Invasões Holandesas no Brasil Colônia

Invasões Holandesas no Brasil Colônia

Invasões Holandesas no Brasil Colônia
No século XVII, os holandeses realizam tentativas de estabelecer-se no Nordeste brasileiro, na Bahia (1624), em Pernambuco (1630) e no Maranhão (1641). As invasões são um empreendimento ligado aos interesses do mercantilismo holandês na América colonial. O objetivo é recuperar para a Holanda o comércio de açúcar e de escravos no Brasil, fortemente prejudicado durante a vigência da União Ibérica (1580-1640). Os holandeses, tradicionais parceiros dos portugueses no comércio de açúcar e escravos, têm seus interesses profundamente abalados em 1580, quando uma crise sucessória leva à passagem do trono português para a Coroa espanhola. Rivais dos espanhóis, os holandeses são proibidos de aportar em terras portuguesas e perdem os privilégios no comércio de açúcar. Em 1621, o governo central e algumas províncias holandesas formam a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, misto de empresa comercial, militar e colonizadora, para ocupar as terras canavieiras, controlar a produção dos engenhos e recuperar os lucrativos negócios na América e na África.

A Holanda sempre foi um dos principais aliados de Portugal. Um exemplo disso é o fato de que eram os holandeses que refinavam o açúcar brasileiro e o comercializava na Europa. Após Felipe II, rei da Espanha, assumir o trono de Portugal e criar a União Ibérica em 1580, os neerlandeses lutaram pela sua emancipação, uma vez que a Holanda também era dominada pelos espanhóis. Em 1581, os holandeses conseguiram se separar da Espanha e fundar a República das Províncias Unidas. Em represália, os espanhóis (que detinham o domínio sobre o Brasil) proibiram a Holanda de comercializar o açúcar brasileiro. Nesta medida, a intenção dos era arruinar economicamente os holandeses, de forma a torná-los frágeis militar e politicamente.

A Holanda tomou rápidas  medidas e em 1621 criou uma grande empresa encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro de forma pacífica: a Companhia das Índias Ocidentais. No entanto, os holandeses logo perceberam que a única solução para o problema seria o confronto militar. Assim, em 1624, organizaram a primeira invasão ao Brasil, em Salvador, porém logo acabaram sendo expulsos.

A segunda tentativa de invasão ocorreu em 1630 em Pernambuco. Desta vez, os holandeses conseguiram conquistar as cidades de Recife e Olinda e expandiram seu domínio para outros estados, como Maranhão e Sergipe. Foi nomeado um governador para o novo território conquistado.

O primeiro governador das regiões conquistadas pela Holanda foi o conde Maurício de Nassau, em 1637. Nassau concedeu liberdade religiosa e incentivou grandemente a produção açucareira, oferecendo empréstimos aos senhores de engenho. O mesmo também realizou importantes obras de infraestrutura na cidade de Recife: pontes, estradas, palácios, jardins, entre outras. Em 1644, Nassau voltou para a Holanda.

Após sua partida, os senhores de engenho começaram a ficar descontentes com a nova administração, a qual adotou um grande rigor na cobrança de impostos. Além disso, em 1640, Portugal se separou da Espanha. Desta forma, os portugueses queriam recuperar o território perdido de qualquer forma. Estes dois fatores foram essenciais para a expulsão dos holandeses do Brasil em 1645, por meio da força dos senhores de engenho e dos colonos.

Investidas – A primeira invasão ocorre em maio de 1624, quando uma frota armada da companhia ataca e ocupa Salvador. A ocupação, contudo, dura pouco. No ano seguinte, forças luso-espanholas, com 52 navios e mais de 12 mil homens, obtêm a rendição holandesa. Em 1627 é feita nova tentativa frustrada contra Salvador. Depois dos ataques à Bahia, os holandeses investem contra Pernambuco, capitania igualmente rica e menos protegida. Em fevereiro de 1630, uma esquadra de 56 navios chega ao litoral pernambucano, e seus homens ocupam Olinda e Recife. A resistência da população, organizada pelo governador da capitania, Matias de Albuquerque, em torno do Arraial do Bom Jesus e de Porto Calvo (Alagoas), dificulta a consolidação do controle holandês. A partir de 1632, com a ajuda de um mulato pernambucano, Domingos Fernandes Calabar, os estrangeiros avançam contra as fortalezas do litoral e os principais redutos de resistência brasileira no interior. Calabar, que de início combatia os invasores, passara a acreditar que o domínio holandês seria mais benéfico que o português e por isso mudara de lado, em 1633. Sem os reforços prometidos por Portugal e Espanha, Matias de Albuquerque retira-se para a Bahia em 1635. A luta nativa limita-se à guerrilha em alguns pontos de Pernambuco e capitanias vizinhas. Em ataque contra Porto Calvo, Calabar é preso e executado como traidor. Entre 1637 e 1641, os holandeses consolidam seu poder sobre toda a região entre o Ceará e o rio São Francisco.

Maurício de Nassau – Para administrar e expandir seus domínios no Brasil, a Companhia das Índias Ocidentais envia para Pernambuco João Maurício de Nassau, em 1637. Dotado de espírito renovador e tolerante nos campos político e religioso, Nassau ganha a simpatia dos proprietários de terra com medidas concretas de estímulo à recuperação de engenhos e plantações. Ele realiza obras de urbanização no Recife, amplia a lavoura açucareira, desenvolve fazendas de gado e assegura a liberdade de culto. Traz como colaboradores vários cientistas e promove estudos de história natural, astronomia, meteorologia e medicina. É ele também o responsável pela vinda de artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, os primeiros a retratar as paisagens e cenas do cotidiano brasileiro. Nassau busca ainda ampliar os domínios holandeses, invadindo o Maranhão em 1641, ocupação que se estende até 1644. Sua administração termina nesse ano, quando desavenças com a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais o fazem voltar para a Europa.

Insurreição Pernambucana – Insatisfeita com os lucros vindos de Pernambuco, a companhia substitui Nassau no governo de Pernambuco e passa a dificultar o crédito aos proprietários de terra, que se rebelam em 1645, na chamada Insurreição Pernambucana. As forças holandesas, depois de resistir por quase doze anos aos ataques dos pernambucanos, abandonam a região em 1654. Em 1661, o Tratado de Paz de Haia reconhece formalmente a soberania portuguesa sobre a vila do Recife.

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