dos povos nativos, conduziu com frequência a cruentas perseguições. No entanto, o genocídio mais brutal foi cometido pelo regime nazista na Alemanha, cuja perseguição sistemática levou ao extermínio de mais de seis milhões de judeus.

O século XX assistiu ainda a dois acontecimentos que afetaram os semitas e alcançaram grande repercussão mundial, um de natureza política e outro, econômica. Por um lado, as nações semitas do Oriente Médio, submetidas aos europeus no século XIX, conquistaram a independência no processo de descolonização iniciado após a segunda guerra mundial; por outro, o aumento do preço internacional do petróleo, produto do qual se encontram grandes reservas nos países árabes, forneceu os meios econômicos para que o Oriente Médio começasse a se desenvolver.

A partir da criação do Estado de Israel, em 1948, em território palestino, intensificou-se a cisão entre árabes e judeus, o que levou a guerras e a uma situação de permanente conflito. As colônias judaicas mais importantes encontram-se nos Estados Unidos, na Rússia e nos demais países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), no Reino Unido e na França. Os grupos judeus nos países árabes, numerosos antes das guerras entre eles, diminuíram sensivelmente.

Os árabes constituem na atualidade um grupo muito mais numeroso que o dos judeus. Originários da península arábica, formaram o grande núcleo semita que, a partir do quarto milênio anterior à era cristã, emigrou para o Oriente Médio. Em seu êxodo, seguiram duas direções principais: contornaram o golfo Pérsico e se estabeleceram na antiga Caldeia e, através da península do Sinai, chegaram ao litoral do Mediterrâneo.

Os que permaneceram nos imensos desertos foram convertidos ao islamismo por Maomé e se lançaram à conquista do mundo a partir do século VII da era cristã. Posteriormente, o vasto império que formaram dividiu-se em numerosos estados. Em consequência dos ataques dos cristãos europeus, pelo Ocidente, e dos turcos, pelo leste, foram submetidos a diferentes poderes até o século XX, mas conseguiram converter ao islamismo outros povos, como os turcos e os persas.

Os árabes têm a integração política dificultada pela diversidade de regimes políticos e pelas grandes diferenças econômicas, pois a riqueza dos países produtores de petróleo contrasta com a pobreza dos que carecem desse recurso. O território habitado pelos árabes, que não constitui um contínuo geográfico bem definido, compreende regiões da Ásia e da África e se estende do planalto do Irã até o oceano Atlântico, tendo como limite meridional o oceano Índico e as regiões orientais e ocidentais do deserto do Sahara. Convivem com eles alguns povos de língua não árabe, como os berberes que, no entanto, costumam ser bilíngues. Alguns poucos grupos de língua árabe encontram-se fora desses limites, no Irã e no Sudão.

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